Tempter and Not Trustful

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    Capítulo 1

    Tempter and Not Trustful

    Tempter and Not Trustful

    - Olha aqui Aizawa, se você não parar de mexer com a Satsumi eu vou te encher de porrada!!!

    - Uhh... Que medo...

    Mais uma vez naquele dia, Kyoshi Aizawa entrava em uma confusão. O garoto, com seus 1,80m, corpo forte, lindos e longos cabelos de um tom vermelho-escuro e profundos olhos cinzentos, era simplesmente o cara mais cobiçado do Instituto Japonês de Aprendizado. Além de tudo, o jovem ainda era modelo, rico e "boyzinho". Não era pra menos que todas as meninas davam mole pra ele, inclusive as que tinham namorado, e exatamente isso que gerava as tantas brigas em que o menino se metia.

    - Você se acha o máximo, não é mesmo, senhor ilustre das passarelas?! Pois eu vou te provar o contrário!! - Nomuro, um menino também do 3º ano o desafiava.

    - Eu não me acho, eu sou o máximo... Mas enfim, o que você quis dizer com provar? - o ruivo falava calmamente, ignorando a raiva do outro.

    - Vamos bater uma aposta!

    - Aposta? Que tipo de aposta?

    - Se você me mostrar que consegue "catar" 10 pessoas em 3 dias, eu te deixo em paz. Se não, você tem que me pagar 580 ienes (*aproximadamente R$ 30,00*) e me obedecer durante uma semana. Topa ou vai fugir, sr. machão?

    Algumas pessoas atrás cochicharam coisas como "10 em 3 dias? Impossível!", "Nem o Aizawa consegue...", "Nossa! 580 ienes??", "Ele está exigindo demais, o Aizawa vai aceitar um negócio desses??".

    - 700 ienes e eu não preciso te obedecer, fechado? - Kyoshi estendeu a mão com superioridade.

    Todos arregalaram os olhos. "Que metido... Só porque ganha bem para desfilar como um putinho... Idiota!", foi o que Nomuro pensou antes de apertar a mão de Aizawa.

    - Fechado.

    Isso ainda ia dar problema... com certeza.

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    - Câmeras escondidas? Certo. Data nas fotos? Ativado. Agora só preciso encontrar umas 3 meninas que babem por mim... Por hoje vai estar tranqüilo.

    O ruivo estava pronto a cumprir a aposta e provar o quão superior era.

    Andou pelos corredores na hora do intervalo e pôde ouvir claramente os rotineiros suspiros ao passar. Pronto, era só escolher. Olhou, olhou, e achou uma garota do 2º ano, nada feia, mirando-o com um brilho intenso no olhar. Caminhou até a menina.

    - Olá. - ele disse.

    A garota pareceu ter um ataque cardíaco ao ouvir a voz de Kyoshi.

    - E... eu... eu... - ela gaguejou toda embaraçada.

    Ele segurou as mãos da tal menina e sussurrou em seu ouvido:

    - Será que podíamos nos conhecer melhor? - lançando aquele fatal olhar conquistador.

    Ela só faltou desmaiar. Seu sorriso se estendeu de uma orelha à outra e quando viu já estavam a sós. Aizawa Kyoshi a estava beijando! Não poderia ser melhor!!! Mal sabia a garota que uma foto já tinha sido tirada, e que era tudo uma simples aposta.

    - Me desculpe, eu não sou de relacionamentos sérios, sabe? Não fique chateada, espero que tenha curtido o momento, tudo bem? A gente se vê! - ele deu uma piscada e saiu do local, deixando a menina toda boba para trás.

    E assim foram-se várias vítimas...

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    Nove. Já tinha nove fotos segundo as contas. Já era o terceiro dia, e Kyoshi só precisava beijar mais alguém até a hora da saída. Caminhava por perto dos armários quando viu dois garotos passando. Os dois eram pequenos, aparentavam estar no primeiro ano. Seriam apenas garotos passando. Seriam, se Kyoshi não tivesse pousado seu olhar sobre um deles. O menino era belo e frágil, Aizawa não pôde deixar de reparar. Cabelos castanho-claros meio rebeldes, mas ainda presos em uma baixa trança, olhos verdes com um brilho lindo e pele branca contrastando. Precisava saber o nome daquele menino.

    - Ei, vocês. - ele falou logo depois que os meninos passaram. Os dois se viraram para vê-lo. - Cheguem aqui.

    - Aizawa-san? - o tal dos olhos verdes falou baixinho.

