Um silêncio surdo e pesado ecoou na sala, até que Evergreen se recuperou.
- Na... Na... Natsu?! Você tá dizendo que o Salamander tá vivo?!
Lucy quase riu do gaguejar dela.
- Isso.
A garota se entalou.
- É mentira!
A maga gritou e nesse instante Erza se virou para ela, a encarando. Muitas garotas saíram do choque e Mirajane que carregava a bacia a soltou. O tinir do metal interrompendo a cacofonia.
- Mira!
Cana se espantou e a albina se abaixou no chão, catando a bacia e com os panos que trouxe enxugando a água.
- Ai, me desculpa.
Então levantou a cabeça, seus olhos arregalados para Lucy, que encarava irritada a maga de óculos.
- Não é mentira. O cara que estava comigo é o Natsu.
A garota suspirou, saindo do choque e passou a encará-la desdenhosa.
- “Natsu”.... Mal conhece ele e já fala assim com tanta intimidade?
Lucy apertou os olhos, se irritando ainda mais e Erza pelo modo como encarava a maga de óculos, também estava perdendo a paciência. Se aproximou dela e de imediato a outra engoliu em seco.
- Já chega Evergreen. Se Lucy está dizendo que é esse mago, então porque é.
A outra engoliu em seco de novo, nervosa. Mas teve a petulância de levantar o nariz.
- Tudo bem, não vou discutir com a novata.
Ela deu uma olhada de desprezo para Lucy que se não estivesse com o tornozelo machucado, voaria nela. Esse pensamento a espantou. Nunca foi de violência, mas ouvir aquela garota lhe chamar de mentirosa ferveu seus nervos. Quando Evergreen deu meia volta, indo pro quarto, varias garotas fizeram a mesma coisa e Lucy viu nos seus rostos a mesma descrença da “medusa” (Evergreen pode transformar em pedra quem olhar direto pro seus olhos). Ficou chateada. Poxa, porque ninguém acredita nela?
As únicas que ficaram foram Erza, Bisca, Cana ao seu lado no sofá e Levy sentada no chão, ainda massageando seu tornozelo. Olhou para Erza. A ruiva fuzilava o corredor que levava para os dormitórios. Quase riu disso, se não fosse a dor latejante e insuportável no tornozelo.
Deu uma olhada pra ele e mordeu o lábio, arroxeado e inchado. Bem feito. Isso que dá correr com um machucado desses.
- Lucy.
Se virou pra direita e se espantou. Mirajane sentava no braço do sofá e a olhava pensativa. Gostava disso nela. Sempre analisando o assunto antes de falar alguma coisa.
- Tem certeza que o nome do Dragon Slayer é “Natsu Dragneel”?
Suspirou, estava começando a ficar cansada do assunto.
- Sim, porque?
Mirajane olhou pro vazio, pensando.
- Segundo a história da guilda, na última batalha Natsu Dragneel e outro mago desapareceram depois que foram cumprir uma missão.
Erza se virou pra ela, cruzando os braços.
- É verdade. Que missão era essa?
Levy de repente levantou a cabeça, seus olhos arregalados de surpresa.
- Meu Deus, não acredito!
- O que foi?
Cana perguntou. Estava confusa e impaciente demais com o rumo da conversa. A baixinha olhava para Lucy de um jeito que incomodou. Era risonho e surpreso. A outra se remexeu no sofá.
- Por que tá me olhando assim?
Levy abriu o sorriso e estreitou o olhar.
- Ele ficou chocado, não ficou?
Com essa pergunta lembrou sem querer de quando o mago a viu. Chocado foi pouco. O Dragon Slayer a encarava completamente assombrado e quando a chamou pelo nome sentiu seu rosto esquentar em segundos. Vendo isso, Levy riu e Cana se irritou.
- Por favor, será que dá pra explicar?
Ainda a encarando risonha, a baixinha respondeu.
- Natsu Dragneel era um mago de infantaria. Ele sempre fazia missões com a unidade ou então sozinho. Só nos últimos dois anos antes da Guerra acabar é que ele fez equipe com alguém.
