Fairy Tail, a verdadeira história.

Tempo estimado de leitura: 47 minutos

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    Capítulos:

    Capítulo 4

    Capítulo 3.

    Eu tinha me esquecido completamente a conta aqui! Bom, peço desculpas, mas vamos voltar para ver no que dá. Agradeço aos que leram e comentaram.

    Boa leitura :3

    Não sei por quanto tempo ficamos nos olhando naquele silêncio assustador cortado apenas pelo murmúrio da minha respiração pesada. A energia diferente do Mundo dos Espíritos envolvia-me misturado com a aura naturalmente imponente do Rei, causando calafrios em meu corpo que já tremia levemente.

    – Eu não posso lhe dar algo que sempre foi seu.

    Passei a olhá-lo realmente ao proferir tais palavras. Sua voz saiu altiva e firme, ecoando pelo grande salão e ricochetando em meus ouvidos com leve eco ao final. Esfreguei as mãos suadas uma na outra, também na tentativa de fazê-las parar de tremer. Com dificuldade entreabri meus lábios também trêmulos, por onde minha voz saia como um sussurro.

    – Sempre... foi meu? – soou mais como uma reflexão do que uma pergunta, ou a mistura dos dois.

    Minha mente começou a trabalhar, vasculhando algo que possa me dar um sinal sobre sua afirmação, mas só sinto um grande vazio. Como um buraco negro onde orbito numa escuridão eterna.

    – A chave sempre foi sua por direito. – explicou-me.

    Não sei que chave é essa, mas parece que minhas visões são válidas e não foram apenas criadas por minha mente perturbada e desesperada por uma solução. Não sei como ela é, ou o que faz exatamente, mas se for nossa única esperança eu a usarei sem hesitações.

    Mas algo não batia com os fatos. Se ela sempre foi minha por direito, como nunca a tive em mãos? E por que somente agora tenho consciência sobre ela?

    – Por que nunca soube de sua existência? – proferi minhas indagações oralmente. Ele é o único que pode responder minhas dúvidas.

    – Por que ela não era necessária. Mas agora, é chegada a hora.

    Apertei os olhos sentindo os efeitos de suas palavras. Ele já sabia de tudo, possivelmente bem antes de mim. Mas por quê? Como? Em minha mente só se passam perguntas sem respostas, no desespero de que os meus maiores pesadelos se realizem. Sinto minha vida controlada por outrem, como se eu fosse uma marionete de madeira prestes a quebrar se assim meu controlador desejar.

    O destino.

    O fatídico destino me controla agora, e eu apenas tenho que seguir as linhas pré-moldadas. Sempre, por toda a minha vida, caminhei até este dia, sem saber o que me esperava. Agora me vejo tendo que lutar contra algo já escrito. Preciso fazer uma nova história e apagar a antiga.

    – Velha amiga – a voz do Rei me desperta dos meus devaneios –, tudo sempre esteve interligado, mas para a proteção de todos, principalmente a sua, nada foi revelado. Até agora.

    Mordo o lábio inferior em apreensão, pronunciando as palavras hesitantemente:

    – O que essa chave faz afinal?

    – Ela abre o portal do tempo. Uma linha que divide eras de um universo paralelo ao de Earthland. Dois lados de um mesmo mundo, em épocas diferentes.

    Isso significa algo importante, mas mesmo ouvindo cada palavra atentamente não consegui compreendê-lo. Como essa chave salvará a todos os nós? E como, exatamente, farei isso?

    – E onde ela está? – foi a única pergunta que consegui fazer.

    O Rei olhou-me por alguns segundos antes de falar:

    – Dentro de você.

    Congelo, sentindo meu sangue correr numa velocidade fora do comum à medida que meu coração passa a bater mais rápido.

    – O que quer dizer? – perguntei apática.

    – A última a utilizar essa chave foi sua mãe. Também, foi a última magia que ela conjurou.

    Abri a boca diversas vezes para falar, mas nenhum som saia. Minha mãe foi portadora dessa chave. A última magia que ela conjurou... Como se... Ela tivesse morrido por isso! Qual o verdadeiro poder dessa chave?

    – Por motivos de segurança a chave não tem uma forma física definida, até o momento de ser usada. – disse o Rei – Depois... Que Layla morreu, ela passou a ser sua por direito. Ela sempre esteve com você. Você apenas que não se deu conta disso.

    Eu quero perguntar. Perguntar se foi por isso que minha mãe morreu. Mas infelizmente não tenho tempo para isso, pois meus amigos ainda estão vivos e precisam de mim. Não sei as consequências de usar essa chave, mas mesmo que eu morra por isso eu preciso fazê-lo.

