A família de Lola

Victor se arrepiou, aqueles olhos azuis, eles eram diferentes, tinham um brilho solitário... Incomum, ao vê-la mais de perto, o rapaz teve a certeza de que estava doente: havia olheiras em seu rosto fino e pálido, mal erguia os olhos, não tinha nenhum tipo de luxuria, seus cabelos lisos e loiros estavam trançados, seus lábios sem cor... Diferente de uma senhora de média idade, lábios vermelhos vibrantes, jóias cobrindo o pulso e os cabelos lisos preso em um rabo de cavalo alto, havia também um senhor de idade mais avançada, seus cabelos grisalhos, um charuto na boca, um terno branco e botas, com uma expressão de poucos amigos.

A menina era uma prisioneira de sua própria família, assim como fora a mãe de Victor. Leonora.

Victor, se aproximou da família para puxar assunto.

-Boa noite, sou Victor Weincamp, espero que estejam gostando do litoral.

Claro que a mãe da jovem era faladeira:

-Oh, pelo nome, vejo que o senhor é estrangeiro, mas fala o português tão bem.

-Sou inglês, filho de mãe brasileira.

-De Minas Gerais?

-Minha mãe nasceu no Rio.

-Sou o coronel Lima de Albuquerque.

Disse o pai da jovem, estendendo a mão para o rapaz.

-está é minha esposa, Cordélia, e minha filha, Lola.

Victor retribuiu o aperto de mão%2om o do coronel, um calafrio medonho o deixou em alerta.

Ele o reconhecia, aquele homem era o que esbarrara ao sair do quarto de Eliza!

-Estamos aqui no litoral para cuidar da saúde de nossa filha.

Contou Cordélia . Lola sempre de cabeça baixa, mantendo sua postura triste e submissa.

Victor percebia que a garota estava rodeada de solidão.

Como se fosse anfitrião, Albuquerque apoiou o braço sobre seu ombro e o convidou a se sentar à mesa com eles, a seguir,pediu que lhe trouxessem mais vinho, e se pôs a falar de suas terras e de política.

Lola continuava apática, sem se manifestar, aborrecida com aquela conversa de homens!

Cordélia rodava os anéis em seus dedos, de repente Victor reparou que um deles se parecia muito com um que dera para Eliza quando a jovem fez quinze anos, era uma peça de prata com desenhos celtas, feito sob encomenda por um francês, não podia ser coincidência...