O Livro preciso

  • Finalizada
  • Lgbida
  • Capitulos 32
  • Gêneros Aventura

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    Capítulo 20

    Não bruxos

    —Ei—falou Mike, Laura estava sentada no pé da árvore, olhando para o céu, pensamento longe, vagando em algum lugar que, com certeza, não era a cabana, ela não escutou ou fez de conta, o menino sentou ao seu lado, não sabia o que dizer, pegou uma pedra que tava no chão e arremessou longe, ficou a olhando sumir no meio do gramado. Depois de minutos apenas escutando o som de Guga brincando com uma vareta a uns metros de distância Mike falou baixinho.

    —Me desculpa, eu não quis falar aquilo, não foi minha intenção—Mas ela nem sequer olhou pra ele, continuou com o olhar para o céu azul, não tinha nenhuma nuvem, nem pássaros sobrevoavam o lugar. Mike queria muito que ela o respondesse, queria fazer as pazes com ela, não sabia porque, ele acabara de a conhecer, por que se importava tanto com ela?

    —Eu sei que os meninos não são melhores que as meninas, eu só não sabia o que dizer, ai eu — Ela se virou tão rápido, que o chegou o assustar, com raiva nos olhos, socou a grama com uma das mãos, Mike nunca tinha visto uma garota tão brava assim.

    —Não sabia o que dizer? Ai falou todas aquelas idiotices, você é um, é um...—Ela falava rápido e quase gritando.

    —Me desculpa, eu..

    —Ah! Cala boca—Ela se levantou, deu dois passou e parou a uns metros dele—Sabe Mike às vezes é melhor ficar calado mesmo—falou de costas pra ele. Ele também se levantou, correu perto dela e a segurou pela mão — Laura — falou Mike. Ela olhou para ele, tava com um ar de tristeza no olhos, por um segundo Mike achou que ela ia o perdoar, mas a menina fechou os olhos e puxou a mão com força.

    —Eu vou ver o que Emília e Akira tão fazendo—E foi para cabana.

    Ele era um idiota mesmo, sabia que não devia ter falado aquilo, pelo menos não na frente da Laura. mas precisava ficar tão brava? Meninas.

    —Expelliarmus— ele escutou a palavra e congelou na hora, quem disse aquilo? Olhou pra trás, pro lugar de onde o som tinha vindo, Guga estava parado em uma posição de luta, como um esgrimista, apontava pra ele um galho seco, provavelmente caído da árvore.

    —O que está fazendo?—falou admirado.

    —Quer brincar?—perguntou Guga.

    —Onde você aprendeu isso?

    —Aprendeu o que?—falou Guga abaixando seu pedaço de galho seco.

    —Você disse expelliarmus? Quero dizer isto é um feitiço.

    —Sim, é um feitiço pra desarmar outro bruxo, aprendi com meu pai. Ele é auror.

    —Auror? — peguntou Mike. Ele havia se esquecido, todos ali eram bruxos e provavelmente, sabiam muito mais sobre bruxaria que ele.

    —Sim como Harry Potter, ele é muito poderoso sabe? Ele derrotou o lorde das trevas, e já prendeu muitos bruxos das trevas.— Então aurores prendem bruxos criminosos? Devem ser a polícia do mundo mágico.

    —Ele é o maior auror do mundo —falou o menino com empolgação nos olhos, pelo visto o tal Potter era o seu herói — Ele é muito famoso, você não sabe quem é Harry Potter? — Mike ficou meio constrangido com a pergunta, não queria passar recibo de idiota, mas tinha escutado dezenas de vezes de sua mãe que mentir não leva a nada. Ela sempre dizia, que a pergunta não aumenta o nariz, mas diminui a confiança.

    —Na verdade não, descobri que sou bruxo a pouco tempo, não sei quase nada do mundo dos bruxos.— O menino ficou olhando ele como se fosse um extraterrestre, algo tão anormal que mal podia fechar a boca.

    —Nada, você não sabe nada? Você vivia com os não-bruxos?— O menino, disse com os olhos ainda arregalados

    —Então é assim que vocês chamam as pessoas normais, não-bruxos?

    —Normais? Nós somos normais. Eles são...não-bruxos— falou as últimas palavras com um pouco de desdenho.

    —Quero dizer os que não fazem magia — falou Mike meio sem jeito, o menino falava como se as pessoas que não tem poderes mágicos tivessem algum tipo de doença.

    —Sim, meu tio Walter diz que eles são a escória da humanidade. Que só deviam existir bruxos no mundo, mas meu pai não concorda, ele não é favor nem contra os não-bruxos, fala que se cada um ficar no seu canto tudo bem. — falou ele dando de ombros e depois continuou balanças a vareta. Tinha tanta coisa pra perguntar, como todos os bruxos viviam? Será que existe uma cidade bruxa? Como os não-bruxos não descobrem sobre eles? Pensou em peguntar tudo a Laura, mas era estava de mal com ele, e não aguentaria de tanta curiosidade.

    —E você? O que acha?—Peguntou primeiro. Mas o menino ficou meio perdido.

