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Santuário de Atena, Grécia.
Era noite. A lua cheia em seu esplendor fazia iluminar as doze casas do zodíaco. Noite silenciosa... O silêncio era quebrado somente pelo barulho dos passos titilantes que eram dados por aquele que é o protetor da décima casa, ele rumava escadaria acima ao salão do Grande Mestre que o convocara. Passara pela casa de Aquário observara o protetor daquela casa, à distância, fitando as estrelas, ouvira dizer que aquele era o senhor das neves. Passara por Peixes... Vazia...
Chegou enfim, parou por um instante, comtemplou a entrada do grande salão, a luz dos candelabros iluminou de repentina suaarmadura dourada. Enfim entrou. Viu o grande patriarca do santuário, repousado majestosamente em seu trono. Usava um manto alvo com pequenos detalhes dourados, em suas mãos, ostentava dedos com belíssimos anéis dourados, mesma cor de seu elmo, quesombreava seu rosto e pelo qual, seus longos cabelos verde-claro escorriam:
- Shura de Capricórnio... – O mestre fez ressoar sua voz serena, porém imponente.
Shura no mesmo momento se prostra em sinal de respeito, sua grande capa branca de seda recai sobre sua armadura de ouro. Ao mesmo momento que o mestre continua a falar:
- Shura, o que sabes sobre Cuzco e a civilização Inca?
O capricorniano levantou a cabeça, por um instante, e prontamente respondeu o patriarca:
- Inca mestre? Aquela civilização que se extinguiu com a invasão dos Espanhóis na América do Sul a uns séculos atrás?
- Exatamente... E Cuzco, era sua capital, fundada pelo imperador Manco Capac no século XI, na cidade existem as ruinas do que os Incas chamavam de Templo do Sol, a cidade é transpassada pelo Lago Titicaca e situa-se sudeste do Vale Huatanay, que os Incas consideravam sagrados. Porém, atualmente, lá só habitam alguns povos camponeses que vivem do cultivo de milho e do turismo...
Shura continuava prostrado, escutando as palavras da serena e límpida voz do mestre que ainda estava a palavrear:
- E o problema, é que vários destes turistas desapareceram misteriosamente, ao visitarem o vale, além do mais, uma estranhacosmo-energia se condensou naquela região. Ambos os fatos podem estar interligados... Então, gostaria que você fosse até lá e averiguasse os desaparecimentos, e essa cosmo-energia desestabilizada e condensada que emana do lugar.
- Sinto – me honrado por confiar-me tal missão, eu, Shura, o mais fiel a Atena cumprírei-la da mais perfeita forma possível, Grande mestre!
Shura se levantou e pediu permissão para se retirar, o mestre acenou-lhe positivamente com a cabeça. Então se retirou...
Tal missão... Capricórnio Dourado...
O cavaleiro de ouro, no caminho de volta, se perguntara o porquê do mestre não ter escolhido um cavaleiro de prata, que são normalmente escalados para esse tipo de missão, ao invés de si. Será porque falava espanhol? Mas não importava, não lhe apetecia questionar ordens do Grande Mestre. Até que então se percebe dentro de sua casa. Observava a estátua da Deusa Atena entregando a espada Excalibur a seu soldado mais fiel. Então teve certeza, O mestre lhe escolhera por ser o mais leal a Atena...
Na manhã do dia seguinte, Shura já se via na embarcação que o levaria da Grécia até o Peru, uma longa viagem. Trajava roupas civis, Calça de veludo cinza, sapatos marrons envelhecidos, uma camisa bege recoberta por uma manta de pele, aos seus pés, estava uma grande caixa coberta por um fino pano encardido, que em um passado distante fora branco. Shura olhava atentamente o mapa da cidade de Cuzco. Era estranho, o plano da antiga cidade tem forma de um puma.
Uma longa viagem... Em forma de um puma...
