Silence

“E ironicamente, o som que mais o assombrava era o som do silêncio”

Ele era chamado de várias coisas. Irritante, barulhento, abestado, idiota. Mesmo assim, toda vez que o chamavam de alguma dessas coisas ele apenas dava um sorriso e continuava fazendo suas traquinagens.

Mesmo quando estava cercado por pessoas, ele fazia isso como uma forma de se proteger. Porque a face que ele mostrava existia para proteger seu lado que o temia. Aquela parte de si mesmo que abominava o silêncio.

O silêncio. Seu pior inimigo. Pois quando não havia nenhum ruído, ele apenas escutava aqueles sussurros enlouquecedores. Aqueles sussurros acusadores que lutavam entre si e ao mesmo tempo se uniam para lutar contra ele.

Ele um dia havia desejado se tornar mais forte e conseguiu aquele poder amaldiçoado. E todas as vezes que ele se deparava com o silêncio e as vozes acusadoras, ele desejava nunca ter tocado aquele poder. E as vozes faziam questão de deixa-lo saber que elas também não o reconheciam e o consideravam indigno de possuir o poder delas.

Não havia uma única pessoa no mundo que o pudesse compreender.

E depois de anos utilizando aquele rosto “falso”, ele perdeu de vista seu verdadeiro eu. Nunca, nem mesmo uma vez sequer, o silêncio deixou de assombrá-lo. Ele se tornou God Serena, o idiota irritante, a diva barulhenta, o mais poderoso de Ishgar, o traidor que se juntou aos Spriggan 12.

Mas no final, quando ele sentiu as garras de Acnologia destroçando seu corpo, God Serena tentou agarrar aquele dream trigger rachado e empoeirado. Ele morreria, mas pelo menos seu pior inimigo o deixaria ceder sozinho.

Apenas quando as vozes começaram a rir de seu pensamento tolo ele percebeu a verdade. Ele estava morrendo e agora o silêncio o assombraria para sempre. “A ignorância é realmente uma bênção disfarçada”, ele disse amargamente para si mesmo.

E ao perceber aquilo, o segundo dream trigger quebrou.