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Acho que chega um momento na vida da maioria das pessoas quando elas ficam sobrecarregadas com um sentimento de nostalgia e procuram recuperar sua juventude, de alguma forma ou de outra. Esse tempo chegou para mim quando eu estava no colégio. Eu acho que preciso elaborar melhor isso, porque pode parecer uma idade muito jovem para tais sentimentos. Você vê, eu era uma criança doente. Passei muito tempo confinado a uma cama de hospital, observando as outras crianças jogarem os seus jogos. Sendo bem honesto, eu odiava o fato que eu nunca tive essa experiência, então eu acho que é por isso que eu tentei capturar essa efêmera saudade uma noite com meus amigos.
Eu quero dizer que éramos todos alunos do segundo ou primeiro ano na escola naquele momento. Eu tinha um grupo bastante unido de amigos. Fizemos quase tudo juntos. Nós saíamos, estudávamos, e até mesmo experimentamos um pouco (principalmente com certas substâncias e sexualmente) uns com os outros. Eu acho que foi aquela união e vínculo que me deu a coragem de propor mesmo a minha ideia infantil.
Nós estávamos andando nas profundezas do meu antigo bairro. Esse era o lugar ideal para os adolescentes como nós, porque uma empresa estava construindo uma série de casas para tentar vender a novas famílias a preços inflacionados. Eles estavam no início de sua construção então as casas eram praticamente um esqueleto e ainda não tinham as acomodações essenciais para qualquer casa típica. Este era o esconderijo perfeito para beber, fumar, e normalmente, não fazer nada de útil. A empresa de construção colocou grandes travas nas portas, mas a maioria ainda não tinham sido presas adequadamente, e se esgueirar era uma tarefa simples.
Como eu disse, estávamos andando em um desses “futuros bairros” uma noite. Estávamos dividindo um baseado entre todos nós e tentando soar filosóficos. Junto comigo foram três dos meus amigos mais próximos. Foi o meu melhor amigo, Brian, Sarah e Kacie, a menina que eu era apaixonado. Nós tentávamos falar com inteligência, mas olhando para trás as nossas ideias não eram nada sofisticadas. Sarah estava reclamando que não havia nada a fazer la fora e foi então que eu decidi assumir o risco e sugerir que brincássemos de esconde-esconde.
Eles rejeitaram a ideia como sendo infantil, mas a adição de algumas regras simples temperou as coisas o suficiente. Eu defini as regras da seguinte forma: todos buscam e uma pessoa se esconde. A primeira pessoa a encontrar o Escondido, pode fazer três perguntas. A última pessoa a encontrar o Escondido, tem de responder a três perguntas pessoais. Nós iríamos todos tirar a sorte com fósforos e separar para que os outros pudessem se esconder em sigilo. A pessoa com o fósforo já acesso e extinto seria o Escondido. Eu, é claro estava sendo hipócrita e fiz com que Kacie pegasse o fósforo apagado. Eu queria a oportunidade de ter algum tempo a sós com ela e conhecê-la melhor. Acho que fiz isso dessa forma para esconder minha paixão infantil por ela, mas eu estava com medo de ser deixado de fora.
Eles estavam hesitantes no início, mas sua relutância derreteu depois que terminamos o baseado. Eu coloquei os fósforos na minha mão com o já extinto apontando para Kacie. Tiramos a sorte e nos separamos com a intenção de iniciar o jogo depois de cinco minutos, dando tempo suficiente pro Escondido se esconder em uma das três casas parcialmente construídas no bloco. Já era tarde, mas não estávamos com pressa para chegar em casa. Nós tínhamos um sistema onde ligávamos pra nossos pais e falávamos que íamos dormir com um amigo diferente e, em seguida, nos reuníamos para sair e fazíamos nossas travessuras adolescentes.
