Excalibur! Entre a lança e a espada.

Tempo estimado de leitura: 45 minutos

    14
    Capítulos:

    Capítulo 6

    Revelações! A lança astral se revela.

    Mutilação, Violência

     Na fortaleza do falcão, Ullantay Tampu, Pariacaca recobrou a consciência. Um misto de raiva, vergonha e decepção lhe embrulharam o estômago ao perceber a derrota vexatória que sofrera (e que por pouco não levara-lhe á morte). As feridas causadas pelos golpes de Shura doíam, eram agonizantes, porém, não doíam mais que seu orgulho ferido e sua existência se dissipando, nada era mais doloroso que perceber: seus momentos de poder, de fato, nunca existiram pois nunca havia existido poder de fato. Fora ludibriado. O estrangeiro de prata ludibriara a todos.  

     Então ficou de pé com dificuldade, observou em repentina, a huaca do falcão em pedaços. Havia algo em seus olhos, tal qual como se nas catacumbas de sua consciência acendesse um espiral de fogo. Soltou em sussurro (porém na sua própria ideia, as palavras saíram como uma martelada): "Também temos nossas próprias mágicas...'' Então apoiou-se nas pilastras do templo central da fortaleza que parecia estar sendo encoberta por um manto de negrume e um cheiro mórbido de antiguidade. Pariacaca foi saindo pé ante pé do recinto, seus olhos pareciam fundos e sua pele ligeiramente mais esbranquiçada, mas aquilo não importava, iria mostrar-lhes que tinham suas próprias mágicas. 

     Em Sacsayhuaman, Shura se deparou com a figura hostil do guardião que ali habitava, Supa Ekeko, que aos olhos do santo de ouro emanava um cosmo estranhamente familiar. E seus olhos eram estranhos... Fixos, emanavam uma luz azul soturna que embora sendo um dos mais bravos e mais leais cavaleiros do santuário, inconscientemente lhe vertia um arrepio ascendente em seu dorso (por mais que o orgulho de cavaleiro negasse, sua psique humana fazia questão de saudar-lhe com essas famigeradas sensações inoportunas).  

    Decidiu-se então, acabar com aquilo de uma vez:  

       - Não gosto de homens de falam muito e pouco fazem. Estou aqui para garantir a missão que me foi dada. Portanto afaste-se agora ou o fio da minha sagrada espada lhe garantirá morte certa. - Enquanto falava, Supa Ekeko, provando desdém abriu um largo sorriso. E nada mais fez. Aquilo bastou como carta branca para que o capricorniano disparasse rajadas de golpes cortantes na velocidade da luz. A investida foi efetiva: desmembrou arbitrariamente o guerreiro Supa em vários pedaços. 

      O dourado então marchou adiante, visando chegar a huaca daquela fortaleza, mas foi impedido por um ardor terrível que lhe subira pelas pernas: Os pedaços do Supa Ekeko se transfiguraram em dezenas de víboras que abocanhavam-no as pernas. Esmagou todas com a força de seu cosmo dourado.  

    Outra ilusão... 

      A silhueta de Ekeko saiu das sombras andando de forma descompassada e mecânica, sua respiração pesada foi audível. Soltou com aquela voz duplicada:  

       - Minha vez... Saksay Arpay! (* Sacrifício de sangue da víbora em Quíchua antigo).  O supa ergueu sua lança girando-a até se tornar um grande tornado e se formar uma tempestade que foi em direção ao cavaleiro de ouro. O golpe, estranhamente, parecia com o ataque do Supa da fortaleza anterior. Tal fator fez com que Shura se esquivasse tranquilamente do golpe. Na esquiva, Shura para de pé a esquerda de onde estava, tal qual a velocidade do bote de uma cobra peçonhenta, Ekeko apareceu por detrás e lhe acertou as costas. Agora haviam três Ekeko cercando Shura. Que mergulhara na mais profunda confusão. Aquele brincadeira ilusória era irritante:  

      - Pare de brincadeiras! Lute a sério! Não tenho tempo para perder com você! - Os três Ekeko se desfragmentaram e formaram uma única massa negra em sua frente:  

      - Mas eu gosto tanto de brincar... - A massa negra foi clareando, até tornar uma silhueta dourada que tomou uma forma semelhante a de Shura. -Tome um pouco do seus próprios golpes! - A coisa lançou rajadas cortantes semelhantes as do santo, porém, disformes.  

      Como já era de se esperar, o cavaleiro esguio, desvia de todos os golpes. Em retribuição, concentrou um quantidade cosmo em seu braço direito aprumado que verte-se em geiseres dourados que acertam a coisa e envolve tudo em uma bruma densa. Os olhos Shura pesam e ele cobre-lhes com as mãos. Como um despertar de um sono profundo os olhos abrem de novo, então, vê-se parado diante de Supa Ekeko (que mais parecia uma estátua de pedra estática), na mesma situação que estava quando entrou na fortaleza. Aquela velha psique humana fez questão de bater as portas da sua consciência e lembrar-lhe da confusão. 

      Confusão de fato foi presenciar o peito do Supa ser perfurado por uma mão que entrara pelas costas, despedaçando a armadura como se fosse um pedaço de plástico barato. O sangue esvaiu, as entranhas ficaram à amostra. A mão ensanguentada lançou o corpo de Ekeko com brutalidade, que caiu como um animal abatido ao chão. A imagem que veio em seguida deixou Shura sem ar: O jovem de cabelos ruivos compensados para trás pelo seu elmo, de armadura prateada, sereno. Limpando a mão ensanguentada com um pedaço do tecido arrancado de sua capa. 

      Aquela figura pareceu martelar sua mente:  É claro, aquele cosmo, aquele homem... Seu amigo Honor!  Shura estarreceu-se. Saiu da posição de sentido que estava. O prateado olhou para ele e lhe deu um sorriso. Um sorriso amigo e querido:  

      - Shura... A armadura de ouro lhe caiu realmente muito bem. - O sorriso verteu-se em um olhar de aprovação.  

      - Ho.. Honor! Você? Mas com... Por... - As palavras se esvaiam na metade das sílabas. Shura por um momento não era mais o cavaleiro. E sim, o humano. Aquela psique que o orgulho de guerreiro encobrira antes parecia ter vencido (pelo menos durante alguns segundos) a batalha dentro de seu coração e de sua mente. Seu velho amigo estava lá!  

      - Parece que você evoluiu bastante desde aquela nossa fatídica luta. Aliais, da minha parte, não resta a menor rusga quanto aquilo, afinal me sagrei cavaleiro de qualquer forma. Cavaleiro de prata... Mas a classe da armadura pouco importa, oque realmente vale é o guerreiro que a veste. Não é verdade? - Honor estendeu a mão para Shura que não sabia ao certo oque dizer na realidade. Calçou a cara de uma formalidade forçada:  

       - Cavaleiro de prata? - Shura exclamou apertando a mão de Honor.  

       - Sim... De prata... Honor... Da constelação de Indus! - Um brilho malicioso cintilou dos olhos de Honor de Indus.  

       Mas a classe da armadura pouco importa...  oque realmente vale é o guerreiro que a veste... Ser seu próprio mestre...   


    Somente usuários cadastrados podem comentar! Clique aqui para cadastrar-se agora mesmo!