Lucy arregalou os olhos, sabendo o que a baixinha ia dizer. Levy ficou mais risonha e olhou de lado para Cana que a encarava de testa franzida, sem entender nada.
- Lucy Heartfilia.
As quatro magas ofegaram de susto. Bisca chegou mais perto do sofá, passando por uma Titânia surpresa. As sobrancelhas ruivas levantadas quase até a raiz do cabelo. A garota de cabelo verde sentou no chão ao lado de Levy, encarando Lucy que ficou mais vermelha ainda.
- Lucy essa não é...
- Sim, é a ancestral dela.
Levy soltou uma risada e Cana se inclinou no sofá.
- Puxa vida. – então olhou para ela – Você não disse uma vez que era igualzinha à sua tatataravó? O cara te confundiu, com certeza.
Todas elas a olharam, esperando que explicasse. Lucy ficou irritada e envergonhada. Não queria falar sobre isso. Era muito intimo e nem sabia porque achava isso. Mirajane a cutucou de leve no ombro, chamando sua atenção. Ela a olhava de um jeito, implorando, as íris azuis brilhando.
- Vai, conta pra gente.
Suspirou de raiva e relanceou o olhar pras outras. Todas com o mesmo olhar. Implorando. Até Erza estava assim, mesmo tentando disfarçar. Droga de tornozelo torcido.
- Tá, ok. Ele me confundiu e ela não é exatamente minha tatataravó. É minha tia tatataravó.
Cruzou os braços, bufando e olhando o vazio. Só disse aquilo pra ele para que deixasse as chaves com ela. Na verdade, sua ancestral tinha um irmão, Aidan. E foi pra ele que deixou as três chaves do zodíaco. Por ironia da genética, acabou nascendo igual a ela.
Levy começou a fazer cosquinhas no seu pé, fazendo-a dar um pulo e encará-la. A baixinha de cabelo azul a olhava desconfiada.
- Não foi só isso. – estreitou os olhos – Tá cortando a história Lucy.
Abriu os braços.
- Já contei tudo.
- Você tá escondendo.
Levantou o olhar. Erza estava vermelha que nem os seus cabelos. Isso a espantou. De repente, Cana se endireitou no sofá estalando os dedos.
- Mira, não tinha uma pintura no porão? Aquela que a Oba-san escondeu.
A albina deu pulo no sofá, ficando de pé.
- É mesmo. Vou lá pegar.
A garota saiu correndo deixando-a mais confusa. Olhou para as garotas e elas sorriam travessas (exceto Erza). Ficou com mal-estar.
- Que pintura é essa?
Bisca piscou.
- Já vai ver.
Minutos depois Mirajane entrou na sala e olhou para trás cautelosa. Nas suas mãos um tubo longo de metal. Depois que chegou ao meio da sala se virou para as outras, sorrindo.
- Ela não viu. Bisca, me ajuda.
- Tá.
A garota se levantou encarando Lucy de um jeito, que a deixou mais nervosa. Sentada no sofá, assistiu as duas em pé diante dela. Mira tirou a tampa de metal, que saiu num estalo e inclinou o tubo para as mãos de Bisca. Um cilindro de tecido amarelado escorregou direto para as palmas da outra. Numa olhada, percebeu que era antigo. Muito antigo. Engolindo em seco. Imaginando finalmente o porque delas estarem tão risonhas. Até Erza parecia ansiosa, mesmo não sorrindo, mas os olhos brilhavam.
Desenrolando com cuidado. Bisca com o lado direito e Mira com o esquerdo, elas olharam para a pintura e ofegaram, seus olhos brilhando iguais as da Erza. Cana deu um tapa no sofá.
- Parem de admirar e mostrem logo para Lucy.
Levantando os olhos para ela e sorrindo, as magas deram a volta e morderam o lábio, esperando sua reação.
No instante que viu a pintura, seus olhos arregalaram e um calor subiu no seu pescoço. Se atentou pros detalhes e o calor aumentou. Respirou fundo e engoliu em seco. Levy fez outras cosquinhas, tentando chamar sua atenção, mas não conseguiu desviar o olhar. A baixinha riu junto de Cana, que adorou o vermelhão que tomou seu rosto.
