O Principado de Órion

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    Capítulos:

    Capítulo 5

    Chaves

    Álcool, Hentai, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    O castelo de Eramar. Flowright. Era a construção mais luxuosa e bélica do principado. Ficava numa montanha ao norte da cidade e para se chegar até lá atravessava-se uma ponte de concreto e pedra acima do rio. Lucy olhava espantada pelas grades da janela da carruagem, para as ameias com fogueiras nos braseiros e os guardas transitando de lá para cá com uma lança nas mãos. A ponte foi abaixada e quando a madeira bateu no concreto, a carruagem balançou fazendo-a olhar para o mago sentado em sua frente.

    Ele a encarava sério. Calado. Ficou assim o caminho todo e Lucy sentia arrepios na pele. Ele estava com raiva, muita raiva. Dava pra sentir nesse espaço minúsculo. A carruagem se moveu de novo, entrando no pátio do castelo e atrás deles a ponte foi levantada. Lucy olhou para os lados constrangida e tentou melhorar o clima tenso.

    - Hum... Como se chama?

    - Pra que quer saber?

    Piscou espantada com o tom seco. A voz dele era tão agradável quando a confundiu com a tal garota, mas agora estava carregada de antipatia.

    - Só quero saber quem me salvou.

    Ele levantou a sobrancelha.

    - Como é?

    Lucy se ajeitou no banco, engolindo o nervoso.

    - Lá no museu. Aqueles caras eram de uma Guilda das Trevas. Eles iam me sequestrar junto com os pedaços do lacrima – parou constrangida e olhou pra baixo – Enfim, você salvou.

    Levantou o olhar. O mago continuou calado com a expressão vazia. Somente seus olhos mostraram algo. Irritação. Estava encostado na parede da carruagem com os pulsos entre as pernas afastadas, algemados. Lucy também estava algemada, com as mãos presas descansando no colo.

    Ele não queria conversar. Deixava claro isso, mas ela não conseguia ficar quieta. Olhando para ele, timidamente, lembrou de quando explodiu o lacrima. As chamas escarlates o cobrindo por inteiro enquanto tentava respirar e seu coração acelerou de novo. Não pode ser coincidência. O cara dos seus sonhos pegava fogo como ele! Tinha que ser ele! Então lembrou de outra coisa. De quando a derrubou no chão e a segurou para que parasse de espernear.

    “Você me esperou, não foi?”

    Lucy arregalou os olhos, ainda o encarando e corou violentamente. Vendo, o mago apertou os olhos debochado.

    - Algum problema, loirinha?

    - Não, porque?

    Virou a cara, constrangida.

    - Seu rosto parece que tá pegando fogo.

    Se entalou e olhou pra ele. A estava encarando irônico. Se irritou com essa atitude.

    - Escuta aqui. Não fale como se fosse por sua causa!

    - Eu não disse nada.

    - Mas insinuou! É muito arrogante, sabia?

    O mago se inclinou para frente, fazendo-a se encostar na parede da carruagem.

    - O que eu sou não é da sua conta – então estreitou os olhos – e ainda não me respondeu.

    A carruagem entrou num túnel, deixando o interior mais escuro. A lamparina pendurada no teto balançava criando sombras no rosto dele. Lucy não soube se sentia medo ou ficava fascinada. Ele era muito bonito.

    - Quem é você?

    Engoliu em seco, encarando as íris ônix. Medo ou fascínio? Como a perturbava desse jeito?

    - J..já disse.

    O mago suspirou, se irritando.

    - Não brinque comigo, loirinha.

    - Mas tou falando sério. – Tentou ficar calma se endireitando – Eu sou Lucy Heart...

    - NÃO É!!!!

    Ele berrou dando uma pisada com força na madeira, sacudindo a carruagem. Pulou de susto e o soldado que guiava, abriu a janelinha olhando para dentro.

    - Quietos aí os dois!

    O homem os observou por um momento até que fechou a janelinha. Lucy tremia, pregada no banco sob o olhar fulminante dele. O mago de cabelos rosados estremecia de raiva, apertando os olhos. Então entendeu. Aquilo não era exatamente raiva. O cara tava revoltado.

    - Você não é ela.