    - Sim, sou eu! Qual o nome de vocês? - era típico que todos conhecessem Kyoshi, afinal, um modelo não passa despercebido.

    - Eu sou Shunichi, e ele é o Elyd-kun. Você quer alguma coisa? - Akio perguntou.

    - Na verdade eu estava só... - Kyoshi começou a pensar numa desculpa, quando viu, ao fim do corredor, Nomuro, vindo com uma cara de vitorioso. Era uma ótima chance para finalizar a aposta bem em frente ao perdedor. Kyoshi só precisava de... de alguém para beijar? Pronto, Shunichi era perfeito então... por que não? - Eu só queria conversar com você um minuto, Shunichi-kun.

    - Pode me chamar de Akio. Hum, Thomas, você pode ir na frente? - o outro garoto, de cabelos pretos e olhos azuis acenou um "sim" com a cabeça. - Tudo bem então.

    Aizawa segurou o braço de Akio e andou uns passos até um pequeno beco entre os armários, saindo da vista de Thomas e Nomuro.

    - Akio-chan, eu preciso que você me beije. - ele foi tão direto que fez Akio arregalar os olhos.

    - O quê??!

    - É sério! Na frente do Nomuro, então eu finalmente acabarei com essa babaquice de...

    - Ei!! Qual é a sua??! É claro que eu não vou beijar você!! - o menino se soltou de Kyoshi e falava com raiva.

    - Mas... Por que não? Eu preciso disso! O idiota do Nomuro me falou que...

    - Eu não quero saber dos seus problemas imbecis! Eu só disse que não vou fazer isso, e não vou! Que nojo!

    Kyoshi ficou um tanto pasmo. Teoricamente, era a primeira vez que levava um fora. Isso realmente não era comum...

    Akio saiu inconformado com o ocorrido, e Nomuro se aproximou de Aizawa sorridente.

    - Pois é, Aizawa, como andam as coisas? Você já conseguiu o que pedi? Ou será que é muito difícil pra você? - o menino gargalhou um pouco.

    - Cale a boca, só me falta uma pessoa! - Kyoshi respondeu nervoso - Aquela pessoa... - sussurrou logo depois, mais para si mesmo.

    - Uhh... Você tem até a hora da saída, hein? - Nomuro falou com ar superior, mas no fundo estava achando que o metido conseguiria.

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    - Por que, Ryo? Por que??

    - Você disse que ele te rejeitou com o maior nojo... Isso é muito raro, mas tem que levar em conta que ele é um menino! Garotos não ficam com outros garotos, não é muito comum, sabe?

    Kyoshi ignorou o amigo tratando-o como retardado. Discutiam sobre o assunto no refeitório e Kyoshi ainda estava indignado com o ocorrido nos corredores.

    - Mesmo assim... Eu sou demais! Ele não pode ter me recusado! Se eu sou tão bonito, se eu sempre consegui quem eu quis... Por que não foi assim dessa vez?

    - Bem, Kyoshi, ás vezes acontece... Principalmente quando se trata de outro garoto, né? - Ryo ainda tentava conformar o amigo.

    - Mas até os meninos me acham bonito! Ryo, você, por exemplo, você ficaria comigo? - o ruivo perguntou na maior simplicidade. Tudo que Ryo conseguiu fazer foi arregalar os olhos. Sempre esteve com o modelo, mas isso nunca tinha passado em sua cabeça...

    - Er.. eu.. bem... Ah, Kyoshi... Não é bem assim... é que...

    - Sim ou não? - Aizawa insistiu.

    - Eu... Ah, você é bonito e tals... E-eu... acho que sim... Mas, pode ser que nem todos pensem assim. Você sabe que eu sou uma exceção, eu já me envolvi com homens e...

    - Hunf... - Kyoshi ainda parecia não ter se conformado.

    Ele pensou um pouco. Dedilhou toques na mesa. Suspirou.

    - Eu já decidi! - ele levantou determinado - Vou ficar com Akio-kun. Não importa o que aconteça, ele vai ser a 10ª pessoa que eu vou beijar nessa aposta!

    - Aff... Desencana, Kyoshi!! Se você ficar encanado em querer beijar esse moleque você vai perder!! - Ryo tentava fazer o rapaz desistir, mas ele parecia bem determinado com sua decisão.

    - Eu não quero saber. Eu vou conseguir, afinal, sou eu! O Akio-chan não pode resistir por muito tempo...

