O Principado de Órion

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    18
    Capítulos:

    Capítulo 2

    Selado

    Álcool, Hentai, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Naquela noite, onde toda a humanidade lutou para sobreviver, a batalha que acontecia dentro do Templo de Órion ficou escondida por todos. O dragão de lava tentava a todo custo devorar o mago de chamas douradas. Ele o tinha perseguido de propósito, saboreando o momento de quando o encurralasse, mas pra seu desgosto, era ele que estava em desvantagem. O fedelho rugia fogo e o golpeava de um modo tão feroz que quebrou sua pata traseira. A articulação da coxa triturada e queimada até os ossos, o que o deixou mais irado. Era um dragão de fogo! Como podia perder desse jeito?

    Correu nas três patas, mas não conseguia voar pelo espaço limitado do salão então arreganhou a boca. Soltou o rugido de lava que derreteu o mármore cobrindo o chão. O moleque saltou para um pilar, que caía se despedaçando pelo meio e tomou um impulso. Se atirando direto para ele. Karren quase riu da loucura mas então se espantou. Que olhar era aquele? Era pura ira? Não! Os olhos do humano o encaravam vidrados de instinto. Chicoteou a cauda flamejante, mas antes de acertá-lo ele bloqueou com antebraço e agarrou as escamas da cauda. Karren dilatou as pupilas descrente quando o moleque virou um vulto de chamas e depois seu corpo, imenso de dragão, foi atirado para longe. Quebrando os pilares até se chocar na parede. O gemido de dor abafava pelo estrondo. Mal se ergueu do chão e uma chama em forma de lança cravou em sua barriga, abrindo um talho na pele grossa, mas exposta. Agora estava praticamente ganindo como um cachorro. O dragão encarou o moleque que estava parado à poucos metros na sua frente. Se atentou pro seu rosto e seus braços, para as marcas que surgiram e estreitou os olhos.

    - Dragon Force.

    Sua voz era grossa como de um homem humano. Grave que saía do fundo do seu peito. Os dois se encararam dando uma trégua na batalha e o dragão lentamente mancou até se distanciar da parede. Seus passos abalando mais o teto instável, mas que não incomodava o humano.

    - Diga-me garoto, acha mesmo que pode me derrotar?

    O mago que estava curvado em posição de ataque inclinou a cabeça, a franja rosada dos cabelos cobrindo um pouco seus olhos.

    - Sim.

    Karren riu, o som ecoando pelo templo.

    - Quanta arrogância. Saiba que mesmo nessa forma, nem toda Força de Dragão vai te salvar.

    O jovem então sorriu de canto, o que irritou profundamente o dragão.

    - Mesmo? Pois eu acho que vai perder o coração.

    Karren se espantou, seus chifres protuberantes quase arranhando o teto e vendo o mago abriu o sorriso. Ele olhou para baixo, direto para a poça de sangue debaixo do dragão e a fera experimentou o que era medo. O ferimento, um rasgado profundo que atravessava sua barriga até o peito deixava exposto seu ponto fraco. Que batia acelerado e brilhante.  Iluminando bem suave o piso negro e o sangue perdido.

    - Como sabe disso?

    O mago o encarou lívido de ódio.

    - Não é da sua conta.

    Então as chamas que o envolviam explodiram, no mesmo instante um padrão mágico surgiu no chão. O Dragon Slayer se inclinou pra frente, o corpo tensionando ao esticar os braços para baixo, cruzando com as palmas estendidas.

    - Metsuryü Ôgi...

    Karren arregalou os olhos chocado, urrando de afronta e terror. A bocarra escancarava enquanto tropeçou cravando as garras na mármore, berrando indignado.

    - HUMANO MALDITO!!!

    - GUREN HÔÔKEN!!!

    Os dois se atiraram contra o outro. O dragão saltando com a pata dianteira erguida para despedaçar o mago e este brilhando com as chamas douradas em forma de lâmina. O gume de uma espada. O choque causou um estrondo que desabou mais o teto e o brilho explodiu num clarão ofuscante.

    Natsu atravessou o dragão. Na sua palma, o órgão pulsante e dourado. Caiu agachado, apoiando a mão livre no mármore, enquanto o corpo da fera desabava atrás de si. Arquejou exausto, encarando o coração que parou de bater perdendo o brilho e fechou os olhos abaixando a cabeça. Tinha queimado toda a magia. Só tinha forças agora para se manter de pé. Enquanto recuperava o fôlego, procurou pensar em como saíria dali e não em alguém que perdeu nos próprios braços, mas foi inútil.

    Apertou os olhos, sentindo aquela dor voltar quando ouviu um barulho. Encarou o chão e o mármore estremeceu sob ele. Natsu se concentrou mais e o barulho aumentava. De repente, uma rachadura abriu onde estava seguindo até o dragão morto. A falha aumentava criando outras rachaduras. Girou se levantando e antes que corresse o piso desabou, abrindo uma cratera engolindo ele e o dragão. Na queda, percebeu que ainda segurava o coração da fera e atirou para longe. O peito aberto da carcaça despejava lava o cobrindo inteiro. Gritou cobrindo o rosto com o braço esperando a carne queimar, mas para sua surpresa, não aconteceu. A lava ficava presa nas chamas que o envolviam, como se os dois fossem compatíveis.

    Era maluquice e mesmo assim acontecia. Enquanto se agitava tentando se soltar, afundou num lago subterrâneo e ao seu lado o corpo do dragão. Natsu aproveitou para tentar sair, mas a lava endurecia, restringindo seus movimentos. Quanto mais se mexia mais o prendia e em questão de minutos, não podia mais se mover. Fechou os olhos. Que ironia. Tinha feito uma promessa que logo se encontraria com Lucy, mas acabou preso como um inseto num âmbar. A última coisa que pensou antes de cair num sono profundo foi no beijo e que seria melhor se tivesse feito isso antes.

    Assim, o Dragon Slayer ficou. Dormindo preso na lava que se transformou em cristal. Ninguém soube realmente o que aconteceu no Templo e muito menos com ele. Então anos se passaram, décadas e séculos. Com quatrocentos anos depois, a guerra sobre os humanos e dragões virou história e cidades foram erguidas onde antes eram campos de batalha.

    O Templo de Órion ficou famoso por ser a única construção em pé desde essa época. E por isso, mesmo que só fossem ruínas, as terras que o rodeavam ficaram conhecidas como o Principado de Órion. Pertencentes à um principe justo que herdou dos seus antepassados.

    Num quarto de um dormitório, uma garota lia avida e maravilhada um livro sobre a história da cidade. A guerra contra os dragões. Os famosos Dragon Slayers. Suspirou fechando o volume olhando pela janela, seus cabelos loiros soltos e usando óculos pra leitura. Se debruçando no beiral imaginou como seria conhecer de verdade um mago desses. Então, pestanejou revirando os olhos e se recriminando.

    Magos assim não existem mais, Lucy.


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