    - Como pode dizer que não sou quem sou?

    Perguntou confusa, então ele se endireitou no banco. A revolta sobrepujada pela frieza com que a encarava. Estranhou. A olhando de cima, não como se fosse superior, mas como fizesse alguém entender, o mago curvou os lábios irônico enquanto apertava os punhos.

    - Lucy Heartfilia foi ferida por um chifre de dragão... E morreu nos meus braços.

    Arregalou os olhos. Chocada. Ele, ele estava falando da sua ancestral!

    /////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////

    Quando a carruagem parou, dois soldados abriram a porta trancada por um feitiço e mandaram que saíssem. Natsu foi andando a contragosto ao lado da garota. Enquanto seguiam num corredor de paredes brancas com luzes em lacrimas nos suportes, a espiou de lado e novamente o assombro o tomou. Como eram iguais! O cabelo loiro, a pele clara e os olhos. Castanhos e expressivos. A única coisa que o convencia do contrário era o cheiro que a garota exalava. Algo como gardênia. Sua amiga recendia violetas, o que na sua opinião não combinava. Lucy era muito atrevida e escandalosa. Como ele.

    Baixou a cabeça e o mal-estar que segurava na carruagem inundou seu estômago. Fechou os olhos com força, mas não adiantou. Um suor frio brotava na sua nuca e rosto. Logo ofegava. Abriu os olhos devagar, vendo o piso vermelho ondular.

    - Hei, tá tudo bem?

    Natsu virou o rosto, segurando a ânsia de vômito.

    - Hei!

    - Me deixe em paz.

    Disse sem fôlego. Andou mais um pouco trôpego e a tontura o engolfou. Jogou o ombro esquerdo na parede, apoiando todo o peso. Agora suava frio por inteiro. Fechou os olhos com força de novo. Droga! Odiava isso.

    - Hei, moleque!

    O sacudiram pelo ombro. Nem se importou. Só queria que o deixassem quieto.

    - Edgar... Acho ele que está passando mal.

    Claro que estava. Teve vontade de gritar. De cabeça baixa ofegando se deixou escorregar pela parede fria até cair sentado no chão. Uma perna estava dobrada sob ele, mas não se importou. Sua cabeça doía agora. Dando voltas igual ao seu estômago.

    - O que vamos fazer?

    - Eu sei lá. Deixe ele aí. De qualquer modo, Lahar não vai prendê-los.

    - Vamos colocar mais guardas no corredor, depois interrogaremos os dois.

    Escutou passos se afastando. Soldados do Rei e Conselho era mesmo um saco. E não fariam nada para ajudar, como já imaginava. Natsu encostou a face na parede. Talvez o frio nela fizesse passar mais rápido. De repente, sentiu cheiro de gardênia. Bem perto dele. Abriu os olhos devagar, tremendo e tonto. A garota estava agachada na sua frente, o encarando preocupada.

    - Você tá pálido.

    Deu um meio sorriso, sarcástico.

    - Mesmo? Nem notei.

    Ela apertou os lábios irritada.

    - Para com isso. O que você tem? Há um minuto tava normal.

    Natsu fechou os olhos de novo. A tontura o embrulhando ainda mais.

    - Odeio isso.

    - O que?

    Respirou fundo.

    - Doença de movimento.

    Silêncio, então a garota se agitou.

    - Claro! Bem que eu tava estranhando na carruagem. O caminho todo você ficou normal

    Abriu os olhos de novo, confuso.

    - O que?

    A garota sorriu e Natsu teve um dejávu. Lucy sorria assim para ele, compreensiva e carinhosa.

    - Todos os Dragon Slayers sofrem disso, não é?

    Ofegou pouco surpreso, dado seu estado deplorável.

    - Como sabe disso?

    Sua voz saía fraca, sem fôlego. Ela se curvou para pegar alguma coisa na bolsa. Mesmo de mãos algemadas, conseguiu abrir uma aba e tirou um tecido quadrado. Um lenço.

    - Eu li em algum lugar. Tava um pouco rasurado, mas deu pra entender. Tem algo haver com seu corpo ter partes de dragão?

