Sentimentos Incontroláveis

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    Capítulos:

    Capítulo 6

    Capítulo 6

    Heterossexualidade, Linguagem Imprópria

    Olá, pessoal! Desculpem a demora para postar, mas me obrigo a descansar nos finais de semana, até porque também tenho vida social como vocês, certo? Espero que gostem do capítulo. Boa leitura!

    O sol estava a se por com todo seu esplendor no horizonte da vila da folha. A lua em seu estado minguante, brilhando pouco, mas alva no céu, com toda sua majestosidade trazia uma noite melancólica, sem estrelas. Irônico, talvez, pois se identificável ao estado de Sakura. Sem brilho. Sem ânimo. Há mais de três anos.

    Estava triste. Consideravelmente naquela noite, caminhando para a porta de seu pequeno apartamento, a início de sua missão, com certo pesar em seu coração. Pois sabia que havia arrumado sua mochila com um propósito maior. Era ciente do que seria capaz de fazer a partir que desse o primeiro passo para fora da vila. Ciente de que sua sempre shishou, a Godaime, estava depositando toda sua confiança para vê-la voltando por aqueles mesmos portões pelos quais partiria. Lamentando, mas não se arrependendo, por decepcioná-la. Mas era sua chance! De tentar, mais uma vez, tirar aquela angústia causada pelo abismo em seu peito. Não podia desperdiça-la. Não tinha mais forças para reprimir seus mais fortes sentimentos. Entretanto, também não tinha para sair sem se despedir...

    ***

    Hinata terminava de tomar sua sopa ao notar o quanto Naruto estava calado - o que realmente não era normal - e pensativo. Receosa, não perguntou de imediato o que se passava na cabeça do loiro. Afinal, não era de sua conta. Mas, aquele silêncio... tão desconfortante e constrangedor era entre eles.

    - Anou... Naruto-kun?

    Naruto a olhou, com aqueles olhos azuis que causaram o mesmo efeito costumeiro em Hinata.

    - Gomen, mas... no que tanto pensa?

    Ele baixou o olhar, virando a cabeça para frente de novo sem lhe responder.

    - Gomen! Gomen nasai! Eu não devia ter sido tão curiosa - disse, envergonhada consigo mesma.

    - Iie, Hinata. Não tem problema - então, ela percebeu, que ele tentava lhe dar atenção, mas havia algo o incomodando. - Estou pensando na Sakura-chan.

    Era possível haver outro motivo? Sakura era um dos maiores, que prendia a atenção de Naruto completamente. Como almejava ser amada por ele como Sakura era. Mas não os culpava. Nem ele nem ela. Os entendia. Ninguém consegue mandar nos próprios sentimentos, muito menos quando eles se manifestam de maneira tão intensa. Como a tristeza, tão decifrável nos olhos da Hyuuga, quanto seu semblante que a aderia visivelmente.

    - Ah...

    - É que a Ino me contou que a Tsunade-obaa-chan a mandou para um missão - interrompeu-a, começando a explicar após notar o silêncio demorado de Hinata. - Isso me preocupa. Porque... Com o Sasuke também lá fora... e você aqui, precisando de socorro a qualquer momento... Não acho que seja um bom momento para Tsunade-obaa-chan mandá-la para uma missão agora. Ela está dando uma chance para a Sakura-chan ir atrás do teme. Contando que você melhoraria mais rápido se ela ficasse.

    Hinata largou a colher que usava para tomar a sopa sem gosto do hospital. Seu semblante ergueu-se, demonstrando a surpresa dela com as palavras dele. Mesmo que Naruto já tivesse demonstrado preocupação uma vez, ainda não havia se acostumado, muito menos entendia comportamento tão repentino dele para com ela. Por outro lado, saber que ele também pensava nela, por mais que apenas por causa de seu estado atual no momento, a alegria que lhe proporcionava era gratificante.

    - Não se preocupe tanto, Naruto-kun. A Sakura-chan... ela vai fazer o que é certo.