Todos discretamente olhamos para os nossos palitos. Eu era um dos “caçadores” e eu achei que Kacie fosse a que tinha que se esconder. Nós todos nos separamos para que não soubéssemos onde o Escondido iria, mas eu tinha uma boa ideia. Quando chegamos ao bairro em construção, Kacie tinha gostado da última casa. Eu mencionei que eu sabia que estava destrancada e que provavelmente poderíamos explorá-la mais tarde. Nós nunca encontramos tempo para fazer isso, então eu sabia que ela iria provavelmente sentir vontade de verificar a casa, enquanto procurava um esconderijo.
Esperei cinco minutos antes de ir para a última casa do bairro. A tranca não tinha sido encaixada, o que tornou a abertura da porta, simples. Eu tive sorte que a lua estava tão brilhante naquela noite que iluminou o meu caminho caso contrário eu teria tropeçado andando até a casa. A empresa de construção civil ainda não tinha colocado postes e isso deu ao pequeno bairro, um ar estranho. Abri a porta e olhei para o abismo diante de mim. Eu não vou mentir, o escuro me deixou nervoso, mas o meu desejo de me aproximar de Kacie me levou pra frente.
Eu andei pela cozinha, mas não encontrei ninguém. Meus tênis batiam no chão, que ainda estava sem o carpete ainda. Eu procurei no primeiro andar, mas não tive sorte. Eu estava começando a me perguntar se eu poderia encontrá-la na escuridão. As janelas tinham sido feitas, mas estavam cobertas para evitar que os animais entrassem e criassem ninho. Subi com minha mão apoiando ao longo da parede para me equilibrar, já que não tinha corrimão ainda. Eu me lembro de pensar que esta casa era uma armadilha mortal com a sua fiação exposta, falta de corrimões e folhas de madeira compensada por aí.
O quarto principal estava vazio, mas quando eu estava prestes a desistir da esperança de encontrá-la, ouvi o chão ranger como se alguém tivesse se movido na sala ao lado do quarto. Segui o som e enquanto eu forçava meus olhos na escuridão, eu pude ver alguém sentado no meio da sala sem mobília. Meu coração começou a bater mais rápido. Eu tinha encontrado ela!
Sentei-me a poucos metros de distância e proclamei em voz alta: "Eu te encontrei! Então eu posso fazer três perguntas. "
Ela se assustou com o som da minha voz, mas pareceu se acalmar enquanto eu continuei falando. Eu estava tão ansioso e olhando para trás, e também percebi o quão estúpido eu estava sendo. Você sabe o que as pessoas dizem, os hormônios são as drogas mais fortes que mechem com a nossa mente. Só havia uma maneira de ter certeza de que era Kacie e não Sarah.
Eu perguntei: "Você já fez sexo?"
Houve uma pausa que fez eu estremecer um pouco de vergonha. Fiz essa pergunta porque eu soube, falando com Brian que Sarah não era virgem e eu sabia que Kacie era, de uma conversa bêbada tarde da noite com Sarah em que ela revelou muito mais do que deveria sobre seus amigos.
Ela respondeu: "Não." suavemente
Agora eu tinha certeza de que eu estava falando com Kacie e não Sarah. A voz entregou muito.
Para ser completamente honesto, minha lábia tinha-me trazido até aqui, mas não conseguiu me fazer continuar. Sinceramente, eu estou feliz que eu acovardei na minha próxima pergunta. Minha próxima pergunta seria: "Você quer fazer sexo?" (Mais uma vez, os hormônios.) Eu não conseguia fazer essa pergunta grosseira. De fato, naquele momento, minha mente completamente apagou e tudo que eu conseguia pensar era no cabelo brilhante de Kacie ou a forma como o seu sorriso enviava sempre uma faísca através de mim e fazia meu coração bater tão rápido que eu estava preocupado que ele iria estourar no meu peito.
Ficamos ali sentados em silêncio por alguns momentos enquanto eu tentava pensar em algo para dizer para ela. Eu me chutei mentalmente, pensando que eu ia aparecer estranho para ela. Eu só iria pegar uma oportunidade para impressioná-la e se eu estragasse tudo, qualquer chance que tivesse com ela estaria arruinada.
