Dança celeste

  • Finalizada
  • Ice Dragon
  • Capitulos 10
  • Gêneros Aventura

Tempo estimado de leitura: 3 horas

    12
    Capítulos:

    Capítulo 5

    Interlúdio: Poeira de estrela, mezzopiano

    Linguagem Imprópria, Violência

    Olá, olá. Já não nos vemos à bastante tempo, não é? Peço desculpas pela demora, mas eu tive uma penca de problemas que estavam me atrapalhando a escrever essa história em específico.

    E bem, sobre esse capítulo, até eu fiquei surpresa com ele. Por quê? Porque no meu planejamento original, esse capítulo não existia! Ele acabou surgindo por necessidade na hora de desenvolver o enredo!

    Enfim, eu gostei muito de escrever boa parte desse capítulo e espero que vocês também gostem de lê-lo.

    Sem mais delongas, boa leitura!

    Império Faërie, arredores de Alfër

    O céu limpo sobre o império brilhava com as estrelas que pareciam cantar uma canção feita da mais genuína alegria. E com isso os seres nos arredores da capital do império, Alfër, pareciam corresponder, se mostrando mais energéticos do que o usual.

    O imperador silfo caminhava sozinho por um pequeno bosque nas proximidades dos muros da capital. Ver tudo responder à canção das estrelas era algo que o deixava intrigado. Era conhecimento geral de que as fadas eram criaturas sábias e que durante muito tempo foram bastante próximas dos Star Dancers e do Templo das estrelas. Havia até quem dissesse que a primeira imperatriz, a fundadora do Império, havia sido escolhida pelas estrelas e agora protegia a vontade das estrelas no Templo.

    Um brilho mais forte chamou a atenção do imperador. Ao olhar para o céu, ele não conseguiu evitar a expressão de surpresa que tomou conta de seu rosto.

    Uma estrela cadente cruzava o céu, deixando para trás um rastro de poeira estelar. Exatamente como estava descrito no painel central das ruínas orientais que aconteceria.

    O imperador respirou fundo e começou a retornar pelo caminho que havia tomado. Mas não sem antes comentar com ninguém em especial:

    — É o sinal que esperamos a tempos. Devemos nos preparar para a chegada dos protegidos das estrelas.

    ------------------- DC -------------------

    Por mais que se esforçasse para compreender, simplesmente havia horas que Igneel conseguia ser uma completa incógnita até mesmo para Natsu. Enquanto treinava com seu tio, o garoto estava mais distraído do que o normal, talvez pelo turbilhão de acontecimentos recentes.

    Natsu havia reparado nos três objetos em cima da mesa da cozinha, não que ele tivesse alguma ideia em que eles poderiam ser úteis, é claro. Não era como se ele fosse sair em uma espécie de jornada em busca de algo no continente...

    Igneel chamou a todos e os quatro se sentaram à mesa. Depois de pedir que Lucy compartilhasse as palavras ditas pelas estrelas, Igneel finalmente resolveu explicar o que estava acontecendo ali.

    — Acho que nenhum de vocês tem ideia do que está acontecendo aqui, não é? Com exceção de você, Atlas. ­— Ele completou quando Atlas levantou a mão para interferir na fala.

    — Resolveu falar velho? — Brincou Natsu, mas este acabou sendo totalmente ignorado por Igneel, que continuou sua fala.

    — Pois bem, as palavras que você recebeu Lucy, são a confirmação de que uma profecia bem antiga começou a caminhar. Uma profecia que falava de uma Star Dancer e sua relação com um trono, que eu acho que é uma referência ao trono de fogo do Reino Phyron.

    — E onde a gente entra nessa história? — Perguntou Natsu estando um pouco (para não dizer bastante) desinteressado naquela história toda. — Eu já entendi o que a Lucy tem a ver com tudo isso, mas...

    — Use seus neurônios, moleque! Eu sei muito bem que você não é estúpido como faz parecer. — Comentou Atlas enquanto sinalizava para Igneel continuar falando.

    — Resumindo, vocês devem ir ao Templo das Estrelas, localizado na porção mais distante das Terras Místicas, e consultar os altos sacerdotes. Eles vão saber o que fazer. — Finalizou Igneel, ao mesmo tempo em que mostrava no mapa a localização de que falava.

    — Espera aí, vocês? Oe velho, por acaso eu não estou envolvido nisso, estou? — Perguntou Natsu, que estava extremamente surpreso com a última fala de seu pai.

    — Tenho mesmo que responder isso, Natsu? — Comentou Igneel já rolando os olhos como se confirmasse o óbvio que era a resposta daquela pergunta. — E eu já falei, não foi?! Pare de me chamar de velho, moleque ingrato! — Ele completou já fumegando de raiva.

