Mike ficou pensando em Art, um homem de casacão, sem memória, que cuidava das plantas, no meio de um monte de crianças era no mínimo estranho.
—Olha só—Mike resolveu que era hora de contar tudo, não sabia direito o motivo, mas confiava completamente em Laura. Ergueu a camiseta pegou varinha, e sem falar nada o objeto apareceu diante de seus olhos.
—Uou—falou ela com a boca aberta, espantada—Você trouxe uma varinha?Como?
—Eu a deixei invisível, eles não sabiam que eu tinha uma varinha—disse Mike sem tirar o olho da varinha, que parecia emitir uma luz dos desenhos, uma luz fraca, que deixava a varinha muito bonita.
—Mas, quantos anos você tem?
—Dez, e você? Falou Mike sem entender qual o motivo da pergunta aquela hora, o que importava a sua idade?
—Mas, mas—Laura falou meio gaguejando— de quem essa varinha?
Guardando a varinha, disse meio bravo—É minha— se ela achava que ele roubou, tava muito enganada, e talvez ele também tivesse se enganado quando confiou nela. Laura tava com a cara de quem viu um fantasma
—Tem certeza que você tem dez?
—CLARO QUE TENHO—Mike gritou, claro que tinha certeza de sua idade, quem não sabia a própria idade?
—Tá desculpa, é que ninguém antes dos onze anos tem uma varinha.
—Não?—Disse Mike. “Ninguém antes dos onze anos? Quantos bruxos existiam no mundo?”
—Não, a maioria nem domina os poderes antes dos onze, isso é muito raro, nunca ouvi falar num caso de filhos de não-bruxos dominar magia assim.
—Filho de não-bruxo? Por que? Algum filho de bruxo domina magia antes do onze?
—Bom—disse parando pra pensar um pouco antes de falar, Mike lembrou-se da sua professora da segunda série, ela fazia isso sempre que ia contar uma história grande—alguns casais de bruxos, não aguentam a ansiedade de ver seus filhos fazendo magia, vão contra as regras, e deixam seus filhos de sete ou oito anos treinar com suas varinhas, ensinam feitiços básicos, claro que se o ministério da magia pegar eles terão problemas sérios.
—Ministério?—falou Mike confuso, a magia tinha um ministério?
—É, são os, digamos, lideres ou chefes do mundo mágico.
Mike escutava aquilo com cara de bobo, era tudo muito novo pra ele. Mundo magico? Era por isso que nunca ninguém via os bruxos? Eles viviam em outro mundo?
—Os bruxos não vivem em nosso mundo?
—Como eu vou te explicar? Não e sim. Nós bruxos vivemos neste mundo, mas dentro deste, existe um outro mundo, um mundo de magia, que os não-bruxos não conseguem ver.
—Quer dizer que os bruxos estão escondidos? É isso?
—Eu gosto de pensar que são os não-bruxos que não tem a capacidade de ver nosso mundo.
Mike pensou um pouco em tudo aquilo, eram muitas informações novas, deviam existir muitos bruxos no mundo, se era um mundo inteiro de bruxaria. Parece que Laura tava lendo seus pensamentos
—Existem milhares ou até milhões de bruxos no mundo inteiro.
—Milhões?—falou Mike, baixinho pra ele mesmo.
—Você sabe usar essa varinha aí? — Falou Laura, apontando o lugar onde ele tinha guardado.
Mike não tinha certeza de até onde podia afirmar que sabia fazer magia, nunca tinha visto outro bruxo antes, e se aqueles poderes e feitiço fossem fracos demais? Se os bruxos do resto do mundo fizessem outro tipo de magia, mais forte?
—Eu tenho praticado todo dia.
—Quem é teu mentor? Quem tá te ensinando? Se o ministério souber que ele tá ensinando um menor sem autorização, e tá encrencado .
—Com ninguém, eu to aprendendo sozinho—ele não sabia se contava sobre o livro preciso, confiava nela mas e se ela contasse a alguém? O livro devia ser muito cobiçado, ele aprendera desde de sedo que se você tem alguma coisa de valor, é melhor que o mínimo de pessoas saibam. Como daquela vez que ganhou um carrinho, a uns três anos atrás, foi o único brinquedo bom que tá teve, levou pra brincar na rua e um garoto veio, tomou de suas mãos e saiu correndo, e ele nunca mais viu os dois.
—Eu achei um livro, e to aprendendo com ele—resolveu de contar, uma parte pelo menos. Aquilo também não ia fazer diferença ali dentro, estavam presos, se alguém achasse o livro na sua casa — o que não era muito difícil de acontecer, no último anos tinham a invadido duas vezes, reviravam tudo e depois iam embora, procurando dinheiro com certeza — ele não ia poder fazer nada ali de dentro
—Livro? Como é o nome? — falou ela erguendo uma sobrancelha, parece que ela tinha esquecido de Paulo ,estava bem mais animada.
—Não tem título nenhum—era uma meia verdade o livro realmente não tinha um nome na capa.
—Estranho! Geralmente, livros tem nomes, até os de magia. E a varinha de onde você arrumou?
—veio junto com o livro.
—Sei!—disse ela andando de um lado pro outro, dentro da cabana. Com os braços cruzados