Longing

His most precious treasure

Era uma vez uma garota nobre que desejava por companhia. A garota tinha lindos cabelos loiros e olhos castanhos, e histórias sobre a sua beleza eram contadas por todo o reino, já que ela quase nunca era vista por causa de seu pai superprotetor.

E também havia uma besta formidável, temida por muitos, que vivia na floresta. Um dragão de fogo com escamas da cor de sangue e penetrantes olhos verdes. Olhos tão ferozes que se dizia que se alguém olhasse neles por mesmo um instante, essa pessoa não demoraria muito para morrer.

Um dia, a garota nobre passava pelo caminho da floresta quando ouviu um gemido de dor. Sem pensar duas vezes e preocupada com a origem do som, ela saiu de sua carruagem e seguiu o gemido.

Quando ela encontrou a fonte, ela ficou perplexa por um momento. Lá no meio da clareira estava o temido dragão e ele estava bastante ferido. A garota se aproximou do dragão e demonstrou que não queria causar mal a ele. Quando ele finalmente a aceitou, ela começou a trabalhar em seus ferimentos, limpando-os e cuidando dele da melhor maneira possível.

Depois daquele dia, a garota passou a retornar com frequência, até que o dragão estivesse totalmente curado. Logo se tornou comum ver o dragão protegendo sua benfeitora, mesmo que ele fizesse isso à distância. Não demorou muito para que os dois se tornassem amigos, mesmo com o dragão sendo incapaz de se comunicar na mesma língua que a garota.

Logo começaram a se espalhar rumores de que a garota nobre havia domado um dragão, e não qualquer dragão, mas sim a besta das chamas apelidada de Salamander. Os rumores foram se espalhando até locais distantes, até que chegaram a um império no oeste que estava em seu ápice e chamaram a atenção do próprio imperador. O imperador era um jovem homem sério e a história o deixava intrigado. Ele chamou por seu conselheiro mais sábio e fez os preparativos para visitar as terras que pertenciam à família da garota.

O pai da garota se mostrou extremamente satisfeito em receber a visita do imperador. A garota era belíssima e estava na idade de se casar, enquanto o imperador ainda não havia se casado ou encontrado uma imperatriz para si. Então ele deu um pouco de espaço aos dois e deixou que eles fizessem o que quisessem.

Para a surpresa da garota, o imperador estava mais interessado em saber sobre toda a história envolvendo o dragão, e por isso ela o levou até o dragão. O dito dragão ficou um pouco chocado e desconfortável quando viu o imperador, como se ele e o imperador já se conhecessem. A garota acabou por deixar os dois sozinhos para que conversassem e a dupla acabou conversando por um longo tempo.

O sol já estava começando a se por quando o imperador procurou a garota e eles retornaram à residência dela.

Passou-se certo tempo desde a visita do imperador. Tudo parecia estar normal, até que um dia o dragão simplesmente sumiu. A garota esperou e esperou, mas seu amigo dragão nunca retornou. Os sentimentos da garota estavam em cacos. Ela tinha muitas saudades do dragão e desejava vê-lo e estar com ele novamente. E para piorar mais a situação, ela estava sendo pressionada por seu pai para que escolhesse um marido logo, sendo que isso não era algo que ela desejava fazer.

Ao mesmo tempo, as coisas estavam conturbadas no império. Rumores de que um dragão havia sido visto estavam se espalhando, mas boas notícias sobre os membros da realeza fizeram com que eles caíssem no esquecimento. O imperador havia escolhido uma imperatriz e o príncipe que estava desaparecido por anos finalmente havia retornado.

Assim que o príncipe se acostumou com sua nova situação, ele pediu a seu irmão que o ajudasse. Havia essa garota que ele amava e de quem desejava estar junto, porém ele precisava negociar com o pai dela para poder vê-la. Até porque, mesmo sendo um príncipe, não fazia muito tempo desde que ele havia se tornado humano novamente.

E o imperador contatou a família da garota nobre, dizendo que ele queria discutir alguns tópicos com eles e que ele desejava negociar nas terras deles. O príncipe e o imperador chegaram nas terras e, enquanto o pai da garota e o imperador conversavam, ao príncipe foi permitido passar um tempo com a garota.