    — Recapitulando. Então eu e o senhor dois neurônios aqui vamos ter que atravessar o continente quase que inteiro e consultar os chefões de algum templo nas Terras Místicas? — Disse Lucy enquanto cruzava os braços, mostrando sua insatisfação.

    Atlas apenas deu um sorriso amarelo enquanto respondia:

    — É isso mesmo, querida. Mais algum detalhe que não seja algo que o meu sobrinho dois-neurônios perguntaria?

    — Não, não. Fazer o quê... vamos em frente. — Lucy finalizou enquanto fazia movimentos de “deixa para lá”, indicando que era hora de passar ao próximo assunto. — Agora me diga, o que eram aqueles objetos em cima da mesa? Sem desculpas ou enrolações, porque se estavam ali, tem que haver um motivo para isso.

    — Ah, certo. Os objetos. Pois bem, eles são coisas que vão ajudar vocês dois nessa jornada. O mapa vai ser um bom guia, a adaga é para você Lucy, já que nunca se sabe quando ter uma arma pode se mostrar necessário. E a luneta de bolso é para você Natsu. — Explicou Igneel ao entregar os objetos, menos o mapa, para Lucy e Natsu.

    — E por que eu fico com o objeto mais inútil de todos?! — Perguntou Natsu indignado enquanto examinava melhor a luneta.

    — Eu achava que alguém que se diz “o dono da floresta” saberia usar uma luneta... — Comentou Lucy com um sorriso de canto. Era claro que ela estava apenas provocando Natsu com o comentário inoportuno.

    — Tch. É claro que eu sei usar uma luneta. — Resmungou Natsu — E velho, não acho que Lucy precise de uma arma. Ela me parece mais do que capaz de se defender com um dos chutes... Yauch! Precisava mesmo bater na minha cabeça?!

    — Eu sei muito bem que ela é capaz de se defender, Natsu! Ela não estaria aqui se não soubesse! Mas tem horas que ser discreto conta mais, idiota! — Igneel respondeu já no limite de sua paciência. Mais um comentário estúpido vindo de seu filho e ele acabaria dando uma chave de pescoço no garoto. E faria isso sem se sentir minimamente culpado com as consequências de sua ação.

    Felizmente, Lucy chamou a atenção para si, interrompendo a discussão que estava para começar entre pai e filho.

    — Olha, sem querer ser inconveniente, mas já foi esclarecido tudo de importante que tinha de ser esclarecido? Se vamos realmente sair numa jornada, eu prefiro resolver isso o mais rápido possível.

    — Que isso garota, esses dois discutem tanto que já virou rotina! — Comentou Atlas Flame rindo. — Mas entendo você. Bem, eu tenho uns conselhos para vocês. Coisa rápida. E aí vocês podem arrumar suas coisas e partir hoje mesmo.

    — Então vamos terminar isso de uma vez! — Comentou Natsu, já se levantando. — Te vejo lá fora, Lucy!

    Por fim os dois foram liberados daquele estranho momento de conversa e arrumaram o que precisariam para a viajem. Natsu estava dando uma última checada em suas armas enquanto Lucy ouvia as instruções de Atlas sobre navegar pela floresta o quanto fosse possível e o quê evitar. Depois de tudo que acontecera, não seria impossível que o falso rei de Phyron começasse a oferecer recompensa a quem entregasse um Star Dancer para ele.

    Os dois adultos ficaram na borda da clareira sinalizando enquanto a dupla entrava na vegetação espessa para iniciar a jornada ao templo das estrelas. Quando Natsu e Lucy já não estavam mais visíveis, Atlas comentou:

    — Ele cresceu bastante nesse tempo... — Atlas estranhou um som que ouviu e se virou, para ver apenas um Igneel emocionado segurando algumas lágrimas de orgulho. — ...Igneel, está chorando por acaso?

    — Não estou chorando! — Retrucou Igneel enxugando seus olhos lacrimejantes.

    — Se você diz..., mas até que esses dois formam uma boa dupla... não seria surpresa se algum dia acabassem juntos.

    E enquanto brincavam de imaginar o futuro e se provocar mutuamente, Igneel e Atlas voltaram para sua rotina, agora sem a presença de um certo garoto energético. Só que agora eles sabiam que algo importante estava para acontecer e que o futuro de Ishgar era carregado nas costas de uma dupla de jovens bastante inusitada.

    ------------------- DC -------------------

    O líder de um dos esquadrões de Acnologia havia acabado de chegar de Lhabare, a cidade mais ao sul do reino, e trazia consigo não uma, mas duas Star dancers para entregar ao seu rei.

