Conhecendo Amegakure

Mas antes vamos conferir um breve trecho do capítulo anterior: 

- Você se senta comigo, nee-san? – perguntou Hanabi se dirigindo aos assentos do fundo. 

- Claro, Hanabi-chan. – respondeu a jovem sorrindo tranquilamente enquanto a menina se sentava animada ao lado da janela. 

Mas antes que pudesse se juntar a Hanabi, Gaara chamou a atenção de Hinata.

- Podemos conversar por um momento? – perguntou seriamente indicando um canto próximo à cabine de pilotagem. 

Com o coração batendo rapidamente a jovem atendeu a seu chamado. 

- Desculpe te chamar assim, só queria perguntar uma coisa... - começou o ruivo, desviando o olhar da jovem, sem jeito. 

- O-O que foi? - perguntou Hinata nervosa. 

- Queria saber se você está bem. É que durante a semana você parecia estar me evitando, eu fiz algo que a fez se sentir mal? - perguntou seriamente, agora fitando os olhos perolados da garota. 

Ao se deparar com os olhos verde turquesa de seu amado por um momento a jovem ficou em transe, como se eles a atraíssem, permanecendo em silêncio apenas observando-os por alguns segundos. Até que se deu conta da expressão preocupada de Gaara. 

- Não! Claro que não! – falou Hinata rapidamente, ainda que estivesse triste por Gaara desejar ser somente seu amigo, ela não poderia culpá-lo – Apenas estava ansiosa pela viagem, está tudo bem. – mentiu ela desviando rapidamente o olhar. 

- Que bom. – falou Gaara dando um leve sorriso – Tive medo que não quisesse mais se aproximar de mim. 

Mesmo que não quisesse se apaixonar por Hinata, o jovem não desejava se afastar da primeira pessoa que conquistara sua confiança, ela era muito especial para ele. E ainda que estivessem juntos apenas como amigos, ele pensava que era suficiente, pois assim poderia estar a seu lado. 

Ao ouvir as palavras do jovem, Hinata deu um leve sorriso. Não resistindo ela tocou seu rosto. Gaara olhou para ela surpreso. 

- Sempre serei sua amiga. Pode contar comigo. – disse a garota sinceramente, acariciando levemente sua face com as mãos trêmulas. 

O jovem deu um sorriso sincero e segurou a mão de Hinata que estava sobre seu rosto, apertando-a delicadamente. 

Sentindo-se comovida com o gesto de Gaara, a garota que tinha vontade de abraçá-lo nesse momento, a mesma vontade que o jovem sentia. Mas ambos se contiveram. Ainda mais ao notar a aproximação de Hiashi. Logo eles se separaram, ficando um tanto constrangidos. 

- Quer se sentar comigo, Gaara? – perguntou o homem – Gostaria que conversássemos. 

O jovem assentiu e assim ele e Hinata sorriram um para o outro e se dirigiram a seus lugares. Estavam separados por alguns metros, mas de alguma forma seus sentimentos estavam unidos, ainda que eles não soubessem. 

Ambos queriam o bem um do outro e estar próximos, mas nenhum deles iria admitir seus sentimentos, pois pensavam que dessa forma estavam se protegendo.

Hinata estava feliz, pois pensava que tomara a decisão certa. Seria a amiga que Gaara precisava e teria que se contentar com isso, mesmo que em seu coração desejasse ser mais do que uma amiga. 

Gaara, por sua vez, se conformava com sua decisão pensando que seria melhor para ambos, pois assim o amor não lhes traria tristeza, nem faria com que se separassem. Pela amizade estariam sempre unidos a salvo do sofrimento. 

​

Neste capítulo: 

- Você e minha filha se dão bem, não? – perguntou Hiashi tranquilamente surpreendendo Gaara que ficou inquieto em seu assento no avião – Vocês estão namorando? 

- N-Não, somos só amigos. – respondeu o ruivo rapidamente – Sua filha é uma pessoa gentil e admirável, gosto muito dela, mas como amigo. – no fundo essas palavras doíam no coração de Gaara, mas ele queria mais do que tudo acreditar nelas. 

