Carmesim

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    18
    Capítulos:

    Capítulo 10

    Segunda Retaliação

    Álcool, Estupro, Hentai, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Sexo, Violência

    No andar comunal da fortaleza móvel uma pequena guerra acontecia. Todos contra um numa luta sangrenta até a morte. Bom, a maioria, porque alguns dos guerreiros assistiam boquiabertos vários demônios caírem mutilados e mortos, o brilho de lâmina faiscando enquanto um vulto corria atravessando o salão atrás de Egar. Esse estava escondido atrás de uma estatua que seus lacaios derrubaram. Como se uma barricada tosca como essa fosse o proteger de uma fúria assassina daquele tamanho!

    Kai era antigo nos guerreiros de Mukuro. Ele cuidava do passadiço e área particular onde sua senhora se mantinha. Era o melhor lugar para se saber das histórias não contadas naquela fortaleza. Ele como um rato de poder razoável sabia disso e mantinha a língua solta por bom preço. Mas agora vendo essa guerra... Não... Um massacre com tantos gritos e mortos caindo por todos os lados, ele percebeu que não devia ter contado aquilo para Kiri.

    Desde um tempo, duzentos anos atrás Kai soube que o ser imponente e estranho que provocava tanta crueldade e medo durante séculos, na verdade, se tratava de uma mulher. Linda fêmea, um demônio apetitoso mesmo deformado podia causar luxúria ao mostrar seu corpo. Coisa que somente seus consortes já viram. Com exceção dele por bisbilhotar, Kiri por ver naquele dia na câmara dos tanques de cura onde Hiei estava e o ultimo, o mais recente consorte dela. No entanto, as coisas mudaram. Desde que esse rapaz apareceu, Mukuro perdeu o brilho vermelho de ódio em seus olhos e Kiri, o posto de seu segundo no comando.

    Ninguém ali era estúpido de não saber o tamanho ódio que Kiri sentia de Hiei. Em meio ano, o rapaz matou um terço da tropa ganhando um grande poder e status de energia, além de claro, o respeito e admiração de Mukuro. Coisa que Kiri nunca conquistou em duzentos e cinqüenta anos.

    Com o salão estremecendo, as paredes pareciam cair a cada explosão, principalmente apenas com as ondas de youki do demônio do fogo, enlouquecido de ódio. Engoliu em seco, se encolhendo num grito de ira que Hiei soltou ao lhe barrarem outra vez seu caminho. O monstro gordo e enorme caiu bem na sua frente balançando a cauda num chicoteio que Hiei desviou, saltando pra longe, ao se arrastar com a velocidade da esquiva.

    De onde estava, bem atrás do um pilar derrubado ele viu algo estranho nos olhos do general antes do mesmo sumir num borrão.  Mal o monstro enorme se mexeu e foi estripado num segundo. O talho na barriga de fora a fora se abriu quando Hiei apareceu atrás dele.  O peso do demônio ao cair sacudiu o chão de pedra, num baque surdo silenciando o salão. Os que restaram estremeciam, gemendo, mal segurando as espadas e outras armas.

    Sem dizer nada, Hiei trocou a mão da espada, vermelha com tanto sangue derramado enquanto as faixas em seu braço direito se soltaram.

    Kai arregalou os olhos, suando com o frio na espinha.

    - Vamos embora daqui!

    Conselho sábio. O grupo de guerreiros que assistia com ele se debandou para as escadas, o recinto estremecendo mais forte com a energia explodindo de repente, os raios de youki destruindo mais o lugar. Ainda subindo correndo os degraus eles puderam ouvir o rugido do dragão negro no salão.

    HIEI POV

    O Koruryu avançou destruindo tudo em seu caminho, abrindo um rastro no chão ao queimar tudo, inclusive os cretinos que protegiam aquele verme. O dragão negro rugia mais enfurecido do que o normal. Os ecos me deixaram surdo, ou poderiam já que eu não ouvia nada. Vazio por dentro assistia a destruição ao redor numa apatia esperando o dragão retornar. Tudo parecia distante. Os gritos, os escombros caindo e os estrondos. Eu sabia vagamente que estava meio sujo de sangue, minhas costas ardiam de um talho raso e um corte me incomodava na  bochecha. Havia outros também nos meus ombros, mas não me importei. Encarando o dragão girar dando a volta, a bocarra escancarada como se fosse me engolir, fechei os olhos bem no instante que me atingiu.

    A primeira coisa que vi foi o nada. Depois escutei os gritos de mulher.

