Carmesim

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    18
    Capítulos:

    Capítulo 4

    Pequeno Cerco

    Álcool, Estupro, Hentai, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Sexo, Violência

    Ningenkai

    BOTAN POV

    Depois que voltei do deque, me juntei aos outros e ficamos conversando sobre o torneio. Keiko e Yukina se espantavam a cada descrição de uma luta sangrenta. Yusuke se gabava de ter ganhado de um ex amigo do seu ancestral, mas então Kuwabara ria da cara dele apontando a uma derrota que não me aguentei, ri com tudo mundo. Ele perdeu pra uma garota e ainda uma criança. "Truque sujo" foi o que disse da telepatia que a menina lançou nele e nesse instante meu humor morreu. Lembrei de uma pessoa que também tem essa habilidade e como sempre não estava aqui. 

    Ninguém notou que fiquei calada, pelo ao menos eu acho e horas depois, os meninos revolveram jogar. A sala de estar nunca me pareceu tão barulhenta. Yusuke e Kuwabara brigavam sentados no tatame diante da TV disputando o ranker num tipo de jogo. Era de guerra porque barulhos de tiros não pararam desde que começou. Suspirando levantei do chão e fui direto para meu quarto. Eu sei como termina e não quero estar no mesmo cômodo quando os dois amigos começarem finalmente a brigar.

    Sobrou para Yukina e Keiko. Elas teriam de cuidar dos machucados e sorri com isso. Apesar das reclamações eram felizes com seus... Seus... Homens. Meu rosto pegou fogo com o significado da palavra.

    - Ei Botan, já vai dormir?

    Me virei parando no beiral. Kuwabara tinha pausado o jogo e todos olharam para mim, até Kurama que estava encostado na parede suspirou preocupado. Ah, droga.

    - Er... Não exatamente. Vou fazer um lanche. Vocês querem?

    Yusuke se animou.

    - Opa, eu quero. Traz... Itai!

    Keiko deu um soco na cabeça dele.

    - Nem pensar, Yusuke.

    - Mais como é ciumenta, eu só ia pedir um refrigerante!

    Os olhos dele lacrimavam de dor enquanto esfregava a cabeça e minhas bochechas esquentaram mais. Keiko apenas bufou virando o rosto ao cruzar os braços. Antes que Kuwabara fizesse uma piada Yukina e Kurama interromperam, puxando outro assunto. Simplesmente escapuli dali. A atmosfera de briga e conversas era tão nostálgico, mas mesmo assim... Pra que o ciúme? E logo de mim?! Pelo visto nunca ia entender o amor, apesar de admirar.

    Ao passar pela cozinha, meu estômago roncou e resolvi realmente fazer um lanche. Segui direto para a geladeira. Talvez pudesse fazer um sanduíche. Mal comi no jantar, estava intrigada com o que houve mais cedo. Hiei... Por que ele veio conversar comigo? Achei que era insignificante pra ele. Lembro que uma vez, acho que foi no inicio do Torneio dos Monstros ele me disse algo parecido. Me ofereci como a treinadora do Time Urameshi e Hiei mandou que ficasse longe, me chamando de louca além de que só iria me machucar e atrapalhar. Mal me olhou na cara esse moleque!

    Espera, ele não é mais um moleque. Agora...

    - Ainda não acabamos, onna.

    Chiei de susto, quase largando o vidro de maionese. Atrás de mim o youkai estava parado perto da mesa. A lembrança do que aconteceu no deque mais cedo me deixou mais nervosa. Seu olhar sério dizia em continuar a conversa que para mim, se encerrou lá. Suspirando procurei me acalmar e me voltei para a geladeira, pegando o queijo e outros ingredientes.

    - Que susto, Hiei. Os meninos estão lá na sala, se quiser...

    - Não mude de assunto, garota.

    A voz soou perto. Perto demais. Me virei assustada, largando tudo o que peguei para o sanduíche ao dar de cara com os cabelos negros. Antes que as coisas caíssem no chão, ele as pegou num movimento que nem vi direito. Um simples inclinar do seu corpo para frente e sua mão direita equilibrava tomates, queijo, alface e um saco de rosbife. Engoli em seco. Hiei estava muito perto de mim e seu rosto praticamente a altura do meu. Claro, continuava baixo, mas seu físico ainda era esculpido, forte. Apenas seus braços nus deram mostras disso.

    Fitando dessa mínima distancia vi que ele era bonito. Muito. A pele pálida, os olhos vermelhos e esse jeito serio e maldoso. Mas não ia me enganar. Se ele quisesse poderia muito bem me matar sem esforço algum. Mal conseguia respirar e vendo seu olhar estreitou debochado.

