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Sim, eu tinha um plano em mente...E colocá-lo em prática seria um desafio e tanto.
Mas antes, tenho que tratar de fazer as tarefas domésticas o mais rápido possível. Enquanto lavava a louça do almoço, eu perguntava a mim mesmo... o que de fato está por acontecer? Quais as verdadeiras dimensões desse mistério? Quando me dei por conta, já havia lavado a louça, portanto restava-me varrer. Apesar de ser a tarefa mais simples, por se tratar de uma mansão era extremamente cansativo...
Agora são...Duas e dezessete. Ainda tenho tempo de ir até o mercado mais próximo daqui...
Fui até a garagem, porém no mesmo instante em que minha mão tocou a porta do carro, decidi que iria a pé, pois o barulho do carro poderia acordá-la...E isso, em hipótese alguma, poderia ocorrer. Então, estava eu a caminhar por aquela estrada vazia, feita de pedra, quando fui abordado por dois sujeitos, seriam eles... Bandidos??
- Anda logo, nos dê tudo o que você tiver! - um deles falou, com o tom de voz um tanto que baixo...
- Eu não tenho nada, infelizmente não sou um otário que vaga por estradas vazias dotado de riquezas. - eu respondi, calmo.
- Como se atre... - o próprio dono desta fala a interrompeu, suas palavras deram lugar a uma "ação involuntária", ou soco, para ser mais objetivo...
- Mas c-como??...AAAAARGH!! Solte-me! Ei você, volte aqui seu...! - ele gritava, será dor? desespero? ou quem sabe...Medo? Seu "parceiro" havia fugido, e ele estava imobilizado....eles tinham uma estreira relação de companheirismo, perceptível, não? Fiz o que o sujeito me pediu, ou melhor, suplicou.
- Em troca da sua vida, não me importune novamente... Diferente de você, eu tenho mais o que fazer. - eu lhe disse, virei as costas e segui rumo ao mercado. Malditos sujeitos...Terei de correr para não me atrasar!
Olhei o relógio, eram três horas em ponto, e ali estava eu, em frente ao mercado, havia feito as compras, e estava com as sacolas na mão. Tomei fôlego, e fiz meu caminho até a mansão.
Depositei as compras em cima do balcão, e subi as escadas. Quando estava no corredor, vi que havia uma fresta na porta do quarto de Catherine... É impossível evitar de se olhar, quando se é curioso. Ali estava ela, em frente ao espelho, arrumando-se... Mais bela do que de costume.
Acidentalmente, forcei a maçaneta da porta, e acabei por empurrar a mesma, entrando assim no quarto dela.
- Oh, Luke!? O que faz aqui? - ela disse, surpresa.
- Nada, estava apenas de passagem, e resolvi ver como você estava...A propósito, está bem? Precisa de alguma coisa? - eu disse, tentando desviar o foco....
- Sim, do meu livro. Devolva-me, pertence a mim. - ela disse, com o braço estendido.
- Não sei do que está falando... - eu dizia, ao mesmo tempo aproximava-me da porta.
- Sabe sim, não se faça de desentendido. Vamos, Luke! Ponha-se no meu lugar. Se roubassem algo valioso pra você, como se sentiria!? - dizia, tentando me convencer do seu jeito.
- Evidente que me sentiria mal, quem não se sentiria? Acontece que eu não permitirei que você faça o que pretende. - respondi, estava nervoso.
- E o que eu pretendo? - aos poucos ela se aproximava de mim, sorrindo. Sorriso esse que não era bonito, e sim sádico.
- E-Eu sei de tudo, sei que você almeja a imortalidade, sei também do preço a pagar por ela! - encará-la era impossível, mas estávamos tendo praticamente uma discussão. O que se passa pela cabeça dela!?
- Se você sabe de tudo, como diz...Por que me impede? - ela estava bem na minha frente, e tenho certeza de que ela sabia a resposta para sua própria pergunta.
- Porque você me é valiosa demais, Catherine. Jamais poderemos ficar juntos, se você não mais for humana... - eu disse. A expressão no rosto dela, era...Terna.
- Se sou valiosa para você...Então você irá compreender minhas razões. - ela foi até sua cama, e sentou-se. Fez um gesto para que eu sentasse ao seu lado, e assim o fiz. Prosseguimos com a conversa...
- Eu também tenho alguém valioso para mim, alguém que eu venero, ou melhor...É alguém que eu amo, e a este mundo ele não pertence. - contou-me ela. Mas ainda assim, não entendo...
- Ele está...Morto? Você é apaixonada por um cadáver?!? E eu expondo meus sentimentos...Não sei o que mais dói, ser rejeitado ou ser trocado por um cadáver... - eu estava á beira de chorar, mas ainda podia me conter.
- Não se refira a ele desta maneira! Ele disse o que eu deveria fazer para encontrá-lo, e aqui estou! Por favor devolva-me o livro, eu quero encontrá-lo...Deixe-me ir! - ela pôs as mãos no rosto, estava chorando, desesperadamente. Eu estou sendo egoísta, ao desejá-la apenas para mim, sem me importar com os sentimentos dela? Talvez seja mais apropriado que eu a deixe fazer o que bem quiser...
- Você é incapaz de ser feliz ao lado de outra pessoa? Não conseguiria se apaixonar por mim? - perguntei, objetivamente. Por alguns segundos, nossos olhares se encontraram, e assim permaneceram por alguns minutos.
- Eu não sei... Não escolhemos quando e nem por quem nos apaixonamos, portanto eu não sei responder a sua pergunta, Luke... - ela disse, descontente. - Me desculpe, tenho que ir! - ela correu em direção á porta, que se fechou, deixando-me sozinho, aliviado e ao mesmo tempo indagado...Não irei atrás dela, a aguardarei pacientemente...Sinto que algo não muito agradável está prestes a acontecer, ainda hoje...