    - Você tem tantas meninas no seu pé, cata uma delas e pronto, dá um fim nessa história... - o loiro começou a esgotar os argumentos, será que Kyoshi seria tão teimoso por alguém assim? Isso nunca tinha acontecido antes...

    - Não é assim, você não está entendendo, Ryo... Tem que ser o Akio... Outra pessoa não serve... Eu quero provar pra mim mesmo que eu consigo, e pra ele, que ninguém pode me rejeitar. - Kyoshi esclareceu.

    - Sei, provar... Acho que estou vendo um Kyoshi apaixonado... - Ryo falou com um sorriso malicioso.

    - Cala essa boca! Eu nunca estive, e não vai ser agora que vou ficar! É tudo questão de orgulho, meu doce orgulho!

    - Tá, tá...

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    Durante a aula, AKio e Thomas se corresponderam por pequenos bilhetes, escondidos do prefessor. E foi nesse bilhte que Thomas contou um segredo ao amigo:

    (itálico)T: Akio-kun... Eu acho que devo te contar uma coisa... Você é meu melhor amigo, por isso acho que não seria legal se eu não te contasse o que acontece comigo...

    A: Nossa, fala, Thomas! O que houve assim, de repente?

    T: Akio-kun... Promete que não conta a ninguém??

    A: Claro!! Eu nunca espalharia o seu segredo!

    T: Eu... Ontem... Eu e Yuke-sensei, nós nos beijamos...

    Akio fez uma cara totalmente assustada para o bilhete quando abriu-o em sua mesa. Suas mãos paralisaram, ela já não sabia se respondia ou não. Thomas Elyd, seu melhor amigo, inocente até a última sílaba, quietinho, tímido e tudo que tinha direito... Yuke-sensei, diretor do Instituto, fim. Caramba, como aquilo podia estar acontecendo?? Eles eram dois homens!! O menino lembrou-se do modelo nos corredores, minutos atrás. Então... tinha falado com todo aquele nojo do rapaz do terceiro ano, e agora seu melhor amigo lhe contava que beijou o diretor, um cara apenas 8 anos mais velho que eles. Era irônico! Pensou um pouco, talvez homossexualismo não fosse algo tão anormal assim. Afinal, são duas pessoas que se amam, o único porém é que são do mesmo sexo... Deixando Kyoshi de lado, pensou em como Thomas estaria se sentindo, afinal, era seu amigo, e se importava que ele estive feliz, chegou a conclusão de que não importava com quem Thomas ficava, se gostasse da pessoa, então estava bem. Mirou o papel amassado por um tempo, antes de rabiscar alguma coisa e devolvê-lo a Elyd.

    (itálico)A: Nossa... Thomas.... eu... uau... me pegou de surpresa... Mas... você gosta dele??

    Elyd suspirou aliviado ao receber o pedaço de folha com a resposta mais calma do que esperava de Akio.

    (Itálico)T: Eu não sei... Foi a primeira vez que isso aconteceu... Eu também não imaginava, mas eu e Yuke-sensei já tinhamos passados por alguns momentos.. er... estranhos.. sabe? quando fica um clima esquisito e parece que os dois estão meio tensos, ansiosos...

    A: Sei... Rolou o clima algumas vezes antes então... Que... diferente. Você não sabe se gosta dele? O que você sente? se sente bem? mal? estranho? (parecia preocupação, mas Akio estava um tanto quanto curioso...)

    T: É... Não sei... Eu me sinto... quente. (o menino corou ao escrever isso)

    A: Mais alguém sabe ou viu?

    T: NÃO! Eu espero... Foi no prédio... Você sabe, moramos no mesmo andar.. E, eu fui "assaltado" nessa noite, o sensei me salvou... Acho que foi por isso que ficou aquele clima...

    A: O quê??? Você foi assaltado?? Te machucaram? Pegaram algo de valor?? O sensei chegou a tempo??

    T: Calma... Na verdade nada disso, eles queriam outra coisa... Foi no supermercado.. Muita coincidencia Yuke-sensei estar por lá... mas foi a minha salvação.. Mas esquece, depois eu te conto isso. Obrigado, Akio! Obrigado mesmo por não me interpretar mal!!

    O bilhete se encerrou nesse ponto. Akio na realidade não tinha muita certeza se conseguira compreender o amigo, mas uma coisa era certa, o seu ponto de vista ia mudar bastaaaante com relação à inocencia de Thomas, ao dietor e a... homens?

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    Blim Blom Blim Blém *sineta*.

    Era agora ou nunca! Kyoshi realmente perderia a aposta se não beijasse a última pessoa dentro de... 5 minutos? Tá, isso não vinha ao caso.

