Prologo
Myuuki contemplou as estrelas do céu admirada. Elas estavam tão distantes uma das outras, mas mesmo assim continuavam a brilhar de um jeito quase mágico. Deitou-se sobre a grama ainda olhando por um longo tempo aqueles pontinhos de luz pequeninos, imaginando se algum dia poderia ser como eles.
Depois da morte da sua mãe, ela acabara vivendo com o seu pai e a sua madrasta, com isso pensou que aquele simples facto, poderia preencher o vazio do seu coração, mas ficou pior.
A sua madrasta era cruel com ela, e invejosa por o seu pai dar mais atenção a sua filha. Por essa razão, quando Myuuki ficava sozinha com a sua madrasta, pois o seu pai tinha que trabalhar ela acabava por ser trancada no quarto sem poder ir a lado nenhum e se por acaso aprontasse ela apanharia de um jeito muito violento e atroz.
Dias e dias se passaram, e a garota sentia-se cada vez mais sozinha até que ganhou coragem e decidiu fugir de casa por sua conta, durante o tempo que a sua madrasta tivesse ocupada, e voltar a horas sem que ela perceba que tinha fugido.
Era o plano perfeito e assim acontecera durante sucedidos dias.
Até hoje.
Ela acabara por adormecer na grama do parque da cidade e esquecera-se do tempo, verificou no relógio as horas, e assustou-se quando vira que eram 22.00. O seu pai havia já ter chegado a casa e a sua madrasta a teria soltado a esta hora fingindo que nada daquilo tinha acontecido.
Ela era assim, fingia-se de ser uma esposa dedicada e uma segunda mãe muito amorosa para cair nas boas graças do seu pai, e a sua representação era tão perfeita que mesmo quando Myuuki contara ao seu pai esse problema, ele rira e não acreditara nela pensando que seria uma brincadeira.
A partir desse momento, Myuuki fechou-se do mundo, esperançosa que algum dia algo de novo trouxesse menos solidão a sua vida.
Agora que tinha ousado conquistar o proibida, ela estava metida em problemas.
– Você está bem? – Perguntou alguém atrás de si.
Assustada, ela preparou-se para fugir, mas o homem a uma velocidade espantosa, surgiu ao seu lado tocando no seu ombro.
– Eu não te vou fazer mal. Só apenas fiquei preocupado por te ver aqui sozinha. – Ele disse com um sorriso simpático.
Porém Myuuki ainda não acreditava nele, este sorriu se apercebendo disso e tocou no seu ombro:
– Se eu quisesse fazer-te mal poderia ter feito isso logo de início, não há ninguém no parque, nada me impediria. – Ele disse.
– Agora conta-me… porque é que estás aqui sozinha a esta hora da noite?
Myuuki contou-lhe tudo pensando que não haveria problema, afinal ele era um desconhecido, desconhecidos não se meteriam na vida dos outros e contavam o que ouviram a sua madrasta.
– Compreendo. – Ele disse ao fim de algum tempo parecia estar intrigado com a história de Myuuki.
– Você está sangrando… – Ele disse reparando no joelho de Myuuki deveria ter machucado quando se assustara com a sua presença.
– Isto não é nada… -Ela disse timidamente.
O desconhecido pegou num lenço e limpou-lhe o sangue sentindo o suave aroma, não conseguindo resistir, ele deu um trago mesmo a frente dela e disse espantado:
– Não pode ser!
– O que? – Perguntou Myuuki ao ver a surpresa estampada no seu rosto.
– Nós estamos a tanto tempo a sua espera. É um prazer conhece-la. – Ele disse se “fechando em copas” e tirando algo do seu bolso.
Era um cartão.
– Se quiser ter uma vida diferente da qual tem aparecera amanhã a noite neste endereço. – Ele disse sumindo.
Ela olhou o cartão que ele tinha deixado e leu:
“Karlheinz”
“Será que ele é um vampiro? Ele lambeu o meu sangue?”
– Tolinha! Vampiros não existem! – Myuuki disse em voz alta ouvindo uma suave risada e saindo a correr para casa.