|
Tempo estimado de leitura: 8 horas
l |
No capítulo passado, uma breve história sobre o passado do submundo é contada, e dois garotos nascem para serem herdeiros.
“Eu não ligo, na verdade
Elogio é novidade
Filho nobre da cidade
Quem precisa de outro assim?”
Klabazaus
(BGM: James Blunt - Wisemen)
Nascem os irmãos numa manhã clara, onde tímidas gotículas de chuva procuravam seu caminho até o chão, acariciando as disformes vegetações do submundo. Obelisco vê que não poderá definir de imediato quem será o herdeiro. Portanto, decide criar os filhos até que um deles prove-se mais digno que o outro de granjear o posto de futuro rei. A corte e a cidade do Punho Negro se alegram com a notícia de dois pequenos nobres, e uma grande festa foi realizada para receber os garotos. A festa foi de tão grande pompa e notoriedade que aquele dia tornou-se um feriado lembrado todos os anos pela população.
Um dos filhos de Obelisco era bem rebelde. Gostava de aprontar com os súditos do castelo e pregar peças nos aldeões. Mesmo quando algumas destas vigarices extrapolavam os limites, o garoto não parecia tomar-se por preocupado, pois sabia que, sendo nobre, não seria severamente repreendido pelas suas traquinagens. Faltava à muitas aulas e fez com grande desleixo o treinamento militar. Apesar de ser um desastre, o garoto divertia-se em seu tempo livre às margens do Rio Cervical, tocando sua lira e escrevendo poemas. De fato, tinha algumas habilidades artísticas notáveis, e sempre se gabava declamando sonetos que exaltavam a si mesmo. Este garoto, ao amadurecer, inaugurou uma revolucionária escola literária do submundo: o tenebrosismo. Apesar da habilidade artística, era muito descuidado e não muito inteligente. Todos os predicados anteriores se referem a Klabazaus, o mais novo.
O outro rapazinho era um exemplo de menino: sempre respeitava a todos e costumava dedicar-se ao estudo e pesquisa. Sempre observava os exercícios militares de Batista Hillking e cresceu com o sonho de ser Marechal de seu reino, e alimentava este desejo com muita dedicação. Aprendeu desde cedo as práticas reais, e ao observar diversas sessões judiciárias de seu pai, criou um forte senso de moral e justiça. Já na juventude, resgatou um jogo há muito tempo perdido pelos antigos exércitos: o Hordeom, que é muito similar ao xadrez. Com isto, passou a criar situações de guerra em seu quarto durante a noite e solucioná-las, tornando-se grande estrategista. Era notável nos estudos e um prodígio tanto em atributos físicos quanto intelectuais. Chamavam-no de “Menino de Sakuretsu”, uma cidade antiga do submundo equivalente à Grécia, em nossa dimensão. Este era o histórico de Raviel, o “primogênito”.
Klabazaus e Raviel nunca se davam bem. Por muitas vezes, Raviel repreendera seu irmão quando este aprontava, e tentava sempre lhe ensinar boas maneiras e boa índole, mas Klabazaus havia nascido para bagunçar, e se divertia ao atrapalhar os estudos do irmão, escondendo seus livros e desenhando Morphing Jars em suas anotações. Apesar de tudo, eram irmãos, e no fundo se gostavam, mesmo brigando sempre. Obelisco os amava igualmente, bem Dark Necrofear. Ambos estavam cientes de que Raviel daria um bom herdeiro, mas Klabazaus era especial a seu modo, e ambos não conseguiam decidir.
Certa vez, Klabazaus quis amarrar os cavalos do estábulo uns aos outros e fazer um grande barulho. Assim que se espantassem com a barulheira, os cavalos sairiam correndo e, por estarem presos, se enrolariam e capotariam, resultando numa divertida cena. Mas Klabazaus havia faltado a todas as aulas de nós e acabou por amarrar tudo erroneamente. Os guardas do castelo, que já estavam atrás de Klabazaus por ter quebrado um valioso Pote da Dualidade com um estilingue, acharam Klabazaus a maquinar sua nova pegadinha, e ao notar que fora descoberto, Klabazaus se assusta, derrubando várias peças de armadura dos cavalos, assustando estes. Ao correrem, muitos dos cavalos se espalharam, pois os nós não haviam sido realizados corretamente... exceto um, que se prendera ao pé de Klabazaus e à pata dum cavalo. O equino disparou em frente, levando Klabazaus aos solavancos por entre as pradarias. Os guardas, preocupados em recuperar os cavalos, não notaram a partida súbita de Klabazaus tão brevemente. Quando recuperados os cavalos, era tarde demais.
