A Brecha - Capítulo Um

Há de quem fala que não dói, mas aqui lhes afirmo dói e eu ainda não esqueci.

De repente tudo está cinza, onde estão as cores? Uma quente lágrima escorre lentamente pela minha bochecha.

Mas ainda mantenho meus olhos fechados e continuo ignorante a tal coisa. Porque?

Ninguém saiba, nem mesmo eu...

No colo de alguém que afaga meus cabelos e sorri carinhosamente. Me perco naquele olhar.

Mas quem é?

Ninguém sabe, nem mesmo eu...

Talvez em outra vida eu fui uma flor, de aço talvez, se é que elas existem. Mas tem de existir, sou uma!

Viva e morta ao mesmo tempo, concedo uma ultima dança, você irá minha acompanhar?

Sinto lhe dizer, mas você está atrasado. Porque não veio logo?

O sangue escorre, pinga e seca...

Novamente aquele sorriso, estou salva.

Oh não, estou caindo novamente. Eu morri?

Não, estou viva. Isso é triste.

Uma boneca, uma flor, um animal. Algo ou alguém. De onde venho? Para onde vou? O que eu sou....?

Uma estrela dentre tantas, porque iria me escolher? Sempre foi assim, o que lhe fazia sorrir mais é quem ganhava o seu abraço quente, o que sinto inveja quem pode ter.

É errado? Certo? É complicado. Complicado nessa ‘complicância’ que me perco entres palavras, meus dedos batem nos teclados e meu coração bate mais forte a cada palavra que sai, mesmo que não há sentido.

Desejos? Medos? Sorrisos? Não terá mais. Enquanto seus olhos estiverem fechados, eu irei embora.

Talvez você lembre, talvez não. Quem se importa?

Ninguém se importa, nem mesmo eu?

Obrigada por segurar as minhas pétalas de aço, assim elas não fazem barulho ao cair em cima do vidro que é o seu ego.

Obrigada por deixar que eu exista por algum tempo.

... Pois não existo mais.