    HIEI!!!!

    Abri os olhos prendendo o fôlego em tempo de um vergalhão disparar até mim. Dei um tapa naquilo, a vara de ferro ao girar subindo e olhei na direção de um youki estremecendo. Agarrei o vergalhão ainda girando no ar e corri até o verme. Atravessando o salão destruído, saltei de uma estatua derrubada em tempo de ver Egar correndo para saída. Joguei a espada o acertando bem o ombro, prendendo no chão.

    O berro que soltou me fez sorrir. Ainda mais ao arrastar a cara no piso lascado.

    Caindo a poucos metros dele, caminhei devagar. Assistindo enquanto arrancava minha katana do seu ombro jogando pra longe. Vi que seu joelho esquerdo estava virado para o contrario e o sujeito o colocou fácil no lugar. Isso só me deixou mais ansioso. Lembrei que tipo de demônio ele era e tive uma idéia. Comecei a girar o vergalhão, esquentando-o aos poucos ao me aproximar.

    -  Aonde pensa que vai?

    Ele chiou de susto e virou de costas, de frente para mim. Algo no meu rosto fez a pele verde ficar cinzenta e os olhos amarelos saltarem de medo. Tremendo tentou se levantar, travando queixo reconstruído que esmaguei antes.

    - Você... Não sabe no que está se metendo. Mukuro...

    Branco. Acho que apaguei por uns segundos.

    Quando voltei a mim, ele estava berrando. Tropeçando ao recuar com as mãos no rosto. Um cheiro de carne queimada me deu uma dica do que fiz. Com sangue melando seus dedos e o jeito como cobria os olhos eu acabei de cegá-lo.

    Encarei meu punho livre e estava queimando sujo de sangue. Eu queria muito fazer isso e queimei seus olhos sem pensar. Passando por um pedaço de escombro ao caminhar até Egar, bati o vergalhão quebrando a ponta e arrastando na pedra ao afiar.

    - Seu... seu moleque cretino!!!

    Estreitei os olhos. Não tinha outra ofensa melhor? Cansado o chutei no estomago. Bem no plexo solar e ele caiu pra trás cuspindo sangue. Esperei ele tossir pra respirar. Eu queria que ficasse bem acordado.

    - Você gosta muito de bater. 

    Ele engoliu desesperado. Finalmente suando de medo. O ferro a essa altura tinha ficado brilhante em brasa.

    - Eu... eu não queria. Me obrigaram.

    Estremeci de ódio. Arquejando ao lembrar. Ele que a derrubou enquanto fugia. Esse maldito... Quebrou praticamente todos os ossos dela nas suas vezes ao estuprá-la. Minha mente começou a apagar. Só ouvia os gritos da onna na minha cabeça.

    - Yurusenee.

    Ainda balbuciava se arrastando. Me dando mais nojo e ódio.

    - Eu.. Eu juro que não sabia. Se eu soubesse que a Prostituta...

    - Grrrrrrrrr

    Já chega! Rosnando cravei a ponta afiada do ferro na sua barriga. Afundando mais até bater na coluna enquanto os berros lancinantes dele abafaram os que eu ouvia na minha cabeça. Tremendo puxei o ferro para cima, assistindo ele berrar ainda mais ao abrir sua barriga, suas tripas escorregando em meio ao sangue ao escaparem do talho. O cheiro me embrulhou. Era tão nojento por dentro como por fora.

    - Pare! Pelo amor de deus, pare!!!

    Soltei um riso, puxando mais o ferro até o fim das suas costelas.

    - Quem você pensa que eu sou? Não acredito nessas coisas.

    Retirei o ferro e esperei um pouco. Um minuto passou e assisti o corte começando a se fechar. Esse verme tem um grande azar em se regenerar. Os olhos ainda estavam vazados porque os queimei, então deixando o vergalhão mais em brasa esmaguei suas partes baixas, aproveitando pra queimar. Outro berro ecoou abafando os gritos da garota na minha cabeça.

    Eu só ouvia ela gritar desde que comecei a torturá-lo. Meu juízo não agüentava isso. Ou talvez sim. Não sei, apenas me fez ter mais idéias enquanto cravava o ferro nele, furando seus ossos um por um. Começando dos pés, o tornozelo. A tíbia e o fêmur deixei bem quebrados. Na bacia, o chutei deitando de bruços e esmaguei por dentro. Como estava quente o vergalhão a carne queimava também, portanto, sem regenerar. Eu deixei a coluna intacta e o crânio. Era muito cedo pra morrer e depois de transformá-lo num saco de carne e ossos partidos vi uma corrente pendurada de um archote. 