    Se voltou pra ele e começou a enxugar o suor no seu rosto. Timidamente, devagar. Natsu estranhou essa atitude dela. Estreitou os olhos e vendo, ela recuou a mão.

    - Por favor, não fica bravo.

    - Não estou bravo.

    A loira sorriu um pouco aliviada.

    - Certo. Já é um avanço, não é?

    Não disse mais nada. Ficou observando a garota limpar com cuidado o suor do seu rosto e ao enxugar seu pescoço, ela hesitou.

    - É... uma queimadura?

    Natsu fechou os olhos de novo.

    - Umhum.

    - É antiga.

    - Ganhei... quando era moleque.

    Surpreendentemente, a conversa estava aliviando seu mal-estar. Já podia falar sem ficar tão tonto.

    - Escuta, você ainda não me disse como se chama.

    Quase riu, ofegante.

    - Isso te importa... tanto assim, loirinha?

    Ela suspirou irritada.

    - Custa um pouco ser mais educado?

    Ofegando abriu os olhos de novo, e a encarou.

    - Só digo... Se você disser... O seu.

    Levantou a sobrancelha, desafiando. Mas a loira ao invés de ficar indignada e insistir que era a Lucy, apertou os lábios e se sentou no chão. As mãos dela apertavam o lenço enquanto o olhava com... Pena?

    - Talvez outra hora. – franziu as sobrancelhas – Você não sabe quanto tempo passou, sabe? De quando ficou no cristal.

    Natsu estranhou a pergunta. E parou para pensar.

    - Anos?

    A garota piscou e olhou para baixo. Quando levantou a cabeça, o espantou. Parecia que fazia esforço pra não chorar.

    - Você não faz ideia de quantos.

    Sentiu uma inquietação. Quanto tempo ficou preso naquela lava?

    ////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////

    A sala era ampla. O piso de lajotas amareladas com o símbolo do principado, um constelação desenhada em prata e vermelho, com halos dourados nos pontos que seriam as estrelas, estavam gravadas em cada quadrado no chão. Nas paredes do fundo e lados também. Depois que o mago se recuperou do enjoo, os dois foram levados pra lá. Lucy estava sentada num canto afastado. A cadeira de almofadas azul real bem confortável visto que estava algemada. Olhou ao redor de novo e não conseguiu ver uma lacrima escondida. As paredes verde-musgo não tinham uma janela sequer. Estreitou os olhos, para o soldado em pé diante do mago de cabelos róseos. Ele estava sentado numa cadeira de madeira. Bem simples. E encarava atravessado o sujeito de cabelo liso escorrido. Esse homem tinha uns trejeitos esquisitos. Na meia hora que estavam naquela sala, dobrou o pulso esquerdo umas 20 vinte vezes e jogou o cabelo pro lado.

    Lucy estranhava demais. Então no próximo trejeito do cara, arregalou os olhos. Apoiando uma mão na mesa de mármore branco, ele se inclinou colocando o dorso da outra mão na cintura, empinando o traseiro. Ai, não! Sério? Quando o soldado torceu os lábios, sacudiu a cabeça e olhou de novo. É verdade mesmo e o mago do lacrima pelo visto estava perdendo a paciência.

    - Vamos, moleque. Como você apareceu no museu draconiano?

    O rapaz suspirou fundo apertando os olhos.

    - Já disse. Eu não sei. Você é surdo, por acaso?

    O soldado tremeu o olho e se inclinou mais. Encarando bem dentro dos olhos do mago.

    - Esse tipo de resposta não me convence. Coopere que será melhor pra você.

    O mago curvou os lábios irônico. Lucy começava a achar que era um gesto comum dele. Ele estava com os pulsos presos nos braços da cadeira e parecia não se incomodar. Se encostando na madeira, o mago inclinou a cabeça, a franja caindo nos seus olhos e Lucy sentiu um calor subir até seu rosto. Com as luzes das chamas brancas no candelabro, engoliu em seco, tendo consciência de como ele estava vestido. Blusa em trapos aberta mostrando o torso musculoso, as mangas arrancadas deixando a vista os braços (também fortes e definidos), junto da calça folgada com rasgos. Sem querer perdeu o fôlego.

