Reencontro?

O cristal explodiu.

Ao redor pedaços de todos os tamanhos espalharam pelo salão da galeria. As pedras âmbar tinham até quebrado algumas janelas, cravando nas paredes. Lucy sabia que alguém do jardim as viu voando. Aliás, com certeza o estrondo foi ouvido na festa lá embaixo. Contudo, tudo o que conseguia se focar era no mago que acabou de sair do lacrima. Ele estava olhando em volta, piscando confuso e as chamas, as chamas escarlates que o cobriam por inteiro diminuiam enquanto respirava fundo. Ele olhou para a própria mão e fechou em punho. Quando o fogo apagou ele sacudiu o cabelo e pedaços de cristal pequeninos voaram.

Lucy mal respirava. Quer dizer, ele estava vivo e agia normalmente. Fora o fato que suas roupas escuras estavam rasgadas e há uns segundos chamas o envolviam. Tudo bem... ele era, era... Meu Deus. Era um Dragon Slayer! E ainda de fogo! O tipo de elemento que sempre se encantou e imaginou ser manipulado por um exterminador de dragão. O mago deu um passo abaixando o braço e encarou o teto, o pescoço para trás balançando as mechas rosadas a fez notar que eram repicadas, nem curtas ou compridas. Do tamanho certo.

- Mas o quê...?

O rapaz franziu o rosto mais confuso e o ouvir xingar, baixo demais.

- Que droga de lugar é esse?

Ele deu meia volta. Alheio as seis pessoas jogadas no chão bem na sua frente. Lucy piscou com força mais impressionada quando o mago falou. Foi tão normal. E ela entendeu perfeitamente! Os outros da Dark Guild lentamente se levantaram observando o rapaz perto do cristal. Estava de costas para eles encarando o lacrima quebrado. Lucy viu Mist e Lernar (tinha decorado os nomes naqueles minutos) trocarem uma olhada. Concordando. O corpulento tatuado abriu a mão para esquerda e um machado apareceu brilhando. Ele o agarrou pelo cabo e devagar se aproximou do rapaz. Lucy arregalou os olhos.

Respirando fundo, Lernar deu uma pequena corrida e saltou levantando o machado. Ia acertar a cabeça do cara! Ia gritar avisando quando o mesmo virou um pouco o rosto e pulou de costas para esquerda um instante antes. O machado cravou no cristal e Lernar encarou o rapaz. A franja rosada encobrindo um pouco seus olhos. Negros e sérios.

- Quem é você, babaca? E por que queria rachar minha cabeça?

Os magos o encararam mudos, então Mist e Lernar caíram na risada. Golen estava se afastando perto do arco que dava para outra galeria. Seu rosto tão assustado quanto o dela. Lucy estava sentada no chão e tentou se levantar, mas seu tornozelo protestou. Observou os três magos perto do lacrima enquanto se arrastava. Ficando fora da área de uma iminente briga.

O corpulento arrancou o machado do cristal e o girou na mão se aproximando do sujeito de cabelo verde.

- Para um fóssil humano até que é ágil, não é Mist?

- Com certeza.

O objeto da conversa se indignou.

- Como é?

- Hei fedelho! Como ficou preso no lacrima? Caiu num poço de lava?

Os dois riram e o rapaz respirou fundo. A expressão do seu rosto ficou mais séria e apertou o punho, dando um passo.

- Cala essa boca.

Lucy piscou surpresa. O corpo do rapaz estava ficando tenso de raiva. Havia lido o bastante para saber que magos como ele não se deve provocar. O homem de cabelos verdes deu um sorriso debochado.

- Ou o quê moleque? Vai me dar uma surra?

Lernar riu.

- Não. Ele só está nervoso com a pergunta. Lava o incomoda, não é? Responde! Ou vai ficar me olhando feio?

Ela ofegou. Os dois são malucos? Encarou o rapaz, o olho tremia de raiva.

- Vocês não tem ideia de com quem estão mexendo.

Seu punho esquerdo explodiu em fogo, assustando os dois. Os outros recuaram para longe e o mago andou devagar até Mist e Lernar. Seu outro punho explodiu em chamas também e Lucy se arrepiou quando ele olhou para o corpulento.

- Vou te quebrar primeiro, otário. E quanto à você - olhou para o de cabelo verde - Vou mostrar quem é o moleque.

Ele parou à dois metros dos dois. Mist e Lernar ficaram confusos. Quando o corpulento levantou o machado, o Dragon Slayer se inclinou e tomou impulso. Em segundos, puxou o braço esquerdo e deu um soco no peito de Lernar. O homem voou pro outro lado num estrondo. O berro de dor ecoou com a acustica. Mist arregalou os olhos e saltou, mas o rapaz só olhou sobre o ombro e agarrou a ponta do seu casaco, puxando pro lado e pulou girando e dando um chute, o jogando contra o lacrima.

