|
Tempo estimado de leitura: 45 minutos
14 |
Andes Peruanos.
Os raios de sol sempre brilham sobre o vale do rio Urubamba, onde ao sul se encontrava a alta e rarefeita Cuzco com seus 3400 metros de altitude. O lugar se delimitava dentro do Vale Sagrado dos Incas , compreendido entre os povoados de Písac e Ollantaytambo, paralelo ao rio Vilcanota ouWilcamayu do qual pode-se ter acesso a partir da cidade que outrora fora o mais importante centro administrativo, cultural e político do ido Império Inca.
Lá, se compreende uma vasta série de pequenos povoados descendentes dos antigos quíchuas. Tais povoados sobrevivem de uma primitiva agricultura que por pouco não se delimita somente a subsistência, e também do turismo, dos estrangeiros que visitam o vale Huatanay em busca de explorar as ruínas do império do passado.
Ao menos visitavam...
Os turistas já não vem mais, não após vários deles terem sido assassinados de forma misteriosa e terem seus corpos transpassados por lanças prateadas, e ainda seus pescoços parcialmente degolados, sem uma gota sequer de sangue ao topo das ruínas do Korikancha, o Templo do Sol,remetendo a um antigo ritual de oferenda aos deuses Incas, abominável, abolido e esquecido até mesmo pelos próprios imperadores Incas das últimas dinastias.
Nada mais era o mesmo desde que um raio de luz incessante e incandescente destruiu uma igreja dominicana que fora construída ao topo doKorikancha, por dominicanos na época da conquista espanhola. Uma forte névoa envolvia o templo e também a grande pirâmide Intihuatana, ambos já não eram mais ruínas, era como se o raio, a luz do sol e a estranha névoa lhe trouxessem vida e o fizessem reerguer seu passado, numa época de conquistas, guerras e sacrifícios.
Parece que o passado renascera...
Os descendentes dos quíchuas, moradores do povoado, sopravam, uns para os outros que Inti havia enviado seu filho novamente, para lhe trazerem bênçãos do Hanan Pacha como profetizado por Atahualpa, último imperador Inca, antes de ser assassinado pelos espanhóis.
Mas eis que, do alto da grande Intihuatana, no meio da névoa surgem silhuetas de cerca de vinte homens, que ao posicionaram de cabeça baixa, na parte terciaria da pirâmide era possível ver que todos tinham pele parda com longos cabelos pretos até os quadris, presos com adornos alaranjados feitos das penas do tunqui. Seus corpos estavam revestidos por armaduras de um metal opaco, que lembrava a tonalidade de rochas, com grandes gravuras que representavam o puma. Em suas mãos, carregavam lanças, feitas do mesmo metal que lhe fora confeccionada suas armaduras, todos os homens se se prostraram em direção ao leste, onde se localizava o Korikancha.
Do Templo do Sol, viu-se a figura de mais cinco silhuetas por entre a névoa, que ao mostrarem as faces para a pequena população (que se indagava) se revelaram de grande pompa: nas pontas, também com lanças e armaduras, bem mais adornadas e vistosas que as dos guerreiros prostrados na pirâmide, era possível ver dois fortes e imponentes guerreiros, um de cada lado, também de pele parda e cabelos negros, porém, seus adornos que prendiam os cabelos eram de ossos e com pinturas faciais que lembravam pinturas de guerra.
O Sol havia enviado seu filho novamente...
Posicionados mais ao meio, estavam uma mulher e um homem. A mulher trajava um longo vestido branco de seda que lhe batia nos calcanhares, seu pescoço, estava brilhante, devido a luz do grande raio que lhe fletia nos pomposos colares dourados e que também ressaltavam seus adornos igualmente dourados em seus cabelos pretos, seu rosto era sereno e belo, tal qual de uma bela princesa na flor de sua juventude. Ao seu lado, o homem cujo os olhos pareciam emanar fogo, de tão raivosos, esse tinha uma postura arrogante, sua armadura era de um metal polido, reflexivo, porém com gravuras douradas de um puma, o manto que lhe recobria parte do corpo parecia ser feito de pelos de algum tipo de animal que fora caçado a muito tempo. Em sua mão direita trazia um báculo com uma personificação dourada do sol e em sua cabeça, um brilhante elmo dourado.
Voltou-se ao povo. Encarou-lhes com aqueles olhos de fogo, pomposamente caminhou até a ponta do topo do templo, e com sua voz firme como relampejo disse convictamente:
- Ouçam atenciosamente, ó descendentes de Inti. Eis que o Sol enviou seu filho novamente. Enviou-o para nos vingar daqueles que vieram pelos mares, nos ultrajaram, humilharam e destruíram nosso Tawantinsuyu. Ó caros herdeiros de Pachacamac que os opositores virem sacrifícios a nossa grande Huaca e que erguemos juntos, o império que nos foi tirado!
O homem então sintetiza o raio do sol por seu báculo que levanta uma grande estátua dourada de forma redonda, com a gravura de uma face nela, por onde era possível ver escorrer o resquício de sangue. Sangue humano!
Ao lado do homem que acabara de se proferir ao povo, estava parada uma figura que destoava fisicamente de todos aqueles antes vistos. Ele era ruivo, a pele era extremamente pálida, vestia uma armadura prateada, em seus lábios havia um pequeno sorriso, tão frio e tão obscuro. Seus olhos fitavam a Huaca dourada recém-erguida...
Ele usava uma armadura de prata...