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"Ainda te lembras quando me dizias que me amavas? Quando prometias que eu ia ser a tua única namorada, esposa? Que eu ia ser a mãe dos teus filhos, aquela que queria ficar até morrer? Parece que te esqueces-te. Esqueces-te de tudo aquilo que passamos, sejam alegrias ou não. Foi preciso apenas aparecerem outras, mais bonitas e elegantes que eu, que decidis-te abdicar de uma vida para teres um momento. Eu não sei o que fazer, o que pensar e nem o que sentir. Acho que a única certeza que tenho é de que nunca mais irei querer te ver.
Ainda me lembro como se fosse ontem, o sorriso maroto no teu rosto e a minha cara toda vermelha de vergonha, pois não sabia o que fazer. Tenho de admitir, naquele dia, no dia em que me pediste em namoro, nem parecia que iriamos ter dois anos de ilusões, decepções, tristezas e mágoas cada um de nós. Nesse dia eu não liguei mais, apenas disse o "sim" que tu querias tanto ouvir, e então, entreguei-me totalmente a ti, de corpo e alma. Mas o que eu tenho pena é que só eu o fiz.
Também me lembro da tua primeira traição, e claro, também me lembro de todas as outras, mas a primeira nós nunca nos esquece-mos. Eles diziam-me "ele está a trair-te", "És tão idiota, não vês que ele não te ama?", mas eu, cega de amor, ignorei estes avisos e acabei por perder imensas amizades, só porque te amava. Agora que me relembro disto, vejo que tu realmente não vales a pena e que eu fui uma idiota este tempo todo. Foram muitas aquelas com que tu te deitas-te, beijas-te, acaricias-te e prometias mil e uma coisas. Pensando bem, elas também foram vítimas daquilo que tu és, um monstro. Sim, um monstro, eu não te vejo de outra forma, não mais. Eu confiei em ti e tentei mudar-te, mas foi tudo em vão, né? Tu não querias saber, aquilo que apenas te interessava era sexo, a tua própria satizfação. O amor? Ah, o amor, esse tu não querias saber.
Queria dizer-te mais algumas coisas, talvez não só algumas, imensas. Queria dizer-te tudo aquilo que vai no meu coração neste momento, todas as desilusões que tive de enfrentar. Mas eu só o fiz porque quis, tu não me obrigas-te a nada. Eu fiz porque te amava demais para te perder, mas agora, eu aprendi a amar-me a mim primeiro.
Eu sei que no fim desta carta tu vais-te rir, vais até chorar de rir e perguntar-te a ti mesmo "como é que esta idiota ainda me ama?". Sim, como é que esta idiota ainda te ama? Mesmo com todos os teus defeitos, mesmo depois de tudo aquilo que me fizes-te passar e mesmo que o meu coração esteja em pedaços, como é que eu sou capaz de te amar com esta intensidade? Sinceramente, eu não sei. Mas agora eu quero esquecer-te, seguir com a minha vida e eu sei, que no futuro, eu ainda vou rir-me desta situação e desta carta também. E principalmente, ainda vou me rir mais de como é que eu fui amar uma pessoa como tu.
- Beatriz."
Beatriz levantou-se da sua cadeira, rasgou a carta e atirou-a da janela. Caiu de joelhos, abraçou e tentou parar as lágrimas que caiam do seu rosto, mas sem sucesso. Então, ela gritou, berrou e chorou o mais que conseguiu, pois essa era a única forma de ela libertar toda a dor que sentia naquele momento.