Essa creepypasta foi escrita e postada em 2012 no site reddit, algumas datas podem ser confusas para o leitor. As vezes o autor fala em tempo presente, mas note que o tempo em questão é em meados de 2012.
Então gente, sei que estou um pouco atrasado com a atualização e versão da história da minha namorada, mas fiquei um tanto envolvido com o acontecimento no nosso quarto ontem. Nada aconteceu desde então. Inclusive, hoje de manhã a polícia ligou para nós; ainda não fazem ideia do que está acontecendo.
Sobre a história dela.... Bem, deixe-me começar contando um pouco sobre nós. Como já disse antes, nasci na Bósnia e me mudei para um país vizinho chamado Balcãs, onde cresci. Vim para os Estados Unidos há seis anos atrás. Minha namorada nasceu na índia, cresceu no Quênia até seus três anos e então se mudou para o Canadá. Eu a conheci há pouco mais de um ano, e estamos juntos desde então.
Então, minha namorada, vamos chamá-la de Lila, teve alguns encontros com Rose. A primeira vez que se lembra foi durante um voo. Ela trabalhava como comissária de bordo para a Air Canada (uma empresa de linhas aéreas canadenses) a vários anos atrás. Uma vez, por volta de seis anos atrás, estava em um de seus voos habituais, mas não consegue lembrar qual era o destino. Uma viagem de duas horas mais ou menos. Quando já estavam no ar e os cintos de segurança eram dispensáveis, se levantou e começou a servir as bebidas. Depois de já ter servido metade dos passageiros, ela conheceu Rose. Ela não sabia disso na época, claro. Ela fala que tinha algo de muito errado com aquela mulher; o sorriso aterrorizante em seu rosto, uma palidez absurda e não parava de encará-la. Quando Lila ofereceu bebidas e lanches a ela, não obteve resposta, apenas um sorriso aberto e demoníaco. Então Rose falou.
?Tenho algo para você. ? Falou de um jeito que certamente não era natural para uma mulher daquela idade. Parecia mais uma voz de adolescente do que de uma mulher adulta. Tinha um ar brincalhão porem terrível em seu tom de voz.
Bem, Lila já presenciou várias coisas esquisitas durante seus voos, então não se abalou muito com essa interação.
?Ah, sério? O que seria, madame? ?
?Não me despreze, sua vadia. ? Falou rapidamente. Tipo muito, muito rápido mesmo. Sua mandíbula permanecia fechada enquanto falava. Então começou a ranger os dentes, sem parar de sorrir em nenhum momento. Isso deixou Lila em alerta. Quando passageiros são agressivos, comissários tendem a se afastar, a não ser que haja contato físico.
?Tudo bem então, tenha um ótimo voo senhora. ?
?Tenho isso aqui para você. ? Ela sussurrou, tirando uma laranja que antes estava escondida atrás de suas costas. Sem mover nenhum músculo da face. Ainda com a voz de adolescente. Uma voz parecida de quando meninas de 12 anos começar a atingir a puberdade.
?Não, obrigada. ? Lila decide não interagir mais com essa louca e se distancia.
?Ah, mas você devia. Ou um dia, você sabe, um dia.?
E foi isso. Lila deu um olhar de ?vá se foder? para ela e saiu dali. A mulher não a incomodou mais durante o voo. Durante aquele voo.
Lila foi para casa alguns dias depois e não pensou muito no acontecido. Quando sua mãe perguntou como havia sido a viagem, Lila sorriu e disse ?Foi bom a não ser por uma mulher muito louca?. Ela queria saber mais, então Lila contou o que aconteceu. Quando falou a palavra ?laranja?, sua mãe começou a chorar. Lila ficou em choque. Era para ser só mais uma história. Bem, aparentemente quando minha namorada era um bebê vivendo no Quênia, ela acordava seus pais diversas vezes chorando muito. Quando entravam em seu quarto, sempre havia uma laranja perto dela no berço. Mesmo que todas as janelas e portas estivessem bem trancadas. Chegou ao ponto de seus pais mudarem o berço para o lado da cama deles e também instalarem câmeras de segurança. Bem, no aniversário de três anos de Lila, quando acordaram, viram uma laranja posta em cima de seu peito. Eles ficaram completamente apavorados. Chamaram a polícia; polícia chegou e olhou as filmagens de segurança. As filmagens mostravam claramente uma mulher abrindo a porta da frente (que estava trancada), entrando no quarto, colocou a laranja sobre o peito de Lila e só ficou parada lá. Por tipo uma hora. Apenas parada, com a cabeça virada para a esquerda, olhando para ela. Não preciso nem dizer que Lila ficou totalmente apavorada ao saber disso. Sua mãe também não estava bem. Bom, continuando, os pais dela não sabiam o que fazer. A polícia não conseguiu encontrar a mulher misteriosa, e nenhuma medida de segurança (a não ser guarda-costas 24hrs por dia que não podiam pagar) era suficiente. Alguns familiares deles já moravam no Canadá e estavam botando pressão para que se mudassem, e esse incidente foi o empurrão final. Eles se mudaram e deixaram a criatura da laranja para trás. Até aquele dia, naquele voo.