    – Como eu... Como eu farei...?

    – Você saberá o que fazer na hora. – respondeu a pergunta que não consegui completar – Siga seu coração, velha amiga. Sua mãe também está dentro dele.

    Pus a mão em meu peito, acalmando meu coração aflito. Isso, minha mãe está aqui comigo. Meu pai também. Sempre estiveram. Preciso seguir meus sentimentos se quiser salvar minha família.

    E é o que eu vou fazer.

    – Obrigada, velho amigo. – digo exibindo um sorriso desde que cheguei ali, mas pude sentir uma lágrima cair de meus olhos. Provavelmente é a última vez que verei o Mundo dos Espíritos.

    – Até logo, velha amiga. Isso não é um adeus.

    Sinto meu corpo brilhar intensamente, deixando-me cega por alguns segundos. A última coisa que eu vi foi o Rei em seu trono com todos os meus Espíritos Estelares ao seu redor sorrindo para mim, em baixo daquele maravilhoso céu estrelado.

    ***

    A sensação de reviver tudo mais uma vez é ainda mais desesperador. Principalmente considerando o fato de que, agora, não é um sonho.

    O meu pesadelo se realizou.

    Os gritos ecoam em meus ouvidos, no mais completo caos. Meus olhos inundados em água estão arregalados para aglomeração de pessoas que correm frenéticas. No meio do que antes era uma rua estou petrificada no meio da agonia. A poeira dos escombros dos prédios rondam no ar, deixando a visão de tudo embaçada. Há sangue por todo o lado, sangue de pessoas feridas que tentam salvar suas vidas. As sombras se projetam no chão, flutuando como nuvens. Mas quando olho para o céu, tudo o que vejo é um firmamento repleto de monstros.

    Dragões.

    Cheguei tarde demais. Nem percebi que isso aconteceria quando fui falar com o Rei. O tempo no Mundo dos Espíritos corre de maneira diferente daqui. Por isso se uma dia lá equivale a três meses aqui, alguns minutos pularam os cinco dias que faltavam para todo o pandemônio se realizar. Mas a diferença agora é que eu tenho a solução.

    Procurando espantar o terror e fazer minhas pernas se mexerem antes que eu fosse atingida por alguma magia, começo a pensar em como vou fazer para abrir o portal. Hesitante dou um passo, mas logo sou tomada por uma coragem e minhas passadas passam a ser mais firmes e determinadas. Alguns magos lutam ao chão com alguns Dragões que tentam nos atacar, enquanto outros ajudam as pessoas comuns a fugir. Olho ao redor com o desejo de ajudar todo mundo ao mesmo tempo, até que vejo Erza mais ao longe com sua armadura fazendo a dança das espadas. Lutando sozinha contra um Dragão. Enquanto outros abordam um único dragão com vários outros magos, ela se matinha firme no um a um. Seu corpo está coberto de feridas que sangram e sua respiração estava cansada.

    Reprimi um gemido de dor, racionando agora. Quando fui falar com o Rei eu realmente consegui mudar o futuro, já que no caso fui eu que cheguei depois durante a batalha. Erza já estava aqui desde o início e mesmo cansada não recua nem ao menos um passo. Mas mesmo ela sendo poderosa não tem chances. Nenhum de nós tem, nem mesmo em grupo. A quantidade dos Dragões é inversamente proporcional a nossa, os magos. Lembro-me do Projeto Eclipse, quando havia dito que saíram dez mil Dragões, mas vieram apenas sete.

    Agora vejo que os nove mil novecentos e noventa e três que faltavam chegaram.

    Passo a correr agora, preciso tentar falar com o Mestre sobre o que sei. Salto desviando de alguns golpes que necessariamente não eram direcionados a mim, mas que poderiam me atingir. Jogo-me no chão antes que uma bola de fogo me atingisse no rosto, e desajeitadamente dou com a cara na terra. Apoiando os braços no chão para me erguer, olho com a visão desfocada para longe. Aperto os olhos e vejo Natsu com um semblante macabro usar todos os seus ataques contra vários dragões ao mesmo tempo. Ele está descontrolado.

    Quando me levanto sinto minha perna doer e olho para baixo vendo o sangue escorrer do meu corte recém adquirido pela queda. Meio mancando, mas ainda com a guarda alta, vou andando até ele. Seus braços lambidos em chamas desferem golpes e socos nos dragões ao seu redor, como suas pernas desviam com maestria dos contra-ataques. Seus olhos estão nublados e a pele de seu rosto está descamada, assim como vai descendo pelo pescoço e alastrando pelo resto de sua pele.