    - Escute, gracinha. A única coisa que eu sei é que fiquei preso numa droga de lava cristalizada e sim, quebrei ela inteira pra sair - ele confirmou diante dos olhos arregalados do soldado - Vai me prender só porque fiz isso?

    O soldado suspirou de raiva e deu um soco no mármore. O mago só continuou encarando com ar mais debochado.

    - Me respeite, moleque! Senão vou te denunciar pro mestre da sua guilda - então sorriu maldoso - pela marca do seu ombro a Fairy Tail, não é?

    - Faça isso e Mavis vai dizer a mesma coisa que eu, gracinha.

    O homem já ia gritar quando piscou confuso e Lucy entendeu. O mago estava falando da fundadora, a primeira mestra da guilda. O soldado afeminado começou a rir feito um louco, fazendo o rapaz de cabelos róseos levantar a sobrancelha.

    - Mavis? Você é bem engraçadinho, não é moleque? - respirando fundo continuou - Mavis Vermelhion é a fundadora da Fairy Tail, o atual Mestre é Makarov Dreyar. E vou conversar com prazer a seu respeito.

    O mago piscou, mais confuso ainda. Assistindo de longe, Lucy começou a sentir aquela compaixão. Ele ia saber. Antes de saírem daquela sala ia saber que passou quatrocentos anos desde que ficou preso.

    - Quero falar com seu rei.

    O soldado se endireitou levantando as sobrancelhas, risonho. Começou a ficar com raiva dele.

    - Rei? Aqui é um principado, fedelho.

    O mago respirou fundo e fechou os punhos.

    - É um direito meu. Ou então você vai se explicar por que um dos magos da infantaria ficou preso, em vez de se juntar aos outros.

    Um outro soldado, que vigiava a porta se aproximou da mesa de mármore. Seu rosto franzia confuso.

    - Garoto, você disse "infantaria"?

    O mago olhou sério para ele e o soldado de cabelo escorrido se virou revirando os olhos pra o colega.

    - Ele está inventando, Brian.

    - Quieto, Rose.

    Parou ao lado dele, de frente à mesa de mármore. O mago só o encarou atravessado, sério. Franzindo as sobrancelhas, o tal Brian piscou descrente. Lucy sabia muito bem o porque. Em um livro que comprou assim que chegou à Eramar dizia que na Guerra havia batalhões, cavalarias e unidades de suporte, mas o grande destaque era a infantaria. Composta somente por magos. De olhos pregados no rapaz, procurou controlar a respiração ofegante. Informação genuína da época dos dragões.

    - Você disse infantaria, não foi?

    O mago franziu o rosto e sacudiu a cabeça descrente.

    - Claro que sim. O que há com vocês?

    - De que unidade você é, garoto?

    O homem segurava a respiração de olhos arregalados, iguais a Lucy. O cabelo escorrido bufou.

    - Espere um pouco, vai deixar mesmo ele...

    - Disse pra ficar quieto, Rose.

    O soldado se espantou fazendo o rapaz rir divertido e então ele olhou para o homem grandalhão.

    - Sou da 5ª unidade. Um Dragon Slayer do Fogo. Me diga uma coisa, seu batalhão é tão desinformado assim? Porque se não me soltarem logo, seu capitão vai se ferrar.

    Apertou os olhos, mais debochado. Alheio ao choque que causou com aquelas frases. Ela não acreditava, simplesmente não acreditava. A quinta unidade era a mais famosa de todas. Derrotou quase uma centena de dragões. Quem diabos é ele?

    O cabelo escorrido se livrou do choque e encarou lívido de raiva o mago, que o olhou entediado.

    - Isso é uma completa besteira! Eu não vou acreditar que esse moleque é um Dragon Slayer! Esses magos desapareceram séculos atrás!

    Então se inclinou na mesa de novo. Ficando no mesmo nível dos olhos do rapaz.

    - Eu sei quem você é. É um ladrão, saqueador e mentiroso.

    O mago suspirou e torceu os pulsos presos. Estava ficando com raiva, dava pra ver na sua expressão.

    - Você já tá me dando nos nervos, soldadinho. Com prova pode dizer que sou um ladrão e mentiroso?

    O homem quase riu, então pegou uma coisa de dentro da capa azul que o envolvia como o colega, batendo na mesa de mármore.

