Creepy Pastas

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    16
    Capítulos:

    Capítulo 1

    A História Sobre Ela Segurando Uma Laranja

    Álcool, Drogas, Linguagem Imprópria, Mutilação, Suicídio, Violência

    Quero que saiba que o que lerá a seguir são situações gravadas na minha memória. Gosto de pensar que sou uma pessoa bastante racional e que não tive como explicar o que ocorreu de um jeito ?natural?.

    Okay gente, antes de começar, preciso dar um aviso. Essa história é totalmente real. Também é bem longa. Começa na minha infância, mas só recentemente começou a ficar assustadora. Agora estou totalmente consternado. Sou um homem adulto, com pensamentos lógicos e inteligentes (pelo menos era o que eu achava), sentando na minha casa, cagado de medo, arrepios correndo pelo meu corpo e lágrimas de horror em meus olhos.  Peço ajuda de vocês para explicar essa coisa medonha. Cuidado: Eu xingo pra caralho.

    Desde que minha mãe começou em seu novo trabalho, começou a fazer novos amigos. É comum em nosso país que amigos venham até sua casa para tomar uma xícara de café, comer bolo, conversar e fofocar. Depois de algumas semanas no novo trabalho, minha mãe ficou amiga de uma mulher, Rose. Ela vinha tipo duas vezes por semana, e ficavam sentadas na mesinha de café batendo papo.  Um dia, quando eu tinha 17 anos, estava na mesinha com elas. Não me lembro muito bem o motivo, mas me conhecendo, provavelmente estava sem horas de internet (naquela época no país, a gente pagava mensalmente uma quantia de dinheiro em troca de X horas para navegar na internet) e devia estar entediado pra caramba.

    Então, estávamos lá sentados, conversando sabe-se lá do que, e minha mãe se levantou para pegar um pedaço de bolo que tinha feito mais cedo naquele dia. Fiquei com Rose na mesinha. Foi aí que minha vida mudou para sempre.  Rose era uma mulher bonita. Tinha aproximadamente 1,70m de altura, magra, cabelos negros e longos, dentes brancos perolados. No geral, uma mulher atraente. De qualquer maneira, estou lá sentado e ela se vira para mim. Está com esse sorriso macabro gravado em seu rosto; seu batom vermelho contrastando com os dentes incrivelmente brancos só fazem ficar mais assustador. Sua cabeça se move lentamente, como se ela tivesse se transformado em um fantoche. Fala algo no tom mais baixo possível, tanto que nem consigo entender. “Como é? ” Pergunto. Não fiquei assustado, só achando estranho pra caralho.

    “Você está pronto para ir agora? ” Falou com voz de criança, sem brincadeira. Como se fosse uma menina de 8 anos de idade.

    O sorriso ainda esta lá. Ela falou aquelas palavras sem nem abrir a boca.

    “Que?” Perguntei, começando a ficar assustado.

    “Você está pronto? ” A mesma coisa. Mas desta vez ela tirou uma laranja da bolsa. Isso mesmo, ela pegou uma laranja, e ficou segurando. Não ofereceu, não comeu, só ficou segurando.

    Nesse ponto estava totalmente apavorado. Graças a Deus, minha mãe voltou com o bolo. Rose, como se alguém tivesse apertado um botão em um controle remoto, voltou ao normal, colocando a laranja de volta na bolsa sem que minha mãe notasse. Sai da mesinha com medo, mas eu tinha 17 anos e logo esqueci.

    Naquela noite tive problemas para dormir. Meu quarto fica no térreo e a janela tem mais ou menos 1,50m de altura, então ficava olhando para lá o tempo todo, rezando que não aparecesse nenhum monstro. Eu me virava na cama a cada 5 minutos, olhando para a janela. Estava ficando tarde e estava quase pegando no sono quando decidi dar uma última espiada. E lá ela estava. Parada na porra da janela. Rose. Apenas parada, olhando diretamente para mim (a luz da lua estava brilhante o suficiente para eu ver), com o mesmo sorriso em seu rosto.  O batom estava vermelho como nunca, os dentes mais brancos possíveis. Fiquei paralisado de medo. Sempre me imaginei nesse tipo de situação e como sairia delas, mas agora, com a amiga da minha mãe me encarando pela janela do meu quarto, as quatro da manhã, fiquei sem reação. Minha boca ficou seca, tive arrepios (sinto os mesmos enquanto digito isso), e juro por tudo que é mais sagrado, meu quarto ficou muito gelado, provavelmente foi só uma reação do meu corpo do choque que levei.

