O Livro preciso

  • Finalizada
  • Lgbida
  • Capitulos 32
  • Gêneros Aventura

Tempo estimado de leitura: 3 horas

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    Capítulos:

    Capítulo 22

    O reencontro

    Ele andou durante minutos em meio de um mato que dava pelo seu joelho, até avistar de longe algo perto da cerca, conforme ia andando crescia diante de seus olhos uma pedra, chegou mais perto, na verdade não era uma, mas sim duas pedras, uma encostada na outra, Art deitado em cima da mais alta.

    —Ei, Art —falou Mike parado perto das pedras, mas o homem não respondeu, ele subiu em cima da mais baixa, pra conseguir enxergá-lo. Art olhava para o céu, os olhos tão parados que parecia dormir de olhos abertos.

    —Vocês está bem?

    O homem desviou o olhar, pra Mike durante uns segundos ficou o olhando, ali deitado, como se tentasse ler sua mente. Ele deitou na pedra ao lado de Art, o céu estava diferente dos dias anteriores, incrível, ele não se lembrava da última vez que tinha visto tantas nuvens brancas assim, praticamente não via o azul, somente branco.

    —Benefoi—Ele escutou a voz do homem vindo de cima da pedra, Mike se levantou rápido.

    —O que? O que o senhor disse?

    —Benefoi— repetiu o homem olhando pra ele, suas sobrancelhas grossas estavam arqueadas—quando você falou seu nome, tive uma sensação estranha.

    —Estranha como?

    O homem sentou, Mike percebeu uma folha seca presa em sua barba.

    —Eu não sei ….—O homem parou, olhava para baixo—como… se tivesse pendendo algo.

    —Como assim?— Mike não intendia, o que ele tinha haver com aquele homem estranho? Porque seu nome era familiar pra ele?

    —Eu também não sei. Nunca me lembrei de nada de antes de estar aqui.

    —O senhor se lembrou de alguma coisa?

    —Acho que sim, não sei, a hora que escutei seu nome la na cabana, me veio uma imagem na cabeça, de uma mulher com um bebe, e um menino do lado. Senti uma imensa tristeza, como se eu tivesse que ir, e deixá-los pra trás. Eu não queria mas era mais forte que eu. Eu não aguentei tive que sair de lá. Vim direto pra cá, pra pensar melhor.

    Lembranças? Era isso? Art estava se lembrando de sua vida, de antes da cabana?. Talvez ele conhece seu pai, por isso lembrasse do nome Benefoi.

    —Você falou meu sobrenome, talvez você conhecesse alguém com esse nome, antes de vir parar aqui. Quem sabe você não conhecia meu pai?

    —Como era o nome dele?— O homem ainda o olhando, o olhar dele parecia implorar pra que Mike falasse alguma coisa que o ajuda-se a se lembrar de tudo—Arthur Benefoi — De novo aqueles olhos pareciam familiar, ele já tinha o visto antes, mas como? Não era possível, o homem já estava preso ali por muito tempo, como ele podia o conhecer. O único homem que tinha olhos pretos como aqueles era seu pai. Chegou a ficar tondo com a ideia, quase caiu da pedra.

    —Michael— gritou o homem, e o segurou pelo braço, impedindo de cair—você está bem?—Mike se lembrou da infância, quando tinha uns quatro anos, era uma das poucas lembranças que tinha daquele tempo, estavam em uma piscina, seu pai estava o ensinando a nadar, mas em algum momento ele engoliu muita água, seu pai o tirou rápido, gritando seu nome, exatamente como agora.

    —Huhum—Mike olhou dentro dos olhos do homem, não podia ser, não era possível, claro que já tinha visto aqueles olhos, eram os olhos de seu pai. Art era seu pai. Como não percebera antes.

    Mike num pulo abraçou o homem que ficou sem entender nada. Ele falou pra sua mãe um milhão de vezes, que seu pai não tinha os abandonado, claro que não, ele tinha sido sequestrado, ele tava ali por muito tempo, a cinco anos com certeza. O homem retribui o abraço mesmo sem saber o porque. Depois de um tempo, Mike falou entre quase chorando.

    —O senhor não se lembra nada? Não se lembra de sua vida antes da cabana?—já estava com lágrimas nos olhos.

    —Não nada, mas o que foi? Porque você está chorando? Aconteceu alguma coisa que eu não sei?

