Mundo Paralelo

  • Finalizada
  • Alexsporto
  • Capitulos 21
  • Gêneros Sobrenatural

Tempo estimado de leitura: 3 horas

    14
    Capítulos:

    Capítulo 11

    Bussola

    Álcool, Linguagem Imprópria, Mutilação, Violência

    Terceiro capítulo hoje para comemorar as 100 Paginas do livro

    Confiram o que está por vir.

    O misterioso Datto aprende uma nova técnica, uma nova palavra para proferir!

    Capítulo 10

    Bussola

    Agora.

    Gráfica New Designer.

    Acompanhei o professor até uma sala no corredor principal do oitavo andar.

    – Tranque a porta!

    – Certo... – Me viro e giro a chave que já estava na fechadura.

    Atrás de uma pequena mesa de escritório, o professor procurava por algo entre os livros da estante ao lado da janela.

    – Achei! – O professor põe um livro na mesa e pressiona a palma da mão sobre ele.  – Aqui, o livro das profecias.

    Com o livro aberto, o professor Sergio folheia as páginas por alguns segundos e após uma pausa, como se tivesse lendo mentalmente para si, ele me olha e começa:

     – Segundo o autor deste livro... Um anjo seria enviado para a Terra com a missão de proteger e guiar os escolhidos até o dia do “Grande juízo”, ou “Dia do Julgamento”. A presença deste seria o primeiro sinal do fim dos tempos. O segundo sinal será a ascensão das trevas, quando a “Aurora” que separa o plano físico do espiritual se romper completamente e os “Caídos” tomarem posse deste mundo.

    – O... Apollo? Ele é mesmo o anjo da profecia? – Interrompi.

    – É o que precisamos descobrir. Embora eu não tenha visto outro ser capaz de parar o tempo... Ainda precisamos agir com cautela.

    – Por que a gente não fala logo com ele sobre a profecia? Eu mesmo vi quando o endemoniado recuou com medo ao ver o Apollo e o reconheceu como um “anjo”.

    – Esse era o plano principal quando mais cedo à gente presenciou o dom daquele garoto. Mas as coisas mudaram...

    – Mudaram... Como assim?

    – Hoje logo após o intervalo, a Julia foi atacada e pelo o que ela disse, se o Apollo não tivesse aparecido ela estaria até agora presa em um pesadelo sem fim. Ou pior, seu corpo seria destruído de dentro pra fora.

    – Ela foi possuída?

    – O demônio que a atacou não era apenas um espírito... – Olhando severamente em minha direção ele continuou. – O ser possuía corpo próprio, um corpo material de forma que ele pudesse interagir com as coisas deste mundo.

    – Mas, isso não é impossível? – Perguntei abismado.

    – Deveria ser... Parece que pulamos para o segundo sinal da profecia... A aurora começou a se romper!

    O professor Sergio se abaixa atrás da mesa e puxa uma gaveta. De dentro dela ele tira um objeto arredondado e o coloca sobre a mesa.

    – Pegue!

    Me aproximo da mesa e pego o objeto que logo identifico como uma bússola antiga.

    – O que eu faço com isso, essa coisa velha?

    – Esqueceu para quê serve uma bússola? Use-a!

    – Mas, você me deu uma quebrada... Os ponteiros nem se movem mais!

    – Você deve ativar ela.

    Giro o objeto passando de uma mão para a outra tentando ver algum tipo de botão de Liga e Desliga. Mas não encontro nada parecido. Desapontado eu ergo os olhos para o professor, se este for mais um dos testes, com certeza eu não passei.

    – Não é uma bussola qualquer, Datto. Como seu mentor cabe a mim te mostrar que há muito mais nas coisas do que os nossos olhos possam ver.

    Deve ser um objeto sagrado... Para ativá-lo tenho que desvendar como ele funciona. Toda a superfície é lisa, exceto por uns pontos cravados em relevo na parte inferior da bussola. É uma bussola para cego! Não que eu veja algum sentido nisso... Mas parece que tem algo escrito em Braille.

    Fechei os olhos e lentamente passei os dedos sobre os pontos, me concentro em tentar entender o que essas marcas querem me dizer. Mentalmente visualizo símbolos se formando conforme vou tocando na superfície da bussola até se tornarem uma palavra: “αφύπνιση”.

    Afýpnisi! – A pronuncia estranha saltou da minha boca como se tivesse vida própria.

    Ouço um estralo e ao abrir os olhos vejo os ponteiros do objeto na minha mão se moverem.

    – Uau! Deu certo... Eu consegui!

    – Muito bom, agora diga em que sentido os anéis estão girando?

    – Ante-horário! – Falei após levar um tempo para perceber que há dois anéis cercando os ponteiros, um maior e outro um pouco menor que contornam a base superior da bussola.

    – Está lá embaixo! E os ponteiros... Para qual direção eles apontam?

    – Nenhuma! Ou melhor, todas! Eu não sei, um está apontando para a janela e o outro enlouqueceu não para de girar. – Comecei a me questionar se teria pronunciado corretamente a palavra.

    – Essa bussola indica a presença de algo sobrenatural. Neste caso parece que há mais de uma criatura à solta.

    O professor enfia a mão no bolso da calça e puxa um objeto com um brilho metálico. Algo como uma pulseira de ouro velho ou talvez cobre.

    – Para quê serve essa relíquia mágica na sua mão? – Perguntei e em seguida identifiquei o objeto, é um relógio.