- Entendo. Não fique tão nervoso, estava apenas sondando. – explicou o homem dando um leve sorriso – Conheço tão pouco minhas filhas, que preciso perguntar a seus amigos o que se passa com elas. – ao dizer essas palavras o sorriso de Hiashi se tornou triste – Você deve estar pensando que tipo de pai eu sou, não é mesmo?

- Um pai que se preocupa com suas filhas. Isso é bom. – disse Gaara. 

O homem fitou o garoto surpreso. Depois da morte de sua esposa ele tinha ciência de que não foi um bom pai para as filhas. Sempre distante e frio, afundando-se em seu trabalho e exigindo que Hinata e Hanabi fizessem o mesmo com os estudos. Mas ao ouvir as palavras de Gaara sentiu-se um pouco melhor. 

- Quase nunca converso com Rasa sobre assuntos pessoais, mas creio que somos parecidos. Ele também parece ser um pai preocupado com o bem estar dos filhos, não é? – perguntou Hiashi.

- Creio que o senhor é melhor pai que ele. – disse o ruivo sem pensar. 

- O que quer dizer com isso, Gaara? – indagou o homem sem entender. 

- Nada. – disse o garoto rapidamente. 

Notando o mal estar de Gaara, Hiashi mudou de assunto, falando sobre seus negócios e como estava animado em mostrar os projetos que sua empresa havia desenvolvido em Sunagakure. O ruivo sentiu-se mais à vontade com o novo rumo da conversa e voltou a ficar mais tranquilo, apesar de saber que logo estaria em sua cidade natal, um lugar, para o qual não desejava voltar tão cedo. 

Tenten estava inquieta. Ela queria mais do que tudo puxar assunto com o rapaz ao seu lado, mas Neji parecia tão compenetrado olhando pela janela que ela ficara sem ação. A garota sabia o quanto o primo de sua melhor amiga era reflexivo e gostava de paz e calmaria, podendo passar horas entretido com seus pensamentos. 

Mas se isso continuasse assim como avançaria sua relação com o garoto? Ela não poderia perder essa oportunidade. 

Então Tenten, reuniu toda a coragem que tinha e iniciou uma conversa despretensiosa com o rapaz. 

- Como anda o trabalho do Kakashi-sensei, Neji? Imagino que tenham terminado a parte teórica. 

- Sim, terminamos. – respondeu o garoto tranquilamente voltando-se para a jovem que quase derreteu em seu assento ao se deparar com as pérolas de seus olhos fitando as suas orbes castanhas – Só o que resta é coletar mais dados da cidade e tirar fotos. E o seu trabalho, como anda?

- Estamos quase finalizando a parte teórica e o Lee disse que encontrou as imagens da cidade em alguns sites na internet, então falta pouco para arranjarmos tudo. – comentou a garota – Se... você quiser posso te ajudar a coletar dados. Acho que Chouji e Naruto preferirão tirar fotos, não é mesmo?

- É você os conhece bem. – Neji deu uma risada leve que encantou Tenten – Na verdade até prefiro assim, gosto de ficar compenetrado quando faço alguma coisa e a animação de Naruto poderia atrapalhar. 

- Sem falar que Chouji, de certo, ficará mais preocupado em conhecer os restaurantes de Amegakure. – riu a garota. 

- É acho que tem razão. Melhor eu fazer a coleta de dados, sozinho. – disse o rapaz tranquilamente. 

Tenten desanimou um pouco com o comentário de Neji. Talvez ele quisesse ficar sozinho e se ela fosse junto seria um estorvo. Mas a garota não podia desistir, tinha que ouvir dos próprios lábios de seu amado e não deduzir coisas sem saber. 

- Se eu fosse com você atrapalharia? – insistiu Tenten. 

- Não. – respondeu o rapaz, para o alívio da garota – Mas não seria chato? 

- Claro que não. Em dois é mais divertido. – disse ela rapidamente. 

- Tudo bem, então. – concordou Neji. 

A garota ficou radiante, sua vontade era gritar e abraçar o rapaz ao mesmo tempo, mas conteve seus desejos e apenas sorriu satisfeita. 

Outra pessoa animada no avião era Naruto, que todo momento puxava conversa com Chouji sobre a viagem e coisas que observava no céu. Parecia uma criança em sua primeira viagem escolar. O garoto, de rosto redondo e cabelos castanhos claros, não partilhava da mesma animação de seu companheiro, pois estava sofrendo um terrível enjoo e desejava mais do que tudo que o avião não demorasse a pousar. 