    Pela primeira vez em vários meses (ou pode-se dizer até mesmo anos), Acnologia se sentiu satisfeito com um de seus subordinados. As duas jovens de aparência semelhante foram trazidas e depositadas aos pés de Acnologia, para logo em seguida o subordinado se retirar da sala e deixar o rei e as Star dancers sozinhos.

    Acnologia se levantou do trono e se aproximou de forma intimidante das duas garotas. A mais nova delas tremia de medo, enquanto a mais velha o olhava com um olhar de desafio. Ele foi se aproximando da mais nova, mas para a sua surpresa, a mais velha o atrapalhou entrando em sua frente.

    — Fique longe dela! — Ela cuspiu com uma expressão de desafio estampada em seu rosto.

    — Quem você acha que é para falar assim comigo?! — Acnologia rosnou de raiva, agarrando a garota por sua cabeça e apertando a região das bochechas dela, enquanto a outra irmã observava tudo ficando cada vez mais apavorada. — Ponha-se no seu lugar, garota insolente!

    A garota sentiu a força que a segurava sumir e caiu no chão tossindo, na tentativa de recuperar o ar que lhe faltou por um momento. Sua irmã mais nova a chamou preocupada, mas ela apenas sinalizou que estava bem e olhou de forma petulante para o rei a sua frente novamente.

    — Fique longe dela. Você só precisa de uma Star dancer, então deixe a Yuki em paz.

    A proposta implícita naquela frase fez Acnologia dar um sorriso cruel.

    — Então você quer proteger sua irmãzinha ao ser minha Star dancer pessoal? Inteligente, muito inteligente! Certo senhorita, mas se queremos ter uma relação profissional aqui, eu preciso pelo menos saber seu nome.

    — Irmã, não faça isso. — A mais nova sussurrou de forma desesperada ao ver o sorriso de Acnologia.

    — Não se preocupe Yuki, eu não vou deixar que ele te machuque. E já que foi perguntado, eu sou Sorano.

    — Sorano hum... espero que tenhamos uma boa relação. E quanto a sua irma, Yuki...

    — Yukino. O nome dela é Yukino. — Sorano interrompeu a fala de Acnologia, mas calou-se logo em seguida ao ver o olhar que ele lançou a ela.

    — Como eu ia dizendo... quanto à sua irmã, Yukino, ela terá toda a proteção que eu, o rei Acnologia I, posso oferecer. E bem, já tenho um pedido para você, minha cara Sorano. Mas os pormenores desse pedido podemos discutir depois, quando estivermos a sós.

    E com essas palavras, Acnologia deixou a sala do trono e ordenou que seus subordinados preparassem aposentos para as convidadas permanentes de honra. E naquela mesma noite, um novo decreto foi instituído e a recompensa pelos Star dancers, aumentada.

    E em sua câmara privada, Acnologia não conseguia evitar o pensamento de que não havia vinho ou iguaria mais saborosa do que a vitória sobre os empecilhos em seu caminho.

    ------------------- DC -------------------

    Natsu e Lucy já estavam na região que era território das Cidades Independentes. Desde que haviam iniciado sua jornada rumo às Terras Místicas, boatos perturbadores haviam chegado aos ouvidos dos dois. Boatos esses que iam desde histórias que não possuíam qualquer fundamento que as aproximassem da realidade até o rumor de que o atual rei no trono de fogo estava oferecendo títulos e altos cargos para quem lhe entregasse um star dancer.

    E era exatamente por causa desse último rumor que Natsu e Lucy estavam discutindo seu plano de ação em um acampamento discreto, localizado à uma distância considerável da pequena cidade de Kafrit.

    — Sério, isso é realmente necessário? Não é como se em um fim do mundo fora de Phyron alguém fosse realmente entregar um star dancer para o falso rei. — Comentou Lucy na tentativa de desencorajar a ideia de Natsu.

    — Prevenir é sempre melhor que remediar. — Respondeu Natsu enquanto continuava focado em vigiar a entrada da cidade com a luneta.

    — E qual é a ideia? Dizer que somos irmãos ou algo do tipo se começarem a perguntar demais?

    Natsu levantou a cabeça por um momento e olhou fixamente para Lucy piscando surpreso. Como se...

    — Eu não acredito que você realmente pensou em usar algo assim! É óbvio que não iria funcionar! — Lucy exclamou indignada com o fato de Natsu ter pensado em usar uma história tão batida como a de irmãos viajantes.

    — Mas... droga, parecia realmente uma boa ideia até você apontar que nunca funcionaria... — Ele murmurou indignado enquanto saia de sua posição de vigia e guardava a luneta em um bolso — Já que minha ideia de disfarce é tão ruim e absurda, você deve ter uma melhor, não?

