O Livro preciso

  • Finalizada
  • Lgbida
  • Capitulos 32
  • Gêneros Aventura

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    Capítulo 27

    O caminho para a cerca

    Estavam na metade do caminho até à cerca, o homem andava devagar, estava muito escuro a noite acabara de cair, ia demorar muito até amanhecer, eles não iam conseguir esperar até ficar claro. Mike e Laura iam logo atrás dele com as varinhas empunhadas. Depois vinham Murano, Mari, Guga e Akira e mais atrás, bem por último, Art.

    —Você tem certeza disso?— falou ela devagar, Laura olhava pra todos os lados.

    —Não —respondeu Mike— Mas é a nossa única alternativa, não é? Malum não vai vir aqui num belo dia de tarde ensolarada, e nos convidar a sair. Ou vai?

    Laura não respondeu. As crianças estavam todas quietas, quietas como Mike ainda não tinha visto nos dias que passou com elas na cabana, estavam tensas, e torcendo, pra que tudo desse certo, com até um certo medo, nunca tinham visto aquele lugar de noite, pra falar ser honesto com ele mesmo – e Mike sempre tentava ser – também estava morrendo de medo. De noite o lugar inteiro ficou horripilante, apesar de ser o mesmo que durante o dia agora, parece que a qualquer momento algum bicho peçonhento, ou algo pior, ia sair do meio do mato e atacá-los.

    Mike olhou pra trás, Murano, vinha com os braços cruzados, apesar de estar quente, como uma típica noite de verão, Emília ao lado dele, com certeza para se proteger do vento, que não deixava seus cabelos em paz, já que ele era quase duras vezes maior que ela. Mari andava mexendo a boca, Mike sabia que ela devia estar rezando, na noite anterior antes de dormir escutara bem baixinho um chiado que reconhecera como uma oração feita por ela, ele sabia que seus pais eram muito religiosos, sempre os via indo a igreja aos domingos. Akira e Guga fingindo, não ter medo, os dois não queriam demonstrar fraqueza, pois como aprenderam desde pequenos, homem que é homem não tem medo. Mas dava pra ver no rosto deles, estavam aterrorizados. E Art lá traz cuidando deles, seu pai, que reencontrara ali, no último lugar que podia imaginar. Quando era menor, Mike sempre se pegava imaginando onde devia estar seu pai, talvez em coma em algum hospital, ou se ele não era um espião como aqueles de filme, e teve que sair no meio da noite, pra uma missão, e alguma coisa deu errado pra não conseguir voltar, mas bruxo? Nem sua imaginação fértil conseguiu pensar naquilo. A cabana e a árvore estavam pequenas lá traz, Mike torcia pra que nunca mais precisasse pisar ali de novo, que apesar de ter reencontrado seu pai e ter feito novos amigos, ainda sim era o pior lugar que já tinha estado.

    — Estamos perto — falou Laura, quebrando o silêncio.

    Ele sabia do que ela estava falando, dali onde estavam já enxergavam a cerca, escura e amedrontadora, muito mais agora, do que a dois dias atrás. Pararam em frente a cerca viva, vinham sons la de trás, uma coruja piou, algum bicho voador se assustou com eles e levantou voo.

    — É isso mesmo que vocês querem? — falou o guarda pela primeira vez desde que saíram da cabana.

    —Sim — falaram Laura e Mike juntos, pra surpresa dele, ela estava muito mais decidida e confiante agora. Mas no exato momento que eles falaram isso a cerca começou a se mover, as plantas estavam abrindo caminho, alguém estava vindo. Eles procuraram rápido um lugar para se esconder, não tinham muita opção, foram uns dez metros pra direita, o máximo que conseguiram correr, antes de ver os guardas saindo lá de dentro. Eram quatro, Paredes na frente, o guarda chamado Otto, — que o sequestrou — um dos guardas que cuidavam deles na escola — o loiro que dançava feito uma rã bailarina — e uma mulher vinha atrás. Caminhavam rápido em direção da cabana, nem perceberam que eles estavam ali. Mike achou que iam conseguir passar despercebidos, mas o guarda que estava amarrado, feito prisioneiro, soltou um grito, e antes que Mike pudesse fazer algo, saiu correndo na direção deles, que imediatamente ergueram suas varinhas e começaram a atirar contra eles. As crianças atrás deles soltaram gritos, mas Laura e Mike estavam preparados.