Quanto a Hinata e Hanabi estavam engatadas em uma gostosa conversa. A garota mais velha ficara feliz em ver a irmã alegre e animada. Pensava que a viagem faria muito bem a ela. Mas ainda estava pensativa sobre a surpresa que a menina queria preparar para Gaara. O que sua irmã caçula iria aprontar?

- Hanabi-chan! – chamou Hinata, fazendo sua irmã caçula se voltar para ela – Você disse que queria retribuir o favor de Gaara, certo?

- Isso. – confirmou a menina animada. 

- Mas, o que você pretende fazer? – indagou a garota mais velha. 

- Bem, isso é surpresa. – respondeu a menina dando um sorriso maroto – Logo você saberá, Hina-one-san. 

E Hinata não conseguiu arrancar mais nenhuma palavra de Hanabi. 

Passadas duas horas, finalmente puderam avistar Amegakure. O grupo percebeu que o nome da cidade era literal, pois há alguns quilômetros de distância já podiam ver várias nuvens escuras cobrindo o local. E quando o avião pousou e finalmente puderam sair, para o alívio de Chouji, tiveram que usar guarda-chuvas para não se molharem. 

Ao pegarem a bagagem, Hinata notou que Gaara apanhara uma maleta grande com um formato diferente. Ela aproximou-se do rapaz curiosa. 

- O que é isso, Gaara-kun? – perguntou surpreendendo o garoto. 

- Ah, é minha guitarra. Não quis deixá-la sozinha no apartamento, o bairro em que estou vivendo não é muito confiável e gostaria de mostrar ao meu irmão que estou cuidando bem do presente que me deu. – explicou Gaara calmamente. 

Hinata logo se lembrou de seu segundo encontro com Gaara, na loja de instrumentos musicais. Quando ainda não se conheciam direito e ela fugiu envergonhada após ouvi-lo cantar uma bela canção, com a qual havia se identificado muito. Suas bochechas coraram com a recordação. 

- L-Lembro que você estava tocando na loja de instrumentos musicais. – disse Hinata timidamente – Você toca e canta muito bem. Você se lembra desse dia?

- Lembro. – confirmou Gaara seriamente. 

Ele nunca poderia esquecer este dia, pois foi a primeira vez que teve vontade de testar sua música, após uma noite de inspiração, sendo a fonte desta, a garota que se encontrava à sua frente. 

- E-Eu estava envergonhada, por isso saí daquele jeito. Desculpe-me. – dizia a garota um tanto nervosa enquanto mexia seus dedos indicadores - Mas, eu gostei da música, é muito bonita. Como se chama? 

- Ela ainda não tem nome. É uma música que estou compondo. – contou o jovem um pouco sem jeito. 

- Isso é incrível! – exclamou Hinata admirada – -Q-Quando ficar pronta você me deixaria ouvi-la? – perguntou a garota sem jeito.

Mas antes que Gaara respondesse sua pergunta, a atenção do casal foi desviada para a voz animada de Naruto. 

- Você toca, Gaara? – perguntou o loiro surpreso. 

- Sim, toco. – confirmou o ruivo. 

- Que legal, cara. Você poderia participar de um show com a nossa banda. O que acha? – sugeriu Naruto animado. 

- Bem, eu não sou muito bom me apresentando em público. Apenas toco para mim mesmo. – replicou Gaara sem jeito. 

Apesar de gostar muito de bandas de música, o ruivo nunca cogitou entrar em uma. Primeiro, pois antes não tinha um grupo de amigos que tocasse instrumentos musicais, aliás, nunca tivera amigos antes de entrar no colégio de Konoha, e segundo, pois era muito reservado e não sabia se teria coragem de se apresentar para uma plateia. Ele nem mesmo deixava seus irmãos verem-no tocar. 

- Mas um dia a gente tem que combinar de você ir ao nosso ensaio, gostaria muito de ver como você toca e aposto que a turma ficaria feliz em te receber. – insistiu o loiro. 

Gaara pensou em recusar, mas algo o fez repensar essa decisão. Ele fora tão bem tratado por Naruto e devia uma para ele e seus colegas de sala que o ajudaram quando foi castigado por Anko-sensei, seria ingratidão não aceitar. Sem falar que curtira muito quando a banda tocou no Ichikaru. 

