- Budew, leaf storm! ? disse mirando os olhos de Isis. Ela retribuiu com um sinal positivo.
A visibilidade era baixa, contudo pude ver um brilho verdejante surgir a minha frente.
- Buuuu... ? Budew comprimiu seu corpo e num estalo liberou uma tempestade de folhas talhantes pelo ginásio.
- Como?! ? Li sorriu encantada com a dança de folhas que se formava no campo de batalha.
- Elee... ? Elekid permanecia imóvel aguardando as ordens de Li, sem se intimidar com a força do ataque.
- Double team. ? Li disse de súbito.
Elekid parecia se multiplicar pelo campo confundindo-nos, entretanto a tempestade de folhas tomava conta do ginásio e foi inevitável o impacto que se abateu sobre ele.
- Ele! ? O verdadeiro Elekid foi encoberto pelo turbilhão de folhas, sendo carregado até o teto caindo fora dos limites do campo e permanecendo ali.
- A vitória é do desafiante. ? novamente o juiz levantou a bandeira verde confirmando o resultado.
- Dew. ? Budew ficou exausta ao utilizar o ataque, e combinado a limitação de seus movimentos que a incomodava, talvez fosse o momento de deixá-la descansar.
- Elekid você foi muito bem, descanse. ? quando percebi Li já estava com outra pokebola em mãos e preparada para mais uma batalha. ? Jolteon eu conto com você.
Um pokémon semelhante a uma raposa eriçou seus pelos espinhosos ao entrar em campo. Seu pelo amarelo e branco estático, semelhante a espinhos pontiagudos, soltavam faíscas nas pontas. Os olhos negros amendoados transmitiam boas vibrações, e confiei em suas intenções. Inexplicavelmente senti que Budew poderia continuar.
- Vamos ver então. ? disse coletando informações daquele pokémon com minha pokedex.
"Jolteon, pokémon luz. Acumula elétrons do meio, produzindo até 10 mil volts de eletricidade. O pelo eriçado é resultante da carga acumulada."
- Jolteon, use pin missile. ? Li voltou a colocar os fones de ouvido.
- Joooo... ? Jolteon eriçou seus pelos ao máximo, liberando revoadas de espinhos que foram lançados contra Budew.
- Budew, esquive-se. ? os músculos de Budew paralisaram impedindo seus movimentos.
Não consegui olhar, meus instintos pela primeira vez não se confirmaram. Fechei os olhos e implorei para que não ouvisse os gritos de sofrimento de Budew.
- Bu! ? os gritos de Budew eram como lanças afiadas invadindo minha mente, dilacerando-me.
Fora insuportável para mim. Minha cabeça pesou em meus ombros e meus pés não conseguiram suportar meu corpo forçando-me a ajoelhar e apoiar a cabeça no chão. Respirei profundamente, procurando me acalmar, contudo a poeira invadiu minhas narinas, dificultando a respiração, deixando-me mais nervosa. O suor escorreu pela minha nuca, Vermilion tinha um clima realmente quente ou eram as respostas biológicas de meu corpo? Tentei me concentrar na história que Isis me contara. A senhora da noite, que enfrentara grandes dificuldades em sua vida e as superou. O que eu passava ali não chegava nem perto de seu sofrimento. Ao recobrar minhas forças abri os olhos; por um segundo pensei ter visto um piso branco recoberto por água límpida e translúcida. Ao piscar observei que era o revestimento empoeirado do ginásio.
- Você está bem? ? ouvi uma voz distante de mim. ? Consegue continuar?
- Sim, eu... ? agora percebia alguém segurando minhas mãos com firmeza. Ao levantar a cabeça, vejo os olhos puramente negros de Isis preocupados e abalados.
- Julli, o que houve? ? sua voz saiu estremecida.
- Acho que tive uma queda de pressão. ? não queria preocupá-la com minhas alucinações. Eu tinha muito medo de ter alguma doença mental grave, e eu sabia no que isso poderia acarretar. ? Vou ficar bem.
- Tem certeza? ? Isis procurou algum sinal de hesitação ou dúvida em meu olhar.
- Tenho. ? disse confiante.
Ela levantou e me puxou em seguida.
- Então boa sorte. ? Isis sorriu. ? Sei que consegue.
- Obrigada. ? O apoio de Isis me fortalecia, bloqueando os meus medos e receios.
- Acha que consegue prosseguir? ? Li perguntou ajeitando os fones.
- Sim e me desculpe por isso. ? disse envergonhada. Ao vasculhar o local percebo que Budew continuava caída. ? Budew, volte. ? disse retornando-a a pokebola. ? Você foi muito bem e me desculpe por causar esse sofrimento a você. ? cochichei.
Restavam Natu e Mareep. Jolteon era poderoso, apesar de confiar nas habilidades de Natu, não acreditava que ele conseguiria avançar muito em uma batalha contra ele sem se machucar. Ainda não sabia do que Mareep era capaz, mas iria arriscar todas minhas fichas nela.
- Mareep, faça as honras. ? lancei a pokebola ao ar, liberando um jato cintilante seguido de uma ovelha adorável. A escuridão atenuou-se com o brilho alaranjado da cauda de Mareep.
- Mareeeeeeeee... ? ela bateu as patas no chão demonstrando extrema vontade de batalhar.
- Wow, wow, Mareep! ? Isis gritou animadamente.
- Cotton spore para começarmos. ? falei com a voz ainda inerme. Logo em seguida, intuí que Jolteon estava enfraquecendo, algo o incomodava.
- Mareep. ? Mareep sacudiu sua lã liberando esferas brancas e luminosas pelo campo.
- Pretende ganhar tempo, mas isso não será o suficiente. ? Li disse confiante ao notar o que se passava ali. ? Double kick!
- Budew deixou uma contribuição muito significativa para Mareep e não irei desperdiçar. ? falei observando que Jolteon já estava mais lento, devido à dificuldade de locomoção imposta pelo cotton spore.
- Não pense que um mero envenenamento irá parar meu Jolteon. ? Li disse sem rodeios.
- Você tocou no ponto. ? disse animada. ? O poison poin!