Mundo Paralelo

  • Finalizada
  • Alexsporto
  • Capitulos 21
  • Gêneros Sobrenatural

Tempo estimado de leitura: 3 horas

    14
    Capítulos:

    Capítulo 7

    Sonho ou realidade

    Álcool, Linguagem Imprópria, Mutilação, Violência

    Bora conhecer um pouco sobre o passado de Pablo

    Capítulo 6

    Sonho ou realidade

    Terça-feira 14h00 23 C°.

    –... Amor hoje não vou passar aí, tá bom?

    – Ah. Que pena, queria ti ver.

    – To cansado demais, nossa! – Abro a boca num bocejo – To parecendo o Apollo bebim de sono.

    – Então tá né, fazer o que...

    – Amanhã sem falta, O.K?

    – Tá!

    – Também ti amo gatinha.

    Ouço uma risada abafada do outro lado da linha.

    – Ama é... Sei. Beijo! Té mais. – Luana desligou o telefone depois de falar.

    Guardo o celular no bolso me espreguiçando e deito no sofá. A TV está ligada em um canal que já nem lembro qual é, fecho os olhos e o som de tudo fica mudo.

    Começo a imaginar um lugar onde eu me sinta bem, com pessoas que me façam sentir bem.

    Saindo do breu total dos meus olhos fechados para entrar nos sonhos mais loucos da minha mente:

    Dia quente palco armado no centro da praça, rodeado por uma multidão de pessoas, fãs, meus fãs! No alto do palco segurando o pedestal do microfone, estou Eu. Observando todos ao redor, pulando, gritando e se divertindo ao som da nossa banda.

    Banda?

    Olho para trás e vejo Abel mandando vê na batera. Ouço passos se aproximando de mim, me viro e dou um passo para o lado. Do nada Apollo surgiu derrapando de joelhos no palco solando na sua guitarra.

    Avisto Luana acenando para mim com algumas amigas lá em baixo perto do palco. A galera querendo passar as grades e subir pra falar com a gente. Mas nossos seguranças que também estão lá, não permitem que se aproximem tanto assim.

    O céu azul e limpo logo passou a ficar escuro com as nuvens negras carregadas que invadiram o ar fazendo chover sobre toda a praça.

    – Não! Hey voltem, por favor! – Gritei desesperado ao ver meus fãs me abandonarem, correndo de um lado para o outro, ensopados por causa da chuva.

    Num instante já não havia mais ninguém na plateia ou aqui ao meu lado. Estou só, molhado no meio de uma praça vazia em cima de um palco encharcado vendo todos distantes se tornar uma torrente sumindo no horizonte como bonecos de água se diluindo no chão. O sonho começou tão bem... Foi por água abaixo.

    Escuto um ruído e abro os olhos em busca de encontrar a porta, minha vista está embaçada por causa do sono, mas consigo encontrá-la. Me viro na direção da TV e vejo que está desligada. Mas quem...?

    – Apollo? – Pergunto, mas ninguém responde.

    Alongo um pouco o corpo ainda deitado me espreguiçando novamente. Sento quase reto no sofá, forço meus ossos sonolentos a se levantarem, mas não sinto o chão sob os meus pés.

    Olho para baixo tentando entender o que está acontecendo. Que estranho, o chão nunca pareceu tão distante como agora. Essa sensação de que vou cair a qualquer momento desperta uma certa agonia, um medo que não sentia há muito tempo.

    Enfio as mãos no vão das almofadas entre a base e as costas do sofá. Estico os pés e me solto aos poucos deixando meu corpo escorregar até que eu sinta o chão.

    Gradualmente minha visão volta ao normal. Ando até o móvel de madeira. Tudo parece maior daqui debaixo. O que aconteceu comigo? Até a televisão de quatorze polegadas parece enorme pra mim.

    No rack um pequeno calendário ao lado da TV, pego aproximando bastante para ter certeza de que não o li errado.

    “Dia 3 de Outubro de 1991”.

    – Está errado! Estamos no mês de Junho em 2010.

     Uma melodia familiar percorreu a sala. Fecho os olhos para apreciar melhor a incrível harmonia das notas tocadas.

    – Prontinho! – Uma voz de mulher adulta sai da cozinha interrompendo a música. – Querido. O jantar está pronto, acorda o belo adormecido e vem enquanto está quente.