- Tudo bem. – concordou o ruivo. 

- Então está combinado. Na próxima sexta-feira você vai ao nosso ensaio. – disse Naruto entusiasmado - E você também está convidada, Hinata, se quiser. 

- Bem, eu... – começou a garota insegura. 

- Claro que ela vai, e se me deixarem também gostaria de ir. – disse Tenten de repente passando um braço em volta da amiga, encorajando-a. 

Hinata estranhou um pouco a atitude da garota, mas esta lhe deu uma piscadela, o que deixou a jovem ainda mais confusa. 

- Então por que não vamos todos. A banda ficará feliz em ter tantos espectadores. Quanto mais gente melhor. – disse Naruto dando um sorriso amistoso. 

- Vai ter comida? – perguntou Chouji que já havia comprado um pacote de salgadinhos, o qual estava comendo neste momento, significando que o enjoo havia passado. 

- Sempre tem um lanche depois do ensaio, a mãe do Shikamaru que faz, ela cozinha bem. – comentou o loiro. 

- Então vocês ensaiam na garagem do Shikamaru? – perguntou Tenten interessada. 

- Sim, ela é bem ampla e a gente fez uns ajustes para torná-la acústica, assim não incomodamos a mãe do Shikamaru que vivia reclamando do barulho. 

Mas logo a conversa terminou, pois Hiashi chamara os jovens, apressando-os, já que permaneceriam menos de um dia na cidade. 

Ao saírem do aeroporto, o grupo de oito com exceção de Hiashi, ficou admirado com a arquitetura da cidade que era totalmente industrializada, cheia de arranha-céus e outros edifícios metálicos, com dutos e linhas de energia labirínticas ligadas a eles. 

Era como observar uma cidade do futuro, onde não havia árvores e nem sinal de natureza. Uma visão espantosa e triste ao mesmo tempo. 

- Muitos desses prédios foram projetados por nossa corporação. - comentou Hiashi tranquilamente ao ver os olhares admirados dos jovens - Apesar da chuva intensa, a cidade não possui um terreno fértil, ela vive da energia produzida por hidrelétricas, trocando eletricidade por bens de consumo com outras cidades como Konoha. 

- O governo de Amegakure já pensou em captar a água da chuva para ajudar a prover regiões desérticas como Sunagakure? - perguntou Neji seriamente. 

- Já, mas é preciso um sistema de purificação da água, já que os gases produzidos pelas fábricas provocam chuva ácida. E como a cidade é pequena não conta com recursos para instalar um sistema desse porte. - explicou o Hyuuga mais velho. 

- Sunagakure pode ser árida, mas contamos com um bom sistema subterrâneo de reserva de água, também plantamos muitos cactos na cidade. - disse Gaara entrando na conversa - Essas plantas fazem parte da alimentação diária dos habitantes, suprindo nossa necessidade por água, já que são capazes de guardar uma boa quantidade de água. 

- Seria interessante se houvesse uma aliança entre as vilas. - comentou Naruto de repente surpreendendo a todos - Cada uma delas tem algo bom a oferecer, posso não entender os termos técnicos, mas compreendo que para haver paz e boas relações entre as vilas é necessário que todos se ajudem com o que tem de melhor. 

- Falou como um verdadeiro futuro político. - comentou Tenten em um misto de admiração e brincadeira. 

- É disso que precisamos, mentes jovens a fim de ajudar a melhorar a situação do país. - comentou Hiashi admirado. 

- Se for para melhorar a qualidade da comida e providência, contem comigo também. - disse Chouji provocando risos em todos. 

Ficou combinado que o Hyuga iria a uma reunião com o presidente de uma construtora, enquanto que Neji e Tenten visitariam a prefeitura de Amegakure para coletar mais dados sobre a cidade, Naruto e Chouji iriam até os pontos principais da cidade e tirariam fotos e Hinata, Gaara e Hanabi ficariam livres para conhecer o lugar. 

Então eles se encontrariam para o café da tarde em uma lanchonete do aeroporto. Todos concordaram com o combinado. Deixaram suas bolsas e malas em armários de guarda-volumes que havia no próprio aeroporto e então se despediram e cada um seguiu seu caminho. 