    - Está com medo.

    Recuei sem querer quase tropeçando.

    - N-não estou.

    Ele quase riu deixando as comidas que segurava no armário ao lado. Não vou mentir, o som cínico de seu meio riso e o modo como me olhava me arrepiava inteira.

    - Que seja. Ainda não me respondeu mais cedo – seu olhar ficou mais penetrante – Quem foi?

    - Quem foi o que?

    Pisquei mais confusa e dando um meio sorriso ele se aproximou. Um pavor enrregelou minha espinha e vi que Hiei notou, pois sorriu mais.

    - Agora está mais parecida como antes. Estou falando do sujeito com quem dormiu. Um ningen miserável aposto.

    Arregalei os olhos empalidecendo. Antes que fizesse qualquer coisa a energia caiu e tudo ficou escuro.

    - Mais que droga!

    - Yusuke, não me deixa sozinha.

    - Larga do meu braço, Keiko!

    - Yukina cadê você?

    - Aqui Kazuma.

    Pelo corredor ouvia distintamente a agitação na sala, tinha deixado a porta de correr aberta, mas... Mas não conseguia me mexer. Pregada no chão encarava os olhos vermelho-sangue que me fitavam nessa escuridão, chegando mais e mais perto de mim.

    - Não, não...

    Por favor, de novo não. Os passos dele se detiveram enquanto meu coração martelava contra o peito. Esperava a qualquer segundo ele pular em cima de mim, rasgar minhas roupas como eles fizeram e depois...

    - Baka onna, o que acha que farei com você?

    A pergunta cínica, feita num tom irritado me pegou desprevenida e de repente, não senti mais minhas pernas. Sem ar, recuei trôpega procurando apoio de alguma parede e revirei os olhos, tombando o corpo para trás.

    - Não sei.

    Antes de cair no chão, senti um braço enrolando rápido na minha cintura me segurando.

    BOTAN POF

    HIEI POV

    Mas o que houve com ela?! Confuso, a puxei para mim e vi que realmente perdeu os sentidos.

    - Tsk.

    Essa garota causa mesmo problemas. Me abaixei passando o outro braço atrás dos seus joelhos a erguendo em tempo de Kurama entrar aqui.

    - Hiei?

    Uma luz estranha e forte se focava no meu rosto. Apertei os olhos incomodado.

    - Abaixe essa coisa.

    A luz forte sumiu e entendi que era daquela caixa de voz dele. Estava guardando no bolso da calça olhava confuso para a garota nos meus braços.

    - O que aconteceu com a Botan?

    - Desmaiou. E antes que pergunte não fiz nada à ela.

    Ele me encarou serio. Suspirei enfadado.

    - Depois resolvemos isso. – deu um pausa - Você notou?

    - Claro.

    Virei o rosto para a porta dos fundos. Estava aberta e os sinos de vento tilintavam com a brisa forte. Sinal de que cairia uma tempestade logo.

    - Ainda está lá fora.

    - Sabe quem é?

    Curvei os lábios maldoso.

    - Um idiota morto.

    - Vou chamar Yusuke.

    Apenas assenti e Kurama voltou calmamente pelo corredor. A aura do demônio lá fora estava oscilando, agitada de antecipação. Quis rir. Mal Yomi assumiu o titulo e os youkais se debandaram para o mundo dos homens.

    - Hum...

    Baixei o rosto para a garota. Sua pele transpirava, ela suava frio e estremecia. Essa palidez fácil e repentina estava mais que me intrigando. Não era uma doença. Ataque de pânico talvez. Bom, de todo modo só me deu mais prazer em caçar o canalha que a abusou.

    Passos vindo para cá me tiraram dos pensamentos e me voltei para Yusuke. Como eu seus olhos brilhavam em vermelho-sangue. Somente demônios têm o olhar assim no escuro. Se Kurama assumisse a forma de Youko ele também teria.

    - As meninas já estão dentro do templo com Kurama e Kuwabara. Ei, o que houve com a Botan?

    Estreitei o olhar. Ele fez menção de tira-la dos meus braços e a afastei. Isso o surpreendeu.

    - Nada demais. Desmaiou.

    - Ei Hiei, você não fez nada com ela não, ou fez?

    Estremeci irritado. Já a segunda vez que me perguntam isso e ainda Yusuke tinha uma expressão maliciosa. Maldito Tantei!

    - Não preciso responder essa pergunta. Vamos logo.