Lilá ficou sem forças para fazer nada por vários dias depois daquela conversa. Não comia quase nada, não se comunicava com ninguém. Depois de um tempo ela melhorou. Nada mais tenso aconteceu em muito tempo, então acreditou ser apenas uma infeliz coincidência. E seguiu com sua vida. Ela não viu Rose em muitos anos depois disso. A última vez que a encontrou foi um mês antes dela (Lila) me conhecer.
Lila fez muitos voos transatlânticos. Ela amava. Viagens longas, salário decente, conhecer o mundo. Tinha tudo o que queria. Um mês antes de nos conhecer, estava voltando de uma viagem de Hong Kong. Acho que ela viajou para Toronto (Lila está dormindo no momento, não me lembro exatamente, mas creio ser Toronto). A tripulação estava hospedada em um bom hotel, cada um com seu quarto. Lila ficou no terceiro andar. Ela amava beber nesta época e ficou bastante bêbada naquela noite. Apagou por volta da uma da manhã e por volta das quatro horas ela ouviu alguém bater na porta. E depois bateram de novo, de novo e de novo. Mas não eram batidas fortes nem rápidas. Não, eram baixas e vagarosas, porém altas o suficiente para acordá-la mesmo bêbada. Rolou para fora da cama achando que era outro membro da equipe igualmente bêbado. Sem pensar, abriu a porta e lá estava ela. Lila disse que as luzes do quarto não estavam acesas, porém a TV estava ligada. As luzes da tela brilhavam no rosto de Rose. Brilhavam em seu sorriso. Brilhavam nos dentes brancos perolados, no batom vermelho e em seu rosto pálido com a cabeça inclinada para a esquerda. Sabe quando você está absurdamente bêbado e algo que mete medo acontece (acidente, policiais, etc.) e você fica sóbrio num piscar de olhos? É. Lila só conseguiu dar um gritinho de horror. As duas ficaram ali paradas. Rose começou a se balançar para frente e para trás. Toda vez que ia para trás, revelava seus sapatos vermelhos antes escondidos pelo vestido branco longo. Seus dentes rangiam. Então ela pegou a laranja.
?O que? O que você quer de mim? ? Lila perguntou, quase implorando.
Rose continuava se balançar, sorrindo.
?Por favor, me deixa em paz! Eu não tenho nada. ?
?Pegue. Pegue agora. Ele também pegará. ? Falou com a mesma voz infantil, mas dessa vez com um tom mais brincalhão. Como se fosse uma criança animada.
Não sei se foi algum mecanismo de defesa que despertou em Lila, mas ela pegou a laranja e jogou por cima da cabeça de Rose enquanto gritava ?Vaza daqui e leve essa bosta com você, sua maníaca! ?
Essa foi a primeira vez que um de nós vimos Rose parar de sorrir. Os dentes brancos sumiram por de baixo dos lábios grossos pintados de vermelho. Gentilmente, sua cabeça voltou a posição normal.
?Verei ambos em breve. ? Falou com voz de adulta. E essa voz era bem mais assustadora do que a de adolescente. Lila diz que é porque soava real. Como uma pessoa normal e consciente fazendo uma ameaça. Claro, nessa época Lila nem me conhecia e não fazia ideia que eu pertencia a esse ?ambos?. Achou que a outra pessoa podia ser sua mãe.
Isso nos traz de volta a hoje. Sim. Se você ler a atualização da minha postagem anterior, verá que nosso quarto foi invadido por Rose (suposição lógica). Tirei algumas fotos antes da polícia chegar. Postarei as fotos na próxima atualização. Algumas coisas no nosso quarto foram mudadas de lugar. Ficamos bastante assustados, sem entender o que aconteceu. Conversarei sobre isso com minha mãe via Skype, ver se ela tem algumas respostas para mim. Lila conversará com sua mãe também.
Pessoalmente, estou chocado com esses acontecimentos. Nunca achei que algo desse tipo poderia acontecer na vida real. Honestamente, se algum de vocês escrevesse essa história e eu lesse por aí, juraria que era mentira. E se vocês têm alguma ideia do que pode ser, sou todo ouvidos. Pra mim é algum tipo de culto, mas o que mais me deixa fodido da cabeça é que Rose conhecia minha namorada antes mesmo de eu conhece-la. Antes disso eu até poderia acreditar que existia uma lógica, mas depois de saber disso vejo tudo pelo lado sobrenatural. Eles fizeram algum esforço para que nós nos encontrássemos? Como fizeram isso acontecer? E o mais importante, qual o motivo? Qual o benefício disso para eles? Que loucura...