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Tempo estimado de leitura: 3 horas
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Oi pessoal !!
um pouco atrasado sim, mas aqui está
boa leitura.
valew!
Capítulo 4
O estagiário
Mais uma noite mal dormida, mais um sonho maluco... Vou acabar enlouquecendo.
Quase perdi a hora hoje.
Consegui embarcar no ônibus das 6h20 e cheguei à tempo de entrar na empresa para o primeiro dia de estágio.
Havia mais ou menos umas dez pessoas além de mim. Cada um com uma ficha numerada pela ordem de chegada e aguardando ser chamado para a entrevista.
Uma Mulher alta, cabelos presos num coque, um colete roxo abotoado e uma calça jeans comum. Apareceu vindo pelo corredor com uma prancheta em mãos e começou a chamar um por um. Quando já estava no numero 10 um cara entrou segurando uma ficha e falou:
– Com licença, a sala do professor Sergio Carvalho é nesse corredor?
– Chegando atrasado no primeiro dia... – A moça olhou para o rapaz com uma sobrancelha levantada – Isso não é um bom começo, senhor...
– Datto – Interrompeu o rapaz – Datto Willians Benacci.
Ela dirigiu o olhar para a prancheta como se procurasse por algo.
– Seu nome não está na lista – Virou algumas folhas olhou novamente para o cara, ele deu alguns passos e agora já estava do meu lado. Ela então sorri e diz – Ah! Sim, aqui. Você foi transferido de outra empresa, certo Sr. Willians?
– Sim – Afirmou Datto e continuou – Acho que por isso meu nome não está nessa lista.
– Aguarda um instante, e você – Ela apontou pra mim – Me acompanhe, por favor.
Andamos pelo longo corredor até chegarmos do outro lado onde fica a sala de entrevista, que pra minha surpresa foi bem rápida e tranquila.
Após toda essa parte chata de ter que preencher ficha, ser entrevistado e fazer exames de admissão. Finalmente fui levado à uma sala onde os outros já estavam sentados, inclusive o cara que chegou mais atrasado que eu, Datto Willians Melancia... Bacia... Ou era Balancinho?
Algo assim.
– Agora que já estão todos na sala podemos começar. Meu nome é Sergio Carvalho, nessa primeira semana vocês serão avaliados por mim, e de acordo com o resultado vocês serão designados a um desses setores: Programação, Arte de capa e Gerenciamento de sites.
Apesar de o pessoal na sala ser jovem, ninguém fez palhaçada, nem ficou conversando enquanto o professor falava. Ao contrário da escola, até no final do ensino médio a galera parecia gostar de zoar e não levava muito a sério as aulas.
Embora esteja silenciosa a sala eu mal estou conseguindo prestar atenção. Minha vista está cansada e tudo está escurecendo, senti meu corpo pesar e não consegui evitar o impacto na mesa.
Com o barulho da pancada despertei assustado e ao erguer o olhar percebo todos me olhando, alguns sem expressão e muitos com deboche e vontade de rir.
– Você está bem garoto? – Perguntou o professor com ar de riso.
– Desculpa... Essas ultimas noites têm sido difíceis para mim.
– Bom! Por hoje é só isso mesmo vocês estão dispensados e a partir de amanhã o horário de entrada passa a ser às 10h00 horas e sairão às 16h00. Sendo assim não quero desculpas e não adianta dizer que estão com sono – O professor cruzou os dedos e dirigiu um olhar severo para mim – Entendido Apollo?
– Sim professor – Alinhei os ombros e guardei o caderno na mochila – Isso não vai mais acontecer – Isso é, de acordo que eu não tenha mais sonhos macabros durante as noites. Aí... Quem sabe né?
Saí da sala e andei no corredor pelo lado das janelas. Parei de súbito quando senti meu corpo se enrijecer, se minha espinha dorsal tivesse pelos esses estariam arrepiados agora.