    - Que tal isso? Estava com você quando te revistaram no museu.

    Todos olharam para o objeto e Lucy estranhou. Era uma bolsinha de couro preto com costura rústica branca. O mago no entanto arregalou os olhos. Vendo, o soldado debochado pegou a bolsinha de novo e virou, jogando o conteúdo no mármore. Ela ofegou assombrada, junto com o soldado corpulento. Brilhando, reluzente, chaves douradas de todos os formatos tilintavam como sinos. Eram tantas que o som durou uns segundos. Com um sorriso satisfeito, Rose continuou.

    - As Chaves do Zodíaco. Artefatos perdidos desde a Guerra, mas você com certeza profanou alguma ruína e as roubou, não foi moleque? Responde. Ou está tão chocado por ser pego na mentira que nem consegue falar?

    As chaves. As chaves da sua Ancestral! Lucy mal conseguia pensar. Olhou para o mago, e percebeu que ele não estava chocado. Estava indignado. Levantou a cabeça encarando com raiva o soldado que se espantou com seu olhar.

    - Me devolve.

    O cabelo escorrido piscou surpreso e riu. Então Lucy viu o brilho de cobiça naqueles olhos fundos. O outro soldado estava tão espantando que não conseguia dizer nada.

    - Devolver? São peças raras. Eu vou é confiscá-las e entregar para o Princípe, fedelho.

    Ele as apanhou da mesa aguardando na bolsinha de novo. O mago assistiu tudo se tremendo e quando o sujeito afundou a mão no bolso do uniforme, ele pulou da cadeira. O baque da madeira ecoando num estalido.

    - ME DEVOLVE ELAS, CRETINO!!!

    - Não.

    O sujeito deu um sorrisinho cínico e o mago encarou de modo penetrante o soldado, que engoliu em seco. Pela primeira vez se intimidando. Lucy se arrepiou com aquele olhar, o ônix duro de raiva. Pior de quando os magos da Dark Guild o provocaram. Tremendo o olho nervoso, o cabelo escorrido tentou debochar.

    - Se coloque no seu lugar, moleque. Eu sou um soldado das Runas e..

    - Se coloque você, viado.

    O outro soldado se engasgou com o riso surpreso e Lucy percebeu que o berro tinha chamado atenção dos demais. Mais soldados entraram a tempo de ouvir e rir do que rapaz de cabelos róseos acabou de dizer. De rosto rubro e olhos arregalados, o tal Rose se virou para os outros atrás de si.

    - Calem a boca! - se virou para o mago, sibilando - E você, eu vou...

    - Presta atenção, idiota...

    O homem se entalou, mas o rapaz não ria como os outros que se reviraram em outra risada. Ele apertava os dentes, encarando o soldado do outro lado da mesa com tanta raiva, de um jeito assustador.

    - ... Essas chaves são de uma amiga minha e ela me entregou antes de morrer. Se você não me devolver agora, vou arrancar desse seu bolso e te queimar inteiro.

    O homem tremeu e riu mais nervoso.

    - E como pretende fazer isso? Está preso nessa cadeir..

    Arregalou os olhos de assombro. Juntos com os outros soldados. Sem deixar de encará-lo, Lucy mirou para os ferros que seguravam seus pulsos e eles estavam em brasa. O metal brilhante de calor amolecendo em segundos. Quando os ferros pingaram no chão, o mago puxou os braços para cima arrebentando os braços da cadeira. Os outros soldados que riram a um minuto agarraram suas espadas e correram até a mesa. Lucy assistir impressionada o rapaz empurrando com o corpo a cadeira ao se levantar curvado e então segurando o que restou do braço de madeira, atirar nos soldados de corriam. O corpulento se afastou de um pulo enquanto o Rose, chiou em pânico correndo para a saída. O mago apenas apoiou as mãos na mesa e saltou por ela, caindo curvado. Ao alcançar Rose, que já chegava perto da porta deu um chute das suas costas. O homem caiu sufocado, derrapando.

    Os outros soldados tentaram de novo conter o prisioneiro, mas Brian gritou.

    - Não interferiam.

