Carmesim

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    18
    Capítulos:

    Capítulo 7

    Sede de Sangue

    Álcool, Estupro, Hentai, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Sexo, Violência

    O silêncio dentro daquele quarto pequeno doía ensurdecedor nos ouvidos de Botan. Ela não conseguia se mexer, estava paralisada. Atrás de Hiei a luz do entardecer entrava pelo cômodo iluminando num tom alaranjado, exceto nela onde a única coisa que se estendia era a sombra do demônio parado diante de si. Muitas perguntas passavam freneticamente por sua cabeça. E pra todas não tinha respostas.

    O que Hiei fazia ali? Como invadiu o santuário? Por que Hinageshi não aparecia? E pior... Ele faria alguma coisa com ela? Sendo o que é agora, os discípulos das igrejas no Mundo Espiritual foram claros. Vergonhosa e humilhantemente claros. Tanto que nem Koenma como governante convocou seus amigos. Nem ele pôde ajuda-la.

    Tremula e pálida ela observou apavorada Hiei lentamente se agachar perto dela, esticando uma mão cautelosa até sua perna direita. A confusão e curiosidade nos olhos dele a deixou sem saber como agir, mas quando sentiu o toque dos dedos dele na sua cicatriz um choque de pânico a acordou. A lembrança daquele outro monstro subindo em cima dela a atordoou.

    - N..Não!!!

    Esperneou se arrastando ate ficar de pé, se afastando o máximo possível dele que a olhava com ar irritado.

    HIEI POV

    Encarando-a jogada no chão, praticamente chorando apavorada eu sentia mais daquela dor esquisita no meu peito enquanto olhava para cicatriz de sua perna.

    A profundidade da ferida, a linha reta da coxa até a metade da panturrilha... Foi um corte curvo e violento, feito por uma foice de demônio. A curiosidade me fora maior.

    Antes que me percebesse havia me abaixado praticamente entre as pernas dela e toquei a marca. Uma energia se chocou de imediato com a ponta dos meus dedos me espantando

    Youki!

    - N..Não!!!

    A voz aguda quase me desviou a atenção. A garota esperneou por pouco me chutando na cara e se levantou aos tropeços. Isso me irritou ao extremo. A única pessoa que me preocupei até hoje foi minha irmã e quando inacreditavelmente parece ser o caso da onna ela age desse jeito.

    Como se eu fosse ataca-la. Ridiculo.

    - Quem fez isso?

    Ela deu um pulo de susto. Chegou a ser cômico ouvir seu coração martelando acelerado. Me endireitando caminhei até ela e a garota recuou arquejando. Procurando uma rota de fuga.

    - Responda, mulher. Quem fez isso com você?

    - Fica longe de mim!

    Estremeci impaciente e suspirei. Isso vai difícil.

    - Quem feriu você?

    Tentei mais pausado e sarcástico enfiando as mãos nos bolsos. Se ela me visse apertar os punhos de raiva seria pior. Desde que voltei de Makai depois daquela noite ando vigiando-a nesse santuário. Foi muito fácil invadir aqui, as barreiras não me repeliram. Contudo, não encontrei nada do que procurava como também no território de Mukuro. Teria que me contentar do que sair da boca dessa idiota.

    - Hi.Hiei, vai embora. Por favor!

    Estreitei o olhar. Como se fosse fazer isso. Dei mais um passo em sua direção e seu coração enlouqueceu, os olhos rosados lagrimando.

    - Não chega perto de mim!

    Desespero absurdo.

    - Isso na sua perna é o estigma de um demônio. Um Kamaitachi deixou isso em você.

    - O..o que?

    Suspirei numa tentativa em me controlar. O medo que desprendia dela estava tão intenso no seu cheiro, sem contar da palidez. Teria que segurar o gênio, droga.

    - Essa cicatriz não é comum. Pelo tom rosado é fácil apostar que quase deceparam sua perna.

    Me aproximei mais, enquanto ela recuava até se chocar na porta. As cegas tentou encontrar o puxador. Isso me irritou. No segundo que seus dedos o encaixaram no relevo, cobri a distancia mais rápido e bati a mão na porta perto do seu ombro. Meu braço esticado impedindo a passagem.