Hinata sorriu ao ver Tenten caminhando ao lado de Neji, ela ficara feliz que a amiga estava tendo êxito em sua tentativa de se aproximar de seu primo, e esperava que tudo desse certo. 

“É muito bom estar ao lado de quem se ama.” pensava a jovem sonhadora. 

- Vamos, Hinata? – chamou Gaara e a garota se dera conta de que estava na mesma situação que Tenten, mas ao contrário desta não poderia ser verdadeira com seus sentimentos, pois prometera a si mesma respeitar a vontade do ruivo e ser somente sua amiga. 

E ela se esforçaria ao máximo para isso. 

- Aonde vamos, Hina-one-san? – perguntou Hanabi animada. 

Hinata se manteve pensativa por um momento. A que lugares poderiam ir em uma cidade chuvosa e com tantos prédios como Amegakure?

- Como aqui chove bastante, talvez seja melhor visitarmos as lojas e lugares fechados, devem ter muitos por aqui. – comentou Gaara de repente. 

- É verdade. – concordou Hinata – Assim poderíamos aproveitar e escolher um bom lugar para almoçarmos. 

- Boa ideia. – disse a menina de cabelos castanhos. 

E assim em concordância os três seguiram seu caminho juntos. 

...

Tenten estava estranhamente nervosa enquanto caminhava ao lado de Neji. Era a primeira vez que estavam sozinhos dessa maneira e mesmo sendo uma garota falante e confiante, com ele, Tenten perdia o controle e se tornava uma garota totalmente atrapalhada. Ela simplesmente não sabia como agir. 

Em uma rua ambos cruzaram com um casal andando abraçados sob um guarda-chuva e Tenten deu um leve suspiro, pois ambos, ela e Neji , estavam usando guarda-chuva e não teria como eles estarem na mesma situação. 

- Já estamos chegando à prefeitura. Faltam apenas três quadras. – avisou Neji desviando a atenção da garota. Ele carregava um mapa consigo e apontava um grande prédio à frente. 

- Onde conseguiu este mapa, Neji? – perguntou Tenten curiosa. 

- Imprimi da internet. – comentou o rapaz tranquilamente. 

- Como sempre você pensa em tudo. – disse Tenten sorrindo – Mas às vezes pedir ajuda não tem nada de mal.

- O que quer dizer com isso? – perguntou Neji querendo entender o comentário da garota. 

- Ah você sabe, desde que te conheço notei que prefere fazer as coisas, sozinho, dificilmente pede ajuda a alguém. – comentou a garota seriamente - Gostaria de saber por que age assim. 

O rapaz se surpreendeu com a pergunta de Tenten, nunca alguém havia comentado sobre este aspecto de sua personalidade. As pessoas ao seu redor sempre consideravam Neji independente e capaz, alguém que sempre ajuda e nunca incomoda. Por que somente aquela garota se preocupava com isso?

- Bem, desde criança aprendi a tomar conta de mim mesmo, minha mãe morreu quando eu era muito pequeno e meu pai se foi não muito tempo depois. – explicou o rapaz seriamente - Cheguei a viver com meu tio, Hinata e Hanabi por alguns anos, mas não me adaptei. Quando completei 15 anos comecei a morar sozinho, acho que me dou melhor assim. 

A garota conhecia parte da história de Neji , afinal ela o conhecera na casa de sua melhor amiga quando tinham 12 anos de idade. Fora amor à primeira vista, Tenten se apaixonara pela personalidade madura e séria do garoto, seu total oposto. Mas ela não sabia e nem havia parado para pensar no quanto Neji havia sofrido. E nesse momento ouvindo-o falar dessa maneira sua vontade era consolá-lo. 

Porém como não se achava no direito de fazer algo assim, decidiu continuar a conversa de forma tranquila, evitando que o rapaz tivesse pensamentos tristes. 

 

- Às vezes também acho melhor ficar sozinha. Mas pra mim é meio que impossível. – comentou a garota em tom divertido. 

- Por quê? – perguntou o rapaz curioso. 

- É que tenho quatro irmãos menores e cuido deles enquanto meus pais estão trabalhando. E eles tomam todo o meu tempo. – explicou Tenten rindo. 

