Um Homem de Sorte.

  • Belly
  • Capitulos 6
  • Gêneros Universo Alternativo

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    18
    Capítulos:

    Capítulo 4

    Semelhantes.

    Hentai, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Sexo, Violência

    Um Homem de Sorte.

    Sakura.

    - Espera aí... Você o quê?! - gritei indignada e incrédula para vovó.

    Ela só poderia estar brincando, ou aquilo que ela dissera era realmente verdade?

    Pois se fosse, eu preferia acreditar que não.

    - Eu o contratei. - vovó disse enquanto arrumava a ração da fêmea de Yorkshire que estávamos cuidando.

    Ela agia como se tudo o que tinha acabado de acontecer fosse normal. E aquilo me incomodava de certa forma. Um homem, que vem andando de uma cidade até a outra só pode ser louco, isso se não perderá todo seu juízo e sanidade mental.

    Ele era estranho... Não estranho não.

    Diferente.

    Mas mesmo assim eu me repudiava a ele. Eu não havia ido muito com sua cara, não o julguei pela aparência até porque se eu fosse fazer isso, diria que ele era algum tipo de modelo americano.

    Eu não sabia, mas tinha algo nele que me intrigava. Porém, ao mesmo tempo fazia com que eu quisesse me afastar perante a sua presença. E isso de alguma forma - curiosa - me ansiava. A ponto de quere-lo bem longe de mim e de minha família.

    Mas, dizem que nem tudo que queremos dá certo. Pois é, vovó tinha gostado dele. O que me fora de um incomum desagrado. Talvez fosse meu ciúme de neta falando mais alto do que normalmente.

    - Como a senhora contratou ele?! - minha voz tinha saído um pouco mais ríspida do que eu queria. Mas minha irritação era bem notável.

    - Sakura... Qual é o seu problema com ele? - ela me olhou de uma forma que repreendia meus atos e palavras. - Ele me pareceu ser um bom rapaz, deveria dar uma chance. Além de que estávamos mesmo precisando de ajuda com os cachorros. E Sasuke será de grande utilidade.

    - Oh, ótimo. Agora já estão até se chamando pelo nome.

    - Sakura! - ela tornou a me recriminar novamente.

    - Vovó desculpe. Mas poxa! Ele é um estranho! E a senhora nem o conhece. Não sabe nada sobre ele! - terminei fazendo biquinho em um ato infantil.

    - E nem você.

    Olhei para ela cética, vovó estava perdendo sua sanidade. Talvez fosse hora de pegar os seus remédios.

    Bufei e caminhei em direção a casa.

    Eu estava muito, muito irritada. Geralmente eu era uma pessoa bem agradável e calma de se conviver. Porém, graças aquele homem, eu tinha conseguido perder minha paciência e ainda brigar com vovó.

    Quem sabe já estivesse na hora de aceitar o convite de Temari para sairmos beber alguma coisa em algum barzinho da cidade.

    Eu precisava me distrair. Fazia tempo que eu não me divertia ou me embebedava como na adolescência. Entretanto, agora eu não poderia passar dos limites. Não que eu estivesse velha e enferrujada para estas coisas. Na verdade para uma mulher de vinte e quatro anos, eu até que era bem conservada. Garanto que poderia me passar por uma garota recém formada sem nenhuma dificuldade.

    Convencida? Não, nem um pouco.

    Mas, agora eu tinha responsabilidades. Cuidar de vovó, ajudar com as despesas e por fim mas não menos importante, cuidar de minha Sarada.

    Eu sempre soube que engravidei muito cedo. Talvez por isso eu fosse tão madura. Pois os encargos da juventude me fizeram crescer - não só em tamanho, mas como em mente - mais cedo.

    Eu não me culpava ou culpava alguém sobre isso.

    Ter concebido Sarada, não me trouxe e nunca me traria amarguras ou arrependimentos. Eu nunca encarara a gravidez de minha única filha, como um erro ou irresponsabilidade da juventude. Na verdade, ter Sarada - ou Sara como eu e vovó a chamávamos - foi a uma das únicas e poucas coisas que tive certeza de ter feito certo. E no fim, eu me sentia feliz por não ter me arrependido desta decisão.

    Um filho, nunca é arrependimento ou erro.

    Ele é nossa fonte de felicidade.

    Pelo menos, Sarada é a minha.