    Correu pelos corredores, quase tropeçando nas escadas, afinal, as classes dos 1ºs anos se encontravam no 1º andar, muito mais perto do pátio do que as classes dos 3ºs, que ficavam no 4º andar, acima ainda dos laboratórios de ciências. Atravessou o pátio principal e chegou perto dos portões da escola. Sim, lá estavam os inocentes 1ºs anos saindo de suas últimas aulas. Kyoshi tentou enxergar Akio no meio da revoada de alunos que agora surgiam no pátio. Avistou um menino baixinho, de cabelos pretos jogados no rosto e olhos azuis. Reconheceu-o como Thomas, o amigo com quem Akio esteve andando no intervalo. Não tardou a perceber o belo menino de cabelos castanhos saindo atrás de Elyd. Lá estava ele, Shunichi, o menino que rejeitou Aizawa Kyoshi (uau, que título mais imponente, hein?).

    - Akio-kun! - o modelo chamou, e se surpreendeu ao ver Akio acenar pra ele normalmente. "Que simpático! Ele não guarda ressentimentos!", pensou Kyoshi, sem saber que o pequeno Shunichi agora não tinha tantos preconceios, afinal, fazia bem o estilo dele dar uma segunda chance a pessoas que já o tinham irritado alguma vez.

    - Oi, Aizawa-san. - o menino falou realmente como se nada tivesse acontecido. Por dentro Akio ainda tinha um pouco de receio com relação a Kyoshi, mesmo a história de Thomas não ia fazer ele mudar de idéia tão fácil, mas tentou ser gentil e acreditar que o modelo ainda poderia ser um cara legal. Ele não era de julgar as pessoas sem as conhecer.

    - Akio-kun... Eu... Sobre aquilo no intervalo... - o rapaz falava meio pausadamente, mas parecia ansioso.

    "Ahá! Ele vai me pedir desculpas! Eu sabia!", Shunichi pensou quando o ruivo tocou no assunto do ocorrido mais cedo.

    - Com relação àquilo... Será que você poderia revisar sua opinião? Sabe, eu sei que é muita emoção pra uma pessoa só eu chegar assim e falar que você deve me beijar, mas todas as circunstâncias indicam que você realmente não tinha motivos para recusar, sem contar que...

    Certo. Legal. Com preconceito ou sem preconceito aquilo já era demais!

    A raiva subia pelas veias de Akio como nunca. Como alguém poderia ser tão arrogante? Quando ele pensara que Kyoshi poderia ser diferente, o rapaz só estava sendo mais idiota ainda! Era cretino! Mais metido do que qualquer um! Como podia pensar que Akio ficaria com alguém daquele caráter??

    - Aizawa!!! Nada contra, - ele sublinhou essas palavras pensando em Thomas - mas eu achei que você tinha percebido que eu não fico com homens!!! Qual é a sua?? Você acha que pode chegar em qualquer um?? - o menino esbravejou.

    - Não! Quer dizer... Na verdade sim, eu acho. Mas não é isso que estou querendo dizer! Você tem que entender que o Nomuro falou na minha cara que... - Kyoshi explicava como se fosse a coisa mais racional do mundo.

    - Eu não quero saber! Que você e esse Nomuro se entendam sem me envolver nisso!

    Nesse mesmo momento, para a infelicidade de Aizawa, Nomuro chegou até onde os dois discutiam, e pareceu entender a situação.

    - Você ainda não conseguiu, Aizawa? Parece que você não é tão bom assim, não é? Já levando um fora? - o rapaz recém chegado gargalhou um pouco e sorriu maldosamente.

    - Não é nada disso! Aqui estão as 9 fotos anteriores! - Kyoshi jogou as fotos tiradas com as meninas em cima de Nomuro - Só me falta uma pessoa, não é? Então essa você verá ao vivo, pois eu e o Shunichi só estávamos... nos entendendo! A verdade é que nós realmente íamos ficar. Não é, Akio-kun? - ele apostou tudo nessa última jogada. Se Akio o desmentisse agora, ele perderia, mas esperava que o menino entendesse o contexto da história e o ajudasse. Ele não poderia dar tal mancada...

    - Não! - ... ou poderia. - Não é nada disso! Esse modelo é um louco metidinho! Eu e ele não temos nada a ver um com o outro, que fique bem esclarecido. Se me dão licença. - e o garoto mais novo se retirou.

    Alguém ali ficou com cara de taxo.