    A garota quase desmaiou de susto outra vez. Suas pernas quase amoleceram e escorregando na madeira procurando apoio, meu rosto ficou no mesmo nível que o seu. Não sei porque, mas vê-la frágil e medrosa como uma presa me causou um prazer cruel.

    - O..o que você quer?

    A encarei malicioso

    - Respostas.

    - O que? Eu não...

    - A razão dessa cicatriz. O motivo do ataque no santuário de onde você fugiu. Porque esse lugar é recoberto de barreiras.

    Ela fechou os olhos, cobriu os ouvidos com as mãos

    - Me deixe em paz, por favor.

    Ri abafado.

    - Eu posso arrancar a verdade mesmo sem me dizer.

    Ela entrou mais pânico.

    - Hin..Hinageshi!

    - A garota balsa não está aqui – sorri de canto, me inclinando sobre ela e divertido do seu choque – Então como vai ser? Garanto que mexer em suas memórias será doloroso.

    - Por que está fazendo isso?

    - Posso perguntar a mesma coisa. Por que esconde de todos sua condição?

    Ela engoliu em seco. Quieta e tremula. Ótimo, assim facilita as coisas. Tirei todo ar malicioso da cara e me aproximei mais passo. Ouvindo seu coração martelar acelerado e até entendo. Centímetros estavam entre nós e minha respiração se chocava com a arfante dela. Realmente o cheiro é mais doce do que pensei, mas só me deixou mais intrigado. De olhos arregalados ela se colou mais na porta como meio de se afastar de mim.

    - O que você está...?

    Respirando fundo, tendo mais certeza.

    - Não sei o que fez, nem como conseguiu isso, mas todo vestígio de que um macho tocou em você desapareceu.

    Foi como se arrancasse todo ar de seus pulmões. Pálida ela mal sussurrava.

    - Eu.. eu não sei do que...

    - Não se faça de burra, mulher. Você não cheira à homem nenhum. Nem suor, nem odor, muito menos da semente dele que com certeza derramou em você.

    Ela perdeu mais o fôlego, sem proferir uma única palavra.

    - Como uma virgem deixa de ser pura sem carregar o cheiro do homem que a usou?

    - Eu.. não sei.

    - Tente de novo.

    - Eu não sei, Hiei! Para, por favor!

    Parar...? Eu estava longe de parar. Esse mistério todo estava me deixando louco. Yusuke, Yukina até mesmo a maldita raposa sabe-tudo nem notaram a castidade perdida dessa garota. E eu, que mal troquei palavras com ela durante anos vi num instante a razão do seu comportamento esquisito, seu poder escasso.

    Sei que a maior razão disso foi porque vi o que uma vitima de estupro sofre. As lembranças de Mukuro são muito fortes. Mas essa garota?! Eu nem consigo dizer se realmente foi violentada. Não tinha uma marca, nem pânico com machos a rondando o tempo inteiro. Seu cheiro doce permanece imaculado e ainda por cima ela é um ser de Reikai, maldição!

    Seu corpo físico é manifestado por vontade própria! O sexo foi com seu consentimento. Mas esse medo... Esse pânico... Só a vi demonstrar pra mim. O que aumentava cada vez mais essa frustração.

    HIEI POF

    BOTAN POV

    Eu não conseguia mais agüentar. Era demais. Por que ele estava fazendo isso? A presença de Hiei era tão forte que nem conseguia respirar. Eu sei que ele não quer me machucar, no fundo eu sei disso. Mas minha perna direita doía tanto. Sentia se partir a cada latejar como a dor quando me atacaram de surpresa. Enquanto eu procurava por ele naquela fortaleza.

    Tonta fechei os olhos, tentando ignorar a dor, ele tão perto de mim e suas perguntas. Era um esforço grande e inútil, que se provou mais forte quando senti minhas pernas adormecerem, meus pulmões se comprimindo sem ar. Outra vez e agora estava sozinha. Se... Hinageshi estivesse aqui, ela saberia o que fazer, mas... acho que teria que depender de Hiei.

    Tudo ficou turvo e abafado. Antes do que imaginava minha cabeça girou e escorreguei caindo. Um braço enlaçou rápido minha cintura me puxando. O choque com seu corpo me acordou um pouquinho e abri os olhos. Meu rosto estava quase enterrado no pescoço dele se não fosse o cachecol branco.

    - Você...?

    Era claro que ele não entendia o que estava acontecendo comigo. Mal me segurava nele.

