Emi, a filha de Afrodite!

- Hikari, você está acordada?

Abri os olhos. Estava de novo na enfermaria. Dessa vez não havia só uma faixa na minha perna, tinha uma no canto direito do meu rosto, uma na barriga, e na minha perna.

- Meu Deus, você me matou de susto! - Sayaka disse me abraçando. ? Acha que consegue andar?

Olhei para minha perna e assenti. De repente, um pensamento me ocorreu: "o que Sayaka...."

- Sayaka, o que você...

- Estou fazendo aqui? É eu também tinha me perguntado isso, mas, o Li disse que aqui era o meu lugar. - ela sorriu.

De repente, eu me senti como o Usui. Presa. Quer dizer que eu nunca poderia sair dali? E se tinham pegado ele era culpa minha. Ele disse que eu veria aquele lugar como casa, mas, e se isso não acontecesse?

- Há, olha o seu cabelo está branco de novo! - ele disse pegando uma mexa.

- Que bom! ? disse com sinceridade, e sorri.

- Pensei que não gostasse do seu cabelo ser branco. ? ela disse mordendo uma maçã.

- Eu não gostava, mas, já enjoei daquele laranja!

- Que bom, você fica melhor assim!

Olhei para Sayaka, mas, a voz não tinha vindo dali. Um pouco atrás de nós, estava Usui sorrindo. Para minha sorte, ele não estava com aquela coisa que ele me oferecera antes, mas, tive a impressão de que alguém havia me dado enquanto dormia.

- O Li disse que você não gosta muito do pessoal daqui! ? falou Sayaka.

- Consigo contar meus amigos daqui de uma mão só. ? ele disse com indiferença. ?Mas, pelo lado bom, tenho mais pessoas que eu não gosto do que inimigos!

Eu ri, mas, Sayaka o olhava surpresa.

- Você parece do tipo que tem muitos amigos.

Ele abriu a boca para falar, mas, uma sombra na porta disse:

- Vocês, aquela Lerner e o Li, os únicos daqui que ele trata bem, certo?

Uma garota que reconheci como a que dera tapas nele nas memórias, estava ali parada; ela tinha cabelos negros e longos presos num rabo-de-cavalo de lado; olhos profundos e parecia ter 16 anos, eu me senti uma tábua.

- O que você quer, Emi? ? Usui disse com frieza, se afastando, pra mim escondendo a bochecha.

- Eu não disse? ? ela disse dando um suspiro, como quem falava com uma criança. ? Ei, eu já vi você! - ela apontava para mim, suei frio.

- No dia que o ruivinho fugiu, você estava lá. ? ela disse como quem se lembrava de algo que havia ocorrido há muito tempo. ? Você estava procurando ele! Então essa era a meio-sangue que você se recusou a falar? ? ela disse indo para frente de Usui, que devia ser seis centímetros mais baixo do que ela.

- Se for, não é da sua conta. ? ele disse com rispidez.

- Esforço inútil não foi ruivinho? - Ela se virou para mim. ? e você, de qualquer jeito, bem vinda! ? ela disse num tom gentil, que me deixou petrificada. ? O ruivinho não quis contar! ? ela saiu cantarolando pelo corredor.

Ouvi Usui praguejando baixinho, o que entendi como "só um raio na cabeça dela, por favor, só um..."

- Oi ruivinho! ? Li chegou fazendo uma imitação tão perfeita de Emi, que todos nos viramos assustados, mas, quando percebemos caímos nas gargalhadas. Olhei para Usui que parecia aliviado de não ser ela, que disse ?"vocês me devem um raio na cabeça dela". Baixinho.

- Por que ela te chama assim? ? Sayaka perguntou rindo.

- Nada de especial. Talvez pelo fato de ela ser cinco anos mais velha, e para ela eu sou só uma criancinha que não saberia nem ir ao banheiro sozinha. Que nem o Li. ? ele acrescentou sorrindo.

Li murmurou algo para ele, só entendi uma parte "eu tinha medo, ta bom?!" e dei mais risadas ainda.

- Sempre que aquela bruxa chega perto meu rosto dói... ? ele reclamou o que me fez pensar que levar a dar tapas nele devia ser um passatempo para ela. ? Nem acredito que seja filha de Afrodite... Agora ela vai ficar espalhando coisas de mim para todos os irmãos dela... ? ele soltou um suspiro irritado.

Nesse momento, uma menina que, de novo aparentava ter 16 anos, chegou à porta rindo e disse:

-Ruivinho, mandaram avisar para todo mundo que o diretor tem um comunicado! - e ela saiu rindo.

Então saímos andando pela porta enquanto Usui praguejava, só consegui captar as palavras (em grego acho): bruxas, velhas.