Klabazaus consegue agarrar uma lasca de pedra no caminho, mas falha ao cortar a corda que o prendia. Para sua sorte, o cavalo se depara com um regato e interrompe sua cavalgada. Com isto, Klabazaus é capaz de desatar o nó, só para descobrir que estava muito longe de sua casa. O cavalo, após perceber que poderia contornar o leito de rio, não hesita em fazê-lo, e deixa o jovem nobre largado à própria sorte.
Vagando pela clareira na qual havia parado, Klabazaus descobre uma trilha, e seguindo-a, consegue alcançar uma cidade. Certamente que todos ali o conheciam, e ao pedir ajuda, foi rejeitado, pois já tinha fama de “Pimenta do Reino”, e muitos estavam esperando para maltratá-lo pelas suas atrocidades. O garoto foge do jeito que pode, mas começa a ser perseguido por um grupo de arruaceiros que haviam sido roubados por Klabazaus meses antes, e ainda residiam na região. Os vagabundos o caçam pela cidade, e conseguem encurralá-lo num beco sem saída. De costas para uma porta, Klabazaus vê que este poderia ser o seu fim, e ao fechar os olhos, esperando o golpe das várias mãos que o intimidavam, surpreende-se por não sofrer dano algum. A porta havia sido aberta, e um velho senhor apazigua a situação, livrando a pele de Klabazaus com algumas moedas barganhadas pelos bandidos. Klabazaus, pela primeira vez em sua vida, agradece a alguém.
Senhor: Meu jovem, você não é o filho do altíssimo Rei Obelisco?
Klabazaus: Er... bem, sobre aqueles vasos... eu juro que foram os Sonic Ducks!
Senhor: Hohoho! Sim, sempre aprontando... o que faz aqui, tão longe de casa?
Klabazaus: Eu me perd.... eu estava caçando um grande Thousand Dragon, e acabei me desviando do curso, pois aquela criatura era tão...
Senhor: Então, se perdeu de casa enquanto brincava? Ora, venha, está tarde. Pode dormir aqui e pela manhã eu o levo a vossa morada real.
Klabazaus: Ei, eu não estava... quer dizer... ah, tudo bem, obrigado. Mande dois criados prepararem um banho aromatizado e quero Des Koalas para o jantar e...
Senhor: Hohoho, vá com calma jovem! Não temos estas coisas por aqui... pode tomar uma sopa enquanto eu encho a cisterna pra você.
Klabazaus: O quê? Eu sou um príncipe! Eu não posso passar por isso!
Senhor: Bem, pode dormir ai fora, também.
Klabazaus: Er... sopa de quê?
Klabazaus aceita a oferta, e entra na casa do senhor que afetuosamente lhe acolhera. Apesar da simplicidade de seu lar, Klabazaus se impressionara com os cuidados que era tratado, mesmo sendo odiado por grande parte da população. Ao entrar, descobre que aquele senhor fabricava vasos artesanais, e a casa tinha muitas estantes com barro e projetos de vasos. Klabazaus passa um tempo se lavando e tratando das feridas da cavalgada frustrada, e ao entrar para a ceia, encontra a filha e esposa daquele homem, que igualmente lhe recepcionam.
Cassandra: Papai, porque não disse que um príncipe iria dormir aqui hoje?
Giles: Também foi uma surpresa para mim! Imagine só, um herdeiro real, bem aqui em nosso humilde lar!
Brytha: Mas não se preocupe, alteza. O trataremos o melhor que pudermos!
Klabazaus: Herdeiro? Argh, não, ainda não.
Giles: É por causa do seu irmão, certo?
Klabazaus: Aquele metido se acha superior demais! Eu sou o verdadeiro rei, ele pode lavar meus pratos, se quiser!
Cassandra: Hahaha! Vocês se amam!
Klabazaus: O quê? Não mesmo!
Brytha: Eu já ouvi histórias de reinos que tinham dois reis e duas rainhas, por quê não ter dois reis aqui no Punho Negro?
Giles: Deve ser uma política diferente, meio tradicional. Mas o senhor é bem... como posso dizer... agitado, certo?
Klabazaus: Eu não aguento ficar lendo livros chatos e fazendo mapas de estratégia o tempo todo! Olhem isso! – Klabazaus retira do bolso uma página solta de seu caderno, que mostrava algumas contas pela metade, e uma cara de T.G. Hyper Librarian deformada, como se estivesse defecando.
Cassandra: Olha só como ele desenhou o professor T.G.! Hahahaha!
Brytha: É um arteiro mesmo... ei, o que é isso no verso?
Klabazaus: Hm? Ah, sim! Você acaba de descobrir a maior pérola da literatura: O Grande Eu, escrito por mim!
Giles: Não gosta de livros, e escreve poesias... você é bem estranho!
Cassandra: Leia para nós! Vamos!
Klabazaus: Há, que bom que pediu! – Klabazaus põe-se de pé e declama:
“Quem é, quem é o punho da coragem?
Quem é, quem é a encarnação da autoridade?
Quem é, quem é nobre de verdade?
