Eu tinha que estar sonhando. Há poucos segundos Yukimura- esse nome não parecia ser adequado para ela - estava sendo esganada por uma... Harpia? Acho que era o nome daquela coisa. E agora aparecera um menino que... Bem ele era lindo. Ele tinha cabelos ruivos e brilhantes (bela cor essa.) olhos verdes e parecia ter entre 12 e 11 anos. Nas costas dele estava Yukimura, desacordada. Pra falar a verdade eu nem cheguei a distinguir a cena que ele a salvou, e o jeito que ela sorriu pra ele antes de ficar desacordada... Foi quase como se fossem antigos amigos.
- É um helicóptero! Meu deus!- gritou um menino.
Eu não estava entendendo. Estava mais do que claro pra mim que aquilo era uma Harpia, e eles estavam chamando-a de Helicóptero? Eles eram cegos ou o que?
- Você parece vê-la.
Virei-me atenta e percebi outro garoto; ele tinha cabelos loiros e uma pele clara; sua camisa azul era da cor dos olhos; usava também um short simples e uma havaiana. Parecia um surfista, mas, tinha alguma coisa diferente nele.
- É claro que consigo ver a Harpia. - tentei soar firme, mas, ele me deixava nervosa. Tinha algo de estranho nele.
- Talvez seja... Preciso fazer um teste! Venha! ? Dito isso ele me puxou pelo braço e correu em direção a Harpia.
Senti como se a minha vida estivesse passando diante dos meus olhos. O animal parou de olhar pra o garoto com Yukimura e olhou pra mim (não pude fazer nada porque o menino ficou segurando meus dois braços e não deu pra correr.), O animal já estava vindo na minha direção, pude sentir seu hálito e em breve sentiria as garras. ?Que ótimo? ? pensei- enquanto Yukimura fica com o garoto que salva ela, eu fico com o que tenta me matar!
O monstro veio até mim a toda velocidade, e quando estava a menos de dois metros... O garoto me carregou e puxou-me para o lado. Assim sem almoço a Harpia foi novamente atrás de Yukimura.
-Desculpe... - murmurou ele, me colocando mais perto. - Precisava saber se ela iria atacar você.
Não consegui dizer nada. Estava em choque, então só balancei a cabeça em afirmativo.
-Agora, é importante que você me responda uma coisa, ok?- ele disse recostando minha cabeça sobre seu peito. ? Você só conheceu um de seus pais, certo?
Assenti com a cabeça. Como ele sabia disso? Não estava conseguindo me acalmar, e consegui ver com o canto do lho a Harpia mordendo uma perna de Yukimura, o que me agitou mais ainda.
-Ela vai ficar bem. Aquele idiota do Usui não vai deixar que morra. Já se sentiu diferente?
Assenti. Algumas vezes, haviam acontecido coisas, mas, nada que eu julgasse ser importante naquele momento.
-Ótimo você vem junto. - ele disse, e me carregou sem que eu pudesse fazer nenhuma objeção. - Usui! Acaba logo com isso e vamos!
De alguma forma, de repente eu me sentia fraca, quente, e principalmente cansada. Devia estar com uma cara engraçada porque ele riu e disse:
-Quando chegarmos vai melhorar.
Não estava entendendo nada. Um pouco atrás vi o tal de Usui com Yukimura que parecia febril. Por alguma razão senti que deveria me apresentar e murmurei:
-Sayaka... Meu nome é Sayaka.
Ele sorriu e disse.
-É bom que consiga falar, a propósito, meu nome é Hayashi Li.
Sorri, ainda me sentia fraca, mas, consegui sorrir. Eu não sabia onde estávamos, nem pra onde estávamos indo, os dois conversavam alegremente, e eu fitava Usui.
Liguei os fatos. ?Antigos amigos??, ?desculpe a demora??, ?logo virei buscá-la??... Agora tudo fazia sentido.
-Você... É o tal, amigo desaparecido dela... Não é? - eu disse baixinho.
Ele parou de falar imediatamente, e começou a me encarar. Havia surpresa e culpa nos seus olhos, e percebi que segurava Yukimura mais forte agora, como se tivesse medo de que sumisse.
-Como... Como sabe disso? - ele perguntou ainda me fitando.
-Eu chutei.
Li riu, mas, não soube se era porque eu tinha chutado, ou se era a cara de perdedor que Usui fazia, ri também, e percebi que mesmo adormecida, Yukimura tinha uma expressão de medo, talvez de que ele sumisse de novo. Pensei em como ela devia ter chorado quando ele sumiu, e no sorriso que ela daria quando acordasse e pudesse abraçá-lo. Então por um breve momento... Ocorreu-me que ela pudesse gostar dele.