Aka to shiro

Estava um dia muito frio, mas, eu já estava de pé e me preparando para ir pro aeroporto. Eu morava em um orfanato, e eles sempre tentaram se livrar de mim me mandando para aquelas escolas onde você fica morando. Posso até estar parecendo melodramática, mas, não. A verdade é que eles me odeiam, porque fui deixada lá só com um cartãozinho, eles odiaram a surpresa e desde o dia que cheguei, eles penduraram um lindo cartaz: proibido largar crianças na porta.

-O seu vôo sai em quarenta minutos... - a empregada de lá consultou o relógio enquanto tirava sua franja do rosto- Então tchau e sem pressa pra voltar.

-Como se eu tivesse opção... -murmurei um pouco depois de ela ir embora.

Como não teria o que fazer por quarenta minutos, fui a uma livraria. Estava realmente nervosa com a nova escola, não tinha facilidade pra fazer amigos, tudo culpa do meu lindo cabelo branco. É o meu cabelo era branco, eu nunca soube se era alguma doença. Já me levaram em médicos, mas, minha saúde era perfeitamente normal.

-Com licença... Pode me dizer que horas são, por favor?- parada ao meu lado, havia uma menina alta; seus cabelos estavam presos numa trança vermelha; tinha olhos verdes muito profundos e um sorriso confiante.

- São 16h22min... - passei o olho pelo papel que saía do casaco dela: Kodori, a melhor escola de todos os tempos. ??-Desculpe a curiosidade, mas... Por acaso você esta indo pra ??Kodori???

Ela me olhou de um jeito curioso, achei que tivesse acabado de reparar o meu cabelo branco, mas, ela olhava pro meu broxe, onde estava um desenho que eu havia feito, de uma personagem minha que ficara famosa na internet. Eu a chamava de ?? Kobaka??, no broxe estava escrito seu nome e havia um desenho dela que eu havia feito.

-É... Você gosta da kobaka?- seus olhos estavam brilhando.

-Na verdade... Eu a criei... -senti meu rosto ficar um pouco vermelho. Não costumava falar pras pessoas sobre a Kobaka, a mantinha em segredo.

- V-você é a... Koneko-chan?!- ela estava a menos de meio metro de mim e seus olhos brilhavam ainda mais.

-É, mas... -não pude terminar. Ela estava muito feliz, me sacudia, tiravas fotos comigo, mandava torpedos no celular... Meu deus... Foi como ser atacada por uma Inoue super alegre.

Depois de um tempo os ataques de felicidade dela pararam e fomos conversamos um pouco sobre a escola, ela me disse que era aluna do ano anterior, e que podíamos ficar no mesmo quarto.

-Você tem 11 anos, certo?- perguntava ela com animação.

- É... -respondi.

-Então vamos ficar no mesmo quarto!-ela sorriu radiante. - Você é bem baixa né?

Confesso que levei um susto tão grande que quase derramei suco na minha cara. Ela perguntou se eu estava bem, eu corei enquanto dava risinhos abafados.

- As pessoas reparam tanto no meu cabelo... -comecei com o olhar distraído. - que normalmente nem percebem na minha altura...

No mesmo momento me arrependi de ter dito isso. Percebi que ela sentiu vergonha, algum momento ela devia ter reparado.

-... Você foi à única que não reparou ou se afastou!-completei abrindo um sorriso tímido.

Ela abriu um sorriso aliviado.

- Temos que correr!- do nada, ela começou a puxar o meu braço e correr. -Faltam cinco minutos pro vôo sair!

Percebendo a gravidade da situação, comecei a correr junto com ela. Desesperadamente como se a minha vida dependesse disso( normalmente eu faço poucas coisas do tipo ?? como se a minha vida dependesse disso?? então não estava preparada pra situação e quase cai em cima de uma senhora que tinha um chapéu de vaca na cabeça, e me xingou em grego antigo.

-Que bom que entramos... - ela disse ofegando pra mim, que respondi sorrindo.

- Sim... Por um momento eu achei que... Eu teria que... - Minha voz parou. Quase contei a ela. ?? Cale-se?? uma voz na minha cabeça ordenou.

-Você disse alguma coisa Yukimura?-ela perguntou indo pro acento dela.

-N-não nada...

??Não diga nada, ela não pode saber. ?? A voz continuou. ??eu sei?? respondi mentalmente. Resolvi esquecer aquilo, se ela soubesse... Seria como da ultima vez. ??Se eu dormir talvez tenha a sorte de esquecer isso?? pensei. Mas, sabia que não conseguiria dormir, sempre que aquele assunto escapava, ficava agitada, como se a qualquer momento fosse explodir. Imagens vinham em minha mente com muita rapidez, imagens que causavam muita dor. Depois de minutos tentando me acalmar, finalmente dormi.