Eu finalmente consegui resmungar, "Me desculpe, eu não sei o que fa-"
Fui interrompido por ela lentamente deslizando pelo chão até que estávamos a apenas alguns centímetros de distância. Se eu pensei que meu coração batia rápido quando a vi pela primeira vez, agora era uma britadeira no meu peito. Ela queria se aproximar de mim. Ela estava atraída por mim? Será que ela sentia o mesmo que eu sentia?
Sua ação praticamente roubou as palavras da minha boca. Eu não podia dizer nada. Eu não conseguia pensar direito. Tomei consciência de um som que era tranquilo no início, mas tinha crescido quanto ela chegou mais perto de mim. Era o som de sua respiração. Sua respiração saia rápido. Como se ela tivesse acabado de correr ao redor do bairro. Quase soava... sexual. Então, novamente, pra minha mente naquela época, quase todos os estímulos poderia ser percebidos como sendo de natureza sexual. (Hormônios Malditos!) Eu não tinha certeza do que estava acontecendo, mas eu não acho que eu realmente me importava.
Eu decidi tomar uma atitude. Deslizei minha mão a partir das minhas pernas e as coloquei nas dela. Entrelacei minhas mãos com as dela e a segurei. Seu toque era quente, um pouco suado, mas tenho certeza que minhas mãos não estavam diferentes. Sua respiração aumentou logo minha mão tocou a dela. Meu coração quase explodiu fora do meu peito e disparou através do céu naquele momento. Por um longo tempo, eu considerei isso como um dos gestos mais românticos da minha vida, até o momento que propus e me casei. Ficamos de mãos dadas no escuro ouvindo os sons da nossa respiração misturados.
Eu decidi ir com tudo. Eu lentamente me inclinei para a escuridão onde eu podia ver sua forma. Eu estava indo beijá-la, a garota que eu tinha ansiado por, há quase dois anos! Seu hálito cheirava insanamente doce, como o mel muito açucarado. Eu me perguntava mentalmente como o meu cheirava. Eu silenciosamente rezei para que ele não fosse nojento. Ela entendeu meu gesto “ tão sutil” e se inclinou para me beijar. Nossos lábios estavam separados por centímetros e eu estava a segundos de distância do nirvana.... Quando Sarah tropeçou para dentro do quarto.
Eu mentalmente gritei uma série de maldições e injúrias que teriam feito um marinheiro corar.
Ela disse: "O que vocês estão fazendo? Encontrei Brian 15 minutos atrás. "
Um alarme começou a disparar na minha cabeça, mas eu não conseguia descobrir por que na época.
Sarah mudou sua posição e, embora eu não pudesse vê-la na escuridão, eu tinha certeza que ela tinha acabado de erguer a sobrancelha.
"O que vocês dois estavam fazendo enquanto estávamos jogando seu jogo infantil? Eu entendo, mas não nos façam de idiotas e me mandem andar no escuro à procura de Brian enquanto vocês dois se acariciam aí. "
Eu perguntei estupefato, "Brian era o Escondido?"
Sarah assentiu e respondeu: "Ele estava sentado atrás de uma casa. Ele é horrível em se esconder. Nós nos cansamos e decidimos procurar por vocês dois ".
Algo não estava certo. Eu tinha encontrado Kacie sentada nesta sala. Se ela não era o Escondido, por que ela estava sentada aqui em cima? Comecei a sentir um suor frio formando na minha pele. Algo estava definitivamente errado aqui.
Brian foi o golpe final. Ele entrou na escuridão e eu reconheci a voz. Ele tinha um jeito de falar que fazia tudo sair em um tom sonoro e retumbante.
Sua voz ecoou: "Você encontrou ele, Sarah? Achei Kacie- "
Sua voz morreu quando eu finalmente consegui fazer a segunda pergunta que eu deveria ter perguntado logo no início, "Eu te conheço?"
