Mundo Paralelo

  • Finalizada
  • Alexsporto
  • Capitulos 21
  • Gêneros Sobrenatural

Tempo estimado de leitura: 3 horas

    14
    Capítulos:

    Capítulo 4

    Um chamado

    Álcool, Linguagem Imprópria, Mutilação, Violência

    e ae galera, se tudo der certo a cada 15 dias haverá um capítulo novo OK

    conto com a ajuda de vocês, criticas construtivas são sempre bem-vindas

    Capítulo 3

    Um chamado

    era madrugada e eu estava no quarto dormindo, sonhando que ainda estava no shopping bebendo cappuccino com Isabely ao meu lado. Quando ouvi um uivo de vento rondar a casa fazendo toda a estrutura estremecer, o ranger sinistro das portas querendo se abrir, fez meus olhos que já estavam fechados se apertarem ainda mais e meu corpo se encolheu como uma criança na barriga da mãe.

    Então o vento cessou.

    – Devo ter imaginado isso – Meus olhos abertos percorriam todo o quarto pousando sobre o despertador.

    4h25. Preciso voltar a dormir.

    Liguei o ventilador e cobri o corpo todo até a cabeça com o edredom para abafar qualquer barulho que pudesse interromper meu sono.

    – Apollo... – Escutei uma voz me chamar.

    A essa hora? Quem poderia ser? Torci pra que fosse só minha imaginação pregando alguma peça querendo me assustar, mas a voz tornou a me chamar mais forte dessa vez:

    – Apollo! – De novo aquele uivo seguido por um tremor na casa. – Esse é mesmo o seu nome?

    Eu queria sair pra ver quem me chamava, mas o medo me impediu de levantar da cama, tudo o que fiz foi me encolher ainda mais. Desejei por um segundo que meu quarto não tivesse janela nem porta pra que assim nada pudesse entrar.

    A janela se abriu com uma rajada de ar e as cortinas dançaram com vento. Soando como trovão a voz ecoou pelo quarto:

    – Por que se escondes de mim?

    – Quem está ai? – Perguntei tremendo de medo.

    Por alguns instantes não ouvi mais nada, um silêncio quase que absoluto no quarto somente o som do ventilador entrecortado pelas batidas descompassadas do meu coração.

    Então a porta se abriu e me senti tentado a levantar. Já em pé ao lado da cama, caminhei até a porta do quarto e ao passar pelo batente subitamente a porta da sala se abriu.

    – É um sonho! Não preciso ter medo, é apenas um sonho – Tentei convencer a mim mesmo de que tudo estava bem – Um sonho muito ruim!

    Andei pela sala escura a única iluminação vinha de fora pela porta aberta. Mais quatro passos e já estava na calçada. Olhei ao meu redor, mas a neblina da noite cobria a maior parte do cenário a minha volta. Vi perto do meio-fio uma árvore do tipo... Sei lá não entendo de árvores, mas parecia com aquelas verde e marrom que tem por toda parte da cidade.

    Ouvi barulho de pedras se chocando acima da minha cabeça, pensei em correr para dentro de casa, mas antes que eu pudesse me virar, escutei a porta bater logo atrás de mim.

    Nesse mesmo instante, relâmpagos clarearam o céu e um raio caiu sobre a árvore. Mas nem as folhas nem o tronco pareciam queimar com as chamas vivas.

    – Ah! Apollo, não temas!

    – Quem é você?

    – Toque na árvore e saberás quem você é.

    – Mas... Ela está pegando fogo! – Porém, se isso é um sonho não vou me ferir... Talvez eu não precise mesmo ter medo.

    Fechei os olhos, estendi o braço até que a palma da mão direita tocasse a árvore. – Não... Não está queimando!

    – Conheça a verdade sobre seu passado.

    – Meu passado? – Abro os olhos – O que você quer dizer com isso?

    A voz soltou uma gargalhada, o que foi um pouco estranho e assustador.