- Seus irmãos costumam se machucar? – perguntou Neji de repente. 

- Ah sim, e como. Aprendi primeiros-socorros na prática por causa disso. Mas por que está perguntando isso? – indagou a garota estranhando a pergunta. 

- Porque lembro que você teve muita habilidade no acampamento da escola do ano passado. Muitos alunos se machucaram e você ajudou todo mundo. Fiquei admirado. – disse o rapaz seriamente. 

“Neji me observou durante o acampamento e ainda ficou admirado comigo? Não posso acreditar! Isso é tão...legal!” pensava Tenten sorridente. 

De repente os jovens ouviram o choro de uma criança. A garota logo se dirigiu a um menino de uns quatro anos que estava sozinho em frente a uma loja de doces. 

- O que aconteceu? Por que está chorando? – perguntou Tenten calmamente enquanto se abaixava, ficando próxima à altura do garoto. 

- Me perdi da minha mãe. – respondeu o menino com a voz chorosa. 

- Como é sua mãe? – perguntou Neji aproximando-se. 

- Ela tem o cabelo castanho e sua blusa é vermelha. – disse o garotinho. 

Rapidamente Neji vasculhou com os olhos o local e antes que Tenten se levantasse e fizesse o mesmo ele saiu, voltando alguns minutos depois, sendo seguido por uma mulher com o semblante preocupado. 

Assim que viu a mulher o garotinho correu para os seus braços. Ela era como sua descrição, tinha cabelos castanhos e usava uma blusa vermelha. 

- Obrigada. – disse a mulher fitando Neji emocionada – Se não o encontrasse não sei o que faria. Você está bem, Seiji? 

- Eu to, a one-san foi legal comigo. – disse o menino sorrindo. 

- Obrigada a você também. – agradeceu a mãe à Tenten que deu um sorriso dizendo que não havia sido nada. 

E assim mãe e filho se despediram, deixando a garota de cabelos castanhos e o rapaz de olhos pérola que ficaram por alguns momentos observando-os ir embora. 

- Como você encontrou a mãe do Seiji tão rápido? – perguntou Tenten impressionada. 

- Acho que tenho os olhos bem treinados de tanto observar as pessoas. – respondeu Neji simplesmente, dando um leve sorriso. 

“Observar as pessoas...” pensou Tenten “Será que ele observa a todos da mesma forma?” nesse momento ela lembrou-se das palavras de Neji que havia se admirado com sua habilidade de fazer curativos e um fio de esperança surgiu em seu coração. 

“Pelo menos ele presta atenção em mim. Isso é bom.” e com esse pensamento um belo sorriso se formou nos lábios de Tenten. 

- Acho que formamos uma boa equipe. – disse a garota de repente surpreendendo o rapaz ao seu lado - Deveríamos trabalhar no departamento de crianças perdidas. - comentou em tom de brincadeira. 

Neji não pode deixar de contagiar-se com a alegria da garota, o que foi demonstrado através de um sorriso de lado. 

E assim os dois continuaram a caminhar em direção à prefeitura de Amegakure. Seus passos embalados pelo som das gotas de chuva que batiam em seus guarda-chuvas e na calçada. 

...

Gaara, Hinata e Hanabi passaram por várias lojas. Assim como o ruivo pensara Amegakure era rica em lugares fechados e aconchegantes. 

Primeiramente os três foram tomar um chá e comer doces em uma confeitaria. Como haviam tomado café da manhã muito cedo estavam famintos. Hanabi que amava doces ficou horas escolhendo um sabor de torta na vitrine, enquanto que Gaara e Hinata aguardavam sentados em uma mesa. 

- A Hanabi está tão contente. – comentava a jovem de olhos perolados com um leve sorriso nos lábios. 

O ruivo sorriu também ao ver a menina, toda animada, olhando para a vitrine lotada de coisas deliciosas. 

- Fico feliz que ela esteja bem. – disse Gaara tranquilamente – Hanabi é uma boa menina. 

- É verdade. – concordou Hinata timidamente. 

Por um momento os olhos dos dois jovens se encontraram e eles ficaram sem jeito. Só agora se deram conta que estavam sozinhos. 

- Seu bolo está gostoso? – perguntou Gaara soltando um pigarro, tentando amenizar a tensão que sentia. 