    — Protego — gritaram juntos, e os feitiços dos guardas pararam na defesa deles.

    — Expelliarmus — gritou Laura de volta, mas Paredes conseguiu se defender . O guarda amarrado, correndo aos pulos, como podia, estava quase alcançando os outros.

    — Estupefaça — gritou Mike com toda a força, o feitiço atingiu as costas do homem que voou, atingindo o loiro em cheio, derrubando-o no chão.

    — Protego — gritou ele se defendendo de um feitiço vindo em sua direção, Laura jogou um expelliarmus e fez a varinha do Otto voar. O guarda até tentou se agachar pra pegar a varinha do loiro, que estava caída ali perto, mas enquanto Laura os protegia, Mike jogou um estupefaça — que era o único feitiço de ataque que conseguiu se lembrar na hora — o fazendo Otto cair pra trás. “vamos Mike” pensava desesperadamente, tentando lembrar “estudei todos aqueles feitiços pra só se lembrar de um agora”. Ainda tinha Paredes e a Mulher.

    — Estupefaça —Mike e Laura conjuraram seus feitiços ao mesmo tempo, e seus oponentes fizeram a mesma coisa. Os feitiços se encontram no meio, formando um cordão de magia por um segundo e se desfazendo novamente. Os quatro pararam, se encarando ninguém falou nada, Mike e Laura estavam cansados, não eram fortes suficientes para encarar bruxos experientes e forte como aqueles.

    — Estupefaça — gritaram os guardas primeiro agora, Mike e Laura fazendo o mesmo, novamente os feitiços formaram cordões mágicos entre eles, mas agora estava durando mais tempo. Mike viu um borrão correr ao seu lado, era Murano, que saiu correndo em direção ao meio da batalha provavelmente para pegar a varinha que estava abandonada no chão.

    — Murano — gritou ele, mas não podia fazer nada, a não ser aguentar firme, os guardas estavam ganhando, ele estava perdendo as forças, mas não podia deixar o cordão se quebrar, se não Murano ia ser atingido.

    —Ele vai conseguir — falou Laura ao seu lado. Ele juntou todas as forças que tinha, pensou “estupefaça, estupefaça” e imaginou Paredes voando pra trás, como ensinava no livro preciso. E para sua surpresa foi exatamente o que aconteceu, Murano conseguiu alcançar a varinha e estuporou o maldito de calça rosa e camisa azul céu, jogando-o a uns dois metros. Mas ao ver aquilo a mulher, interrompeu o feitiço que disputara com Laura e lançou contra Murano.

    — Protego — gritou Mike, apontando a varinha na direção dele, mas era tarde demais, Murano caiu pra trás.

    — Immobilus — Mike paralisou a mulher, agora ele se lembrou de outros feitiços. Enquanto a mulher caia durinha no chão, eles saíram correndo.

    — Murano, Murano — todos gritavam, Mike o segurou no colo, ele abriu os olhos — conseguimos mano — falou Murano.

    — Você é maluco.

    — foi a primeira vez que eu extuporei alguém —falou ele com dificuldade.

    — Eu também mano — apesar de tudo Murano ia ficar bem, o feitiço que o atingiu, não era mortal, apenas se ralou um pouco, o joelho sangrava, mas ia se se recuperar.

    — Laura — falou Art atrás deles — amarre estes guardas antes, que eles acordem.