Minha visão está ficando embaçada, os estagiários parecem vultos passando ao meu lado e à frente.
– Apollo? – ouço uma voz ao longe me chamar – Apollo! Cara você tá pálido.
Notei uma silhueta magricela ao meu lado, seria Datto talvez?
– O que aconteceu? Por que está tudo rodando? – Perguntei segundos antes de desabar no chão.
– Dá a mão pra mim! Apollo? Você tá me ouvindo cara?
Ainda não perdi totalmente a consciência, mas vejo tudo confuso ao meu redor.
Meu corpo começa a levitar, percebo que Datto está me puxando para cima. Forço os músculos da perna para ficar de pé e me apoio na parede.
Meus olhos se dirigem para uma porta do lado oposto à sala onde estávamos.
– Ali! – Minha voz saiu num breve sussurro.
Me esgueirei até a porta com Datto ao lado me ajudando a andar e que sem entender pergunta:
– Onde você tá indo? Nosso horário já acabou por hoje. Vamos, a saída é para o outro lado.
Dentro do cômodo as carteiras estavam todas vazias e tinha um homem suspendendo outro pelo pescoço encostando-o com força no quadro negro.
– Solte ele – Dessa vez minha voz soou firme.
Largando o homem no chão, o indivíduo alto se voltou para mim.
Seu cenho carrancudo logo deu lugar a uma expressão de espanto e ódio, o que me deixou ainda mais confuso.
– Um anjo... Aqui? – Berrou o homem dando alguns passos para trás com aqueles olhos esbugalhados vidrados em mim.
Não! De novo não... Minha cabeça começou a doer freneticamente e percebi meus sentidos enfraquecerem aos poucos. A última coisa que eu vi foi Datto entrar na sala passando correndo por mim, meus olhos se fecharam e ouvi ruídos como de um homem com a voz distorcida gritando de dor, depois apaguei de vez.
O chão tremendo abaixo do meu corpo... Fumaça por toda parte... O herói de jeans expulsando demônios... Parece que estou de volta naquele mesmo pesadelo.
E por fim, aquela mesma luz ofuscando minha visão. Não... Uma cruz? Um pingente refletindo a luz das lâmpadas do corredor.
– Você está bem?
– Es-Estou sim – Aquele crucifixo prateado balançando de um lado pro outro e brilhando como diamante acima da minha cabeça – Não havia reparado nessa sua corrente antes, Datto.
– Ã? Isto aqui? – Ele pegou o pingente segurando-o por um momento e colocou pra dentro da blusa – Todos na minha família têm um... Levanta vamos embora daqui.
– Mas... O que aconteceu com aquele cara lá na sala?
– Qual cara? – Datto estende a mão pra mim me fitando com uma careta engraçada – A gente estava saindo ai do nada você parou e de repente caiu pálido no corredor.
Segurei a mão dele e ele me ajudou a levantar.
– Cara! Minha cabeça parece que vai explodir – Quando será que essas alucinações terão fim?
Do lado de fora da empresa caminhando na calçada até o ponto de ônibus. Mesmo com a névoa densa no ar o sol do meio dia brilha intensamente clareando as ruas e refletindo nos prédios espelhados.
– Você tem problema de pressão Apollo?
– Eu? Não! Deve ser sono mesmo. Se não fosse o despertador provavelmente eu estaria dormindo até agora.
O ônibus logo apareceu e eu pude embarcar para casa, confuso, com a cabeça a ponto de explodir... Mas bem.
– Nossa! Você tá com uma cara horrível Apollo – Disse Pablo assim que cheguei em casa.
– Dormir! – Foi a única palavra que saiu quando abri a boca.
Atravessei a sala e entrei no meu quarto a fim de desabar na cama. E foi o que eu fiz. O silêncio do cômodo, o conforto do colchão... Era tudo o que eu precisava. Dormir! E dormi a tarde e a noite toda, acordei umas 8h12 do dia seguinte.