—Não importa quem começou, vão os dois pra sala do diretor, AGORA—gritou —Venham—e pegou pelo braço dos meninos, um de cada lado, Mike ainda sem enxergar direito, e Nícolas dando pequenos pulinhos, tentando não cair.
Chegando na frente da sala do diretor o homem, soltou o braço de Tomi abriu a porta e jogou Nícolas la pra dentro e depois puxou com força Mike pra dentro. A sala era escura, na janela tinha uma cortina grossa, a única fonte de luz era uma lamparina bem antiga, na última vez que Mike estivera ali, foi antes das férias, quando Murano bateu em um garoto que falou alguma coisa pra irmã dele, o professor o colocou de castigo e Mike o defendeu, os dois foram pra sala do diretor e ganharam tarefa em dobro por dois dias. No lugar dos moveis modernos, coloridos de antes agora tinha uma mesa preta, um armário feio, a estante de livros, e o papel de parede parecia esta mofado de tão velho.
—São esses, diretor, os dois delinquentes.
Malum estava de pé, de costas pra eles, na frente da janela parecia que nem tinha percebido a presença deles. Estava com alguma coisa na mão.
—Diretor, os dois—começou repetir
—Não sou surdo, seu energúmeno, já escutei —olhou e virou um pouquinho o corpo pra o lado deles, Mike pode ver que era um livro que estava aberto nas mãos dele—Saia Paredes—O homem baixou a cabeça de saiu da sala fechando a porta atrás deles.
—Sentem-se aí—colocou o livro na estante, mesmo com um olho meio aberto, Mike pode ver o livro, era preto, algo escrito em vermelho
—Onde vocês dois pensam que estão? —Perguntou de forma retórica—não leram as novas regras, coladas nas paredes?
Nícolas abriu a boca pra falar algo.
—Imagino que antes devia ser normal esse tipo de comportamento aqui nessa escola—conforme ia falando também ia aumentando o volume da voz—mas a partir de hoje, quem fizer qualquer tipo de arruaça será expulso na hora—já gritando bateu com punho fechado na mesa.—Agora vocês dois, peguem suas coisas e desapareçam da minha escola—E apontou para longe.
—Diretor —chamou, o vice, que tinha voltado.
—O que foi Paredes, já falei que não gosto de ser interrompido—ele caminhou onde Malum estava e falou algo no ouvido dele. Mike só conseguiu ouvir “lata de lixo”.O diretor olhou para Mike, de um jeito estranho.
—Bom mas como,é o primeiro dia, e sou muito bonzinho, vou dar mais uma chance pra vocês—falou num tom muito educado—podem ir. Os dois se levantaram, quando Mike chegou na porta escutou.
—Nícolas pode ir, quero conversar com você, Michael.
—É Mike.
Malum esperou Nícolas sair e mandou Paredes fechar a porta.
—Mike, me contaram —começou como se Mike não soubesse que foi o Paredes que contou—que na hora da briga, Nícolas foi parar numa lata de lixo, a uns bons dez metros de distância, como você fez isso?—falou a última frase pausadamente.
Mike agora tava sem saber o que dizer, ele não sabia como fez aquilo, mas tinha que inventar alguma coisa.
—Não tava tão longe assim, ele tropeçou e caiu.
—Tropeçou é ?— bateu com a mão na mesa, tão forte que fez a mesa tremer—não minta pra mim—Mike se assustou mas não parou de encarar Malum.
—Como você fez aquilo?
Mike falou bem de vagar e com raiva—Eu não sei não fiz nada
—Ta Mike—Malum voltou a seu tom habitual —só quero que você se lembre que qualquer coisa que aconteça nessa escola eu quero ser o primeiro a saber, fique muito atento ou então, não quero estar na sua pele. Agora pode ir.
Mike saiu da sala e viu a hora que Paredes só encostou a porta deixando um pouquinho aberto. Sondou pelo buraco Malum estava pegando o livro novamente,
—Ele deve ser! Tem que ser, nenhum trouxa faz uma coisa dessas.
—Mestre o que vamos fazer? Perguntou Paredes.
—Temos que ter certeza, aí o levaremos junto com os outros, precisaremos de muitas crianças como ele, quanto mais crianças, mais poderoso ficarei.
O coração de Mike quase saltou pela boca, se virou rápido e foi andando pelo corredor, pensando “o que ele quis dizer com mais crianças como ele? para ficar poderoso?”
Na hora veio na mente de Mike as palavras escrita no livro do lobo, “Aqui jás o um dos maiores Bruxos...”—CLARO!— “um feitiço com crianças, ele é um bruxo”
Chegou na sala os amigos queriam saber tudo que tinha acontecido, Mike contou com detalhes a visita a sala do diretor, mas não falou nada do livro preto nem do diretor ser um bruxo.
—E como você fez aquilo? falou Murano muito curioso.
—O que?
—Como jogou Nícolas na lata de lixo?
—O garoto saiu voando— disse Tomi olhando para o caderno.
—Pessoas não voam—falou Mike
Murano e Taci se olharam, Mike sentiu um clima estranho no ar—O que ?,o que vocês estão me escondendo?
—Nada—falou Taci—nós nem vimos como Nícolas foi parar na lata, agente chegou depois,
—É, ele já tava lá quando chegamos.
—Eu não sei—falou meio impaciente—só vi que de repente, ele não tava mais na minha frente, não fui eu, eu não fiz nada, agora vamos fecha a boca e prestar atenção no que o professor tá falando.—Ele não tava nem aí pra matéria, queria mesmo que parassem com aquele assunto. Realmente achava que não tinha feito nada mas como Nícolas voou dez metros de distância? Será que tinha sido ele? Como tinha feito aquilo?