    Sua Dragon Force está ativada, mas isso está se tornando descontrolado demais. Recordo-me quando descobrimos ao que a magia Dragon Slayer leva e me desespero ao cogitar a ideia. Mas vê-lo com aquela expressão assassina apenas fortifica minhas suspeitas. Sua própria magia está o traindo e se ele continuar possesso desse jeito pode ficar igual a Acnologia.

    – NATSU! – grito desesperadamente, sem pensar nas consequências.

    Ele parece acordar de seu transe e desvia o olhar rapidamente para mim, com uma feição preocupada. Tentei sorrir em meio às lágrimas, esquecendo totalmente de tudo ao meu redor.

    Um erro.

    Só tive tempo de proteger meu rosto com os braços quando um dragão avançou sua cauda em minha direção. Mais rápido ainda, Natsu se pôs a frente do ataque, o que fez nós dois voarmos por uma longa distância enquanto eu gritava e ele me protegia com os braços. Minhas costas bateram com tudo na parede que impediu a trajetória, e eu urrei de dor quando senti meus pulmões espremidos na caixa torácica. Agoniada tentei me levantar, tossindo sangue de quatro no chão.

    – LUCE! - gritou Natsu meio atordoado, se levantando rapidamente quando viu meu estado. Mas eu não consegui responder, minha visão estava turva e o gosto metálico em minha boca ficava mais forte a medida que eu cuspia mais sangue.

    Senti uma pontada forte nas costa e gritei mais alto.

    – Deus...  – balbuciou ele desesperado, parecendo ver algo assustador. Ele segurou meus ombros e falou gentilmente, ainda assim com a voz falha: – Luce, você tem que ser forte. Eu vou tirar o que está nas suas costas e em seguida tenho que cauterizar o ferimento. Caso contrário, você não vai conseguir respirar.

    – Vai... D-doer? – perguntei, mesmo pensando que não poderia haver dor pior do que a que estava sentindo do momento. Minhas costas queimam terrivelmente e estou sufocando o meu próprio sangue em minha garganta.

    Ouvi Natsu suspirar pesarosamente, acariciando meu rosto e me ajudando a sentar. O sangue não parava de jorrar de minha boca, mas percebi que ele não estava em melhor situação. Seu  corpo exibia ferimentos através dos buracos nas roupas, mas fiquei aliviada ao perceber que as escamas em sua pele estavam desaparecendo gradativamente. Tentei me encostar na parede, mas a pontada foi bem mais intensa e eu me controlei para não gritar novamente.

    – Um pouco – Mentiu ele – Mas você tem que ser forte.

    Eu sabia que havia algo enfiado nas minhas costas e ele estava tentando me acalmar para não sentir tanta dor. Acenei que sim e ele se posicionou em minhas costas, rasgando a blusa ao redor do buraco. Respirei fundo e olhei para frente, tentando me concentrar em qualquer coisa que não fosse a dor que estava por vir. Percebi que estávamos dentro da Guilda e só entramos por que toda a estrutura da frente havia sido destruída, formando uma grande cratera. As pessoas corriam para todos os lados, o piso tremia a cada pisada de um Dragão, nossos ouvidos zumbiam com os rugidos ensurdecedores. Observei o mestre em frente ao nosso prédio, usando sua magia de gigante, protegendo qualquer coisa que tentasse passar para dentro. Entendo que o prédio da Fairy Tail é nossa casa, mas ele a protegia como se houvesse algo de muito valioso aqui dentro. E minhas suspeitas se confirmaram ainda mais quando vi Gildarts lutar ao seu lado, também destruindo os destroços que eram jogados para dentro.

    – Preparada?

    Não.

    Tentei respirar fundo, mas a cada vez que fazia isso parecia que o que estava enfiado em mim entrava ainda mais. Apenas acenei que sim e apertei os olhos, prendendo a respiração e apertando as mãos ao redor do resto do tecido de minha saia.

    – Seja forte. – Natsu disse com a voz embargada, antes de puxar de vez o que estava em minhas costas.

    Meu grito ecoou por todo lugar, e eu tive a impressão dele ter se sobressaído do barulho da guerra lá fora. Meus pulmões finalmente se encheram de ar, e mesmo que a cada inspirada meu peito ardesse, eu continuei sugando o oxigênio entre murmúrios de dor. Inclinei-me para frente e a dor foi se espalhando por todo meu tórax e logo senti o líquido quente escorrer livremente pelas minhas costas. Mas a dor não havia acabado. Tão rápido quanto Natsu retirou o objeto, ele queimou minha pele com sua magia e me joguei de cara no chão, agonizando enquanto ele me segurava para terminar de cauterizar a abertura.

