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— Você era apaixonado por Karin ? — Sakura indagou apressada, antes que pudesse perder acalma.
Sasuke lançou um olhar de desânimo para ela, relutante em responder aquela íntima questão. Antes disso, eles estiveram discutindo sobre a recente decisão que Sasuke havia tomado sobre um problema de disputa de fronteiras entre tribos locais beduínas.
Mortificada por sua própria falta de diplomacia, Sakura enrubesceu.
— Apenas estou curiosa. — ela declarou suavemente. No entanto, a verdade era que ela queria saber todos os detalhes de cada relacionamento que ele tivera no passado e se sentia desapontada por Sasuke se recusar a conversar livremente sobre esse tipo de assunto.
O silêncio da manhã foi quebrado apenas pelo som do trotar dos cavalos. Frequentemente, eles passeavam a cavalo durante a manhã, quando Sakura conseguia suportar melhor o calor. O sol havia nascido e o esplendor dos céus alaranjados coloria a areia do deserto, formando sombras avermelhadas. A paisagem das dunas inclinadas havia se tomado familiar para ela.
— Por que você quer saber ? — Sasuke indagou.
— Então obviamente você achou que estivesse apaixonado por Karin...
— Não, eu não achei...
— Mas estava pensando em se casar com ela! — Sakura exclamou.
— Eu não fui criado para considerar o amor um componente necessário para o casamento. — Sasuke confessou, ressentido — Ela era bonita, elegante, bem educada e falava diversos idiomas. Eu vi qualidades importantes nela.
Sakura o encarou, chocada.
— Eu não acredito que você possa ser tão sangue-frio!
— Não sou sangue-frio, o amor pode causar muito sofrimento. — Sasuke declarou com honestidade — Um homem sábio escolhe uma esposa com mais do que apenas o amor em sua mente.
— Meu Deus. — Sakura suspirou pesadamente — Você nunca teria me escolhido. Nem em um milhão de anos!
— Mas estou satisfeito com você agora que a escolhi, habibti. — com aquelas palavras irreverentes, Sasuke exibiu um grande sorriso, e as batidas do seu coração aceleraram.
Três semanas de privacidade na vila haviam lhes dado a chance de descobrir muito sobre o outro e estabelecido uma base sólida para um relacionamento mais profundo, o que ela jamais pensou que pudesse ter com ele.
— Seus pais tiveram um casamento arranjado ?
Sasuke ficou tenso.
— Não, mas o primeiro casamento do meu pai com a mãe de Itachi fora arranjado e durou quase trinta anos.
— Sabe... — Sakura comentou em tom de descoberta, perguntando-se por que a pergunta que ela fizera havia causado tanta tensão. — ...você nunca mencionou sobre a sua mãe.
Sasuke exalou um longo suspiro de impaciência.
— E você só notou isso agora ? Eu não gosto de falar sobre a minha mãe. Ela fugiu com outro homem quando eu era um bebê e acho que o meu pai nunca se recuperou por ela tê-lo abandonado.
Sakura piscou duas vezes. Ela podia imaginar como teria sido terrível um escândalo causado pelo comportamento da mãe de Sasuke em uma sociedade tão conservadora. Ela notou o embaraço dele e sentiu compaixão por ele ainda se sentir tão abalado por algo que havia acontecido há tanto tempo. Agora ela podia entender melhor o porquê de Sasuke achar tão difícil confiar nas mulheres.
— Acredito que meu pai irá nos fazer outra visita hoje. — ele informou — Ele tem mostrado interesse maior em Daisuke a cada dia.
— Sim. — De qualquer forma, Sakura não se sentia confortável quando recebia as visitas do pai dele. O rei e Sasuke conversavam em seu próprio idioma e se tratavam com uma formalidade extrema até Daisuke dizer algo tolo e quebrar o gelo.
Sakura ficava intrigada, mas nunca ousou perguntar por que o rei e o seu segundo filho se tratavam como se fossem dois estranhos.
— Eu fiquei surpreso por ver quanto interesse o meu pai está tendo por Daisuke. — comentou Sasuke.
— Acho que o seu pai está tentando conhecê-lo melhor também. — Sakura observou.
— Bobagem... Por que ele faria isso ? — Sasuke protestou com certa zombaria.
Sakura resolveu ficar calada. Ela pôde notar que Sasuke ainda aguardava ansioso por uma resposta. Ele ainda queria saber o que a havia feito pensar que o pai pudesse estar tentando fazer as pazes com ele.
Sakura continuou em silêncio. Ela ainda achava extraordinário o fato de Sasuke ser tão volúvel debaixo da aparência séria que procurava manter.
Algumas vezes, ela ficava maravilhada com o quanto era controlado, raramente demonstrando suas emoções, exceto nos momentos de descuido ou quando pensava que não estava sendo observado. O primeiro dia em que ela o vira emocionado foi quando pegou Daisuke no colo pela primeira vez.