    E saber que vovó me apoiou desde o início, só me deixara mais confiante e alegre.

    Eu sempre vi vovó como minha segunda mãe. Já que a primeira eu havia perdido em um acidente de carro.

    Tsunade era meu outro porto seguro. E eu tinha plena certeza, de que ela - assim como eu - não nos arrependíamos de nada. Compartilhávamos a mesma alegria, e a mesma dor.

    Eu poderia dizer que minha família estava completa - e era nisso que eu queria acreditar - porém, ele ainda fazia muita falta. Ele não estava mais ali. Perder alguém nunca foi motivo de felicidade, mas foi o motivo de meu próprio abismo se completar diante de meus olhos. Já que o precipício estava se formando assim que meus pais morreram.

    Meus pais morreram há anos atrás. Mas não fazia tanto tempo que ele havia nos deixado. E eu sentia que a ferida ainda estava muito aberta, longe de cicatrizar-se logo.

    Vi que a tarde estava quase chegando ao seu fim.

    Como o tempo passava rápido.

    Peguei as chaves da picape saindo de dentro de casa. Avistei vovó terminando de dar banho em um dos cachorros que estavam ali e gritei que iria buscar Sara na escola.

    Sarada tinha sete anos, logo faria oito. Minha garotinha estava crescendo. O que não me agradava nenhum pouco.

    Eu havia tido sorte em conquistar sua guarda. Afinal, o pai dela ainda era o filho do xerife de Konoha, ou seja, tinha muita influência sobre os juízes da cidade.

    Mas sei que Sai e eu compartilhávamos a mesma ideia: o bem de Sarada.

    No tempo em que estive com Sai, eu ainda era uma garota muito mimada e extremamente imatura. Mas as consequências de meu relacionamento conturbado com Sai, me fizeram crescer e aprender muitas coisas.

    Sai era um homem bom. Eu sabia que quando nós namoramos ele não me amava tanto quanto eu. Mas eu podia conviver com isso.

    E também não era como se eu devotasse todo meu coração a ele.

    Tudo começou com uma brincadeira que acabou me deixando gravida. E eu quase cometi a estupidez de aceitar me casar com Sai. Coisa que eu não queria, eu poderia estar gravida, mas me casar seria a última opção que eu cogitaria.

    Desliguei a picape assim que tinha estacionado em uma das vagas vazias da escola.

    Caminhei até a sala de Sarada, eu sempre vinha busca-la. Apesar das vezes vovó ter que vir busca-la de última hora por algum compromisso não avisado.

    Avistei minha menina entre as várias crianças que tinham ali. Ela estava em uma conversa engatada com outra garotinha de cabelos marrons claros. Ela sorria feliz com alguma coisa que a outra menina dissera. Era incrível como a aura de uma criança era sempre tão pura e inocente. Longe dos problemas ao seu redor e da sujeira do mundo.

    Sara ergueu sua cabeça encontrando meus olhos jades. Sarada era muito parecida com Sai. Seus cabelos pretos e sua pele quase albina entregavam sua paternidade. Mesmo assim ela ainda era muito parecida comigo. Seu rosto e seu modo de agir não disfarçavam sua maternidade, eu.

    Ela despediu-se de sua amiga e veio correndo em minha direção. Eu me abaixei abrindo os braços pronta para recebe-la em uma abraço caloroso. Porém, quando ela se encontrava perto de mim parou subitamente.

    Olhei confusa para ela, sobre erguendo minhas sobrancelhas na espera de uma resposta.

    - Desculpe mamãe. - ela olhou ao redor e voltou a me fitar com uma face divertida. - Ainda estamos na escola, não quero parecer uma criancinha.

    Soltei uma gargalhada baixinha, mesmo que aquilo que ela dissera tivesse me magoado um pouco. Minha menininha estava crescendo tão rápido e eu não estava acompanhando sua lógica de maturidade.

    - Tudo bem. - sorri ternamente para ela. - Bem, vamos? Sabia que sua bisavó vai fazer aquela macarronada ao molho que você adora?

    Ela abriu um sorriso largo, ainda com um dente da frente faltando. Suspirei me lembrando o quão difícil havia sido convence-la a arrancar aquele dente. E realmente a história da fada do dente veio bem a calhar.

    Peguei em sua mão direita a guiando até a caminhonete.

    Eu acenava para as pessoas enquanto fazia minha travessia com minha pequena fiel escudeira ao lado.

