Boa leitura!
Mais uma vez, o que Ino poderia dizer? Sai até que era bem... bonitinho. Não lindo quanto Sasuke, ou até atraente como passou a perceber que Naruto era. Era branquelo, magrelo, meio esquelético como já percebera... mas até que tinha seu próprio charme. Aquele tanquinho bem visível até que dava para o gasto... E ela já havia decidido que levaria ele para tomar um solzinho básico quando o desse alta. Até lá, tinha muito tempo para examinar aquele corpo ainda. E para criar coragem para convidá-lo para sair, ao invés de só ficar pensando nele da mesma forma, como se tentasse convencer a si mesma que ele não era estranho como Sakura sempre dizia que era. Não tanto...
Desde que o recebera no hospital, quase morrendo de tão ferido, tiveram alguns momentos atoa que aproveitaram para jogar conversa fora. Sai estava se recuperando muito bem, e Ino fazia questão de lhe fazer uma visitinha todos os dias para ver como ele estava. Não sabia ao certo o que estava sentindo, apenas gostava de conversar com Sai. Ele estava aprendendo a se socializar ainda, mas havia melhorado desde que Naruto e Sakura abriram seus corações para receber sua amizade de braços abertos. Isso não significa que parou de dizer besteiras, isso de forma alguma. Ainda não, pelo menos. Seu papo só havia melhorado, e isso Ino poderia garantir mais do que qualquer outra pessoa no momento. Ele a elogiou algumas vezes, e arrancou sorrisos que ela deixara de mostrar desde que permitiu que Sakura fosse embora. Aliás, Sai estava contribuindo para que os dias de Ino se tornassem melhores a cada dia que passava. Em todas as vezes que ela lhe visitava, tentando esconder ao máximo a tristeza que a assolava o peito e mesmo já se sentindo estranhamente bem por vê-lo, Sai percebia os resquísios de sua angustia. Por outro lado, ele não tinha ideia do que dizer. Não estava tão bom com as palavras para apoiá-la emocionalmente, por isso elogiava o trabalho dela, toda sua dedicação e o que ela era como pessoa. No final das contas, tanto quanto ela, ele também não sabia porque se importava.
Ino estava em seu escritório, louca para dar um cochilo, quando Hinata deu três toques na porta já aberta.
– Hinata!
– Olá, Ino-san – disse ela, com seu sorriso doce.
– Hã!? Será que vou ter que brigar com você para parar com essa formalidade toda?
– Go-gomen... – abaixou a cabeça, corada de vergonha.
– Você é amiga, já sabe disso. O que a trás aqui? Tem passado mal?
– Nã-não... Eu só... estava passeando com minha irmã e acabei lembrando do quanto você está tendo que se dedicar ao hospital. De-decidi comprar alguns doces, para te animar – esticou os dois braços com um embrulho em mãos, fazendo os olhos de Ino brilharem.
– Ah, Hina... você é um amor... – disse ao saltar para frente da mesa e pegar o embrulho. – Eu estava mesmo precisando de um docinho. Um só não faz mal a ninguém, não é? – engoliu uma bolinha de doce em seguida, revirando os olhos com o prazer que o sabor lhe causava. – Oh, Kami... Isso é bom... Arigatou, Hinata! Você acabou de repor minhas energias.
Hinata sorriu, feliz por ter feito um pouco por Ino perante tudo o que ela havia feito por ela além de Sakura. Dispôs o agradecimento e passou alguns minutos conversando com ela, até Ino precisar voltar a correr pelos corredores do hospital. Ao sair de lá, foi inevitável não lembrar do quão ferida estava e de Naruto ao seu lado a cada dia e noite que passava. Sentia tanta a falta dele... Mais do que sentiu em qualquer outra vez, pois quando estava em um dos leitos daquele hospital, ele se aproximou como nunca havia se aproximado antes. Ele a cuidou, zelou por seu sono e a olhou. Naruto finalmente havia parado e olhado para ela, como ela sempre desejou. Esperava pelo retorno dele o mais rápido possível, e com Sakura para o alívio de toda Konoha.
***
Naruto acordou confuso. Desde que desmaiou ficou desacordado por mais um dia. Era noite no momento em que abriu os olhos e viu vários galhos de árvore cheios de folhas sobre seu corpo deitado na relva verde. Sentia-se absurdamente descansado. Seus músculos haviam relaxado e sentia seu próprio chakra fluindo por seu corpo. Era uma sensação boa e relaxante.
Levantou após terminar de despertar, sentou-se e encostou na árvore ao seu lado. Tombou a cabeça para trás, apoiando-a no tronco e respirou fundo. Não fazia ideia de que horas eram, nem por quanto tempo dormiu e, por incrível que pareça, não havia sido sequestrado, ou morto por algum animal. Kami havia lhe dado um sono tranquilo e seguro, e o agradeceu por isso. Mas agora estava mais longe de Sakura do que já estava.
Todo aquele silêncio e aquela calmaria estavam muito apreciáveis, mas precisava voltar a procurá-la.
– Naruto...
Estava prestes a levantar quando a raposa voltou a perturbá-lo. Deixou-se encostar de novo a árvore e massageou as têmporas.
– Fique quieto...
– Você vai mesmo se matar.
Respirou fundo outra vez e tentou ignorá-la.
– Ela está longe, baka. Muito longe. Você desmaiou de tão fraco que está. Se continuar vai morrer.
– Eu mandei ficar quieto.
– Como quiser. Eu só tenho a ganhar se isso acontecer mesmo.
– Então por que fica me avisando? Por que não cala esse fucinho e me deixe morrer para que assim você seja liberto?
– ...
A raposa ficou quieta. Naruto aguardou sua resposta por alguns minutos, mas concluiu que a Kyuubi, talvez, houvesse lhe obedecido finalmente. Então, levantou e se preparou para correr de novo. Pensou em usar o chakra da raposa, porém pensou bastante a respeito. Ela teria o seu para consumir, por isso não morreria. No final das contas, ela realmente só tinha a ganhar. Contudo, cada um tinha seu próprio chakra. Proporcional para seus próprios corpos. Podia usar o da Kyuubi, mas não tinha o direito de enfraquecê-lo a cada vez que precisasse ser mais forte. Enfrentou obstáculos maiores e mais difíceis do que estava sendo aquele de procurar por Sakura, e com seu próprio chakra. Salvou Konoha vencendo Pain sem precisar usar o da raposa. A Kyuubi estava certa em avisá-lo para maneirar, apesar de Naruto não entender porquê ela o alertava tanto.
Ele ficou grato pela preocupação, ou seja lá o que aquilo significava. Prosseguiu caminho correndo o mais rápido que podia, com seu próprio chakra, e deixou a raposa em paz. Todavia, Hinata lhe veio a cabeça e dela sua imagem não saiu mais. Estranhamente, não conseguia parar de pensar na garota de olhos perolados.