O amor e o orgulho que ele tinha do filho era contagiante. Com Daisuke, Sasuke relaxava, e quando brincava com o filho ele deixava de lado toda a seriedade. Aliás, toda vez que Sakura via o seu filho nos braços do pai sabia que tinha tomado a decisão certa quando resolvera dar outra chance ao casamento. Daisuke adorava o pai. E Sakura começou a admitir que o adorava também, embora fosse um pouco mais crítica do que Daisuke.
Mas não havia como negar que o amor que um dia ela se recusara a reconhecer agora reinava em seu interior, pois Sasuke fizera um grande esforço para assegurar que ela fosse incrivelmente feliz. A cada manhã, Sakura recebia o café da manhã na cama. Não havia do que se queixar, ela pensou com um suspiro, enquanto fitava os traços perfeitos do rosto do marido.
Enquanto estiveram na vila, diversos vôos chegavam com ministros e cortesãos. Sasuke era consultado sobre cada acontecimento em Quaram. As opiniões dele eram respeitadas, sua importância era admirada, e todos estavam contentes por ele agora ter esposa e um filho.
— Mas o que a maioria das pessoas pensou sobre nós depois do casamento em Quaram, quando já tínhamos um bebê ? — Sakura havia perguntado preocupadamente durante a primeira semana em que estiveram na vila.
— Eles pensam que eu me casei com você sem a permissão do meu pai e me mantive em silêncio até que pudesse expor você ao público, após a morte de Itachi. O desrespeito a um pai é assunto sério, mas um amor proibido, um casamento secreto no exterior e a consequência de gerar um filho ganham na linha de competição. — Sasuke havia explicado com um visível divertimento — Nosso segundo casamento em Quaram foi respeitado como um sinal da aprovação e da aceitação de meu pai.
Desde a chegada deles na vila, Sasuke a havia levado para diversas viagens no deserto, onde apreciaram a hospitalidadedas tribos locais nas aldeias e nas tendas. Sasuke era muito bem informado e frequentemente requisitado para resolver disputas. Ele podia se sentar horas e horas com os anciãos da tribo e ouvir pacientemente os argumentos de cada um deles sobre os problemas da aldeia.
A pele dela era sensível ao sol escaldante do deserto e Sasuke era persistente em assegurar que ela sempre estivesse usando o protetor solar. Sakura se sentia segura com ele, cuidada, apreciada, reconheceu.
— Eu deveria ter lhe contado antes sobre a minha mãe. — Sasuke comentou durante o café damanhã — É mais fácil você ouvir essa história de mim do que embaraçar alguém com perguntas.
— Porém, não é uma história extraordinária. — Sakura declarou gentilmente.
— Aconteceu em Quaram. — os traços do rosto másculo estavam tensos — Meu pai era um viúvo e estava com seus cinquenta anos quando a conheceu. Ela era a filha de um médico suíço e Mikoto Miko
tinha metade da idade do meu pai. Ele se apaixonou por ela e os dois se casaram rapidamente. Eu nasci dois anos depois, e o relacionamento já estava sob pressão porque ela não gostava da vida limitada que levava em Quaram.
— E então ?
— Minha mãe conheceu outro homem quando estava visitando a família. Eles tiveram um caso e quando o meu pai descobriu ela fugiu e também me deixou para trás. Ela se casou com o amante. Eu nunca tive qualquer contato com a minha mãe.
Sakura franziu as sobrancelhas.
— Você nunca tentou contatá-la ?
— Não, e ela também nunca tentou me contatar. Minha mãe se casou diversas vezes, não teve mais filhos e faleceu a alguns anos atrás. Eu não acho que ela possuía o dom maternal. Não tenho nada a agradecer a minha mãe, a não ser o presente da vida. — Sasuke confessou — Meu pai não suportava olhar para mim... o filho de uma mulher que o havia humilhado aos olhos da nossa província inteira. Ele me mandou para uma academia militar no exterior o mais rápido que pôde.
— Isso foi cruel!
— Uma vez ele me disse que estava preocupado que eu pudesse ter herdado a fraqueza moral da minha mãe. Alguns anos depois, eu aprendi a verdadeira razão de o meu pai ter me rejeitado. Ele temia que eu pudesse não ser filho dele e pediu que um teste de DNA fosse realizado sem o meu conhecimento.
Sakura meneou a cabeça, angustiada pelo que estava descobrindo sobre a infância perturbada einfeliz de Sasuke.
— Como o seu pai pode ser tão cego ? Você se parece tanto com ele.
— Uma semelhança física não era suficiente para satisfazer um homem torturado por suas suspeitas.
— Ele lhe puniu pelo abandono de sua mãe! — Sakura exclamou furiosamente.
Sasuke encolheu um dos ombros num gesto de indiferença.