    Quando ele terminou senti meu corpo mole e minha visão foi ficando cada vez mais turva.

    – Luce, Luce! – Natsu gritava me pegando no colo e dando leves batidas em minha face.

    Foi aí que eu lembrei. O papel havia se invertido. Ao invés de eu estar chorando por ele, tal como no sonho, ele que chorava por mim. Era raro ver Natsu chorar, mas agora suas lágrimas quentes molhavam meu rosto e pescoço, enquanto ele me embalava para frente e para trás.

    – Fique comigo. – ele pediu carinhosamente.

    Sorri minimamente, enquanto sentia minha visão escurecer. Sem forças, pendi a cabeça para o lado e foi quando eu vi a estaca de madeira que estava dentro de mim há poucos segundos. Ela entrou quando bati minhas costas na parede. Eu iria morrer por causa disso? E minha missão, meu destino, a chave? Como salvaria minha família?

    E então eu me lembrei do que o Rei havia dito. Duas versões de um mesmo universo em épocas diferentes. Imagens do Projeto Eclipse chegaram a minha mente. A chave abriria um portal para um passado alternativo, uma dimensão no espaço-tempo. E eu sou a portadora dessa chave.

    Com minhas poucas forças que começavam a voltar gradativamente, agarrei o colarinho da camisa de Natsu, o puxando para mais perto de meu rosto.

    – Natsu – Tossi – Eu... Preciso que me dê co-cobertura...

    – Cobertura para o quê? – ele questionou com o cenho franzindo, parando de chorar um pouco. Deve pensar que estou ficando louca e falando coisas sem nexos antes da morte.

    O puxei mais a ponto de nossos narizes se encostarem e mesmo tendo uma imensa vontade de beijá-lo, não o fiz.

    Ele me olhava surpreso.

    – Eu sei como... Como mandar os Dragões de volta... Para a época deles.

    Ele engoliu em seco desviando o olhar freneticamente ao redor, como se pensasse o que dizer. Eu ainda o agarrava pela camisa.

    – Luce, você perdeu muito sangue e...

    Sem pensar duas vezes o calei selando meus lábios nos seus. Fechei os olhos, apreciando o gosto de sua boca morna na minha e tudo pareceu se silenciar naquele instante. Era apenas eu e ele. O senti estremecer e por as mãos delicadamente em minhas costas, agarrando os fios de minha nuca e me puxando para mais perto. Surpreendi-me quando ele intensificou o beijo, introduzindo a língua em minha boca. Provavelmente não estaria com um gosto bom, afinal o sangue ainda era presente. Mas... a sensação de nossas línguas entrelaçadas foi indescritível e senti algo se aquecer dentro de mim, como se me desse forças. Não percebi que chorava até que ele nos separou com um selinho e beijou minhas lágrimas.

    Ficamos nos olhando e ele sorriu quando percebeu meu rosto corado.

    – Eu... Confio em você, Luce.

    Fiz que sim com a cabeça, apertando os olhos e sorrindo bobamente. Ele me envolveu em um abraço e me ajudou a sentar.

    – Luce... – começou a falar envergonhado, coçando a nuca e com as bochechas coradas. Senti meu coração bater mais rápido. Será que ele ia... – Eu queria...

    – NATSU, LUCY! – ouvimos Gildarts gritar e só tivemos tempo de ver uma árvore ser lançada em nossa direção.

    Natsu nos jogou no chão, me protegendo com seu corpo no mesmo instante que o tronco cortava o ar acima de nossas cabeças. Um estrondo foi ouvido quando árvore atingiu o outro lado da Guilda, que antes intacto, agora havia um enorme buraco, deixando a escada para o subterrâneo à mostra. Natsu se levantou ficando de quatro ao redor do meu corpo.

    – Você está bem? – perguntou, seu olhar transmitia tanta preocupação e amor...

    – Sim. – respondi, me levantando junto com ele. A dor não era tanta, mas agora eu já conseguia respirar normalmente. Ele segurou minha mão e me ajudou a ficar de pé.

    – Natsu! – Gildarts chamou, chegando a te nós. Até mesmo ele parecia muito cansado, suas roupas estavam em frangalhos e o desespero era presente em sua face. – Precisamos proteger o subterrâneo, não podemos deixar aquilo entrar.