    - Queria acreditar nisso tanto quanto você, Hinata. Mas ela já foi atrás dele quanto teve oportunidade. Sozinha. Se eu e Kakashi não tivéssemos chegado a tempo, ela poderia ter morrido. O Sasuke... - trintou os dentes ao lembrar-se. - Aquele teme... ele foi capaz de tentar matá-la! Duvido que não seja de novo, e que ela não vá atrás dele, porque tem a oportunidade perfeita agora.

    Vendo o medo que se apossava de Naruto, a maneira como demonstrava estar tremendamente preocupado, sabendo que aquilo deveria estar pesando em seu coração como se estivesse carregando uma pedra enorme em suas costas, Hinata temia não ter palavras para acalmá-lo e confortá-lo. E realmente não sabia o que dizer, até pensar em Sakura. Ele a conhecia mais do que ela, então não precisou dizer muita coisa.

    - Ela não pensa apenas em si mesma, Naruto-kun. A Sakura-chan é uma pessoa que pensa e se importa com todos ao seu redor, também. Se não, já teria partido atrás do Sasuke-sama a muito tempo. Acredite. Você a conhece melhor que eu.

    Ela esperou alguma reação dele, mas o silêncio de Naruto continuava tão intenso como se fosse capaz de transmitir todo seu desespero. E Hinata sentia por ele. Porque se colocava no lugar de Naruto mesmo não precisando. Entendia perfeitamente como era preocupar-se com alguém que você ama quando essa pessoa está passando por momentos difíceis. Em todo tempo que observava Naruto, desde criança, vendo as pessoas o rejeitarem doía em seu coração tanto quanto doía no dele. Sempre queria ajudá-lo, e desejava ter conseguido pelo menos um pouco naquele momento.

    Ele, enfim, a olhou e sorriu.

    - Você tem razão, Hinata. Arigato.

    - Nã-não pre-precisa agradecer, Naruto-kun - respondeu, corando, cada vez mais vermelha...

    Três batidas se ouviram da porta, uma vez aberta dando passagem a quem batia.

    - Konbanwa! Hinata, Naruto – disse Sakura.

    - Sakura-chan? Não deveria estar indo para a Vila Oculta da Névoa? - perguntou Naruto.

    - Passei para dizer tchau, Naruto. Aos dois.

    - Só aos dois?

    Os três olharam para a porta ao ouvirem a voz de Ino, carrancuda, descabelada e com as mãos na cintura demonstrando toda a sua indignação pela desconsideração da rosada. A ausência de Sakura estava pesando para ela, a própria Haruno constatou.

    - Iria sem se despedir de mim, testa de marquise?

    - Iria falar com você logo em seguida, porquinha.

    - Rum... Acho bom!

    Sakura sorriu, e Ino a seguiu até a cama de Hinata.

    - Vim prestar minha ajuda a você antes de ir, Hinata.

    - Oro? Imagina, Sakura-chan! Ino ficou encarregada de cuidar de mim, você precisa de todo o seu chakra para uma viajem tão longa até a Vila Oculta da Névoa.

    - É verdade, testuda.

    - Iie, não se preocupem. Quero que a Hinata fique boa logo, é muito jovem para ficar trancada em um hospital. Além do mais... quero que cuidem um do outro enquanto eu estiver fora. Tenho certeza que melhorará rápido sob os cuidados de Ino, Hinata. Você e os demais pacientes estão em ótimas e poderosas mãos. Cuide bem dela também, Naruto. E você dele, Hinata. Tente botar um pouco de juízo nesse ninja cabeça oca. Aliás, não se esqueçam de comemorar quando Hinata receber alta. Ino pode ajudá-la a se arrumar para darem um passeio, e Naruto pode levá-las para comer ramén! O que acham?

    As palavras e as ideias de Sakura fizeram ganhar um tom rosado o rosto de Hinata. Naruto sorria timidamente com uma mão atrás da cabeça. Por mais que estivesse preocupado antes, o ninja cabeça oca de Konoha realmente não percebeu que era exatamente esse o objetivo de Sakura, ou os conselhos de Hinata o acalmaram mesmo. Mas Ino sabia as intenções da rosada com todas aquelas palavras, e não permitiria que ela partisse tão facilmente.