    Konoha sempre fora uma cidade muito pequena. Não que fosse tão pacata assim, mas era difícil das pessoas não se conhecerem naquela área. Por isso, sempre que um forasteiro chegava na cidade, todos ficavam comentando e com um pé atrás em relação a nova pessoa. Apesar da nossa recepção ser uma das melhores.

    Pensando nisso, não pude evitar pensar no cara moreno de hoje à tarde.

    Sasuke.

    O que ele fazia aqui?

    Não, porque eu sabia, que ele não tinha vindo aqui apenas por nada.

    Minha intuição era difícil de me enganar, e minhas suspeitas poderiam ser muito verídicas. Eu só precisava de tempo para saber se o que eu alegava era verdadeiro, ou apenas ponderações de minha mente.

    Porém, ele escondia algo, disso eu tinha certeza.

    O seu ar misterioso e seu porte de soldado do Exército não me intimidavam.

    E isso nunca aconteceria.

    [...]

    Comecei o dia com uma corrida matinal.

    Era bom correr. E assim eu aproveitava para levar os cães passear.

    Talvez assim eu me distraísse e parasse de pensar no cara de ontem. Ficar a cada cinco minutos com meus pensamentos involuntariamente nele, me incomodava. E eu nem ao menos sabia o porquê disso acontecer. Quem sabe minha impaciência com ele fosse mais forte do que minha empatia que eu sentia.

    Ele me irritava de uma forma sem igual.

    Ele com apenas alguns minutos de conversa conseguiu fazer deixar-me frustrada.

    Conseguiu me deixar incomodada em relação a ele e seus segredinhos patéticos.

    Idiota.

     Despertei-me de meus pensamentos novamente sobre ele assim que avistei a chegada da casa.

    Diminui o passo ouvindo barulhos vindo da salinha onde recepcionávamos os clientes. Olhei para a entrada incrédula. Mas logo senti a mesma irritação de antes crescer dentro de mim. O que Sasuke estava fazendo ali?

    Eu tinha certeza que ele havia notado minha presença, mas ele resolveu me ignorar. Mordi a língua segurando um insulto que queria sair de minha boca. Era melhor não arrumar confusão. Ainda mais com um estranho.

    Sem contar que vovó iria ficar magoada com minha falta de educação.

    Respirei fundo antes de falar.

    Olhei para ele. Ele estava dando ração para os cães que estavam dentro das cerquinhas.

    - Não era para você estar aqui só as sete da manhã? - perguntei. Eu juro que tentei parecer menos grossa com ele. Mas minha voz pareceu não ter me obedecido já que fez o moreno soltar uma risada seca e sem qualquer vestígio de humor.

    - Acho que já são sete da manhã. Quer dizer, agora deve ser quase oito horas.

    Arregalei meus olhos em sinal de surpresa.

    Droga! Tinha perdido a hora correndo e levando os cachorros passear. Agora Sarada iria se atrasar para a aula. Culpa dele!

    - Tenho que levar Sara para a escola! - praguejei baixinho.

    Me virei nos calcanhares para ir arrumar Sarada, mas antes que saísse dali a voz de Sasuke me impedirá.

    - Eu já a levei para a escola. - me informou. Então virei-me novamente para ele e com uma expressão de quem pedia explicações, ele retornou a falar. - Tsunade me pediu para fazer este favor a ela. Ela me pediu para leva-la a cidade também.

    Explicou-se.

    Vovó só poderia estar perdendo o juízo. Deixar um estranho levar ela e minha filha não importasse aonde. Não, isso já estava fora de cogitação. Me irritei e sai dali batendo o pé fortemente, talvez ele se tocasse o quão incomodada eu ficava com sua presença e desistisse dessa ideia de permanecer em Konoha.

    Quem sabe assim, fizesse algo a respeito disso.

    Eu o não queria perto de minha vó, minha filha, minha família. E eu.

    Não.

    [...]

    - Mamãe, porque não me contou sobre Sasuke? - ouvi Sara me perguntar.

    Oh ótimo, agora até ela estava de amizade com Sasuke.

    - Não é uma coisa importante.

    - Mas ele vai trabalhar com você e a vovó?

    - Sim. - respondi mordendo o lábio inferior.

    Os próximos minutos se seguiram com Sarada falando do quanto o “tio” Sasuke era legal, ou como ele era engraçado. Ouvir minha própria filha, minha pequena companheira se juntando ao lado negro da força - vovó e Sasuke. Era de pirar qualquer um.