— Se é isso o que ele fez, não foi deliberadamente, porque ele não é um homem vingativo. Eu fui a vítima infeliz de um casamento rompido. Ninguém tem o poder de refazer o passado.
Mas, naquela tarde, quando o rei Fugaku apareceu para a sua terceira visita, Sakura ficou convencida de que o pai de Sasuke estava finalmente tentando superar aquele passado difícil e melhorar o relacionamento com o seu único filho vivo.
No calor da tarde, Sakura normalmente costumava cochilar. Ela estava se despindo quando Sasuke entrou no quarto. Conforme ele parou próximo à porta, o brilho dourado de seus olhos se dirigiu para as curvas de seu corpo. Sakura vestia apenas sutiã e uma calcinha de seda e imediatamente enrubesceu.
— Eu ia convidá-la para um mergulho na piscina. — Sasuke falou com a voz baixa, ao mesmo tempo em que se aproximava dela — Mas você poderia se queimar sob o sol forte e eu prefiro queimá-la no fogo do meu desejo.
Ele livrou-a do sutiã e provocou os mamilos rosados e enrijecidos entre os dedos. Ao sentir a sua essência implorar por ele, Sakura arfou. Repousando as mãos sobre os ombros dela, Sasuke gentilmente virou-a de costas para ele. Afastando os cabelos sedosos dela para um lado, ele beijou sua nuca. Em seguida, Sasuke moveu uma das mãos para a parte mais íntima do corpo dela e Sakura estremeceu, enquanto ele a acariciava sobre o tecido fino da calcinha. O toque dos dedos masculinos era incrivelmente prazeroso e, com um suspiro de impaciência, ele arrancou a calcinha e manteve-a ao lado da cama, para, em seguida, afastar-lhe as pernas.
Tremendo de excitação, ela ouviu enquanto ele abria o zíper da calça jeans e esperou. Em seguida, Sasuke penetrou-a com uma única e poderosa investida, ao mesmo tempo em que soltava um gemido de satisfação.
— Você é perfeita para mim, aziz. — ele declarou faminto, enquanto movia as mãos e acariciava-lhe os seios, atormentando-lhe os mamilos intumescidos. Ele aumentou o ritmo, levando-a mais e mais ao paraíso. Ao atingir um clímax violento, fortes ondas de prazer a invadiram e ela gemeu alto, enquanto o seu corpo estremecia impetuosamente. Quando ele atingiu o mesmo êxtase, ela sentiu o corpo másculo e poderoso dar solavancos e estremecer.
Em seguida, ele a arrastou para a cama com ele e a abraçou, pressionando gentilmente os lábios contra os dela.
— Aquilo foi incrível. — ela comentou, ainda ofegante. Sasuke exibiu um sorriso preguiçoso para ela.
— Sempre é incrível com você.
Libertando-a do abraço, apanhou uma pequena caixa de dentro de um dos bolsos da calça jeans e entregou a ela.
Apoiando-se sobre um dos cotovelos, ela abriu a caixinha e se maravilhou ao ver o belíssimo anel de esmeralda.
— Meu Deus... É perfeito.
— Essa pedra preciosa me lembra dos seus olhos, aziz. — Sasuke declarou com um sorriso amável — Devemos aproveitar ao máximo a nossa última semana aqui. Estarei muito ocupado quando voltar.
No último dia da lua de mel, Sasuke, que havia despendido várias horas vasculhando os papéis do seu falecido irmão, encheu uma caixa com documentos e alguns livros raros que pertenciam à livraria do palácio.
Dois helicópteros aguardavam para o retomo ao palácio. Um dos pilotos estava doente e de cama, mas isso não era problema, porque Sasuke sabia pilotar; ele havia treinado diversos anos com a força aérea do seu país.
— Estarei com você em algumas horas depois de aterrissarmos. — Sasuke prometeu a Sakura e, notando a preocupação em seu rosto, ele declarou: — Pare de se preocupar. Sou qualificado para pilotar caças.
Sakura assentiu com um gesto de cabeça e embarcou no outro helicóptero. Sorrindo para Daisuke, acomodado com segurança no assento traseiro da aeronave, ela afivelou o cinto de segurança. Assim que o helicóptero começou a levantar vôo, Saskura baixou os olhos e viu um dos criados derrubar uma caixa que carregava.
Antes de embarcar na outra aeronave, Sasuke notou a fotografia que havia caído de um dos livros que estava no interior da caixa e inclinou-se para apanhá-la. Era uma antiga fotografia de Itachi na época da juventude ao lado de uma mulher, trajando um vestido de gala. Ela era loira e miúda, e exibia um largo sorriso que lhe pareceu muito familiar. Apanhando o livro, ele retirou uma folha de papel dobrada em meio às páginas. Era uma carta. Com os raios de sol do meio-dia iluminando o manuscrito em inglês, ele começou a ler e não demorou muito para que fosse golpeado por uma forte sensação de culpa.