    ***

    Ao lembrar de suas mãos emanando chakra pela última vez para a última pessoa da vila que ajudaria antes de estar ali, caminhando para os portões onde dois agentes da ANBU estariam a esperando, lembrando do abraço de Ino, Naruto, e até mesmo o de Hinata que era sua esperança de vê-lo completamente feliz... De seu “até logo”, pesando em seus passos como se fosse um adeus, pareciam obrigá-la a parar. Se não se apressasse, se atrasaria. Mas não conseguia mandar em seus passos uma vez que também não tinha forças para mandar em seus pensamentos e em seus sentimentos naquele momento. Havia planejado seu último momento com eles enquanto caminhava para o hospital. Queria lembranças boas para se lembrar, não ruins para se lamentar ainda mais. Por isso manteve em segredo seu propósito, oculto pelo daquela missão. 

    Já estava chegando perto dos portões da vila. Trilhando o mesmo caminho dos passos de Sasuke, e levantou o olhar ao lembrar-se que o esperava logo a frente, como se fosse ver a si mesma. Mas, no mesmo lugar, era Ino quem estava.

    Parou, surpresa, sem reação. O que ela estava fazendo ali?, se perguntava.

    – Ino...

    – Sakura.

    Ela sabia, concluiu.

    – Como...

    – Conheço você.

    Ela estava parada. Com a mesma roupa que se encontrava a minutos atrás no hospital, e as mãos para trás. E Sakura a olhava. Analisava. O que ela faria? Por quê estava ali? A impediria? Não, não permitiria. Baixou o olhar novamente, para o chão, e continuou sua caminhada.

    Conforme diminuía mais um passo de distância entre as duas, forçando a si mesma a ignorá-la, Sakura lembrou-se de Sasuke. Daquela maneira ele havia feito, mas com uma diferença. Ele a ignorou de verdade, sem dificuldade alguma. E lá estava ela, fazendo da mesma maneira que ele havia feito, mas com toda dificuldade do mundo. Com Ino a sua frente, tornando tudo mais difícil, seus passos mais lentos, seus olhos mais banhados... cada vez mais... e mais... com cada gota de lágrima acumulada, a medida que chegava mais perto, até Ino pará-la. A segurou pela mão, com aquilo que escondida entre as suas atrás de si.

    A fita vermelha dançava com a leve brisa, entre as mãos das duas. A fita que Ino deu para Sakura quando eram crianças, que significava tanto o começo, quanto o término de uma amizade de infância.

    – Somos amigas, Sakura.

    As lágrimas de Sakura libertaram seu olhos, rolando por seu rosto como as de Ino no dela. E aquele chão, que já recebeu tantas lágrimas caídas de um momento tão doloroso para Sakura, as recebia de novo, de outro momento do qual ela lembraria com todo carinho. Pois Ino não estava ali para impedi-la.

    – Então, não me faça ir buscá-la. Volte! Viva, para eu não enlouquecer com a sua ausência naquele hospital, pois será mais um motivo para eu não ir matá-lo. E com ele, para eu não vê-la sofrendo mais.

    Sakura apertou a mão de Ino, juntamente com a fita que estava entre elas. Ouvindo a voz banhada de Ino, não precisava, e se recusava, a olhá-la para vê-la chorando.

    – Vai. Testuda – disse, retribuindo-lhe o aperto de mão.

    – Obrigada. Porca.

    As mãos continuaram unidas. A fita entre elas continuou a dançar com a brisa, até ambas soltarem juntas. Mas só Sakura deu o primeiro passo. O mais pesado, a seguir de outros mais. O peso das lembranças que já dificultavam seu andar, não chegavam perto do peso daquela simples fita em sua mão. Contudo, não causava arrependimento. Pesava, porque Sakura amava tudo e todos que estava deixando para trás, mas também aquele a quem partiria a procura.

     Assim, dividida, mas recomposta, deu o primeiro passo além dos portões da vila. 


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