    Estávamos na varanda de casa tomando um refresco enquanto conversávamos. Depois de alguns minutos - que não me foram agradáveis - Sara parou de falar do homem moreno e voltou sua atenção para o que tinha feito e aprendido na escola. Escutei atentamente o que ela me dizia, mas quando avistei Sasuke - sem camisa - arrumando e organizando as rações dos cachorros dentro de onde eles ficavam, minha atenção se voltou totalmente para o homem de cabelos negros.

    Me senti uma garota estúpida que ficava observando os abdômens dos caras no colegial quando eles tiravam a camisa depois de um intenso treino.

    Virei o rosto para que Sarada não visse o rubor que se formava em minhas bochechas. Senti algo quente dentro de mim se agitar. Tentei ignorar, mas estava realmente difícil.

    Decidi fazer algo que ocupasse meus pensamentos, sem ter que tê-los voltados para o cara ali.

    Levantei-me afagando os cabelos de Sara que apenas me lançou um sorriso e voltou a brincar com suas bonecas espalhadas pela varanda. Entrei dentro de casa me encaminhando para a cozinha. Peguei o telefone da bancada discando o número de Temari.

    Temari era minha melhor amiga desde os tempos de escola. Estudamos juntas e fizemos a mesma faculdade. Ela também fora uma das pessoas que me apoiou durante minha gravidez. E era uma ótima tia para Sarada - não só figurativamente - a loira era realmente tia da Sara.

    Ela era irmã do Sai. Bem, eles eram em três irmãos: Ela, Sai e Gaara. Talvez, por eu ser amiga de Temari, Sai e eu tínhamos nos envolvido já que sua rixa com Gaara durava até os dias de hoje. Mas isso não vinha ao caso agora, isso era passado e eu só focava no futuro.

    Esperei ela atender. No quarto toque ela me atendeu.

    - Alô?

    - Oi, sou eu. - não ouvi nada do outro lado, ela realmente tinha se esquecido da minha voz? - Sakura, sua cabeça de vento! - disse rindo.

    - Oh! Desculpe é que ando tão ocupada ultimamente! Nem te reconheci mais! - ela me respondeu soltando uma gargalhada pelo seu pequeno erro. - E então o que quer?

    - Credo, você já foi mais recepcionista Temari.

    - Humf! Olha só quem fala!

    - Então... Como você está?

    - Bem... Mas tem acontecido um turbilhão de coisas recentes que eu estou esgotada! Precisamos sair para pôr o papo em dia! Tem tanto babado que eu preciso te contar! Você nem vai acreditar! - senti sua voz cansada, ela estava mesmo atarefada esses tempos.

    - Foi por isso que eu te liguei, queria sair um pouco para me distrair. Não sei... Quem sabe irmos beber alguma coisa, ou jantar em algum lugar. Não queria que vovó estivesse perto, mas você tem que vir algum dia aqui, Sara não te vê a semanas!

    - É eu sei... Ok, ok! Que tal essa noite? Eu não estou ocupada. Aproveitamos para beber algo em um lugar tranquilo, o que me diz, hãm?

    - Pode ser.... Onde vamos fazer nossa farra? - perguntei divertida ciente da careta que ela deveria ter feito. Temari nunca bancou o tipo delinquente.

    - Eu estava pensando em um barzinho daqui mesmo em Konoha, sem movimento, muitas pessoas... Perfeito para o assunto que tenho que te falar.

    Fiquei meio preocupada com o que ela havia dito. O que estava acontecendo que eu não sabia?

    - Temari... O que aconteceu?

    - ... Nada... - ouvi um total silêncio do outro lado da linha, até ouvir a loira soltar uma lufada de ar. - Olha Sakura... Eu passo ai ás oito, não fique preocupada... Não é nada demais.

    - Se você diz... Bem, tenho que desligar. Vou falar com vovó e me arrumar. Até depois.

    - Até...

    Desliguei o telefone o guardando de volta no gancho. Eu estava preocupada com esse “tal” assunto que Temari me disse. O que ela estava me escondendo?

    Sai de meus pensamentos com a voz de vovó atrás de mim.

    - Acho bom você sair um pouco... Já faz tempo que você não sai para se divertir. E Temari é uma boa companhia.