A garota estava receosa em passar o tempo na companhia do príncipe. Ela já havia perdido a conta de quantos pretendentes ela já tinha tido que desperdiçar seu tempo acompanhando, mesmo quando ela demonstrava que não tinha o menor interesse neles. Mas o príncipe não era como os outros pretendentes. Ele realmente se importava com as opiniões e sentimentos dela e ele ainda deixou bem claro que não a via como só um rostinho bonito.

Aos poucos, a garota passou a se importar com o príncipe da mesma maneira que antes ela havia se importado com o dragão. E o príncipe, que já a amava, passou a amá-la ainda mais. Mas ela se sentia culpada, como se ela estivesse traindo o dragão que tanto havia feito por ela.

O príncipe conseguia ver o tormento interno da garota e o segredo era um fardo que estava começando a se tornar pesado demais para ele, por isso, ele resolveu contar tudo a ela. Eles se dirigiram a mesma clareira onde eles haviam se encontrado pela primeira vez e ele contou tudo a ela, desde como ele havia se tornado um dragão até como ele havia sido capaz de se tornar humano novamente.

A garota estava paralisada, mas não demorou muito para que lágrimas de felicidade começassem a cair de seus olhos. Eles se abraçaram e o príncipe abriu um sorriso radiante, para logo em seguida ficar de joelhos e perguntar à garota se ela queria casar-se com ele.

— E o que aconteceu depois, Mama? — Perguntou a menininha sentada no colo da mulher loira.

— Eles se casaram, tiveram alguns filhos e o príncipe dragão viveu feliz para sempre com seu tesouro mais precioso, que era nada menos do que a garota, sua esposa. — Respondeu uma terceira voz que pertencia a um homem.

— Isso não vale, Papa! Você não pode vir e roubar a Mama todinha para você! — A garotinha reclamou.

— Ei, Ei, Ember. Tem o suficiente da Mama tanto para você quanto para o seu pai. Não tem necessidade de ficar brigando.

— É como a Luce disse, Ember. Mas você já ficou um tempão com a Mama e agora é a vez do Papa.

Uma voz chamou pela garotinha, Ember, e ela levantou empolgadamente e foi atrás da voz, deixando seus pais sozinhos. O casal foi se aproximando um do outro e a mulher começou a questionar seu marido.

— Eu sei que você ama passar tempo comigo, Natsu, mas é desnecessário ficar pegando no pé da Ember. Você sabe que ela pode ser tão possessiva quanto você é superprotetor às vezes.

— Mas Luceee, ela faz uma carinha tão fofa quando está revoltada, que eu simplesmente não consigo resistir. — Natsu choramingou. — Mas sabe, tem algo que me incomoda nessa sua história.

— Que é...?

— Você não disse que o dragão sentia tanta falta da sua garota que ele não conseguia parar de pensar nela. E que ele nunca seria capaz de esquecê-la.

— E por que isso aconteceu?

— Porque assim que um dragão considera algo precioso para seu coração, ele nunca o deixa ir.

— Eu me pergunto... qual é o seu tesouro, Natsu?

— Você, Happy, Ember. Minha família é o meu tesouro. Aquele um ano foi muito difícil de lidar com, viu? Não houve um dia sequer em que eu não pensei ou senti saudades de você e que Happy não deixou passar, isso é, quando ele não estava lamentando junto comigo.

— O mesmo aconteceu comigo. Não houve um único dia sequer que eu não desejasse estar novamente com você...

— Quem imaginaria que algum dia nós estaríamos nessa posição... Sabe Luce, é realmente muito mais divertido quando nós estamos juntos. — Disse Natsu com um sorriso e enquanto abraçava Lucy carinhosamente.

E o casal ficou ali em sua pequena bolha de felicidade, já que agora eles não tinham mais necessidade de desejar estar um com o outro. Até porque eles estavam bem ali, lado a lado, e aquilo era algo que eles não deixariam que nada nem ninguém interferisse ou arruinasse. Pois depois que um dragão fez de algo seu tesouro, ele nunca o deixará ir. E o mesmo pode se dizer de sua família.