Quem é que traduz em versos o céu?
Sou eu, o ímpar Klabazaus, e não você
Raviel!”
Giles: Hohohoho! Bravo!
Brytha: Que bonitinho! É um poeta!
Klabazaus: Obrigado, obrigado! Não precisam aplaudir!
Giles: Bem... acabou a sopa. Enquanto lavamos as coisas, por que não mostra os vasos à ele, Cassandra?
Cassandra: Tudo bem... venha, Klabbie!
Klabazaus: O quê? Ah... bem, Klebbie, o zuão!
Cassandra: Hahaha!
Brytha: Que bom que se deram bem!
(BGM: Deemo - Yawning Lion)
Cassandra mostra os vasos à Klabazaus, e mostra-lhe também o método de fazê-los. Klabazaus interessa-se pela arte, e tenta fazer um copo, um jarro, uma vasilha... enfim, tudo resulta em uma massa amorfa de barro molhado. Cassandra tem certa habilidade com o ofício, e tenta ensinar melhor Klabazaus. Ele tenta mais ainda, mas só resulta em falhas. Já se irritando, é auxiliado por Cassandra, que se senta de um dos lados da mesa e segura suas mãos, ajudando-o a construir a base de um cálice. Ela olha fixamente para a peça, procurando não errar, mas Klabazaus sente uma sensação estranha no seu peito enquanto ela o auxilia na composição de um cálice. O filho de Obelisco mal olha para o que está fazendo, pois demorava-se a observar a jovem que estava criando arte com ele. Quando a base ficou pronta, todos foram dormir, e Klabazaus recolheu-se também.
Pela manhã, Cassandra espanta-se com um suntuoso cálice prostrado na mesa, adornado de joias e bem estruturado.
Cassandra: Papai, olha! Foram os elfos que fizeram?
Giles: Hohoho, não minha filha. Olhe ali. – O senhor aponta para Klabazaus, que obscurecido pelo barro, não foi notado à primeira instância. Este havia permanecido a madrugada toda acordado, trabalhando em algo que queria que ficasse perfeito.
Cassandra: Klebbie! Você que fez? Não acredito!
Klabazaus: Ãn... o quê? Ah.. ei, fui eu que fiz sim. Hehe....
Brytha: Uau, que belo cálice! E essas joias?
Klabazaus: Tirei da minha túnica... só fazia peso, mesmo.
Cassandra: Ficou muito bom!
Giles: Sim, tenho certeza que seu pai irá gostar. Vamos lá, tenho de leva-lo até o rei.
Cassandra: Ah, não! Ele vai embora? Já?
Klabazaus: Er... você pode entrar no palácio... se quiser, sabe... er.., tipo, eu deixo porquê...
Cassandra: Obrigada, Klebbie! – Ao abraçar Klabazaus, este fica vermelho como a lua do submundo.
Brytha: Então vamos, príncipe!
Todos se dirigem até o castelo, e Klabazaus fica feliz ao reencontrar o pai. Este esquece que seu filho aprontou muito, e é tomado pela felicidade de rever seu filho desaparecido.
Obelisco: Seu moleque! Não faça mais isso!
Klabazaus: Uaaaaah! Papaaaaai! – Klabazaus desaba em lágrimas.
Obelisco: Vós, admiráveis e nobres aldeões, que trouxestes meu estimado filho à meus domínios, vós tendes minha eterna gratidão. Pagarei grande quantia em ouro para vós.
Giles: Quanta generosidade, alteza, muito obrigado!
Brytha: A propósito, seu filho é um amor... alteza!
Obelisco: Hum... então ele se comportou bem? Haha, fico feliz em ouvir isto!
Giles: Agora, temos que ir, temos mais um dia de trabalho.
Cassandra: Klebbie, fique com isto!
Klabazaus: Mas... é um presente para vocês!
Cassandra: Eu acho que não poderei vir aqui... é muito longe e tenho de ajudar meus pais com o comércio. mas fique com o cálice, para se lembrar da gente! Venha nos visitar um dia!
Klabazaus: E-eu... eu irei! Sim! Prometo!
Cassandra: Até algum dia!
Brytha: Adeus, alteza e altezinha!
Giles: Adeus e obrigado, meu rei!
Obelisco: Vão em paz! Eu que agradeço! E você, garotinho, de volta pra sala de aula!
Raviel: Ora, ora, ora, parece que o pirralho voltou!
Klabazaus: Seu cabeça de Pote da Ganância! Eu até tinha esquecido que você existia!
Raviel: Do que me chamou, seu cabeça de Jinzo podre?
Obelisco: Chega, os dois! Vamos entrar!
Assim, Klabazaus ganha seu cálice tão estimado. Raviel começa a ingressar na base do exército e Klabazaus, agora mais responsável, estuda um pouco, e consegue também entrar no exército real.
...Continua