Lernar se levantou e correu pra cima dele gritando. Lucy virou o rosto na direção. Ele abriu a mão para a direita e uma espada comprida apareceu. O mago se virou para ele e correu também. Quando ficaram proximos, Lernan desferiu um golpe de espada e rapaz girou desviando. Sua mão agarrou o punho com o machado e torceu o braço do sujeito, ignorando o xingamento do outro. Encarando de lado, ele falou.

- Karyû no ...

Sua perna direita pegou fogo. Lucy arregalou os olhos junto do corpulento quando o cara girou.

- KAGIZUME!

O chute de fogo acertou as costelas de Lernan, que ofegou ao ser jogado de novo, chocando-se contra parede perto dela. Olhou para ele quando caiu no baque seco no chão. Cuspia sangue os borbortões e estremecia. Sequer conseguia se levantar. O mago apagou as chamas das pernas e acendeu as dos punhos. Ele olhou para os outros dois que assistiam tremendo e deu um sorriso maldoso.

- E vocês? Querem tentar?

Os caras deram um pulo e saíram gritando. O mago riu e correu atrás deles os alcançando em segundos. Como é rápido! Agarrou a gola de cada um e os puxou trás os jogando para o alto. Ele saltou e jogou os braços para trás. Um padrão mágico surgiu atrás dele em vermelho e chicotes de labaredas surgiram em seus braços.

- Karyû no... YOKUGEKI!

O queixo dela caiu. Ele jogou os braços pra frente e o chicoteou as labaredas nos dois magos! Explodindo! Soltou um grito se jogando no chão de novo enquanto todo salão sacudia com o estrondo e o impacto deslocava o ar. Num vento furioso. Tossiu com a poeira se sentando de novo e olhou em volta ficando mais chocada. O outro lado do salão ficou completamente chamuscado. O lacrima destruído. Seus pedaços rolavam por toda a parte agora.

Se levantou desajeitada e tremendo, ofegando assombrada. Viu ao esticar o pescoço pro alto os dois magos torrados. Por um milagre ainda gemiam. Arquejou de susto, recuando e foi quando ele a notou. Virou o rosto na sua direção e Lucy prendeu o folego. O mago apertava os olhos para ela e depois de segundos a observando ele ofegou. Tão alto que conseguiu ouvir daqui. Em pânico o viu correndo até ela, parando ao ficar um metro de distancia.

Lucy estremecia assustada e para sua surpresa, ele também tremia. Seus olhos puxados brilhavam agitados e respirava ofegante. Ele deu um passo e ela recuou outro mancando.

- N...n...não chega perto de mim!!!

Ele ficou mais chocado. Seus olhos se arregalando ainda mais. Porque? Porque a olhava desse jeito assombrado? O mago cruzou a distancia entre eles, mesmo que tivesse mancado pra trás e segurou seu rosto. Sua palma grande e quente na sua bochecha enquanto seus dedos afundavam em seus cabelos. Lucy entrou mais em pânico. Esperneou o empurrando, mas ele nem se importava. Puxou seu rosto para mais perto e disse sem fôlego.

- Lucy?

Levantou as sobrancelhas, mais chocada.

- C..co..como sabe meu nome?

Ele quase riu. Extasiado e... Aliviado? A expressão radiante dele a confundiu tanto quanto o suspiro fundo que soltou.

- É você, não é? Lucy...

Seus olhos a admiravam com carinho. Os dedos roçavam hesitantes sua nuca, mal tocando. Ia perguntar de onde raios a conhecia quando uma corda, um chicote brilhante se enroscou no braço livre dele. O mago franziu a testa, se irritando ao olhá-lo.

- Mas que...?

No instante seguinte foi puxado pra trás. Ele largou seu rosto voando e Lucy viu quem fez isso. Era Mist. E ele olhava de um jeito ensandecido pro rapaz. Foi sua deixa. Se virou para o arco e correu mancando. Ouviu um baque e olhou sobre o ombro. O rapaz estava inclinado para trás segurando o chicote enquanto Mist puxava do outro lado. O mago respirou fundo, seu braço enrolado preso pegando fogo.

- Imbecil! Não me atrapalhe, droga!

Ele deu um puxão violento e Lucy ofegou. Voltou a correr. "Não me atrapalhe?" Entrou em pânico de novo e acelerou mesmo que estivesse quase pulando, arrastando o maldito tornozelo torcido.

- LUCY!!!

Arquejou. Correu mais rápido. Estava quase chegado ao meio da galeria do esqueleto do dragão.

- LUCY, ESPERA!!!

