Tocando para os pais, através coração.

Rina ainda no quarto de Shono, se despede para ir aos preparativos do aniversário.

Shono: Eu nem fazia questão de uma festa... Afinal, meu pai deve não aparecer...

Rina: Mas uma pessoa aparecerá e você vai gostar! Até mais.

Shono fica desconfiado, mas percebe que a musica ainda está tocando em seu computador. Ele se levanta e mesmo sem ouvi-la, continuar a murmurar alguns trechos da música, enquanto vai almoçar. Em seguida, resolve sair em sua moto para aquele restaurante.

Marieta: Shono, onde vai senhor?

Shono: Vou ver uma violonista. Interessei-me pelas músicas e irei aproveitar pessoalmente.

Marieta: Perdoe-me a intromissão, mas seria uma paquera?

Shono: Hahaha... Não, Marieta, não penso nestas coisas agora, e mesmo que eu quisesse, ela jamais me daria "bola", pois eu devo ter a metade da idade dela!

Marieta: Shono, no amor, não existe tempo e nem distância. O amor é possível para todos e tudo. É uma dávida divina, do nosso Senhor Deus.

Shono: Belas palavras... Pensarei nisso. Obrigada, Marieta. Cuide de tudo por mim e da Rina também. Ela leva muito a sério estas comemorações minhas.

Marieta: Ela está fazendo ligações para conferir convidados, alimentação e a decoração.

Shono: E que horas começará tudo?

Marieta: Está marcada para às 19 horas.

Shono: Estarei as 18 horas para me arrumar. Até.

Shono sobe em sua moto e vai em direção ao restaurante da esquina. Estaciona e entra no local. Ao chegar no balcão, conversa com o barman.

Shono: Boa tarde. Por favor, gostaria de saber se uma senhorita de cabelos ruivos e cacheados irá tocar hoje.

Barman: Sim, irá daqui a uns minutos. Chegou no momento certo. O senhor gostaria de beber algo?

Shono: Um suco está ótimo, pode ser qualquer sabor... sou menor de idade.

Barman: Certo, Senhor.

Em poucos minutos, o Barman entrega o suco, e logo em seguida, as cortinas do pequeno palco do restaurante se levantam; eis a bela mulher ruiva para se apresentar com outra música.

Himiko (a ruiva dos cabelos cacheados): Boa noite, é ótimo ver vocês novamente. Como sabem, meu nome é Himiko Harushi, sou violinista. Tocar violino não surgiu por necessidade financeira, mas sim da vontade do coração. Ao ver meus pais internados no hospital, após um acidente de carro em que eu sai ilesa, eu tinha 6 anos, e não sabia como confortá-los. Resolvi aprender a tocar violino. Acreditei que talvez a música fosse curar todos os ferimentos deles. Levei dias, semanas, mas aprendi a tocar de forma ao menos audível. Percebia que aquilo funcionava, pois meu pai e minha mãe já se comunicavam e compreendiam nossas conversas. Mas infelizmente, após 6 meses, descobri acidentalmente no corredor do hospital, que meus pais não tinha condições nenhuma de sobreviver, que era questão de tempo para o coração do meu pai parar e minha mãe de perder o funcionamento de todos os órgãos. Mesmo assim, não desisti, continuei a tocar, dia após dia. Até que eles se foram... Pensei em destruir aquele violino, pois até achei que ele matou meus pais, mas como criança, pensando em tantas besteiras, não é mesmo? Mas me acalmei. Estava bastante madura mesmo naquela idade. Fui morar com meus tios, que me criaram desde então. Por que continuei a tocar até hoje? Porque acredito que mesmo no céu, eles me escutam. Agora, vou tocar para vocês. Irei tocar "Vittorio Monti - Csardas".

Himiko começa a tocar a música em seu violino. Shono, observando-a do balcão e ouvindo a música de olhos fechados, lamenta-se pela triste história e se lembra de sua falecida mãe. Após o término da apresentação e agradecimentos, Himiko se retira do palco. Shono vai à porta dos fundos para ver se encontra Himiko. Ao tocar no trico da porta, sem querer ele dá de encontro com Himiko que iria abrir a porta também.

Shono (abrindo a porta para Himiko): Desculpe-me.

Himiko: Não, você já ia sair. Pode sair!

Shono: Senhorita Himiko, por favor, as mulheres tem total preferência.

Himiko: Rsrsrs... Está bem. Obrigada pela gentileza.

Ela sai e Shono vai em seguida. Ambos, trocam olhares e ao chegar na rua, ela esfrega os braços, pois está sentindo muito frio. Shono percebe e retira o casaco na qual vestia e coloca na Himiko.

Shono: Perdoe-me, mas espero lhe conforte.

Himiko: Obrigada.

Shono vai para sua moto, dirige e para em frente à Himiko na qual esperava por um táxi.

Shono: Quer uma carona?

Himiko: Não, obrigada, já fez muito por mim.

Shono: Senhorita Himiko, como é a sensação de tocar um violino?

Himiko: Algo inexplicável... Pode-se desligar da realidade quando se tem problemas... Mas o melhor, é que você sente que está alcançando o céu... No meu caso, alcançando meus pais, sentindo eles ouvirem o quanto amo eles através de minhas músicas!

Shono (perplexo): Hum... Eu fico na dúvida se me apaixonei por você ou pelo violino... Hahaha... Até.

Himiko: O que...

Shono parte quando ela ia responder ao que havia dito. Mas Himiko entendeu bem o que ele disse e ficou pensativa.

(Continua...)