    – Serve apenas para me mostrar a hora exata. – Respondeu como se fosse óbvio demais e ao ver que eu o encarava esperando uma explicação continuou: – Isso mesmo que você ouviu... Isto é só um relógio.

    Alguém bate na porta, me viro e fito a maçaneta girando de um lado para o outro. Seja quem for está com muita pressa.

    – Professor? Abre, sou eu...

    Coloco a bussola na direção da porta e me acalmo ao ver que nenhum dos ponteiros está apontando pra ela. Ando alguns passos para frente e destranco a fechadura. Antes mesmo de puxar a maçaneta, a pessoa do outro lado adentrou no cômodo.

    – Julia? – Falei surpreso com tamanha força.

    – Estou pronta.

    – Precisamos ir imediatamente! – Disse o professor saindo de traz da mesa e passando para fora da sala. – E não se esqueça de trancar a porta.

    Após trancar a porta, sigo os dois pelo corredor até chegarmos ao limite do piso superior. Não acredito que vamos ter que descer pela escada... O elevador está bem ali!

    Restaurante Bom Gosto.

    Encontro com Abel em frente ao restaurante, ele me pergunta sobre meu irmão e eu apenas digo que ele está melhor, não posso contar a ele tudo o que o Apollo me disse. Eu ainda to tentando processar toda essa bizarrice.

    – Abel! Cara você trouxe sua batera... Mas. Mas...?

    – Exato! É isso que cê tá pensando mesmo!

    – Sério? E como você conseguiu convencer nossa gerente?

    – Ah! Pablo. Já tem um bom tempo que eu venho abordando este assunto, até que ontem eu pedi e ela concordou. Eu disse a ela que o pior que poderia acontecer era os clientes não se agradarem com a apresentação, nesse caso a gente nunca mais poderia tocar aqui e eu prometi nunca mais falar no assunto.

    – Show! E quando a gente pode tocar?

     – Na sexta-feira! Eu trouxe a bateria hoje só pra não deixar pra ultima hora.

    Gráfica New Designer

    8h15. Interior do prédio.

    Descemos toda a escadaria até chegarmos ao térreo. Minhas pernas já não aguentavam mais tantos degraus. Para alguém que já está beirando os quarenta... Até que o professor está em forma, aparentemente dos três eu sou o que está mais cansado. Sinto a fadiga estampada na minha cara.

    Guiados pelo ponteiro maluco da bussola, entramos na área dos funcionários de limpeza. O lugar está vazio, acho que não há mais ninguém aqui alem de nós no edifício.

    – Tomem cuidado. – Sussurrou o professor. – A criatura deve está escondida aqui.

    – Eu ainda acho que essa coisa está quebrada. – Murmuro enquanto observo o lugar. – Olha só esse lugar: Vassouras, pano de chão, baldes... Mas nada de demônios asquerosos...

    – Shiii! – Repreendeu Julia fazendo um sinal com o dedo para que eu ficasse quieto. – Essas coisas gostam de nos pegar desprevenidos.

    – Professor Sergio, aqui!

    – O que foi?

    – O ponteiro maior está se movendo de um lado para o outro na direção dos fundos. E o ponteiro menor aponta para aquela parede. Os anéis... Tanto o maior quanto o menor estão parados. – Disse acenando com a mão para indicar a parede com uma pequena rachadura na vertical.

    – Afastem-se! Advertiu o professor Sergio e se aproximou da parede para analisá-la.

    Ao meu lado, Julia olhava atenta para a porta de saída, sua mão esquerda tremia ao apertar o pingente do clã. O que será que está se passando em sua mente agora?

    Apokálypsi! – Exclamou o professor com a mão direita tocando a parede.

      Da rachadura uma energia estranha foi expelida, parecia que do outro lado da parede houvesse um pequeno sol e sua luz escapava pelas frestas estreitas.

    – Essa fenda na parede é uma passagem para o outro lado...

    – Foi daí que ele escapou. – Conclui.

    – Faz sentido. Eu fui atacada no corredor ao lado. Talvez eu tenha sido a primeira...

    – Mas não foi a única também... Soube que ao menos mais quatro pessoas apresentaram sintomas semelhantes: alucinações, fortes dores de cabeça e sensação de estar em perigo o tempo todo. Infelizmente elas não resistiram e morreram antes de chegar ao pronto-socorro.

    – Precisamos parar este monstro! – As palavras de Julia saíram firmes e sua expressão era severa.

    – Vão! Não temos tempo a perder.

    Vão? Com isso ele me incluiu nessa busca sem ao menos perguntar se eu gostaria de participar dessa caçada suicida. Talvez a coisa seja mais grave do que parece. Não acho que o professor me enviaria sem ter completado meu treinamento. Ele não tem escolha! E eu não posso me recusar... Este é o meu chamado!

    – Datto! Essa missão não será nada fácil para você que ainda é um aprendiz, mas acredito no seu potencial sei que vão se sair bem trabalhando juntos. Eu iria com vocês, mas tenho que ficar e encontrar alguma forma de bloquear a fenda na aurora.

    O professor Sergio tem razão. Alguém precisa vigiar a passagem para o outro lado. Um demônio a solta neste mundo já nos trouxe problemas demais, e quanto mais tempo à gente perder aqui, mais e mais pessoas se tornarão vitimas deste pesadelo!

    Faço minhas as palavras de Julia: “Precisamos parar esse monstro!”.


    Somente usuários cadastrados podem comentar! Clique aqui para cadastrar-se agora mesmo!