    Então percebo ao meu lado, onde era pra ser o quarto do Apollo, uma pequena sala onde um homem estava tocando piano.

    – Ouviu sua tia, né garotão?

    – Sim – Respondi incerto tentando identificar essas figuras.

    – Ah! Mas ele fica tão lindinho com esse pijama.

    – O que? Que pijama? – Deixo que meus olhos analisem todo o lugar: TV e móveis antigos, um homem e uma mulher aqui em casa, que ainda tento relacionar as vozes e os rostos. Por fim olho minhas mãos, minúsculas, lisas, nenhum sinal da minha cicatriz de queimadura e estou vestindo um pijama. – Odeio verde com vermelho.

    Vendo de perto o casal se abraçando na minha frente, logo os reconheço.

    São meus tios.

    Não sei como isso aconteceu, mas de alguma forma voltei no tempo. Isso é bom! Tirando a parte que eu encolhi e estou usando roupas coloridas de criança. Sim, muito bom.

    Escuto um barulho vindo de fora, é aquele mesmo ruído que me acordou.

    – Não precisa ter medo Pablo – Diz meu tio Joe – É só o vento lá fora.

    – É bom comer tudo antes que esfrie – Adverte tia Lia.

    Eu simplesmente amo a macarronada com almôndegas que minha tia faz. Saboreio cada garfada como se fosse a ultima.

    O barulho lá fora aumenta e as luzes piscam dentro de casa, paramos por um instante, meus tios trocam olhares desconfiados e continuam comendo.

    Engasgo quando a porta abre e um estranho passa por ela. Bebo um copo de suco para ajudar a descer o pedaço de carne goela abaixo.

    – Leve-o para o quarto!– Diz meu tio levantando-se rapidamente.

    – A... Chave. – Pediu o estranho num tom normal, como se todos aqui soubéssemos do que ele está falando. – Eu quero a chave! – Repetiu o maluco avançando em nossa direção.

    Joel já estava em nossa frente quando o homem partiu pra cima. O sujeito ergueu os braços para agarrar o pescoço do meu tio, mas seus dedos se deram com o ar e por pouco Joe conseguiu se esquivar.

    Com uma faca em punho, Tio Joel cravou a lâmina nas costas da mão direita do adversário.

    – Pablo, vamos! – Tia Lilian agarrou meu braço me puxando rumo ao corredor.

    Bosta! Esse idiota tinha que aparecer agora? Eu nem terminei de comer... Olhando para traz vejo o prato que deixei na mesa, aquele cheiro gostoso do molho ficando cada vez mais distante. Ah... Que desperdício.

    Do outro lado, meu tio imobilizando o cara passando um braço em volta do pescoço dele e torcendo a sua mão para traz com o outro braço, a mesma mão ferida. Seu sangue escorrendo pela faca e pingando no tapete da sala.

    Quando tudo isso acabar e minha tia perceber a merda no tapete novo dela... Hum! Não quero nem ver a sua cara.  

    Despertando desse sonho bizarro analiso a sala, aparentemente, tudo em seu devido lugar. Ah! Tela plana como é bom te ver...

    Um barulho na porta do lado de fora, será que ainda estou sonhando?

    A porta abre, seguro o celular em meu bolso e arremesso assim que o cara passa por ela.

    – Que isso, você tá louco mano?

    – Caramba, Apollo! Foi mal aí irmão – Nossa! Acertei em cheio a testa dele.

    Meu irmão bambeou um pouco com a pancada e se escorou na parede do corredor. – Você ta legal? – Perguntei, não conseguindo conter o riso.

    – Talvez eu fique se você parar de acertar coisas em minha cabeça.

    – Foi mal, cara.

    – Ainda acho que você fez de propósito o lance do capacete infantil.

    Levanto e apanho o celular do chão.

    – Já é isso tudo? – Digo ao ver a hora.

    – Pois é... Você não tem que ir trabalhar ao invés de tentar matar seu irmão? – Perguntou Apollo indo para o banheiro.

    – Aí! Deixa eu tomar banho primeiro, senão vou me atrasar.

    – Beleza! Pode ir, não precisa atacar o celular não, tá?

    – Não vou! Já pedi desculpa, cara. E outra... Acho que ele não suportaria colidir novamente com essa sua testa enorme.

    – É... Ainda bem que estava com a capinha.

    Apollo murmurou alguma coisa como “idiota” e entrou no quarto.


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