    - Eu sei...

    Fixei meu olhar no chão. Pensando ainda no que a loira queria comigo. Mas deixei isso de lado, a noite ela me contaria. Caminhei até meu quarto para escolher uma roupa para hoje à noite, mas não sem antes de eu ouvir um “Coloca uma minissaia com uma blusa decotada, homens adoram isso!” da vovó. Que descarada!

    Ri com aquilo, eu não queria achar alguém para mim.

    Pelo menos, não agora.

    [...]

    - Finalmente uma noite descente para nós! - Temari batia as palmas uma na outra.

    Era completamente visível sua alegria. Mas eu tinha que concordar, nós precisávamos passar um tempo de qualidade juntas para pôr as conversas em dia, eu já estava sentindo falta dessa maluquinha.

    Sentamos em uma mesa do barzinho um pouco mais afastadas das outras pessoas. Não dei bola para isso, também queria conversar com a loira em privacidade.

    Ignorei as cantadas nada delicadas dos caras no recinto e observei o cardápio.

    Pedi uma bebida, não era álcool, não queria passar dos limites. Porém Temari interveio dizendo que hoje era a noite das garotas e nós iriamos nos divertir. Então fiquei com uma caipirinha gelada.

    Dei o primeiro gole em minha bebida esperando que a loira começasse seu falatório. Mas ela estava mais ocupada paquerando o garçom do que me dando bola. Tive que chamar sua atenção para nós pormos as fofocas em ordem. Se eu deixasse, ela ficaria flertando com o garçom - que até era bonitinho - a noite inteira. Temari sendo a mesma loira espertinha de sempre.

    - Tudo bem! Nem sei por onde começar! - ela colocou uma mão no queixo, uma clara expressão de quem tentava se lembrar ou pensar em algo. - Ah! Você não sabe quem eu encontrei esses dias!

    - Quem? - perguntei curiosa.

    - Era para você adivinhar sua chata. - revirei os olhos com aquilo, velhos hábitos não mudam. - Shikamaru! Não tinha que ver! Cara, ele tá tão macho! Quando eu digo isso é tipo macho mesmo, tá parecendo um verdadeiro alfa de uma relação agora!

    Shikamaru... Eles tiveram um caso anos atrás, mas era algo passageiro. Temari nunca foi de focar-se muito em relacionamentos. Na verdade, ela preferia bancar a donzela na noite e a megera no dia seguinte. Seu medo de se envolver com alguém e acabar se apaixonando era incrível.

    Não que eu não compartilhasse os mesmos temores que ela. Mas eu simplesmente não me envolvia, não era fácil achar um cara descente e por quem você acabasse se apaixonando. Prefiro acreditar que o amor, não bate muito comigo.

    - E vocês conversaram?

    - Não... Só nos cumprimentamos... Sabia que ele está trabalhando como médico agora?

    Neguei com a cabeça. Medicina não era uma profissão fácil, e para alguém como Shikamaru, acredito que cairia bem. O cara era um verdadeiro gênio.

    - E você como ficou?

    - Fiquei o quê? - ela me preguntou se fazendo que desentendida enquanto mexia compulsivamente em um guardanapo, estava nervosa.

    - Não negue, sabe do que estou falando. Não se faça de inocente, eu te conheço melhor do que ninguém. - disse-lhe severamente.

    Ela me olhou mas logo desviou o olhar corada.

    - A gente marcou de sair. - sorri ouvindo aquilo. No final ela sempre voltava para as suas essências, mesmo não admitindo. - Ora não me olhe assim! Vamos me conte... Nenhum gatinho novo que esteja gostando?

    Corei.

    Mas a razão para mim ter enrubescido não fora seu comentário. Mas sim, porque imagens de um certo moreno sem camisa relampejaram em minha mente. O que eu estranhei obviamente, não era a primeira vez que eu virá alguém do sexo masculino sem camisa, e mesmo assim eu tinha me sentido estranha e quente com aquilo.

    - Não. - minha voz saiu baixa e falhada o que fez a loira sentada de frente para mim, soltar uma sonora gargalhada.

    - Vamos me diga quem é ele?!

    Olhei para ela com um pequeno biquinho teimando em se formar em meus lábios. Não lhe respondi, apenas fixei meu olhar em um ponto cego qualquer do pequeno barzinho em que nos encontrávamos. Oras, eu não tinha que dar explicações a ela, mesmo que ela também me conhecesse muito bem.