    Finalmente reuni forças para levantar. Comecei a andar em direção a porta. A cabeça dela se virava enquanto eu me movia. Lentamente. Com o sorriso colado no rosto como se fosse um adesivo maldito. De novo, parecia um fantoche. Queria gritar por meus pais, mas conhecendo-os, sabia que ia causar uma moção muito grande, e eu não queria gerar pânico desnecessário. Tinha que ter uma explicação racional, não é? Sabe-se lá o porquê, decidi andar até a janela e perguntas quando era a porra do problema dela. Dei dois passos em direção a ele e congelei. Congelei porque ela se mexeu. Sabe qual foi o movimento? Tirou a laranja da bolsa.

    Depois de ficar apavorado por um minuto, decidi continuar. Sou um cara grande e achei que poderia ganhar uma luta corporal com ela caso precisasse. Minha janela é daquelas que tem que empurrar para cima para abrir. Levantei-a uns vinte centímetros e parei. Ela não se mexia, só segurava a laranja com o pior sorriso que existe. Fiquei parado. Ela também. Então começou a se curvar. Mas todos movimentos que fazia eram tão lentos, tão mecânicos. Ela se curva até conseguir enfiar a cabeça entra a parte aberta da janela (o suficiente para ficar com o rosto mais perto de mim).

    “Você vai ir comigo agora? ” Enquanto dizia isso, com sua voz infantil, enfiou a mão pelo espaço da janela, segurando a laranja. O que eu fiz? Exatamente o que você faria. Corri pra caralho. Corri para for a do meu quarto, gritando por meu pai. Meu pai, que tem sono leve, pulou da cama e já perguntou gritando que porra estava acontecendo. Tudo que eu consegui dizer foi “Rose...janela”. Enquanto meu pai colocava suas calças, corri de volta para o quarto, esperando que Rose continuasse lá para que não me passasse por louco. Sabe quando nos filmes de terror a pessoa que você viu já sumiu no momento em que a testemunha chega? Bem, algo parecido aconteceu, exceto que consegui ver Rose partindo. Há uma casa do outro lado da rua com refletores que se acendem usando detectores de presença. Vi a luz se ligar e um vislumbre de Rose desaparecendo por trás da casa. Quando meu pai chegou no quarto, ela já havia desaparecido. Depois de muita conversa, decidiu que eu tinha tido apenas um pesadelo e me pediu que só o chamasse se houvesse alguém de verdade dentro do meu quarto. “Você e a porra dessa mente criativa...” disse enquanto voltava para seu quarto. Não preciso nem dizer que tive um total de zero horas dormidas naquela noite.

    Nada aconteceu nos meses seguintes. Rose ainda vinha visitar minha mãe, mas eu sempre dava um jeito de não estar lá. Foda-se. Como na vida de qualquer adolescente, muitas coisas estavam acontecendo e acabei esquecendo o incidente com a Rose. Então um dia, estava passando o dia mexendo na internet (muitos anos antes de existir o Reddit, infelizmente) e comecei a ficar com bastante fome. Assim como qualquer criança mimada, gritei do meu quarto para ver se minha mãe vinha me servir. Não veio. Bem, era isso, tive que me levantar e ir fazer um sanduíche para matar a fome. Nossa cozinha e sala são conectadas, mas você não consegue ver a sala até que esteja na metade da cozinha. Então abri a porta e entrei. Congelei. Lá estava, bem em cima da mesa de jantar. Uma laranja. Imediatamente me lembrei daquela noite aterrorizante. Rose deve estar aqui. Fiquei travado no mesmo lugar. Depois de alguns segundos me senti estúpido por relacionar uma fruta como com uma perseguidora na janela.

