Penumbra - Trilogia das Fases da Sombra

  • Nina00
  • Capitulos 26
  • Gêneros Ação

Tempo estimado de leitura: 3 horas

    12
    Capítulos:

    Capítulo 17

    Pensamentos Noturnos

    Álcool, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Sexo, Violência

    Quando nos ajeitamos para dormir meus pensamentos estavam retinindo furiosamente. Como não conseguiria adormecer me levantei e caminhei em direção à queda d água alguns metros adiante e me sentei na margem enquanto contemplava o céu.

    Era impossível reprimir o pensamento principal e também mais inútil: se eu tivesse um filho como ele seria? Eu poderia ter um filho com um humano? Com um Rece, um vampiro de mármore como minha família? Com outro Fierbinte seria impossível, mas segundo Nahuel no tempo em que aquilo era impossível os Rece ainda não tinham veneno... E se isso tinha mudado talvez outras coisas também tivessem.

    Mas e se eu tivesse um filho de um transmorfo? O que sair...

    “Ah, por favor!”, uma parte da minha mente se revoltou. Afundei meu rosto nos joelhos.

    Era ridículo eu sentir mais falta de Jacob do que da minha família? Eu seria uma pessoa ruim?

    “Você não pensou nisso quando matou uma pessoa”, condenou uma voz em minha cabeça e eu sacudi os ombros. Não, eu não ligava para aquilo mesmo agora. Talvez eu fosse uma pessoa muito ruim, ou uma mestiça normal.

    Enfim eu estava uma confusão.

    Talvez eu sentisse falta dele justamente por ser a pessoa que menos eu poderia ter. Ele não me via, ele não aceitava quem eu era. E mais importante, ele não me amava.

    Ele estava apenas preso a mim contra sua vontade. Como seria se não fosse assim? Eu sequer conseguia imaginar... Se não houvesse aquela bosta de Impressão ele ia conseguir me ver? Iria querer me ver?

    Levei minha mão á testa como se meu crânio pesasse dez quilos. Eu tinha que esquece-lo ou ficaria doida. Eu sabia que ele viria atrás de mim, talvez para sempre, e sentia por ele. Não poderia encontrá-lo até que tudo acabasse...

    Lembrei-me de Ethan e ofeguei de impotência. Provavelmente não devesse me envolver com ninguém, principalmente agora que meus planos estavam mais definidos.

    De forma nenhuma eu queria um filho também, então qual era o objetivo desse remoer inútil, afinal? Tive de sorrir ante minha estupidez.

    -          Qual a graça?

    Voltei-me assustada. Aquele maldito sabia chegar de fininho!

    -          Por que inferno eu diria a você? – fiz entre dentes enquanto Nahuel se sentava ao meu lado sem ser convidado.

    -          Muita informação? – ele adivinhou.

    Fiz uma cara irritada e ele sorriu, pude perceber mesmo sem olhá-lo.

    Ficamos em silencio por um tempo.

    -          Você pareceu gostar da minha família. – finalmente eu disse.

    Aquilo estava cutucando minha curiosidade. Até que ponto ele fingiu? Ou apenas era uma parte da personalidade dele aquilo que apresentou antes?

    Nahuel suspirou

    -          Na verdade me senti intrigado. – finalmente respondeu.

    Eu aguardei, ainda encarando o céu.

    -          Eu tenho respeito pela vida humana... Os considero algo além de comida. Minhas irmãs não pensavam assim, Plata seria a que mais... Tem simpatia por eles. Mesmo assim nós nos alimentamos de humanos, então foi uma surpresa o modo como sua família vive.

    Eu fiz um movimento com a cabeça. Ele não utilizou em nenhum momento o sarcasmo ou o tom cruel de antes.

    -          Eu nunca poderia viver assim, no entanto.

    Eu tive vontade de encará-lo, mas não o fiz.

    -          Por quê?

    Vi pelo canto de olho o sorriso malicioso. “Droga” pensei.

    -          Por que você acha? – rebateu.

    Eu não disse nada.

    Finalmente ele riu baixo e continuou

    -          É simplesmente antinatural para mim. Não conseguiria viver negando o que eu sou como eles vivem.

