Presságio de sabe lá o que...

Se eu pudesse definir como eu me sentia naquela manhã, eu definiria como feliz, mas isso é vago demais. As cerejeiras anunciavam claramente uma manhã enrolada de primavera, pôs meu uniforme calmamente, admirando a cortina do meu quarto como se o tempo pudesse congelar. A ansiedade crescia de forma inesperada e a vontade de gritar já estava me sufocando.

-Fuyu, venha tomar seu café da manhã – ouvi minha mãe gritar da cozinha.

Naquele momento único qualquer fator negativo não me atingia, sem fome, sem sono, sem qualquer coisa, além de esperança no meu coração.

- Porque agora eu sou uma aluna do ensino médio - gritei sozinha no quarto enquanto puxava minha saia alguns centímetros para cima na tentativa falha de ficar mais adulta e sexy.

Sem hesitar peguei minha bolsa, olhei mais um pouco no espelho, ajeitei meu cabelo – sim, preciso conferir os detalhes – então segui desfilando pelo corredor como se ninguém pudesse me parar.

No caminho da escola estufei meu peito, tirei meus óculos, tentei não parecer a nerd que todos ignoravam no passado.

Finalmente chegando à Academia Kashikoi , parei, estiquei meu pé direito e fui confiante. A recepção dos calouros aconteceria no ginásio. Não demorei muito para me localizar. Infelizmente por minha crise de ansiedade cheguei cedo demais e acabei esperando por algum tempo, então nesse momento os fatores negativos que não me atingiam decidiram fazer motim.  A cada novo bocejo vinha seguido de uma roncada no estomago. Foi então que avistei outro retardado – ops, queria dizer, outro adiantado – jogando no seu PSP a alguns metros de distancia. Ele parecia tímido, não que eu me importasse para isso, ficar calada só ia me fazer sentir mais sono. Então de forma grotesca e selvagem me aproximei do garoto, que se assustou no mesmo momento afastando de forma rápida contra a parede.

- Sou Fuyu, muito prazer – quebrei o gelo.

- Prazer, sou Kiyoshi – respondeu o garoto desligando seu PSP frustrado.

Antes de prosseguirmos na conversa alguns veteranos nos chamou para já entrarmos no ginásio. Havia muitos lugares. Kiyoshi sentou-se fileiras de distancia.

Doeu? Sim, mas então decidi que minha missão nessa escola é fazer a vida dele um inferno.