    As chamas da árvore cresceram se expandindo para todos os lados, logo, a neblina que cercava todo o lugar se extinguiu revelando as casas e os prédios antes cobertos e invisíveis pela névoa.

    Há algo estranho com essas ruas, esse lugar... Pouca casa com antena de TV a cabo, nos comércios quase não têm letreiros animados cheios de luz e provavelmente nada de internet acessível. É como se eu estivesse na mesma cidade, mas, em outra época.

    Ouvi passos apressados, depois gritos e barulho de vidro quebrando. Segui o som correndo por um beco, e os gritos pareciam ficar mais altos, mais agudos.

    De repente apareci no meio de uma sala escura. Havia uma janela quebrada por onde a luz dos postes entrava, uma lareira acesa em fogo baixo queimava restos de galhos secos, e a porta aberta iluminando a maior parte da sala.

    A mesinha de centro era a única coisa inteira na sala, a televisão parece está quebrada, pois ainda há fumaça e um cheiro de queimado no ar. Ao lado um sofá emborcado e alguns quadros espalhados pelo piso.

    – AAAAAAAH! – Um grito estridente percorreu a casa e invadiu a sala.

    – Sem duvidas tem algo acontecendo lá em cima.

     Passo pelo sofá desviando dos quadros a tempo de não ser esmagado por alguma coisa que caiu da sacada.

    E lá se foi a mesinha de madeira e vidro, um homem caiu sobre ela e permaneceu imóvel de cara no chão, atravessado entre os pedaços pontiagudo do mogno quadrado.

    A sala se tornou mais escura, olhei para trás e vi dois homens entrando pela porta encobrindo a passagem da luz.

    Estão olhando e andando em minha direção, dei dois passos, tropecei num degrau e cai sentado no canto da escada.

    Os dois homens passaram do meu lado e subiram pela escada. Não me viram aqui? Apesar da pouca iluminação, notei uma marca estranha nos pescoços deles.

    Outro cara entrou pela janela se arranhando nos cacos afiados que ainda estavam presos à base da esquadria de madeira. Ele cambaleou um pouco, se endireitou e estava vindo pra cá, mas parou quando uma pessoa adentrou a sala.

    – Nem mais um passo, demônio maldito! – Advertiu o homem parado na porta e o outro cara cerrando os punhos se virou para encará-lo.

    Os dois andaram de encontro a o que parecia um confronto corporal. Sob a luz da lareira pude ver melhor como cada um estava vestido. O suposto demônio usava um casaco marrom e jeans surrado, este saltou pra cima do cara de blusa branca coberta por uma jaqueta jeans aberta, que:

    Com um movimento rápido, ergueu um braço e arqueou para o lado, o corpo do agressor ainda estava no alto e pareceu obedecer ao gesto, indo de encontro à parede com tamanha força que abriu uma fenda no lugar da batida.

    – Cuidado! – Alertei o rapaz de jaqueta ao ver que um homem se preparava para atacá-lo pelas costas.

    Estilhaços de vidro cravados nos ombros brilhavam com a luz da lareira, o sangue escorria por todo o corpo, mas o cara não parecia nem um pouco abalado, afinal, o que são alguns cacos afiados enterrado na pele pra alguém que despencou de uma altura de quase cinco metros?

    Como se pressentisse um ataque girou parando com a mão sobre a cabeça do inimigo deixando-o de alguma forma imobilizado. Em menos de um segundo micro partículas começaram a sair da boca, dos ouvidos, nariz e cortes de todo o corpo do sujeito. Formando uma nuvem negra que se tornava cada vez mais densa conforme era expulsa do corpo. Que agora se encontra caído no chão.

    – Que loucura. – Parece que estou dentro de um filme muito bizarro de terror e ficção.