- E então?
Ofegou.
- Agora entendo porque a Oba-san escondeu de vocês.
Cana revirou os olhos, divertida e Mira olhou pra pintura. Ela tinha um quê sonhador, romântico. Foi o que tirou do seu espanto afogueado. Olhou pra Erza e a maga também olhava desse jeito a tela. As duas magas mais fortes da guilda se encararam e Lucy viu uma coisa que a deixou mais surpresa. Um pequeno e tímido sorriso na Titânia.
- Quando mesmo a Oba-san contou pra gente?
Mira suspirou e olhou a pintura.
- Acho que foi há uns seis anos.
- Do que vocês tão falando?
Agora mal olhava pra pintura, tamanho constrangimento. Levy deu um leve aperto no seu pé e encarou a baixinha. Os olhos dela era tristes e sonhadores ao mesmo tempo.
- Era numa festa da guilda. No dia que eles voltaram de uma missão de resgate. O filho do rei tinha sido sequestrado e eles saíram escondidos de Mavis. Pra resgatar o príncipe.
Piscou surpresa, menos afogueada. Então Mira continuou a historia.
- Claro que Mavis não gostou. Afinal de contas, eles tinham que invadir o covil de Destro. O dragão de pedra. Dizem que gostava de sequestrar humanos e os devorava. Então, esses dois nem pensaram. Fugiram da cidade e foram salvar o príncipe.
Erza se virou para ela. Fazia uma expressão, como se segurasse um nó na garganta.
- Esse resgate que quase deu errado foi o motivo de sua ancestral entrar na 5ª unidade da Infantaria, Lucy. A festa que fizeram para eles quando trouxeram o príncipe são e salvo, foi pra comemorar a entrada dela.
Com outros olhos encarou a tela de novo. Sentados num sofá. Um cara de cabelos rosados e repicados e uma garota loira olhavam para frente com um quê presunçoso. A garota com o cabelo preso em duas partes estava sentada entre as pernas do cara. Ela apoiava um braço no joelho da perna dobrada dele, levantada, nos dedos um anel de metal com chaves douradas. Ele estava com uma mão enluvada sem dedos apoiando na barriga dela, seu outro punho levantado e pegando fogo. Agora entendeu porque estavam vestidos daquele jeito. Ela num vestido curtíssimo e colado, com meias até metade das coxas e ele sem a camisa, somente com um cachecol envolta do pescoço e calça folgada com uns rasgos.
- Mal deixaram eles se trocarem, não foi?
As garotas riram. E Bisca piscou pra ela.
- A gente acha que sim. – então a encarou mais fundo, ansiosa – Reparou? No jeito deles, Lucy?
Todas agora a encararam com expectativa e novamente, ao olhar bem para pintura, aquele calor de constrangimento a tomou de novo, junto com o espanto.
- P..pa..parecem..
- Exatamente. Parecem namorados.
Cana disse de uma vez e engoliu em seco. Natsu e sua ancestral retratados daquele jeito com tanto realismo pareciam mesmo um casal!
Mira olhou para pintura.
- A gente sempre se perguntou o que foi que aconteceu com eles. E quando você chegou aqui soubemos o que houve com ela.
- Mas agora uma coisa interessante aconteceu.
Se virou pra Cana, o tom malicioso aumentando seu rubor.
- O Salamander está vivo. – então ficou risonha – Você deve ter pregado um bruto de um susto nele, Lucy!
Ofegou agoniada e envergonhada. Constrangida além da conta pelos olhares risonhos, sonhadores e românticos das garotas. Erza pelo ao menos tentava disfarçar. Mas não foi o bastante. Bateu as mãos no sofá, tão vermelha quanto os cabelos da amiga.
- Já chega! Querem parar com isso?!
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A guilda realmente tinha mudado. Tanto em tamanho quanto em aparência.
