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Manco Capac de orgulho ferido esbravejava no Templo do Sol. Uma das huacas havia sido habilmente destruída por, em sua própria linguagem que aquela altura somente se compreendia em vociferações, um maldito estrangeiro. O ruivo ao seu lado não se mostrava afetado por tal feito do estrangeiro dourado e por algum motivo já demonstrou esperar por tal resultado. Então bufou de forma arrogante e irresponsável:
- Realmente confia na capacidade desses dois?
- Por acaso desconfias de minhas escolhas, Honor? Estes homens, Pariacaca e Ekeko, serviram em Tawantinsuyu desde a guerra contra os Chachapoyas. - Respondeu o líder Capac com certa fúria contida nos olhos.
- De forma alguma... Somente me preocupo... Acho que posso conter o invasor se me permitir. - Responde o ruivo que em seguida recebe um sinal negativo de Manco Capac.
- Pois então, acho cabível retornar a pirâmide. - Nesse momento demonstrou seu descontentamento ante a negativa do Supa Inca. Deu de costas com seu elmo prateado em mãos, e se retirou com sua capa imponente ao vento e uma certa malicia nítida no rosto.
Após a batalha contra Pariacaca, Shura saia da fortaleza do falcão se indagando coisas que o fervor da batalha não lhe permitiram refletir acerca na hora: Como ainda ali, poderiam ter Incas, visto que esse povo já não existe por séculos a fio. E além de tudo, como pode ter tal poder a fim de enfrentar um cavaleiro de ouro. O santo de Capricórnio já não tinha mais certezas... "Como" e "por que" eram palavras que lhe corriam a mente... O mais leal à Atena... Porém, percebera que as rochas orbiculares afetavam diretamente o feixe de luz e aquela névoa. Havia algo diabólico à espreita.
O mais leal à Atena...
Longe dali, o ruivo de armadura prateada mentira para Manco Capac. Não voltara ao seu posto na grande pirâmide Intihuatana. Ele seguiu até as margens límpidas do Urubamba que fazia contraste a vegetação lugente que estava mais a seguir. No desembocar do rio em uma grande cachoeira, situava-se fortaleza Sacsayhuman, cujo esta, calcava-se em uma barrenta terra turva. Era um ponto estratégico onde é possível ter uma singular vista panorâmica dos arredores, incluindo a cidade de Cuzco, do majestoso Koricancha e da sua fortaleza irmã, Ullantaytanpu.
Seguiu adiante para dentro da construção rochosa de musgo interminável, um pântano sobre pedras. Não deu muitos passos mais além de um grande totem de uma intimidadora víbora com as mandíbulas à amostra e sobre ele prostrado outro guerreiro Supa, de lança curva à esquerda, e uma grande víbora talhada no peitoral de sua armadura.
- O que o traz aqui Cavaleiro. Quase o ataquei pensando que fosse o intruso que invadiu a fortaleza Tampu e lutou com Pariacaca à pouco... - Disse o guerreiro Supa em um salto, caindo de pé, em fronte do prateado.
- Justamente isso. Vocês Incas são incompetentes demais, como imaginei. Não gosto de gente incompetente, isso põe todo o meu plano a perder, então sinto muito Supa Ekeko, vou eliminá-lo aqui. - O cavaleiro prateado responde em tom sereno, porém de certa forma ofensivo.
- Ora! Já entendi. Então Pariacaca tinha razão em não lhe ter confiança. Decidiu revelar seus reais interesses. Realmente, estrangeiros são todos desprezíveis. Vou arrancar-lhe a cabeça e em seguida derramar seu sangue na huaca Sacsay e assim se sucederá com o outro que ousou destruir a huaca do falcão.
O cavaleiro de prata então, neste momento, deu uma forte e debochada gargalhada causando em Supa Ekeko uma forte sensação de ira e cautela:
- Ekeko, acha que realmente tem algum poder? - Forçou o cavaleiro ainda se recompondo da gargalhada.
- O que! Como pode me subjugar? Esta nova vida me trouxe poderes incríveis! Posso matá-lo aqui e agora com eles! - Disse o Supa se pondo em ofensiva.
- Quanta ingenuidade! Mas não te culpo, não pode-se esperar mais de alguém que esteve morto por 500 anos. Seu poder é só um empréstimo... Não se esqueça que eu te trouxe de volta a vida, juntamente com todo esse lugar! - O prateado aumenta o tom.
- Um empréstimo! Como? O que está dizendo?! - Ekeko se indigina.
- Sim, um empréstimo do meu Cosmo. Sem ele, nem você e nem o Pariacaca seriam grande coisa. Não passam de selvagens quaisquer com um pouco de poder emprestado. Mas está na hora de encerrar isso. - O cavaleiro de prata levanta a mão, com o punho cerrado em direção ao Supa.
Supa Ekeko tenta atacar colocando sua lança ao alto, mas nada acontece. De repentina todo o orgulho e arrogância que possuía lhe escorre pela espinha e um temor sobe-lhe pelos pés. Honor, o cavaleiro de prata, abre sua mão e a espalma ao ar com um movimento lépido, lançando contra o Inca um pequeno filete de luz azul que lhe passou pela cabeça e tomou-lhe a consciência.
- Eu poderia ter te matado... Mas acho conveniente e por que não, divertido, fazê-lo minha marionete. Você servirá para me fazer ter certeza se o tal invasor é quem eu realmente estou pensando. Se for, terei o prazer de enfrentá-lo e passar a limpo coisas do passado... Mas isso não te interessa... - Honor cortou abruptamente o ar com a mão. - Agora, curve-se para mim e seja um bom indiozinho...
O Supa parecia hipnotizado. Seu olhos cintilavam uma luz azul escura. Ante a ordem de Honor, seus músculos se contraíram e involuntariamente pôs-se de joelhos. Um brilho soturno nos olhos e uma expressão perniciosa na face expressaram-se no Cavaleiro de prata.
Coisas do passado...