    —Eu não sei …. Eu, nunca falei com alguém que não é um bruxo.

    —Não?—falou Mike pensando em outra pergunta não podia deixar passar a chance, se bem que presos ali iriam ter bastante tempo pra conversar.

    — Voce não tem uma varinha de verdade? — Perguntou olhando pro galho seco, que Guga sacudia, e pensando na sua própria varinha presa no seu calção.

    — Não as crianças só podem ter uma, quando vão pra escola bruxa, com onze anos completos. Não é permitido fazer feitiços em casa antes dos dezoito.

    —Verdade? E onde você vive?

    —Eu moro em Hallstatt ué—falou Guga como se fosse obvio, como se todo mundo conhecesse o lugar.

    —Onde? Nunca ouvi falar— falou ele erguendo a sobrancelha direita.

    —Hallstatt! É um vilarejo que só para bruxos, fica no norte da cidade tem atualmente 102 habitantes, é a vila bruxa mais antiga da cidade — falou o menino como se tivesse decorado aquilo, provavelmente de tanto escutar os adultos falar.

    — Quantas vilas dessas têm na cidade?—falou, queria saber tudo sobre a vida dos bruxos, como podia ter tantos bruxos sem as outras pessoas saberem?

    —Bom, tem a Linx, no sul, tem a “Msa” perto do Largo da Mantiqueira, eu sei que tem uma pequena no interior, também tem a, mas essa eu não lembro o nome — parou colocou a mão no queixo, pensou um pouco — vilarejos tem um monte, não sei quantos bem certo—Mike viu que não ia descobrir algo preciso com Guga— também têm os bruxos que vivem no centro.

    —No centro? Junto com as pessoas nor… quero dizer não-bruxos?

    —Sim, meu tio fala que isto é um absurdo, que não deviam se misturar ao não-bruxos. Mas meu pai fala que isso é difícil mudar porque a própria sede dos lideres fica na cidade.

    —Sede dos lideres?

    —E lá que fica a base dos aurores, e os ministros bruxos trabalham lá também é claro—Guga parou de falar no meio da frase, e abaixou a cabeça.

    —O que foi?—peguntou Mike.

    —To com fome—disse Guga com as duas mãos no estômago. Verdade, já devia ser hora do almoço e Mike nem tinha pensado em comida ainda, agora que Guga tinha falado, ele percebeu que também tava com fome, sua barriga chegou roncar quando pensou nisso.

    —Vamos lá ver se o Art já preparou alguma coisa para o almoço—falou o menino, correndo pra cabana.

    — E sobre o mundo mágico? Eu ...— tentou Mike, mas Guga já tinha entrado. Então, era o Art que cozinhava? E o que será que tinha de almoço? Devia ser repolhos ou abóbora, foi tudo o que ele viu na horta, pelo menos de longe.

    Todos estavam sentados formando um círculo, uns no chão e outros em pedaços de troncos, tinha um pequeno caldeirão no centro.

    —Oi Mike — falou Mari, sentada numa madeira, perto da porta.

    —Sente pra aproveitar o nosso belo almoço—falou Akira num tom esnobe. Laura o fuzilou com um olhar ameaçador.

    —Temos que agradecer pela comida, se não fosse Art, não comeríamos o dia inteiro—falou ela sentada em baixo da janela. Ela tinha um monte de folhas repolho na mão, pegou uma e passou para o asiático que estava sentado do lado.

    —Sente Mike— falou Guga sentando perto de Mari, Mike sentou no meio dele e Emília. E do outro lado dela estava sentado Art, o homem olhava paro o chão , parecia nem estar ali, pelo menos sua mente não estava.

    —Obrigado Art—falou Laura. O homem fez um sinal com a cabeça, mas nem sequer abriu a boca. Mike recebeu de Guga uma folha de repolho, olhou pra ele se perguntando pra que era aquilo? Pra comer? Aquilo era o almoço?

    Laura se aproximou do caldeirão e com uma concha pequena, pegou uma porção de algo alaranjado, e como se estivesse lendo seus pensamentos falou sem nem olhar pra ele.—Usamos como pratos— e colocou o que parecia ser um líquido na folha.

    —Quando chegamos aqui, tinha só esse caldeirão, a concha e algumas ferramentas, nada de pratos—falou Mari, se servindo depois de Laura— É sopa de abóboras, foi Art que fez, experimente— Mike olhou pra folha dela, a sopa parecia quente, como não se desmanchava? A de Laura também parecia bem firme, acho que não tinha problemas. Não sabia que sabor tinha, vai que era ruim? Então colocou uma porção pequena de sopa no “prato”, Mas não o sabor era até bom, faltava um pouco de tempero, é verdade, mas não dava pra reclamar, em sua vida já tinha comido coisa muito pior, ou até ficado sem comer, pois nem sempre tinha dinheiro pra comprar comida. Nem tinha percebido antes, mas Laura estava sentada bem em frente dele, quando olhou ela desviou rápido o olhar, ainda devia estar brava com ele.


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