    Então andei até a mesa, querendo pegar a laranja e colocar de volta na fruteira. Peguei-a e ouvi uma voz atrás de mim: “Você vai ter que vir comigo cedo ou tarde, sabe? ” Uma voz infantil. Era Rose. Fiz um som que parecia um porco apavorado indo para o abate. Na velocidade da luz, me virei e lá estava ela, de pé no meio da sala. Apenas parada lá, o mesmo sorriso em seu rosto, o mesmo batom, dentes brancos como nunca. Ela começou a virar sua cabeça para a esquerda, em slow motion. Me lembro como se tivesse acontecido ontem: os longos cabeços negros caindo por cima do ombro, vestido branco leve de verão, sapatos vermelhos sangue para combinar com o batom. Esqueci de mencionar que sua pele era bastante pálida.  Mesmo no verão, ela parecia não ser muito fã do sol.  Isso fazia ser mais creepy ainda. Lá estava a mulher que já tinha me assustado para caralho uma vez, parada no meio da minha sala, sozinha, pálida como um fantasma, sapatos e batom vermelho sangue, virando sua cabeça para o lado, falando com voz de criança. E daí, e daí que essa desgraçada tira uma laranja da bolsa. Tira de lá lentamente, olhando para mim, como se quisesse que eu pegasse. Quando meus instintos de defensa está prestes a bater em mim, seja para correr ou dar uma porrada nela, minha mãe chega. Foi como se uma luz tivesse se acendido no aposento. Dei um suspiro de alívio. Rose, é claro, voltou ao seu estado “normal”. Elas iam dar uma caminhada e minha mãe estava no quarto se arrumando enquanto aquela louca me assustava.

    Meus pais não acreditavam em nada que eu contasse sobre ela, então eu sabia o que fazer: Nada. Com aquela idade, não podai fazer nada a respeito. Mas jurei para mim mesmo que daria um soco naquela mulher se ela chegasse perto de mim novamente.

    Um ano tinha passado desde aquele incidente e estava me preparando para ir para o Estados Unidos fazer intercâmbio. Como ia jogar basquete lá, tinha que me preparar. Passei o verão todo longe de casa, em um acampamento que ficava aproximadamente a uns 60km de distância da minha cidade. Durante o último dia no acampamento, o último incidente aconteceu. Meu colega tinha ido embora no dia anterior e fiquei com o quarto todo só para mim. Estava animado que finalmente iria para a America dentro de alguns dias e não conseguia dormir. Meu quarto tinha uma linda sacada (estava hospedado no terceiro andar do hotel), e já que estava um clima quente, decidi me sentar em uma cadeira na varanda um pouco. Fui, me sentei, e imediatamente me arrependi.

    “Agora realmente é a hora de você vir”.

    Quase me caguei nas calças. Fazia Tempo que não ouvia aquela voz, mas algo como aquilo fica grudado na sua mente para sempre. Virei minha cabeça para a direita, e Rose estava de pé na grade da sacada do quarto que ficava ao lado. Entenda, não de pé na sacada, ou sentada na cadeira, mas de pé na grade. Como ela se equilibrava não sei. A sacada ficava a uns 15 metros do chão. E segurava uma laranja. Maldita laranja. Só que desta vez a fruta parecia estar passada, não tão brilhante e bonita como das outras vezes. Tive medo que ela tentasse pular para a minha sacada, pois estavam a menos de dois metros uma da outra. Também tive medo que tentasse e não conseguisse e de alguma forma a culpa caísse sobre mim. Não fazia ideia do que estava acontecendo.

    “Sabe, já é a hora. ” Ela falou com sua voz de menina, sem abrir a mandíbula, com os dentes grudados uns nos outros, lábios pintados de vermelho-sangue. Parecia ainda mais pálida dessa vez e sua cabeça pendia ainda mais para a esquerda. Usava sapatos vermelhos.

    “O que você quer de mim, porra?!” Gritei em desespero, irritado pelo estresse que essa mulher estava me causando, mas também na esperança que alguém ouviria e fosse testemunha dos assédios dessa vadia louca.

    “Só quero que você vá para aonde deve ir. ” Disse, novamente sem desgrudar os dentes. Esticou seu braço em minha direção, me oferecendo a laranja meio apodrecida.

    “Vá se foder, sua louca! ” Abri a porta do quarto e enquanto entrava ouvi ela dizer “Você virá”.

    Bati a porta, decidido que essa mulher era esquizofrênica. Eu talvez teria ficado mais pirado, mas estava deixando o pais em poucos dias, o que me deixava mais seguro. Errado.