    - Então... O que tinha para me contar? - Tentei desviar do assunto, mesmo sabendo que ela me cobraria mais tarde.

    Observei sua expressão. Ela tinha tomado alguns goles de sua bebida e após isso, fez uma careta por conta do que acabara de tomar. Quando voltou a me olhar, estava meio atordoada. Notei sua expressão se fechar tornando-se mais séria do que normalmente.

    - Ino está gravida. - eu tinha certeza de que minha face se tornara muito surpresa naquele momento.

    Notei minha boca aberta em um perfeito O e meus olhos levemente arregalados. Ino iria ser mãe, porém o que eu queria saber naquele momento era quem seria o pai.

    - O filho é do... - ela não me deixou terminar a frase, pois logo depois assentiu com a cabeça enquanto me jogava a bomba.

    - Gaara. - ela tomou mais um gole de sua cerveja rapidamente. - Ino está gravida de Gaara.

    Não pude evitar de pensar em Sai. Ele deveria estar muito mal. E deveria ter sido por isso que ele também não fora visitar Sarada a semana inteira. Eu mal podia imaginar como ele estava, eu sempre soube que Ino era a mulher da vida dele, a única que ele amou de verdade.

    - Como Sai está...? - perguntei ainda tentando assimilar a notícia.

    - Mal né... Entrou definitivamente na bad vibe. Ele não foi nem nos visitar essa semana, sinceramente eu não sei se ele está em condições de ao menos trabalhar.

    Assenti lentamente.

    Eu não sabia se me sentia feliz por Gaara que iria ser pai, ou se me sentia triste por Sai. Poxa, eles eram irmãos, e apaixonados pela mesma mulher. Isso era muito mais do que um triângulo amoroso. E agora até uma criança estava envolvida no meio desta rixa que os dois irmãos tinham há anos.

    - Desde quando?

    De princípio Temari não entenderá minha pergunta. Mas logo remexeu-se na cadeira ajeitando-se melhor na mesma.

    - Vai fazer duas semanas. Mas desde que Ino descobriu a gravidez, decidimos esconder até que desse de Sai. Porém, ele ouviu papai e Gaara conversando sobre o bebê. Tinha que ter visto, eu nunca vi Sai tão transtornado daquele jeito. E você melhor do que ninguém sabe o quanto ele é calmo... Ou aparenta ser.

    - Nossa... Eu... Eu não sei nem o que dizer. - ela me olhou confusa, tratei de me explicar melhor. - Quer dizer, eu não sei se te parabenizo pelo novo sobrinho ou se fico mal por causa de Sai.

    - Sakura... Você sabe... Ino e Gaara estavam casados, uma hora eles teriam que formar sua própria família. Eu só não esperava que isso fosse acontecer justamente agora.

    Estranhei sua lógica então decidi perguntar.

    - Porque justamente agora?

    - Sai iria ser promovido para a mesma cidade onde Ino e Gaara estão morando atualmente.

    Abri a boca chocada.

    Agora a situação era diferente.

    Eu não sabia se eu sentia raiva de Sai por ele não ter me contado nada sobre essa sua nova “promoção” ou se ainda me sentia mal por ele. Mas decidi que a raiva estava mais forte, já que bati na mesa com meu punho direito fechado.

    - Por que ele não nos disse isso?! Eu sei que eu não tenho nada haver... Mas ele não pensou em Sarada? Como ela iria se sentir sem seu pai por perto? Em como as coisas iriam ser de agora em diante?! - perguntei sentindo a raiva e a irritação me controlar.

    Sai era mesmo um bastardo!

    - Hey! Acalme-se! Eu conversei com ele antes dele saber sobre Ino. Ele me disse que confiava em você, e Sarada não ficaria melhor senão contigo.

    Olhei incrédula para ela. Como se tivesse recebido um insulto.

    - Você também sabia? - vociferei irritada. Ela assentiu enquanto suspirava e fechava os olhos, um sinal claro de quem tentava buscar paciência. - E por que não me contou?! Sarada vai ficar tão mal por isso! Eu tinha que tê-la preparado e conversado com Sai.

    A única pessoa em quem eu pensava naquele momento, era minha filha.

    Poxa, ela adorava Sai. Ele era o seu herói.