- Ah sim, bolo de morango é um dos meus preferidos. – comentou Hinata sorrindo - Gostaria de experimentar? – perguntou a garota sem pensar. 

- Sim, gostaria. – respondeu o jovem fitando Hinata que ficou vermelha como um pimentão, pois se dera conta que perguntara algo estranho. 

E para ajudar a aumentar ainda mais seu constrangimento, havia um casal sentado próximo à mesa deles, em que a garota dava uma colherada de seu doce na boca do namorado. 

- Q-Que tal nós trocarmos de pratos por um momento. – sugeriu o rapaz rapidamente – Minha torta de chocolate também está deliciosa e gostaria que você experimentasse. 

A garota concordou e assim um momento que seria tenso, tornou-se divertido, pois logo Hanabi chegou com uma torta de maçã e aderiu à troca de pratos. 

Gaara e Hinata suspiraram de alívio, mas no fundo de seus corações gostariam de estar na mesma situação que o casal da outra mesa. 

Depois da confeitaria, eles seguiram para uma loja de presentes, e em seguida outra de brinquedos, onde a menina de 12 anos ficou com vontade de tudo, e Hinata, concordara que ela poderia comprar um bichinho de pelúcia. Hanabi saiu da loja toda contente com uma pomba de pelúcia. 

- A balconista disse que a pomba é o símbolo da liberdade de Amegakure. - comentou a jovem impressionada. 

- Ouvi falar que a cidade sofreu anos com o governo ditador de Hanzou. Há alguns anos houve uma revolução e agora parece que Amegakure está em paz. - explicou Gaara. 

- Quem é o prefeito da cidade agora? - perguntou Hinata curiosa. 

- Bem, muitos o chamam de Pain, pois esse era o nome que ele usou durante a revolução, mas acho que seu nome verdadeiro é Nagato. Dizem que ele é jovem, deve regular com o Kakashi-sensei. - respondeu o ruivo. 

- Incrível. Seria interessante conhecê-lo. - comentou a garota admirada. 

- Olha, one-san, que piano lindo! - exclamou Hanabi apontando para a vitrine de uma loja de instrumentos musicais. 

- Por que não entramos para você ver mais de perto? - sugeriu Hinata amavelmente. 

A menina logo concordou e Gaara deu um leve sorriso em concordância. 

Enquanto Hanabi ficava "namorando" um belo piano branco, Gaara começou a mostrar alguns modelos de guitarra para Hinata, e a garota ficou admirada pelo jovem saber tanto sobre os instrumentos. 

Nesta loja também tinha um espaço acústico, onde os clientes podiam testar os instrumentos. 

O rapaz deu um passo à frente, abrindo a porta. 

- Vamos. – disse ele – Você gostaria de me ouvir tocar, não é? – perguntou à Hinata. 

A garota assentiu envergonhada, enquanto que Hanabi logo se animara. 

- Que legal! Também quero!

Gaara escolheu uma guitarra do mesmo tipo que a sua e os três entraram na sala. 

O rapaz não tocou e cantou a canção que estava compondo,mas outra,não de sua autoria, mas de uma banda que apreciava muito, Home Made Kazoku, optando pela música Shooting Star que unia rap a um toque leve e envolvente, combinando com o momento. 

sora wo miagereba

hoshitachi ga hora matataiteru

kono hoshi no hitodachi mitai ni

samazama na hikari wo hanatte

vejo estrelas que me conformam.

Estrelas que parecem multidões de pessoas,

Emitindo diversos tipos de luz.

Isso mesmo, e é por isso...

... que quero brilhar ao menos uma vez.

sono naka de boku mo hitoki wa kagayaiteitainda

me wo tojite kokoro ni chikau

nagareboshi ni yume wo takushite

koko wa itsumo no kouen

yakei ga mieru suberidai no ue

mukashi kara boku no tokutouseki

nayami ga areba koko ni kurun desu

ano koro no mama yume no tochuu de

imada kanaerarezu ni irun desu

Fecho meus olhos e começo a rezar.

Confio meu sonho àquela estrela cadente.

Nesse parque que venho sempre,

posso ver o mais belo por do sol...

Esse que sempre foi meu lugar especial,

Sempre que estava mal, vinha pra cá.