    Sei que esse parágrafo é enorme, mas é o jeito mais resumido que consegui fazer desses eventos tensos. Vim para os Estados Unidos e estou aqui fazem sete anos agora. Esqueci sobre os acontecidos e continuei com a minha vida. A única vez que me lembrei dela foi quando estava falando com minha mãe pelo telefone e me contou que sua amizade com a louca tinha se desfeito depois de minha partida. Fiquei aliviado. Os últimos sete anos foram os melhores da minha vida. Me graduei e fiz pós-graduação, tinha a melhor namorada do mundo, e sabe, a vida era boa. Mas então, porra, sempre tem um então.... Sou um nerd por tecnologias em geral, um amante da Apple (não me julguem, por favor). Então, no dia 21 de setembro de 2012 foi lançado o novo iPhone 5. Estava na frente da loja com mais umas 50 pessoas. Era mais ou menos o décimo quinto da fila. Chovia. Estava frio. Estava na fila faziam um quarto horas. Finalmente as portas se abrem. A fila começa a se mover lentamente. Olho para o outro lado da rua e paro instantaneamente. Pessoas deram encontrão nas minhas costas e pude ouvi-las reclamando. Mas tudo passou batido. Do outro lado da rua, vejo uma mulher de vestido branco, cabeça virada, segurando algo laranja na mão. Os lábios pintados de vermelho, tanto que consigo ver do outro lado da rua. Não consigo me mover. Alguém no final da fila dá um empurrão, e eu caio. Enquanto me ajeito, vejo a mulher desaparecendo por uma esquina. Continuo sentado no chão. Era Rose. Era ela, juro. Fico sentado lá por alguns minutos, tentando me recuperar, e entro na loja. Nenhum iPhone sobrou. Decido ir até o outro lado da rua. E lá estava. No lugar em que eu tinha a visto, havia uma laranja esmagada e muito podre. Sim. Apenas uma laranja apodrecida. Comecei a chorar. Todas as memórias voltando. Será que minha vida seria resumida em ser perseguido por uma maníaca?  E como ela me encontrou? Nas horas seguintes fiquei em um café, tomando um chá quente e tentando achar uma lógica nisso. Todos meus amigos e familiares sabiam onde eu morava. Será que ela tinha me stalkeado no Facebook? No facebook dos meus amigos? Viajou até aqui para me fazer algum mal? Qual era a porra do problema dela? Sem conseguir responder nenhuma dessas perguntas, fui para casa, decidindo não contar para ninguém. Minha namorada até notou que tinha algo de errado comigo nos dias seguintes, mas não me forçou falar. Supus que tinha sido algo do acaso, uma peça que minha mente pregou em mim, pois tinha ficado a noite anterior acordado. E estava chovendo. Como eu poderia ter visto tão bem? E a laranja? Bem, podia ser só uma coincidência. Me convenci que era coisa da minha cabeça.

    Então hoje chegou uma carta. Recebo bastante correspondência, então não era algo fora do comum. Mas era um envelope sem remetente. Abri e fiquei em choque imediato. Tinha em minhas mãos uma foto Polaroid. E na foto era eu, na fila da loja da Apple. Só que a foto tinha sido tirada por uma pessoa que estava atrás de mim. No momento em que eu estava olhando para o outro lado da rua. Sei disso porque conseguia ver o horror no meu rosto. Atrás da Polaroid haviam algumas palavras escritas:

    “Você vem comigo, AGORA”

    Soltei a foto e comecei a chorar como um bebê. Chorava muito. Minha namorada me encontrou em nosso quarto, ainda chorando em posição fetal, na cama. Até achou que alguém conhecido tinha morrido, pois nunca tinha me visto naquele estado. Tinha que contar para ela. Comecei a contar toda história, deixando maioria dos detalhes de fora, para chegar mais rápido ao ponto. Enquanto eu falava, ela ficava mais e mais pálida. Não falou uma palavra. Terminei minha história e ela estava pálida como um fantasma, sem se mexer. Então fez uma pergunta. Uma pergunta que quase me causou um desmaio. Me olhou e disse “Essa mulher, por um acaso, ela... segurava uma laranja? ” Congelei, ela começando a chorar de um jeito que nunca tinha visto na minha vida.

    Tivemos uma longa conversa, e se eu fosse contar a história dela levaria mais um parágrafo enorme. Para falar a verdade já estou cansado de digitar tanto e estou convencido que ninguém vai perder tempo lendo isso aqui. Estou perdido. Petrificado. Confuso. Mas se alguém ler de fato, escrevo o resto. Escrevi na esperança que alguém ache uma solução ou talvez uma resposta. No momento nós dois estamos apavorados pra caralho, não sabemos o que fazer. A polícia é uma opção, mas o que falar para eles? Não sei, gente, estou morrendo de medo pelo nosso bem-estar. Me ajudem.


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