Natsu tinha jogado o pescoço pra trás quando desceu da carruagem, seu queixo caído. Parecendo um pequeno castelo de pedra, o prédio da Fairy Tail nem de longe parece com a casa de três andares que tanto estava acostumado. Foi um choque. Simplesmente um choque. Mas não tanto quanto do Mestre da guilda. Arcadios e Brian acordaram o velho batendo na aldrava das grandes portões. E depois de longos minutos, Makarov Dreyar apareceu. Sonolento, de pijama branco e listrado.
Quando viu o novo Mestre, levantou a sobrancelha duvidoso e impressionado. Nem soube como conseguiu sentir isso. Apesar de ser baixinho, o velho emanava uma energia assustadora. Piscou espantado enquanto cruzavam o grande salão do bar. Com mesas cumpridas e bancos espalhados e corredores laterais. No chão um tapete vermelho. Se distraiu um pouco com o tamanho de lugar e olhando acima, viu que tinha outro andar. Lado a lado balaustradas de pedra apenas alternados pelos pilares de madeiras.
Isso trouxe um pouco de sossego. Nessa parte, ao menos era igual. No entanto, voltou o olhar para o Mestre e aquele assombro o tomou. Nunca ficou perto de um antes, mas não tinha duvidas. O novo mestre da Fairy Tail era um Mago Santo.
- E tão? O que o chefe da guarda do príncipe e seu soldado fazem aqui?
Relanceou os olhos pra ele e Natsu engoliu em seco.
- Ainda por cima com esse garoto?
Garoto... Piscou surpreso. Achou que o chamaria de moleque. Arcadios se aproximou do balcão onde o Mestre se sentou e assumiu um ar rígido, polido. Quase revirou os olhos.
- Pode parecer estranho Master Makarov, mas esse rapaz é membro da sua guilda.
O velho o encarou de olhos apertados, agora realmente desconfiado. Natsu só ficou mais nervoso.
- Me deixe ver sua marca, menino.
Não disse nada. Apenas se aproximou um pouco e se virou de lado, mostrando o ombro direito pra ele. O velho analisou por um minuto e pegou um cachimbo, acendendo.
- Tudo bem, é verdadeira. Mas não me lembro de você. Desde quando faz parte da guilda?
Nesse instante, foi que reparou nas suas roupas e levantou as sobrancelhas, a testa enrugada se esticando.
- Por Deus, moleque! O que aconteceu com você?
Suspirou, tava demorando. Mas não ficou com raiva. O senhor realmente parecia preocupado e dando de ombros, olhou para o lado.
- Lutei com um dragão. A lava dele que fez esse estrago nas minhas roupas.
Arregalou os olhos, se entalando. Encarou o velho e viu que o cachimbo estava a meio caminho da boca. Ai, droga!
- Como foi que disse?
- Ah...
Arcadios tomou a explicação. O que deixou Natsu agradecido.
- Isso mesmo que ouviu, Master. Esse rapaz é Natsu Dragneel. Se bem me lembro, um dos magos da sua guilda que desapareceram na guerra.
Dessa vez, o cachimbo caiu. O barulho ecoando no bar vazio. O nervoso que sentia aumentou com essa reação chocada do Mestre. Makarov Drejar tinha os olhos pregados no seu rosto e aumentavam a cada minuto que passava. Isso só ficou desconfortável.
Depois de uns longos minutos de silencio. Arcadios colocou um maço de dinheiro no balcão, quebrando atenção chocada do Mestre e o desconforto dele. Os dois olharam para o maço (era muito dinheiro) e em seguida para o chefe da guarda. O rosto quadrado impassível. Natsu se perguntou se homem alguma vez sorriu na vida.
- É a recompensa pela captura de cinco magos das trevas. O pedido foi enviado para a Guilda, certo?
Makarov se recuperou.
- Sim, mas ainda nenhum mago aceitou.
Brian nesse instante deu passo a frente, entrando pela primeira vez na conversa.
- Não é preciso. Um dos seus já fez o serviço.