Após muito tremelicar no mar, a embarcação quase vazia chega a seu destino. Shura, uma das poucas pessoas a bordo, ouvira que os turistas e mercadores estavam evitando os Andes peruanos devido ao desaparecimento de inúmeros estrangeiros, em sua maioria, Europeus.
Já se encontrava perto a Huatanay, vale cortado por rios, Vilcanota, gigantesco e límpido. O sagrado rio é tão extenso, que se segue aos países vizinhos, dando origem ao Rio Amazonas. E mais afrente era possível ver o Urubamba, pelo qual se adentra a cidade de Cuzco, O cavaleiro de ouro então seguiu até lá, vendo ao horizonte a cidade e um raio de luz brilhante, que parecia até um túnel ao sol.
O raio de luz e a névoa...
Subida montanhosa, rarefeita, lugar íngreme. Se não tivesse a resistência física de um cavaleiro provavelmente já haveria desmaiado. Treinara nos Pireneus, cordilheira ao sudoeste da Europa que forma naturalmente uma fronteira franco-espanhola. Altitude... Rarefeita.
Estava divagando por um momento, e no outro se viu cercado de por volta de sete homens pardos com armaduras opacas de um metal cor-rocha, agitando suas lanças, como povos primitivos faziam para intimidar sua caça.
Armaduras com grandes gravuras de um puma... Para intimidar sua caça.
Entre palavras esvoaçadas de um dialeto quíchua, diziam para Shura em um castelhano ríspido que nas terras de Tahuantinsuyu estrangeiros viravam oferendas para seu Supa Inca e a Huaca de seu deus, e que aquele seria seu destino pela graça do filho de Inty, o Sol. Então atiraram suas lanças que reluziam-a-sol em direção do cavaleiro. Fez um movimento acrobático no ar e escapou delas. Exceto uma, que lhe passou de raspão na urna que carregava, rasgando o pano que a recobria, revelando assim suas dimensões douradas.
Shura sereno levantou o braço direito em direção aos céus com os dedos retilíneos e o abaixou até a metade, suficiente para fazer feixes luminosos saltarem do chão, atingindo cinco daqueles homens em cheio, cortando suas armaduras, causando-lhes feridas mortais e lhes lançando contra o chão com o sangue se esvaindo. Os outros dois fugiram estarrecidos.
Velocidade da luz...
Olhou ao lado, viu um garoto amarrado com cordas. A pobre criança serviria de sacrifício, um ritual bizarro. Então, o cavaleiro somente deu alguns passos á frente e bateu o dedo indicador no ar. As amarras que prendiam aquele menino se cortaram, tal qual mágica, e o franzino de olhos chorões saiu espantado em disparada. Shura pensou em seguir os dois guerreiros que haviam escapado, mas preferiu seguir em direção a Cuzco. E ao feixe de luz.
A luz era mais importante... Cosmo-energia condensada...
Os dois soldados rasos estavam no templo do sol, narrando a seu Supa Inca, Manco Capac, oque acabara de acontecer às margens do Urubamba,sobre o estrangeiro da urna dourada com a gravura de um bode que havia, feito mágica, assassinado cinco soldados de uma única vez.
O imponente Manco Capac ouvia o relato sentado em seu trono de ouro, com seus longos cabelos negros adornados por ouro cobrindo seu rosto e com seu báculo representando o sol em sua mão direita, mostrava desdém. Porém o homem de pé ao seu lado, ruivo, pálido e vestido em uma armadura que reluzia a prata, se mostrou um tanto interessado na parte referente ao estrangeiro da urna dourada com a gravura de um bode, levantou os olhos e parecia pensativo fitou a enorme Huaca dourada pela qual ascendia o enorme raio de luz.
Capricórnio Dourado... Cavaleiro de Ouro!
Capac vociferou, seu império se solidificara novamente, seu império renascera, e qualquer um que com audácia tola se opuser, terá o sangue servido como oferenda a Huaca. Então se levantou e seus cabelos esvoaçaram-se, deixando seu rosto pardo a amostra. E ele tinha olhos de Puma!