    Os homem se espantaram e pararam, assistindo enquanto o rapaz agarrava a capa do homem de cabelo escorrido e o levantava a força. De repente, este enfiou a mão na cintura e puxou um objeto que desdobrou. Um espada. Lucy se espantou quando o rapaz pulou rápido desviando, mas não a tempo. Um corte fino atravessava seu abdômen, brotando sangue. Ele nem se importou, seus punhos pegaram fogo tão escaldante que levantava as mechas dos seus cabelos. Isso assustou o tal Rose que levantou de um pulo, apontado a espada.

    - Maldito! Me devolve logo essas chaves!

    - Não chegue perto!!!

    O mago não se importou. Rosnou enfurecido e avançou do soldado que gritou desviando de um soco flamejante. Ele rolou para o outro lado da sala se levantando tremulo. Brian assistia impaciente o Dragon Slayer se curvar em posição de ataque, as chamas tão forte que conseguia sentir o calor de onde estava sentada.

    - Rose, entregue logo pra ele.

    - Ele é o prisioneiro, vai ficar do lado desse moleque?

    - Quem é moleque, cretino?!

    Na distração, Rose não viu o mago. O rapaz corria pra ele e quando se esquivou para o lado, pensando que socaria, o mesmo girou e acertando a perna em chamas na sua barriga, o atirando pra parede. Todos arfaram impressionados e Lucy se levantou da cadeira, sibilando quando seu tornozelo doeu. O Dragon Slayer caminhou devagar e enquanto se aproximava seu corpo inteiro pegou fogo. As chamas escarlates altas refletindo sua raiva. Lucy arregalou mais os olhos. Ele, ele vai mesmo atacar o cara com toda essa magia? O homem mal conseguia ficar de pé. Rose praticamente banhava em suor, com a espada largada longe dele ao ver o rapaz em chamas.

    - As chaves. Agora.

    Atrás dela, ouviu um homem ofegar.

    - Santo Deus, é ele.

    O mago esperou um segundo e como Rose continuou pregado no chão, de olhos esbugalhados, levantou o punho.

    - Você que pediu.

    Ele deu um pulo e Lucy não pensou, correu ignorando a dor pulsante no pé, já que estava perto do soldado e se jogou na frente dele. O mago parou o ataque. O punho em chamas a centímetros do seu rosto. Tremendo, engoliu em seco e o encarou. O rapaz a olhava chocado enraivecido.

    - Você é louca, garota!

    - E você ia matar ele!

    O mago abaixou a cabeça, apertando os olhos. As chamas que o cobriam por inteiro ardiam na sua pele, nos olhos. Que calor.

    - Sai da frente.

    - Não.

    Ele suspirou irritado.

    - SAI GAROTA!!!

    Lucy engoliu o medo e olhou para o lado. Perto do seu pé a bolsinha de couro estava jogada. O mago percebeu também, mas foi tarde. Se abaixou pegando e rolando até ficar longe dele uns passos, mas não por muito tempo. Apertando a bolsinha contra peito enfrentou o olhar fulminante dele.

    - Me entregue, loirinha.

    - Não.

    O mago estreitou os olhos.

    - Eu não vou ter pena de você. Me entregue logo antes que se machuque.

    Apertou mais as chaves, morrendo de medo quando ele andou até ela, enquanto recuava mancando.

    - Essas chaves não são suas. São minhas.

    - O que?!

    Todos ficaram quietos e tomou coragem, respirando fundo o encarou séria também, o surpreendendo.

    - Elas são da minha tatataravó. A Lucy que você conheceu há quatrocentos anos.

    O mago arregalou os olhos, chocado. As chamas num segundo apagaram e viu que ele estremecia. Ficou com pena, mas estava com mais medo.

    - O que você disse?

    Ele perguntou seu fôlego, desnorteado.

    - Que as chaves são minhas. Eu sou Lucy Heartfilia e minha tatataravó era a maga que você conheceu.

    Os olhos dele se arregalaram mais. O silencio que ficou naquela sala reinou por um longo minuto até Brian sussurrar.

    - Eu não acredito. É Natsu Dragneel, o Salamander.

    Dessa vez, foi Lucy que foi tomada pelo choque, ainda encarando o mago.

    O QUE?!


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