    Peguei os dois e enrosquei a corrente no pescoço dele embebendo no óleo do archote. O arrastei pelo salão procurando um lugar para pendurar ignorando o choro e os xingamentos. No caminho até o cavalete no teto, o único inteiro que havia, vi o quanto de youkais havia matado. Tinha corpos pra todo lado e o sangue começava a cheirar putrefação. Parando em abaixo do cavalete joguei a outra ponta da corrente, dando a volta na sustentação de pedra e o soltei, puxando do outro lado até ficar mal tocando os pés no chão. Prendi a corrente numa coluna bem atrás dele, de um jeito que o seu peso caísse sobre seus pés quebrados.

    Asfixiando finalmente parou de berrar e estranhamente a onna também não gritou mais na minha mente. O silencio se sobrepondo interrompido pela respiração arquejante desse verme. Não queria mata-lo enforcado. O peso e a corrente escorregadia no óleo atrasaria até o maldito ficar sem ar. Pegando uma espada parei bem na sua frente escutando suas ultimas palavras.

    - Por.. por favor, me solte. Eu... Eu nunca mais vou...

    - Nunca vai mesmo.

    Usei o Jagan para ver seus pensamentos antes mesmo de terminar. Só eram imagens obscenas e fantasias com a onna. Era mesmo um nojento desgraçado. Rasgando suas roupas, a barriga quase fechada quando o estripei, fiz um corte raso no calcanhar e enfiei a ponta da espada dentro dele.

    Ignorando seus berros sufocados, arranquei a pele verde bem devagar deixando-o em carne viva.

    Ningenkai, Templo Kasane

    BOTAN POV

    Depois daquela noticia assustadora, Shizuru me sugeriu que ficasse mais um dia em repouso. Eu protestei. Tinha que trabalhar logo, senão perderia meu emprego, mas ela me disse que os rapazes virão meu estado ontem. Ou seja, Yusuke também, então ele avisaria a Keiko que estive mal da virose outra vez.

    Essa era mentira que inventamos. Desde o acontecido, tenho arrepios só de lembrar, eu não me lembro de mais nada até acordar no meu quarto em Reikai. Koenma e mais tantos guardas da patrulha me escoltaram para a corte das igrejas. Para receber meu julgamento e atordoada recebi a noticia que virei... Virei... A concubina dos Youkais. Fizeram questão de jogar na minha cara que procurei por isso, sendo amiga de vários, principalmente dos ex-integrantes do Reikai Tantei.

    Eu não parei de chorar. Ninguém me olhava e aqueles que faziam isso eram cheios de desespero e asco. O senhor Koenma me defendeu tanto, não lembro como foi, pois desmaiei outra vez exaurida e ao acordar, estava na casa de Shizuru com Hinageshi. Elas cuidaram tanto de mim. Hinageshi ensinou Shizuru como usar seus poderes espirituais e nos dias que passaram, a mesma inventou que fiquei doente, minha dispensa do cargo de guia espiritual e entre tantas coisas para os outros.

    Não foi fácil mentir e ninguém me perguntou sobre minha energia baixa. Ninguém... Exceto Hiei. Porque tinha que ser justo ele? Tão observador, mas tão neutro. Ele não continuou assim ao me fazer aquelas perguntas incomodas e vergonhosas. Isso me doía, ele parecia se divertir disso principalmente ao adivinhar tantas verdades do meu estado, mas... Hiei não contou pra ninguém. Espero que ele não conte ao Kurama.

    Contudo, eu não consigo sentir mais aquela raiva ao pensar nele. Na verdade, eu sinto muito medo. Afinal, ele é um demônio e... Pelo o que entendi alguma coisa faz os demônios sentirem atração e quererem acasalar comigo. Minhas pernas ficam fracas ao pensar sobre isso. Kurama é um espírito de um youkai dentro de um corpo humano. Yusuke marcou a Keiko como a companheira dele então não sente esse efeito. Me sentia segura perto deles, mas não com Hiei.