    - Sakura, me escute, isso não depende só de você, ok? Sai não queria esta promoção, ainda mais por ser em Kumo, onde meu irmão mais novo e Ino estão morando. E agora com esta notícia então... Creio que ele não quer nem botar os pés em Kumo. - ela fez uma breve pausa e voltou a falar. - Ele iria te contar essa semana, mas com os acontecimentos...

    Respirei fundo tentando buscar a paciência que eu não tinha.

    - Era por isso que andava tão cansada? - perguntei me lembrando de sua voz exausta no telefone hoje à tarde.

    - Sim... Não sabe a correria que minha vida está. Esta notícia... Sai sendo promovido... O trabalho... Isso é cansativo, muito cansativo.

    - Entendo... - suspirei conformada.

    Realmente, não estava nada andando em seu devido lugar.

    E o que eu poderia fazer? Exatamente nada. E isso me irritava.

    Me senti esgotada de repente. Talvez fosse essas notícias de hoje. Ou talvez fosse meu subconsciente pedindo por uma boa noite de sono.

    [...]

    Acordei olhando em volta do quarto meio desorientada.

    Sentei-me na cama ainda grogue por conta do sono. Fleches da noite passada invadiram minha mente fazendo com que minha cabeça latejasse de dor.

    Depois de Temari ter me deixado em casa eu tomei banho e me deitei. Havia ficado um bom tempo acordada até pegar no sono.

    Levantei-me sentindo algo dentro de meu estômago se remexer. Eu sabia que não podia ter exagerado na bebida ontem, três copos de caipirinha eram o suficiente para me deixar alcoolizada. Senti à vontade de vomitar, mas segurei a bile em minha garganta. Eca, aquilo era nojento.

    Me troquei e fui para a cozinha. Fiz um café reforçado. Quem sabe assim minha cabeça parasse de doer.

    - Oh! Quem é vivo sempre acorda! - escutei vovó falar abrindo a porta da sala. Estranhei seu comentário e perguntei.

    - Que horas são? - senti minha visão embaçar. É, eu estava mal.

    - Oito horas. - virei-me rapidamente para ela ignorando a tontura que me atingiu. - Pedi que Sasuke levasse Sara para a escola.

    Novamente Sasuke, agora era Sasuke o tempo todo. E não fazia nem três dias que ele estava ali.

    - Sabe que não gosto de vocês perto dele.

    - Minha neta... Você deveria dar uma chance as pessoas sabia? Elas podem te surpreender. 

    - Não acho que tenha algo nele em que vou me interessar. - respondi dando de ombros.

    Vovó me olhou e soltou uma risada seca. Olhei para ela sem compreender.

    - Eles são bem parecidos, não é mesmo?

    Estaquei com a xícara na mão e minha face de surpresa. Acompanhei vovó sair da cozinha até sua silhueta desaparecer na varanda.

    Senti meu coração acelerado, e minha boca seca. Me encostei na bancada da pia tentando normalizar minha respiração e a vontade de chorar que era quase incontrolável. Meus olhos estavam nublados pela umidade das lágrimas não caídas. Porque vovó teve que me lembrar dele?

    Ela poderia ter superado. Mas para mim, ainda doía. E muito.

    Desde que Sasuke dissera que era fuzileiro, eu senti que deveria me manter afastada dele. E a julgar pela sua determinação, arrogância e atitudes eu tive a certeza de que ele seria meu novo abismo, se não me mante-se longe novamente.

    Eles realmente eram muito parecidos.

    E lembrar disso, sentir isso não me fazia bem nenhum. Ao contrario só piorava minha situação. Pois eu sabia que se criasse laços com Sasuke, ele seria meu precipício. Pois a cada ato seu, eu me lembraria de uma pessoa importante. Eu sabia que o moreno seria minha linha de chegada mas ao mesmo tempo, meu ponto de partida.

    Então, para que não doesse mais, que eu ficasse longe o suficiente para não me apegar a ele.

    Despertei-me de meus pensamentos - um tanto conturbados - assim que ouvi a voz de Sai perto de mim.

    - Sakura? - ergui minha cabeça para observa-lo. - Aconteceu alguma coisa? Você está bem?

    Minha tristeza fora embora assim que ouvi suas últimas palavras. Então minha raiva acumulou-se a ponto de eu quase estapeá-lo. Mas me segurei, ele teria que me explicar muita coisa.

    Nós iriamos ter uma pequena conversinha.

    Continua.


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