No mesmo instante, o velho o encarou e Natsu deu um pequeno sorriso. Nervoso. Isso realmente não estava dando certo. Aparecer desse jeito e continuar a vida como senão tivesse pulado quatrocentos anos! Caramba. Como queria que Lucy estivesse aqui. Então de repente aquela dor o tomou e virou o rosto, encarando uma parede sem ver. Não. Ela não estava aqui. E nunca mais estaria. Engoliu em seco, sentindo aquela agonia.
- Certo. Tudo bem. Mas alguma coisa?
Ouviu o Mestre dizer. Estavam conversando como se ele não estivesse ali. Não fazia mal. Simplesmente foi até um pilar que ficava perto do balcão e se encostou nele, de braços cruzados esperando.
- O rapaz não tem lugar onde ficar. Será que não teria como hospedá-lo por aqui?
- Claro. – o velho deu baforada, piscou espantado. Como pegou o cachimbo? – Temos o dormitório para os rapazes. Ele pode ficar lá.
Dormitório... Realmente as coisas mudaram. Antes somente as garotas tinham um lugar para ficar e apenas algumas se hospedavam. Os quartos eram pagos, mas pelo o que ouviu. Não era mais assim. Arcadios ao ouvir aquilo acenou concordando e deu meia volta, seguido de perto do seu braço direito. Quando o som da armadura sumiu, junto com o bater das portas se fechando. Natsu encarou o Master que deu outra tragada no cachimbo e se virou pra ele. O choque desaparecido e sem aquela falsa preocupação. A expressão séria dele o relaxou.
- Passou por um mau pedaço, não foi garoto?
Suspirou.
- Foi.
- Eu sei quem é você. Lamento muito mesmo pela sua amiga.
Se entalou, arregalando os olhos.
- C..c.como?
O Mestre levantou a sobrancelha.
- Como eu sei? Simples, uma parenta dela apareceu aqui – parou pra pensar – faz um mês acho. É igualzinha a maga de espíritos estelares que tínhamos antes.
Ouvindo isso, franziu a testa.
- Tinham?
O olhando de lado, Makarov continuou.
- Exatamente. Eles são magos raros agora. Quase ninguém pratica essa magia. E se pratica não entram aos montes numa guilda. Se não me engano acho que tem uma maga na Blue Pegasus...
Parou pra fumar no cachimbo. A conversa tinha chamado sua atenção. Se apoiando melhor no pilar, Natsu esticou o assunto.
- Porque ninguém quer praticar essa magia das estrelas?
O encarando de lado novamente, Makarov soltou uma nuvem de fumaça.
- Acho que você sabe.
- Ah.
É mesmo. Como tinha esquecido? Lucy sempre reclamava do ponto fraco desse tipo de magia. O próprio corpo. Como invocadora, não tem necessidade de treinar o físico para as batalhas, até porque sua magia flui para um objeto, as chaves, não para partes do corpo. Ela até tentou treinar com ele, mas nunca dava certo. O ponto forte dela era que nunca se deixa apanhar. Sempre precavida e derrotava o inimigo antes mesmo dele perceber.
- Sua amiga era uma excelente maga das estrelas. A melhor que já houve. Espero realmente que a descendente seja como tal.
O comentário o tirou do devaneio. A loirinha... Lembrou de imediato duas coisas.
1º - A raiva
2º (apertou os olhos, incomodado) – O cheiro.
Gardênia.
Porque esse aroma rodava e rodava na sua cabeça? Parecia tão fraco vindo dela que só notou quando chorou no seu ombro, enquanto a confundia com sua ancestral. Gardênia.... Droga! Porque não esquecia esse cheiro?! Nunca gostou dessa flor. Tinha um monte onde morava com seu pai ainda criança e o aroma o fazia lembrar de coisas que não queria. Da época que foi feliz. No entanto, lembrou de novo do cheiro. E da garota brava.
Olhou para o mestre. Ele observava o salão pensativo, com muito cuidado. Humpf. Dando-lhe tempo pra pensar.
- Ah... Master?
- Sim?
Parou um pouco, se decidindo. Valia mesmo a pena? Então, lembrou de outra coisa, de quando passou mal no corredor e ela... Cuidou dele. Encarou o Mestre de novo.
- Esses magos aspirantes...