O que?! A voz dele soou perto! Perto demais. Segundos depois um peso bateu em suas costas e derrubando no chão. Gritou apavorada e depois o peso saiu. Mãos quentes seguraram seus braços a virando, deitando suas costas no chão. Começou a espernear e sacudir os braços. Dando socos e tapas no peito dele. Se espantou. Os músculos eram duros como aço.

- Ai! Para com isso!

O mago montou nela, as pernas prendendo suas coxas e de repente seus pulsos foram agarrados. Ele abriu seus braços e segurou contra o piso. Se inclinando, pondo peso. Suas mãos estavam lado a lado de sua cabeça e olhou para cima. O rapaz de cabelos róseos sorria para ela, tão contente, tão aliviado... e também ofegava.

- Quieta, tá?

- Sai de cima de mim!!!

Tentou se sacudir, mas não conseguiu. Ele tinha uma força monstruosa e nem se esforçava. O mago estreitou os olhos, tombando a cabeça para um lado e soltou um suspiro profundo. O olhar terno dele a desconcertou.

- Você me esperou, não foi?

- O que?

Franziu a testa. Do que ele está falando? O cara apenas riu a observando com carinho e ternamente. Respirando fundo, ele baixou o olhar até a região de sua barriga, a deixando mais assustada e confusa quando sentiu algo molhado pingando na sua blusa. Ele levantou o rosto a encarando de novo e se espantou. Seus olhos estavam rasos d'água.

- Achei... - ofegou sufocado - Achei que tinha... Não parava de sangrar e você...

Seu pânico sumiu enquanto as lágrimas que ele não podia mais segurar escorregaram por seu rosto. O mago abaixou a cabeça, os cabelos rosados escondendo seu choro quando ele fez uma coisa que a espantou ainda mais. Puxou seus pulsos devagar arrastando no chão, se curvando até se debruçar nela escondendo o rosto no seu ombro esquerdo. Lucy prendeu a respiração. Ele não soluçava. Nem fazia escandalo, só ficou quieto ofegando e molhava sua blusa. Olhou pro lado, vendo as mechas de cor tão incomum. Não soube o porque, mas também sentia alivio e estava tão mais calma. Sentiu vontade de afagar os cabelos dele, mas ainda segurava seus pulsos. Piscou pensativa e tentou conversar.

- Hei, você...

As mãos em seus pulsos agarraram com mais força. Estranhou e então, percebeu que ele segurou o fôlego. O mago se endireitou ficando acima dela de novo e Lucy se espantou. Os olhos dele antes carinhosos estreitavam sérios.

- Quem é você?

Piscou confusa.

- O que?

Ele suspirou se irritando e apertou mais seus pulsos.

- Ai! Porque...

- Eu perguntei quem é você, garota.

Lucy se espantou. O tom dele eram firme e a encarava de mesmo modo como os magos que derrotou a pouco.

- Sou Lucy Heart...

- Não é!

Ele se inclinou com raiva, pondo mais peso.

- Eu conheço a Lucy e o seu cheiro não é igual ao dela! Quem é você de verdade?!

Estava chocada. Ele a olhava com tanta raiva. Como se tivesse culpa, o que a irritou. Esse cara estava sendo muito injusto e nem entendia o motivo da sua raiva.

- Vamos, loirinha! Me responde!

A sacudiu pelos pulsos.

- Para! Tá me machucando!

- Porque se parece com ela?! Porque tem a mesma voz?! Fala ou eu vou arrancar de você!

O encarou e a expressão determinada dele a arrepiou. Não estava brincando.

Antes que respondesse ou que finalmente o cara perdesse a paciência. Um tropel de passos invadiu a galeria e de repente, vários soldados de roupas brancas e verdes menta rodearam os dois. A ponta de uma lança encostou no pescoço do mago que parou de sacudi-la.

- Solte-a garota e venha conosco, agora.

O mago não disse nada. Largou seus pulsos se levantando devagar, mas ainda a encarando de olhos apertados. Lucy se levantou com dificuldade e rápido seguraram seus braços. Um soldado de cada lado. Tentou se soltar enquanto a levavam pra fora da galeria. Ao seu lado, o mago também era arrastado, mas ele não resistia. Olhava a frente e apertava o queixo. Lucy se arrepiou de medo e olhou para o soldado da esquerda.

- Pra onde tão me levando? Eu não fiz nada.

- Isso é o que vamos ver, ande.

- Humpf.

Encarou o rapaz. Sua bochecha estava levantada e parecia sorrir de ironia. Sussurrando, disse para ela enquanto foram escoltados para o corredor, encontrando os convidados da festa e visitantes chocados.

- Quieta, loirinha. Ou vai acabar na prisão do Conselho antes do interrogatório.

Lucy ofegou. Prisão?

Mas ela não tinha culpa de nada!