    - Falou baixinho.

    Ignorei seu tom risonho. Seguimos direto para o corredor e depois viramos para a direita. Yusuke abriu uma porta de rolar devagar. Estávamos apenas nos três aqui e estranhamente o youkai que sabotou a energia cercava apenas essa parte da casa. Enquanto atravessávamos esse cômodo a aura lá fora de repente desapareceu. Paramos de súbito e a tensão pairou no ar.

    - Fique atento.

    - Digo o mesmo.

    Ele se posicionou em forma de ataque e apertei mais a onna contra mim. Atrapalharia um pouco, mas... De repente um zunido cortou o silencio. Vinha de trás. Me joguei girando no ar, em tempo das paredes laterais quebrarem com a arma. O circulo de aço cravou no tatame abrindo um rombo.

    Apertei os dentes e mais zunidos cortaram. Corri com Yukuke, saltando para a saída ao cair na passarela que ligava o templo com a casa. Era enorme e o vento aumentava. Droga, isso encobria os rastros.

    - Parece que estavam mirando em você!

    Antes que o xingasse, um machado enorme zuniu mirando meu pescoço. Me joguei inclinando e escorregando os joelhos na madeira, segurando firme a garota desmaiada.

    - Até que enfim apareceu maldito!

    O choque dos golpes e a luz azul me deram noção do ataque de Yusuke. Soltei um braço e apoiei a mão no piso, batendo e me jogando para cima em tempo de desviar outro ataque. Outro youkai, parecia um ogro com a pele grossa socou a passarela, no mesmo lugar em que estava. Ainda no ar ele me viu e suas asas abriram. Sondei por uns segundos ao redor e notei que esse cerco era feito apenas por três. Ele, o cretino que ainda não apareceu e o classe B que Yusuke lutava.

    Isso era irritante.

    - Hiei, seu traidor. Protegendo uma fêmea?

    Ardi de raiva e girei no ar sumindo. Ele voou em direção ao telhado do templo, se chocando com a Kekkai. Pousei quebrando as telhas no canto do prédio, tomando impulso e me atirei agarrando firme a cintura da onna. Sorte que ela estava desmaiada. Quando me viu, o ogro arregalou os olhos chocado. O rosto queimando da energia.

    - Mas.. mas como? Está dentro da barreira!

    Estava? Interessante. Atirei a mulher para o alto, tirando sua atenção e saquei a espada. Num balanço cortei sua asa direita e depois como me atirava nele, cravei a lâmina entre suas costelas, enterrando até perfurar o núcleo que era o seu coração. Enquanto caíamos direto para a passarela, plantei os pés no seu peito e o chutei, me empurrando e soltando a espada. Vi um clarão de energia e depois um grito horrendo. Yusuke acabara de atirar o Leigan.

    - Botan!

    Tsk. Que desespero. Já estava indo pegá-la. A garota caía direto para o gramado à frente quando outro zunido, diferente dos outros cortava o ar. Um calafrio me varreu a espinha. Mal caí no deque do templo e corri desgovernado, saltando para uma arvore e pousei num galho, pegando impulso ao me jogar na direção dela. No instante que a alcancei, agarrei-a pela cintura e girei para trás cortando a rede de fios de aço com a espada. As farpas caíram cravando na grama num estrondo.

    Instantes depois caí também na relva, minhas botas derrapando ao frear enquanto eu encarava adiante. O sujeito, humanóide com vestes de samurai disparou entrando na floresta. Minha vontade era de ir atrás. Contudo...

    - Deixa comigo!

    Yusuke correu atrás do youkai. Veloz ao olho nu. Em segundos o pegaria e esperava que fosse inteligente o bastante em não mata-lo. Precisamos saber quem foi o autor disso. Não parecia um cerco aleatório.

    - O..o que aconteceu?

    A voz fraca tirou minha atenção. Baixei a espada enquanto encarava a onna. Ela mal se mexia e tinha a impressão que se a soltasse não se agüentaria em pé.

    - Volte a dormir.

    - O que?

    Os olhos róseos viraram para mim, desfocados e trêmulos. Isso me causou uma sensação estranha. A mesma que senti quando me atirei feito louco atrás dela, antes que a rede de metal a pegasse.

    Preocupação. Isso me espantou.

    - Hiei?

    Finalmente ela me reconheceu e senti seu corpo enrregelar enrijecendo. Um incomodo ardeu no meu peito e desviei o olhar, sibilando irritado.

    - Sim, agora durma mulher.

    Por incrível que pareça, ela me obedeceu desmaiando outra vez.


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