    Agora Mike estava muito em dúvida, queria contar tudo a ele, mas se não fosse verdade, e ele estivesse enganado? Não tinha como provar, mas, era verdade, ele não podia se enganar tanto, os olhos, a voz, agora Mike reconhecera até seu rosto, claro já fazia cinco anos que não se viam, ele estava consideravelmente mais barbudo e cabeludo, mas era ele mesmo, do mesmo jeito que Mike se lembrava, tinha que ser ele.

    —O senhor não se lembra do seu nome?

    —É Art

    —Do seu nome completo.

    O homem parou tentando puxar pela memória. Balançou a cabeça.

    —Não, não lembro.

    —Acho que eu sei.

    Parece que o homem tinha intendido tudo, com um movimento rápido se afastou de Mike, pulou de cima da pedra, Mike pulou atrás, O homem o segurou pelos ombros com força.

    —Você tá querendo dizer que…—ele encarou Mike, cujos olhos estavam cheios de lágrimas.

    —Pai—Mike num tom alto, quase um grito. O homem parecia perplexo, sua boca estava aberta no formato de um O. Deu dois paços pra trás, e ficou ali o olhando, não queria acreditar. Mike limpou as lágrimas e sem reação, parado sem saber o que fazer.

    —Mike—falou ele o abraçando, ainda inseguro, sem ter certeza que aquilo era verdade.

    —Era a mamãe Cai e eu, no retrato, eu lembro, ele tá no álbum, a mamãe tirou do porta-retratos quando ela achou que o senhor tinha ido embora—falou com a voz abafada no casaco de seu pai.

    —É Caio? Caio Benefoi? O nome de seu irmão?

    —O senhor se lembrou?

    —Não sei, meu Deus acho que sim.— Mike não conseguia parar de chorar. Aquilo era verdade? Tinha reencontrado com seu pai. Quantas vezes sonhou com aquilo, quantas vezes imaginou aquilo. Agora era verdade. Ficaram assim por incontáveis minutos, até uma voz interromper.

    —Hei vocês dois! —Laura gritou de longe—o que tá acontecendo? Vocês estão machucados? —Os dois queriam responder, só queriam curtir o momento.

    —Hei—gritou ela de novo, mais alto desta vez.

    —Não— respondeu Mike— tá tudo bem.

    —O que aconteceu?

    —Eu lembrei—disse Art, largando dele de vagar.

    Laura ficou de boca aberta—Verdade Art? Do que você lembrou?

    —Você não vai acreditar—falou Mike—eu ainda não to acreditando, é bom demais pra ser verdade.

    —O que é?

    —Vamos voltar, deixamos os pequenos sozinhos, no caminho te contamos tudo. E Assim fizeram, Laura abraçou os dois, deu até pulos de alegria, quando Mike falou.

    —Então vocês são pai e filho—falou ela— não to acreditando. Que coincidência, vocês dois virem parar aqui, nesse buraco, os dois juntos, caramba.

    —Pois é, eu sempre quis encontrar meu pai, desde pequeno—falou Mike subindo as escadas da cabana.

    —O que? —Falou Emília, entrando atrás, junto com Guga, Akira e Mari— É verdade? Você é pai desse garoto Art?

    —Sim Emi—falou ele— eu sou o pai do Mike. Guga começou a comemorar, gritava viva, e pulava como se tivesse ganhado na loteria, os outros dois pequenos foram na onda e formaram uma roda, eles dançavam e gritavam em coro.—ART É PAI DO MIKE, ART É PAI DO MIKE.

    Mike estava muito feliz, reencontrou seu pai, seu maior sonho desde sempre, e agora acabara de realizar. Ele ficou parado, olhando o homem, os outros dançavam e brincavam, seu pai batia palma e ria parecia muito feliz, mas seus olhos não mentiam, nas fotos de família, ele não tinha tantas rugas assim, já tinham se passado cinco anos é verdade, mas, mesmo assim, as rugas não eram só da idade, com certeza de sofrimento também, ficar cinco anos preso num lugar como aquele, não era de admirar que ele não falasse muito. As crianças só chegaram ali a um mês, ele ficou tanto tempo sozinho. O homem parou de bater palma e percebeu que Mike estava o olhando, parecia preocupado. Mike correu e o abraçou, as crianças pararam pra observar os dois. Seguiu um momento de absoluto silêncio.


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