    Eu nunca fiquei tão apavorada quanto ele me abordou sozinha nesses últimos dias. A marca queimava tanto em sua presença. Mas... Mas Hiei não me atacou. Fisicamente, certo tirando quando tentei lhe dar um tapa, porem, ele agiu bem normal. Curioso e cínico, mas normal. Sem contar que não deixou me seqüestrarem no ataque no templo da mestra Genkai. Acho que Hiei apenas tem um comportamento muito apático. Eu soube por Yukina o costume horrível das mulheres de gelo com os meninos que nascem na tribo. Claro, ela estava muito sensível sobre mais um ano sem ver o irmão e depois de muito insistir, ela apenas me disse o porquê dele talvez não quiser saber dela.

    Morri de vontade em contar, eu queria tanto dizer que Hiei era o seu irmão. Que ele se preocupa sim com ela e por isso, fui avisá-lo do casamento. Achei que seria uma ótima oportunidade para revelar sua identidade à ela, mas aconteceu aquilo. Ele não me deu ouvidos é claro e me abandonou a própria sorte. Eu devia odiá-lo, contudo, não consigo.

    Acho que ainda tinha esperanças de que foi ele que tirou de lá. Mas depois daquela conversa no deque apenas me iludi a toa.

    - Sou uma idiota.

    - O que?

    Arregalei os olhos. Droga! Tinha me esquecido que Hinageshi estava no quarto comigo. Piscando os olhos verdes e confusos, ela se endireitou na cadeira interrompendo o curativo na minha perna.

    - Por que se chamou de idiota, Botan?

    Ri nervosa. E agora?

    - Er... Esqueci de te avisar que dormir na casa de Shizuru ontem.

    Seu olhar apenas ficou desconfiado.

    - Sei. Olhe, tente ficar em repouso viu? A marca está inerte agora então pode recuperar suas energias até amanhã.

    - Tudo bem.

    Se levantando deu mais uma olhada nela até franzir as sobrancelhas.

    - O que foi?

    - Estranho. – tocando de leve sobre as ataduras com o balsamo, Hinageshi ficou mais confusa – Não sinto nenhum youki vindo dela.

    - É serio?

    Toquei também. Apesar de não ser mais capaz de captar energias, sempre sentia um choque ao apalpar a cicatriz. Fiquei pasma ao confirmar. Hinageshi tem razão. Não havia nada.

    - O que pode ser?

    - Não sei. Mas... Não, é bobagem.

    Sacudindo a cabeça, ela se levantou da cadeira guardando o creme com as ataduras na caixinha de madeira. Eu estava super curiosa.

    - Fala.

    Parando perto da porta, a garota ficou mais pensativa ao olhar o vazio.

    - A única idéia que me vem é o demônio quem lhe fez isso não existir mais. Mas é bobagem. Quem teria matado ele?

    Prendi o fôlego e sem perceber Hinageshi saiu do meu quarto dando os ombros. Ela levou tão bem. Igual a Shizuru quando Kuwabara contou que atacaram o senhor Koenma. Essas duas são tão calmas! Bom, pelo jeito não tenho mais nada pra fazer exceto ver o tempo passar. Preciso comprar algum romance amanhã.

    Levantando da cama, ajeitei o pijama que é um conjunto de calça e uma camiseta leve e fui até a cômoda pegar a escova de cabelo. Preciso dar um jeito nisso. O ajeitei numa trança solta, o rabo de cavalo seria difícil dormir e dei uma olhadinha no espelho pra afofar a franja.

    Só me distrai um segundo. Quando olhei o reflexo de novo, uma silhueta estava empoleirada na minha janela me encarando. Virei com o coração na boca e reconheci o intruso.

    - Hiei! Você quase me matou de susto.

    Ele apenas curvou os lábios divertido, me espantando ainda mais. Era uma expressão diferente demais do seu habitual tédio. Ele estava achando graça de mim? Tal..Talvez, mas porque seus olhos me olhavam diferente? Relaxe... Ele não veio fazer nada estranho, mas vindo aqui no meu quarto já era estranho! Sacudi a cabeça. Foi só então que reparei sua vestimenta um pouco... Diferente. Invés da capa, um casaco negro descia até suas pernas. A camisa negra e a calca quase parecida com um hakama eram iguais. Além disso, é impressão ou ele parece um pouco cansado?

    Retorci as mãos, droga, isso também não era da minha conta. O olhando tímida procurei quebrar o gelo.

    - Ah... O que te trouxe aqui?

    Seus olhos se estreitaram debochados. Isso apenas me deixou mais nervosa com seu silencio.

    - Por-porque não diz nada?

    Quase rindo ele apoiou os cotovelos nos joelhos, se acomodando mais na janela.

    - Você faz perguntas demais.


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