    — Tarde demais — Mike olhou pra trás estava de pé e apontando uma varinha pra eles, o guarda que tinha se soltado das cordas, aquele levava Murano pra cabana. Mike viu quando ele ergueu a varinha e disparou contra eles, mas não pode fazer nada, tinha largado a varinha pra cuidar de Murano, só esperou o choque com os olhos fechados. Mas ele não veio, abriu novamente, o homem estava lá parado com a varinha erguida, olhou pra cima Laura também, segurando a varinha. Ela tinha os defendido.

    — Expelliarmus — berrou ela. O homem se protegeu, mas era só isso que conseguia fazer, ela continuava gritando um feitiço atrás do outro, sem dar chance, do homem — que já tinha sido estuporado duas vezes nas últimas horas, e estava cansado — contra-atacar. Ele só se defendia, e ela lá atacando. Até que ele não aguentou mais e correu.

    — Ei — Mike até tentou correr atrás mas o homem tinha sumido dentro da cerca.

    Laura colocou as mãos nos joelhos cansada. Murano já tava tentando se levantar — você tá bem? — perguntou Mike e os dois responderam junto.

    — sim — soou como se tivessem ensaiado. Os dois se olharam, Murano riu, Laura demorou um pouco mais acabou rindo também.

    — Que bom que tá todo mundo bem, vamos amarrar estes guardas antes que acordem também — falou Mike, deixando Art ajudar Murano, e indo pegar as varinhas jogadas no chão, enquanto ela prendia os guardas. Achou uma varinha caída ali perto, o guarda que fugiu tinha levado uma, olhou por todo lugar mas não conseguiu achar a outra, estava perdida no meio daquele mato.

    — Pai — falou ele, e deu a varinha na mão de Art.

    — Eu não sei se consigo.. — falou Art olhando pra varinha — faz muito tempo.

    — Eu acredito no senhor, sei que consegue — falou Mike. O homem olhou pra ele, mais confiante, respondendo com um gesto de cabeça. Murano ainda tava segurando a varinha que derrubara o guarda. Então agora quatro tinham varinhas. Muito melhor que só ele, como antes.

    — Mike — falou Guga — como vamos continuar, agora sem o guarda? Não vamos levar nenhum deles com a gente?

    Mike tinha esquecido disso, como iam fazer , o guarda fugiu,os outros estavam desmaiados ou petrificados, iam continuar sem nenhum deles, ou voltar?

    — O que vocês acham? — falou ele olhando pro Art, depois Laura e depois os outros passando um por um, procurando ajuda, não podia decidir aquilo sozinho.

    — Eu to com você mano, o que você quiser eu vo junto –falou Murano que já tava bem melhor nem parecia que tinha sido atingido por um feitiço a minutos, talvez ele fosse forte, ou então o feitiço da mulher saiu fraco.

    — Eu acho que devemos continuar, com ou sem guarda — falou Laura — nunca estivemos tão forte, agora temos quatro varinhas, o que tiver do outro lado vamos enfrentar.

    — Pai? — perguntou ele e o homem respondeu com um sorriso e um balançar de cabeça.

    — Alguém quer voltar? — questionou, mas ninguém quis ficar pra trás, Akira até abriu a boca, mas fechou de novo sem falar nada, quando viu que todos iriam.

    — Mike, só acho que devíamos descansar um pouco, antes de prosseguir — falou Guga. Visivelmente exausto, todos ali pareciam cansados, principalmente Laura e Murano, a verdade que ele também estava.

    — Vamos descansar um pouco, se os guardas acordarem levaremos um conosco — falou Mike, procurando um lugar pra sentar. Mas já não tinha tanta certeza se era uma boa ideia levar um deles junto, podiam arrumar mais confusão, do que ajudar. Ficaram ali por minutos, Mike ficou imaginando o que devia ter atrás da cerca, e se podiam mesmo enfrentar. Durante o tempo que permaneceram ali nenhum guarda acordou, talvez fosse melhor mesmo.


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