E desde então, envolvido por este sonho,

Não sou capaz de me realizar.

Hinata ficou maravilhada. Não era a primeira vez que ouvira Gaara cantando, mas dessa vez não tinha razões para sair correndo, podia ficar ouvindo-o tranquilamente. 

moshikashite koko ga mou shuuten

nante yowane wo haite

shimaisou na hi mo aru

demo sono tanbi ni omoi dasu

nagareboshi wo sagashite ano hoshizora

chiisana koro no negaigoto wa ima

mukashi mo kawaranai mama

sora wo miagereba

Talvez seja o fim.

Essa voz fraca que ressoa...

...quando tudo parece dar errado.

Mas então eu me lembro...

...procurando aquela estrela cadente no céu estrelado.

O desejo que fiz quando era garoto,

Não mudou com o passar do tempo.

... [não coloquei a música inteira, caso contrário ficaria cansativo, se quiserem conferir a tradução na íntegra deixarei o link no final da página]

Ao terminar a canção, o rapaz de cabelos rubros fitou a jovem de olhos perolados de forma intensa. As bochechas de Hinata coraram. 

- Que demais, Gaara-kun. Você canta e toca muito bem. Poderia mesmo fazer parte da banda do Naruto-kun. – disse Hanabi animada. 

Gaara deu um leve sorriso. 

- Hinata-one-san, agora posso dar uma olhada nos pianos elétricos? – perguntou a menina. 

- Claro, pode sim. – disse a jovem. 

E Hanabi saiu correndo, saindo da sala acústica. 

- Hanabi tem razão você toca e canta muito bem. – disse Hinata dando um sorriso – Dá pra ver que você realmente gosta de música, consegui sentir o sentimento da música através da melodia de sua guitarra e sua voz. – comentou a jovem encantada. 

Gaara ficou desconcertado com as palavras de Hinata. Nunca haviam lhe dito algo igual. 

- Obrigado. – respondeu o ruivo sem jeito – Você nunca teve vontade de aprender a tocar um instrumento musical? – perguntou. 

- Na verdade nunca pensei nisso. – respondeu a jovem sinceramente. 

- Gostaria de tentar? – perguntou oferecendo a guitarra. 

- Bem, não sei se tenho jeito. – disse Hinata apanhando o instrumento que Gaara lhe oferecia. 

Ela posicionou suas mãos, tentando imitar o que havia visto o ruivo fazer. Gaara observou por um momento e de forma profissional começou a ajudar Hinata. 

- Essa mão você deixa assim. – disse ele ajudando a jovem a posicionar sua mão direita na parte mais fina do instrumento. - E essa assim. – terminou ele posicionando a outra mão de Hinata. 

- Agora está certo? – perguntou a jovem voltando-se para o rapaz. 

Assim que virou seu rosto, a garota notou que estava muito próxima a Gaara. O jovem fitou os olhos perolados de Hinata, desconcertado. A garota se aprofundou em suas íris verde turquesa, descendo seus olhos pelo nariz e parando na boca do rapaz. Desta vez foi ela que sentiu o primeiro impulso de se aproximar mais. 

Desde o sonho que tivera em que Gaara a beijava, em Hinata despertara essa vontade, de sentir a sensação de tocar os lábios de seu amado. E sem pensar ela começou a aproximar seu rosto do dele. 

Gaara ficou estático. Ele brigava em seu interior com a vontade de unir seus lábios aos de Hinata e sua decisão de serem somente amigos, não sabendo por qual delas se decidir. Mas antes que algo acontecesse, o celular do rapaz começou a tocar. 

O som do aparelho tirou a jovem do transe, que virou-se rapidamente envergonhada, por pouco não deixando a guitarra cair no chão. 

Gaara leu amparou o instrumento, colocando-o em cima de um banquinho que havia na sala, apanhou o celular e leu a mensagem. 

- O Naruto está convidando a gente pra almoçar com ele e o Chouji. – disse seriamente. 

- Q-Que bom. – comentou Hinata sem olhar o rapaz – Então vamos, né. Vou chamar a Hanabi. 

O rapaz ficou observando desnorteado, enquanto a garota saia rapidamente da sala acústica, deixando-o sozinho. 

“Hinata tentou me beijar?” refletia ele surpreso, sem saber o que pensar.