    -          Mas o eu natural deles é uma monstruosidade! – respondi furiosa, me voltando finalmente para olhá-lo.

    O meio-sorriso sarcástico estava pregado ali.

    -          Sim. E você não é uma monstruosidade por quê?

    Engoli em seco antes de responder.

    -          Eles não se controlam, matam quando se alimentam, matariam pessoas sem piscar.

    -          Você se controla, então? – ele fez encarando meus olhos, os sinais de minha dieta fincados como luminosos, o dourado deixando claro que eu tinha ultrapassado limites.

    -          E você, não? – agora estava curiosa.

    Ele desviou o olhar

    -          Sim.  – finalmente disse – para os fierbintes é mais fácil, não precisamos tanto assim de sangue.

    “Como eu pensei”

    -          Mas Huilen não mata. – completou, para minha surpresa.

    Minha boca caiu uns cinco centímetros e ele riu. Essa risada não me ofendeu.

    -          Nunca?

    -          Só no começo, mas ela se torturou por isso. Ainda se tortura.

    -          Como ela consegue? – Edward saberia disso com certeza, ele não parecia ter comentado com ninguém.

    -          Autocontrole. – respondeu simplesmente.

    -          E isso não é negar sua natureza? – rebati.

    Ele levantou uma sobrancelha me encarando enquanto sorria.

    -          É claro, mas a dieta é bem melhor.

    Foi minha vez de rir. Quando finalmente parei Nahuel olhava para o céu de novo.

    -          Eu entendo. Não acho que seja lutar contra sua natureza apenas obedecer a sua consciência, isso também é natural. Ter uma consciência é natural, assim como ter instintos. Na verdade não somos animais, talvez alguns gostem de pensar que somos. Não somos humanos também, é uma mistura estranha... – divaguei.

    Ele voltou a me encarar. Ficamos em silêncio um segundo.

    -          Carlisle nunca aceitaria nem isso. – eu disse finalmente.

    Ele levantou os ombros, silencioso. O que estaria pensando?

    -          A tentativa deles vai, além disso, você sabe.

    Eu suspirei.

    -          Sim. Tentam se misturar, viver entre os humanos.

    Ele voltou a me olhar.

    -          O que você acha disso? – me perguntou, sério.

    Eu dei de ombros.

    -          Qual a diferença? Os anos passarão de qualquer forma. Os Volturi quase se transformaram em pedra com sua imobilidade, vivendo na esfera de tempo própria e se achando superiores a tudo... Se isso os fez se sentirem mais ligados ao que eram, mais “vivos”, não critico.

    Ele assentiu em silêncio.

    -          É muito difícil... Se sentir vivo, como você disse, depois de muitos anos.

    Seu tom foi diferente, então desviei os olhos.

    -          O tempo passa através de nós. Não podemos negar que somos diferentes dos humanos, sua finitude é o que os caracteriza. Nós perdemos isso, passamos a viver apenas para sentir, degustar de pequenas emoções e prazeres, perdemos qualquer resquício de sentimentos já que nada mais nos surpreende.

    Continuou como se estivesse em um monólogo. Eu senti um leve tremor, um dia me sentiria tão fria quanto a tudo? Eu tinha a resposta pra isso.

    -          Não somos como eles. – cortei.

    Encaramos-nos.

    -          O que quer dizer? – perguntou.

    -          Acho que você tem se escondido aqui, com medo dos humanos, em como poderiam afeta-lo.

    Ele sorriu de forma cruel, os olhos violentos novamente.

    -          Você é tão inquieto quanto eu, só se esqueceu disso. – declarei de forma resoluta enquanto desviava o olhar de seu rosto, um pouco atemorizada.

    Ficamos em silêncio novamente.

    Havia mais uma pergunta pinicando na minha mente, mas eu não tinha coragem de emiti-la. Queria saber se os humanos com que ele se... Alimentava, também reagiam como Ethan reagiu. Seria ele o único?

    Suspirei, no entanto silenciosa, mesmo sem conhecê-lo direito tinha certeza de que ele zombaria de mim se eu fizesse uma pergunta dessas.


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