    Vi abaixo da parede rachada um homem esfumaçando da mesma forma que o primeiro. E como se tudo isso já não estivesse um tantinho esquisito, o ”exorcista de jaqueta jeans” flutuou na diagonal até o alto passando a mureta da sacada.

    Segurei no corrimão e subi pela escada chegando ao andar de cima. Lá estava ele, encarando os dois homens que passaram por mim na escada.

    O corredor estava escuro, mas consegui ver uma porta logo atrás dos caras que saindo das sombras partiram para um ataque frontal.

    Dessa vez o herói não moveu nenhum músculo, permanecendo parado. Os brutamontes correram juntos  para investir contra ele, mas se afastaram abruptamente como se uma parede invisível tivesse se formado entre eles jogando-os para o alto, o homem caminhou em direção à primeira porta do corredor enquanto os corpos esfumaçando como fogo negro passavam por ele fazendo seu cabelo balançar para trás, antes de se esborrachar no piso da sala levando parte do parapeito junto.

    – Micael - A voz soou familiar para ele que parou quando estava prestes a abrir a porta – Vocês anjos, sempre interrompendo...

    – Você? – Sua voz saiu baixa e sua expressão era de estar surpreso, talvez até com medo.

    – Desista anjo de merda, nós somos muitos.

    Micael? Isso não me é estranho, esse nome...

    Ouvi um barulho de vozes aglomeradas vindo de fora e der repente a mobília toda tremeu e a casa foi cercada por vultos que rodeavam a casa. Toda aquela fumaça que saiu dos corpos se amontoava abaixo do lustre que pendia do teto. A fumaça tomou a forma esfumaçada de um homem que parecia sorrir sem dentes.

    A estrutura não parava de balançar, poeira caia do teto, rachaduras enormes se estendiam pelas paredes, criando fendas tão profundas que algumas até atravessam para o outro lado de forma que a luz entrava pelas brechas estreitas.

    Micael fechou os olhos por alguns segundos. No que estaria pensando?

    Mais fumaça negra invadiu a casa, como um enxame de abelhas ferozes e barulhentas entrando pela porta e pelas janelas.

    A escuridão tomou conta do lugar, e por um longo segundo não enxergava nada. Voltei minha atenção para Micael, ainda não conseguia vê-lo, mas sabia que ele estava ali em algum lugar perto da porta.

    Tateando a bermuda desesperadamente procurando o celular, mas lembrei de ter o deixado carregando no quarto. Sua lanterna seria muito útil agora.

    Vi duas tochas idênticas pairando no ar. Eram os olhos de Micael brilhando como fogo, sua íris clareava seu rosto revelando sua expressão severa. Ele contraiu o próprio corpo esticando os braços e arqueou a coluna para trás ficando em forma de cruz.

    As chamas prateadas cobriam seu corpo, lembrei da árvore atingida pelo raio que da mesma forma não queimava com o fogo.

    Pedaços de telha e madeira caiam atingindo e danificando o piso, partes das paredes e blocos quebrados revestidos de cimento voavam pelos cômodos, se isso não parar a casa será destruída e todos que ainda estão nela.

    A energia brilhante se alastrava no ar e no chão marcando um circulo no piso de madeira em torno do anjo. O fogo prateado crescendo formando um domo de luz a sua volta.

    Como um vulcão o domo explodiu emanando energia fulminante pelo ar.

    Logo toda a escuridão foi consumida pela luz, as trevas se dissiparam e os tremores cessaram.

    A parte frontal da casa havia sido completamente destruída, como se fosse um pedaço de bolo cortado desajeitadamente por uma criança. O soalho danificado com enormes crateras, as paredes que ladeava a escada e a oposta dela estavam parecendo muros incompletos, a sala mais parecia uma pilha de entulho que um caminhão acabara de descarregar ainda cercado por uma cortina de pó.