    — Eu... — Lucy começou, mas não conseguiu pensar em nada — ...na verdade, a sua ideia de um disfarce não é tão ruim assim. É só que dizer que somos irmãos seria uma história muito furada. Nós nem parecemos fisicamente para pelo menos sustentarmos essa história!

    — Eu pensei nesse tipo de história porque é quase impossível em uma mesma família um irmão ser um star dancer e o outro não. E se os braceletes viessem à tona, poderíamos usar a desculpa que compramos em um mercado qualquer e não sabíamos que eram iguais aos de um star dancer. Mas a minha ideia é tão ruim que não vai funcionar, você disse... — Disse Natsu, como se estivesse desapontado consigo mesmo.

    Mas para a surpresa dele, ao se virar ele se deparou com uma Lucy estupefata e totalmente sem reação, que ainda tentava processar a informação que ele havia acabado de dar.

    — Você... realmente pensou tão à frente assim? — Ela perguntou ainda meio perdida, mas antes que ele tivesse tempo de responder, continuou: — Se bem que depois de ser bem explicado não parece um plano tão ruim assim...

    — Isso quer dizer que... — Natsu comentou animado e cheio de energia — ...vamos mesmo usar o meu plano?

    — Sim, nós vamos! — Respondeu Lucy — Então arrume logo as coisas para seguirmos viajem!

    E após essa conversa, os dois desceram para a cidade de Kafrit com a intenção de repor seus suprimentos e continuar a jornada até as Terras Místicas.

    Já na cidade, os dois se separaram após dividirem a lista de coisas necessárias para continuarem a viajem. Natsu estava procurando os itens de sua lista quando ouviu uma conversa que era, no mínimo, alarmante.

    — Ficou sabendo da última? Se entregar um star dancer para o rei de Phyron você pode subir na vida e virar gente do alto escalão!

    — Como se achar um star dancer fosse fácil. E de que adianta virar alto escalão em um reino acabado como Phyron? Do jeito que as coisas estão, logo o único lugar seguro vai ser o império, junto com as fadas.

    — Pessimista. Falando assim até parece que você acredita que vai ter guerra envolvendo o continente todo. — Devolveu a primeira voz.

    — Eu não acho que vai ter uma guerra. — Retrucou a segunda voz — Eu só acho que é uma ideia ruim ajudar esse rei atual. Pode ser que o Rei da Chamas retorne e coloque tudo no lugar que deveria estar.

    — Igneel retornar? Acho bastante improvável. — Disse a primeira voz de maneira convencida — E mesmo se voltasse, duvido que conseguiria recuperar o trono, até porque, ele já o perdeu uma vez...

    Nesse ponto, Natsu já estava se afastando e tentando acalmar seus nervos. Muitas vezes ele agia como um idiota, mas no fundo ele sempre suspeitou de que havia mais por trás da história do que aquilo que contavam a ele. Porém não era o momento de ficar parado pensando em história fragmentadas do passado.

    Natsu começou a procurar por Lucy, com a intenção de terminar de pegar o que quer que estivesse faltando já juntos e logo em seguida sair daquela cidade. Quanto mais cedo chegassem à Tsubaz, melhor seria.

    Lucy o viu antes que ele percebesse que já a havia encontrado e logo percebeu que algo estava errado.

    — Natsu? Já encontrou tudo?

    — Ahn? Já terminei Lucy. Já pegou tudo? Se não, vamos logo. Temos que seguir adiante antes que algo aconteça. — Respondeu Natsu em uma altura que apenas Lucy pôde escutar.

    Lucy apenas sinalizou mostrando que tinha pego tudo o que necessitavam e os dois caminharam em silêncio, porém com certa pressa, para fora da cidade e de volta à estrada. Natsu não contou à Lucy o que foi que causou aquilo, apenas deu uma desculpa esfarrapada e procurou focar em colocar uma distância generosa entre a posição dos dois e aquela cidade.

    E sem que eles soubessem, pouco tempo depois da dupla ter deixado Kafrit, houve uma busca por lá, liderada por um grupo vindo direto de Phyron à mando de Acnologia. Nada foi encontrado, porém os rumores começavam a se espalhar cada vez mais.

    Rumores de um star dancer que havia escapado das tropas de Acnologia mais de uma vez, rumores que corriam por todo o território das Cidades Independentes e até mesmo do Império.

    E nos mais diferentes locais, pessoas olhavam as poucas estrelas que adornavam o céu noturno, buscando auxílio e esperança. Esperança que se encontrava nas mãos da dupla que cruzava parte do território das Cidades Independentes, se aproximando cada vez mais de Tsubaz, a cidade na fronteira com o Império Feärie.


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