A voz suavemente respondeu: "Não", mas a palavra era tão cheia de emoções que um arrepio sacudiu todo meu corpo.
Kacie não estava na sala com a gente. Ela estava fora da casa, então que mão eu estava segurando? Com a mão livre, peguei os fósforos que usamos para sorteio. Parecia que meus pulmões estavam sendo apertados, eu não podia respirar. Eu arrastei o fósforo ao longo do chão e o acendi. A pequena chama foi suficiente para iluminar a forma ao meu lado. Sarah gritou e Brian praticamente se jogou para fora da sala com medo. Eu puxei minha mão livre e acidentalmente apaguei a luz após o nosso curto olhar, cheio de terror.
Em conversas que tive depois com Brian e Sarah, parecia que todos nós vimos algo diferente naquele momento. Sarah jurou que viu uma mulher mal formada que era uma reminiscência de crianças com talidomida, com membros torcidos e dedos fundidos. Brian viu uma mulher velha e decrépita com seios pendurados e uma pele acinzentada e malhada. O que eu vi me deu pesadelos durante semanas. Eu vi o que parecia ser uma mulher. Sua mandíbula estava torcida, aberta como se tivesse sido deslocada. A abertura era tão grande que parecia que ela poderia caber toda a minha cabeça em seu bucho cavernoso. Eu não tenho certeza se ela estava assim, em preparação para o nosso beijo ou o quê. Seus dedos tinham articulações extras e pareciam estranhamente longos e ossudos. Era magra, pálida, e seu cabelo sarnento pendia em volta da cabeça como um ninho de pássaro feito de galhos mortos.
Nós todos fugimos da casa. Na minha tentativa de escapar, eu corri para a moldura da porta e me causei uma terrível contusão. Tive que passar o próximo dia colocando gelo e me perguntando se eu tinha quebrado a clavícula. Voamos daquela casa como almas fugindo do inferno. Kacie não acreditou na nossa história, mas para ser honesto, eu não me importava se ela acreditava em nós ou não. Eu sei o que vi... e o que vi me deixou horrorizado.
Anos se passaram desde aquele dia. Eu me formei, casei com uma garota legal, (Kacie e eu nos distanciamos depois do colegial) e me mudei para uma casa agradável. A história se escondeu na parte de trás da minha mente e foi arrastada no fluxo e refluxo da vida do dia-a-dia.
Estas memórias ressurgiram como uma onda furiosa pela mais simples das coisas...
Uma queda de energia.
A eletricidade tinha acabado de cair. Suspirei na inconveniência de tudo e fui até o porão para encontrar e verificar o disjuntor. Isso era bastante comum devido à fiação defeituosa da minha casa, e eu podia encontrar o disjuntor e vira-lo com os olhos fechados. Eu nem sequer precisava mais de uma lanterna; o movimento estava gravado em minha memória muscular.
Foi lá, enquanto eu brincava com o circuito que tomei consciência do som. Era quase inaudível, mas foi crescendo quando eu parei para ouvi-lo. Eu não consegui identificá-lo no início, mas quando eu finalmente consegui, memórias inundaram minha mente. Sentado na escuridão, minhas mãos entrelaçadas na coisa ao meu lado, e minha boca centímetros de distância dela, em preparação para beijar sua pele pálida. Era o som da respiração, além de minha própria e soava superficial e forçada como alguém debilitado. Eu teria sorrido se eu não estivesse tão assustado. Quase soava.... sexual.
A voz falou e meu estômago afundou, "Você tem mais uma pergunta para me fazer."
Em meu porão, eu percebi que eu não era mais o garoto tímido daquela noite em que eu estava no escuro daquela casa parcialmente construída todos aqueles anos atrás. Eu tinha encontrado a minha voz, e eu não tinha necessidade de pensar nas palavras para dizer. Fiz a última pergunta, já sabendo a resposta.
"Eu vou deixar este porão?"