    - Me ajuda.

    Por favor

    Soltando o ar enfadado ele afrouxou o aperto na minha cintura me desesperando mais, até que senti de repente minhas pernas seguradas mais alto, os pés fora do chão enquanto meu corpo estava numa posição diferente. Hiei me carregava nos braços?! Como ele fez isso em segundos? Tonta por essa crise senti ele me ajeitar contra seu peito aninhando e então deu meia volta. A brisa soprando no meu rosto dizendo que estava indo para a janela.

    - Onde...?

    - Vamos à casa de Kurama. Ele saberá o que fazer.

    Meu peito se apertou.

    - Não.

    Parando de andar ele me encarou intrigado. Consegui sentir.

    - Quem então?

    Sua voz foi tão sem emoção, uma pitada sarcástica. Isso meio que me decepcionou, mas só havia uma pessoa que podia me ajudar agora, afinal ela já fez isso por mim.

    - Shi... Shizuru.

    Hiei não disse mais nada. Me apertou forte contra si e se inclinou saltando através da janela. O movimento me deixou mais tonta e enterrei o rosto no seu pescoço. Achei que iria correr, mas mal seu pé tocou o chão e saltou outra vez. O vento forte enchia meus ouvidos jogando meus cabelos pra longe. Do jeito como me segurava o robe se manteve fechado, sem mostrar meu pijama pequeno demais.

    Nem arrisquei olhar em volta, ficaria mais tonteada. Sabia que cruzamos as barreiras ao redor do templo, e de repente, o barulho da cidade soava alto. Hiei correu um pouco e saltou para o alto. Senti meu estomago subir com a mudança de gravidade e dei uma olhadinha em volta. Ficando um pouco apavorada. Estávamos em pleno no ar, o céu escuro da noite chegando e então caímos. Fiquei mais sem ar e ouvi um risinho abafado.

    Idiota. Isso me assusta!

    - Achava que não teria medo de altura.

    Agarrei sem querer seu manto. Ele. ele me...

    - Claro que ouvi. Então cuidado com o que pensa.

    Engoli em seco. Tinha me esquecido do Jagan.

    Num dado momento enquanto íamos à casa de Shizuru como estava a beira de um desmaio acabei cedendo. Não vi quando chegamos. Nem quanto tempo deve ter passado. Acordei com o barulho de chuva, como um temporal junto aos gritos e risos de uma discussão. Piscando sonolenta sair do torpor vendo um teto branco. Observei em volta encontrando posters de uma banda de rock nas paredes. Um guarda-roupa de madeira, escrivaninha e outros detalhes de um quarto masculino. O antigo canto do Kuwabara. No entanto, fiquei mais curiosa com o que diziam.

    Pelas vozes eram os meninos. Tinham que ser. A porta do quarto só estava encostava e estavam perto porque entendia tudo.

    - Ei baixinho, que cara é essa? Você sabe que Kuwabara só estava te zoando.

    - Pare com isso, Yusuke.

    Kurama estava sério e um pouco nervoso com os risos deste. Yusuke claro que continuou ignorando

    - Ué? Quando é que Hiei aparece com Botan nos braços ainda por cima com a garota de pijama? Eu pensaria besteira também. Então diz aí Hiei, o que voc... Droga! Ele sumiu. Detesto quando faz isso!

    - É melhor deixarmos assim.

    Silencio, então Kuwabara disse uma coisa que me deixou mais confusa.

    - É impressão minha ou o Hiei parecia perturbado?

    - Agora que você disse ele não tava mais pálido não? Parecia branco feito papel.

    Kurama não disse nada e me ajeitei no colchão pensativa. Devia ter acontecido alguma coisa séria com ele pra agir assim.

    BOTAN POF

    Horas depois em Reikai, um ogro carregando uma pilha de papeis no corredor caiu desmaiado no chão. Um borrão negro havia cruzado o vestíbulo em segundos até parar diante de uma porta dupla e dourada. Devagar e silenciosamente ele entrou sabendo que quem procurava não estava lá, mas não fazia mal. Ele ficaria esperando o quanto precisasse, sua mente girava alucinada e meio confusa. Eram tantos sentimentos que o demônio sentia naquele momento, mas a raiva doentia era maior e ele gostava disso.

    Fazia um bom tempo que não sentia sede de sangue, de tanta vontade em matar.


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