    Eu estava caído em meio aos escombros perto da escada. Ouvi som de torneira gotejando lentamente, quando ergui o olhar: O anjo ainda em pose de crucifixo, ofegante, o que eu pensei ser água pingando era seu sangue estalando no piso. Talvez ele tenha exigido demais do próprio corpo à ponto de abrir hachuras na pele ou estourar algumas veias na testa e nas mãos.

    Minha visão tornou-se turva escurecendo de repente e ao voltar a enxergar com clareza, percebi que estava de pé em frente à porta aberta para o quarto.

    Numa cama de casal desforrada, manchas vermelhas por todo lençol, uma mulher segurava uma criança em seu colo. O bebê recém-nascido ainda vermelho de sangue era tão pequeno envolvido nos dedos brancos da mão da mulher que tinha o semblante abatido, dos olhos fundos e vermelhos ainda escorriam lágrimas marcando seu rosto pálido.

    – Está morto! Por quê? – Disse a mulher entre soluços de um choro sem fim – Por que, Deus? Meu filho... Meu bebê! Por quê?

    Ajoelhado ao lado da cabeceira, cotovelos sumiam fundo no colchão, as mãos abertas encobriam o rosto do homem que parecia compartilhar a dor da mulher.

    A jaqueta balançava a cada passo pelo cômodo, o piso de madeira estralava em contato com a bota anunciando sua entrada no quarto. Mas em prantos, nem o homem e nem a mulher perceberam sua presença. Talvez estivessem tão frustrados, tristes... Que nem tenham percebido que parte da casa acaba de ser destruída.

    O clima pesado irradiava dor e tristeza no ar, meus olhos ardiam intensamente, o corpo lutando contra a vontade de chorar tentando de todo jeito segurar a lágrima. Imagino quão difícil deve ser estar em uma situação como essa. Ter que aceitar uma perda, não! Pior que isso, ter que aceitar perder alguém que agente ama.

    A lua tinha um brilho prateado e feixes de sua luz entraram janela adentro. Olhando freneticamente como se esse fosse o sinal pelo qual ele esperara tanto tempo, o anjo desviou o olhar para o bebê à sua frente. Sobre a luz lunar seu corpo acendeu em fogo branco, cuja luz ofuscou minha visão e o lugar foi consumido por um branco total, mas que não durou muito.

    Voltando à iluminação ambiente, abaixei o braço que tinha erguido para proteger os olhos do clarão.

    Não havia no quarto sinal algum ou vestígio do rapaz de jaqueta jeans, exceto por uma coisa: A criança que outrora dada como morta, agora parecia respirar e se mexer no colo apertado de um abraço materno.

    A mãe chorava. Não mais de tristeza, agora o choro era de felicidade. Como se houvesse sido tirado dela por anos, por uma vida inteira e agora enfim, devolvido. Essa era a felicidade que vi nos olhos daquela mulher em poder abraçar e sentir a respiração do filho em seus braços. O marido que estava cabisbaixo, ainda de joelhos no chão, agora estendia os braços para o alto agradecendo o milagre que acabou de contemplar.

    – Impossível! – Realmente é impossível conter as lágrimas diante de algo tão grandioso.

    Mas, o que tudo isso significa ainda não sei. Por que eu? Qual o motivo de estar aqui?

    As paredes e o piso se mexeram me arrastando para perto da cama. Agora parado de frente à mulher, seu rosto me pareceu tão familiar. Longas mechas partidas ao meio que contornavam as bochechas e o queixo.

    Mãe?

    Sim! Com certeza é minha mãe, uns vinte anos mais nova talvez, mas, é ela.

    Mas, e esse bebê...?

     Ao lado da cama um móvel de madeira parda com uma única gaveta, sobre ele um vaso de porcelana branca e um porta-retratos com moldura trabalhada em ouro e madeira.

    Pen-en-en-en! Pen-en-en-en! Pen-en-en! – O som barulhento e alarmante de um despertador tinindo no quarto me acordou com o susto abri os olhos.

    Foi só um sonho.


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