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Senti-me encantada e totalmente apreensiva. As minhas decisões agora englobariam duas vidas, quanto tempo eu estaria presa com aqueles dois estranhos? Que espécie de relacionamento poderíamos ter?
Fechei meus olhos e tentei formatar meus pensamentos. Tínhamos que nos conhecer primeiro para poder haver algum tipo de confiança – e confiança provavelmente seria essencial dali por diante.
- Muito bem. Acho que primeiro temos que nos conhecer um pouco melhor. – comecei.
Nahuel me olhou parecendo encantado.
- Como faremos isso? – inquiriu.
“O que era aquilo? Malícia?”, transformei meus olhos em fendas.
- Seria interessante saber, por exemplo, como você se transformou de alguém melancólico em um...
Ele abriu um sorriso maior.
- Um? – incitou feliz.
- Nisso! – fiz, com um gesto exasperado.
Plata cruzou os braços com o começo de um sorriso.
- Muito facilmente, se quer saber.
“Ele está tirando um sarro da minha cara...”.
- Será que pode ser mais específico? – soltei entredentes.
- Mas é claro! Bem, como você sabe há um tempo seus parentes – Alice e Jasper – vieram atrás de mim para ajudá-los a se livrar dos Volturi. Quando vi Jasper devo dizer que fiquei bastante, hum, digamosimpressionado...
Eu sorri involuntariamente.
- É ele causa esse tipo de efeito quando se observa as cicatrizes de perto. – não pude deixar de comentar. Jasper havia estado em guerras contra vampiros recém-criados e sobrevivido.
Plata riu abertamente.
- Sim, é claro. Qualquer um iria querer parecer menos ameaçador na frente dele – se é que você me entende.
- Entendo completamente.
“Covarde” pensei.
- Mas como você fez? – insisti.
Ele piscou fingindo surpresa.
- Escondi minha personalidade.
Eu continuei encarando e ele soltou um suspiro falso de exasperação.
- Bem, acho que você deve ter percebido que nós fierbintes temos um cérebro que funciona de maneira diferente...
Eu pisquei não entendendo.
- Fier... o que?
- Oh, você não sabe? – ele estava se esbaldando.
- Como ela ia saber? – cortou Plata, que parecia irritada.
- Continue! – exigi.
- Bom, nós mestiços, temos um cérebro diferente que nos possibilita certas coisas como esta. É claro que isso vêm com certo treino...
Ele tinha tido séculos para treinar, entendi.
- Quando soube que seu pai e Aro poderiam ler minha mente armazenei minha personalidade verdadeira em uma parte e “tranquei”. Podemos dizer que eu não queria que soubessem a extensão de meu conhecimento...
Aquilo era incrível. Se Edward soubesse ficaria louco de raiva!
- Você também pode fazer isso? – perguntei a Plata.
- Não tão bem como Nahuel, mas posso esconder algumas informações. – disse com sua voz grave e aveludada
Eu assenti. Aquilo era ótimo.
- Mas não temos certeza absoluta se funcionaria com relação a Aro... – completou Nahuel.
“Então ele chegou a se arriscar...”, algo em mim argumentou.
- Além disso, o que mais vocês sabem fazer? – tentei mudar o foco.
Silêncio.
- Sabe? Poderes? – forcei.
- Plata pode..., bom, você vai adorar isso – provocou.
- Nahuel... – chiou ela.
Ele encheu o rosto com uma cômica expressão de divertimento.
- Se você contar pra ela eu repito palavra por palavra o que você me disse quando nos reencontramos. – ela ameaçou.
O rosto dele decaiu um pouco e eu fiquei aguardando entre curiosa e exasperada.
- Desmancha prazeres... Ela vai saber de algum jeito.
- Não agora. – finalizou ela.
“Ah. Droga.”, me decepcionei.
- E você? – acusei.
Ele então assumiu uma expressão que lembrava o Nahuel que havia conhecido em Forks.
- Ah. Eu posso saber o que as pessoas querem.
Eu continuei esperando maiores explicações, impaciente.
- Explique direito! – Plata exigiu por mim.
Ele ergueu os olhos novamente e perdi o ar, era como se ele pudesse me ver completamente.
- Eu sei o que as pessoas mais desejam com todo o seu corpo e alma, mesmo que elas mesmas não saibam.
Nós continuamos a nos encarar e eu percebi o sangue encher minhas faces antes de abaixar o rosto completamente aterrorizada com o que ele poderia saber sobre mim.
Consegui, no entanto, reunir coragem depois de alguns segundos para voltar a olhar para cima.
- Isso pode ser bastante útil. – consegui fazer minha voz sair firme e me orgulhei de mim mesma.
Os dois chacoalharam as cabeças concordando.
Eu então pensei em algo que não havia cogitado ainda.
- Desculpem-me. – eles se voltaram para mim.
- Vocês perderam Joham por que nos ajudaram, a mim e a minha família...
- Ah, bem... Não foi uma surpresa tão grande assim. – Nahuel disse displicente, não o conhecia o suficiente para saber se sua indiferença era verdadeira.
Plata, no entanto, concordou com ele em um aceno.
- Ele vinha fazendo suas experiências por anos, nunca iria parar... – ela confirmou.
- O jeito covarde com que o mataram, porém... – ela então fechou o cenho, o rosto uma máscara de indignação.
- Foi muito ruim? – me atrevi a perguntar.
- Ruim o suficiente. – respondeu Nahuel por ela, acabando com o assunto.
Eu aguardei em silêncio.
- E vocês conhecem todas as experiências dele? – estava verdadeiramente curiosa.
- O suficiente para fazer Carlisle ficar sem palavras. – Nahuel adquiriu um ar petulante.
- Isso seria algo para se ver. – admirei, querendo saber mais.
Então me lembrei do que ele tinha dito antes.
- O que você estava dizendo sobre fier... Alguma coisa?
Os dois se encararam.
- Você me ajuda se eu esquecer? – ele pediu a ela.
- Vamos logo com isso. – respondeu enfastiada.
Ele riu baixo e então voltou a me olhar.