    Franzi o cenho tentando imagina o que “aquilo” era, até que um rugido extremamente alto ecoou em nossos ouvidos, tanto que tivemos que tampá-los e esperar tudo parar de tremer. Mas meu corpo continuar e ter espasmos de terror. Foi incontrolável não sentir o pânico ameaçar me enlouquecer. Do lado de fora, praticamente todos os magos da Fairy Tail rodeavam o ser mais monstruoso dentre o outros, possesso e incontrolável. O Mestre cobria a entrada com seu corpo gigantesco, obviamente ele já havia dados instruções para não deixar nada entrar, especialmente aquele Dragão.

    Acnologia estava visivelmente enfurecido e, me recordando do sonho, cogitei a possibilidade de ele estar atrás dos Dragons Slayers. Mas Gajeel e Wendy também estavam ajudando aos outros a detê-lo, e ele não parecia dar importância, a não ser para tirá-los do caminho. Ele queria alguma coisa aqui dentro.

    Natsu.

    Vi suas costas sangrarem através do corte enorme que ele adquiriu ao me proteger da causa do Dragão que nos atacou. Um soluço escapou de meus lábios e chamei a atenção dos dois que estavam olhando perplexos para o monstro lá fora.

    – Ele quer você! – me agarrei a Natsu, desfrutando o máximo que podia de seu corpo quente. – Por favor, não vá lá. Ajude-me a tirar todos eles daqui, me dê cobertura, Gildarts.

    O rosado se mantinha surpreso com minhas primeiras palavras, mas logo Gildarts passou a me questionar:

    – Como poderemos te dar cobertura? O que você pode fazer?

    Sei que ele não queria parecer hostil, mas as circunstâncias estavam trágicas demais para pensar em bons modos ou ponderar nas palavras. O ridículo é que nem mesmo eu sei o que posso fazer. Mas sei que preciso tentar.

    – Eu... – balbuciei em desespero, até que uma luz se acende em minha mente. De repente, eu sabia o que fazer. Passei a falar mais firmemente: – Eu sei que é inconsequente e até mesmo egoísta o que vou pedir, mas preciso que deem cobertura enquanto eu vou... Lá para o meio. – apontei para o centro da rua, que aos poucos estava ficando mais aberta formando um grande campo em ruínas.

    – Você quer morrer? – perguntou Gildarts num tom irritado – Se você for para lá, será massacrada.

    – É justamente por isso que preciso de cobertura! – rebati.

    Ele passou a gritar.

    – Mas não podemos, temos que proteger o porão!

    Quis começar a chorar, não por que ele tinha gritado comigo, mas por que não sabia mais o que fazer. Não estou pedindo para me ajudarem por mero egoísmo, ou com medo de que eu morra. Mas eu preciso estar viva para abrir o portão e com o máximo de magia guardada que conseguir. Depois que eu cumprir meu dever, eu posso morrer em paz, se assim tiver que ser.

    – Hey! – Natsu intervém de repente, raivoso e pegando Gildarts pelo colarinho. – Ela sabe o que fazer, pelo menos tem alguma solução para toda essa tragédia. E nós? Vamos ficar protegendo o porão até nos cansarmos e morrermos devorados por essas coisas? Precisamos de um contra-ataque.

    As palavras de Natsu pareceu atingi-lo, pois apertou os olhos e se desvencilhou dele calmamente. Gildarts olhou para mim, como se perguntasse se eu realmente posso fazer alguma coisa. Eu apenas fiz que sim com a cabeça.

    – Tudo bem – suspirou, dando-se por vencido. – Vou separar o pessoal em dois grupos, mas vou logo dizendo que os mais fortes protegeram a Guilda.

    Eu não me importo, já é de grande ajuda. Acenei novamente enquanto seguíamos para perto do Mestre, que não saia de seu posto. De repente o medo de não conseguir me abateu, mas logo afastei os pensamentos negativos. Gildarts logo repassou a situação ao Mestre e ele me olhou de olhos arregalados.

    – Tem certeza, criança?

    – Sim, eu tenho uma chance. – Espero.

    – O que há de tão importante no subterrâneo que precisamos proteger? – perguntou Natsu e eu também esperei a resposta curiosamente.

    O Mestre assumiu uma feição assombrosa, voltando ao seu posto de dar ordens e administrar os outros que estavam lá fora, com sua voz altiva. Foi Gildarts quem falou, como se estivesse revelando o mais sombrio segredo de toda a história:

                – Lá está o coração da Fairy Tail.


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