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    - Claro, muito obrigado, Shunichi-kun, você não poderia nem ter quebrado meu galho só naquela hora, não é mesmo? - reclamava Kyoshi à manhã do dia seguinte, quando foi de encontro a Akio no corredor dos armários.

    - Não me enche, para quebrar o seu galho eu ia ter que beijar você, e isso eu não vou fazer nunca... - o moreno respondeu não dando muita atenção às reclamações do modelo.

    - Nossa, que cheio de si... Qualé, eu sou o cara mais bonito do colégio, como você não quer me beijar?

    - Sua modéstia me comove... - Akio guardou mais alguns livros.

    - Não, tô falando sério! Por que você não quer me beijar?? - Kyoshi falava como se fizesse muito sentido.

    - A aposta já acabou não é mesmo? Me deixa em paz então! - Shunichi começou a se irritar.

    - Claro, já foi, e você me fez perdê-la! Agora eu quero que repare o seu erro!

    - Não tem erro nenhum, e mesmo que tivesse, eu não beijaria você para concertá-lo. - Akio tentava manter a paciência diante da insistência do ruivo.

    - Tá, que seja, por enquanto. Mas só me responde uma coisa, sério: Por que você não me dá nem uma chance? - Kyoshi o encarou demoradamente.

    BLAM! Akio fechou a porta do armário com tudo.

    - Talvez porque eu sou hétero? - falou nervoso e começou a caminhar pelo corredor, deixando o modelo para trás.

    - Eu também era! - o ruivo gritou ao longe - Até conhecer você!

    Akio suspirou.

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    - Então...

    - Sim, ele me deu o fora de novo... - Kyoshi relatava o acontecido a Ryo - Como ele consegue?

    - Olha, to te falando, Kyoshi, ele não curte! Ele jogou na sua cara que é hétero e fim! Melhor você desencanar... Você cata qualquer menina muito fácil, mas essa situação é diferente, né? - Ryo tentava enfiar na cabeça do amigo que insistência não daria certo.

    - Desistir é coisa de franguinho... Agora não tem mais aposta, agora eu tenho todo o tempo pra fazer ele cair na minha. Aquele menino vai ver se eu não consigo convencer ele. Eu vou ser mais belo, se é que é possível, do que eu já sou quando estiver com ele. - Kyoshi pensava em algumas táticas.

    - Boa sorte, mas eu não acredito que seja questão de beleza... Quem sabe caráter? - Ryo falou baixo, mais pensativo.

    O ruivo parou olhando para o nada.

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    O sol já se escondia por trás das casas e prédios, fazendo raios laranjas baterem no pátio central do Instituto Japonês de Aprendizado. Todos se encontravam nas salas de aula, em seus últimos períodos, alguns já contando os minutos para que o sinal da saída batesse.

    Akio rabiscava o caderno com os pensamentos muito longe do que o professor falava.

    - Akio-kun. Akio-kun! - Thomas o chamava em sussurros, para evitar que o professor percebesse.

    - Ãh? Ah, fala Thomas. - Shunichi voltou do transe de pensamentos.

    - Hoje eu tenho que passar no mercado, e a Chieni tranca a porta do apartamento ás 19h, então vou sair um pouco na frente, tudo bem? - Elyd explicou.

    - Ah, claro. Tudo bem. Não precisa me esperar então. - Akio sorriu.

    A sineta tocou fazendo todos os alunos guardarem seus materiais, prontos para seguir ao pátio, ir para casa, ou seja lá o que fosse.

    Akio se demorou um pouco mais, afinal, não acompanharia Thomas na ida pra casa, então não tinha pressa. Guardou todos os livros e seu estojo, fechando a mochila cinza e colocando-a às costas ainda devagar. A sala esvaziou em um piscar de olhos. O menino se dirigia calmamente até a porta de saída, quando alguém adentrou a sala e encostou a porta ao passar.

    - Olá, Shunichi.

    - O que está fazendo aqui, Aizawa? Vamos, saia da frente, eu quero ir embora. - Akio falou respirando profundamente.

    - Acho que nós precisamos conversar. Você ainda não me entendeu... - o modelo começou.

    - Eu não tenho nada pra entender, será que você não pode simplesmente me deixar em paz? Não é permitido ficar nas salas de aula após o sinal, sem autorização. Eu não quero levar uma advertência por sua culpa. - o menino perdeu um pouco a paciência.

    - Calma... Relaxa. Nenhum inspetor vai vir aqui muito cedo. - Kyoshi falou jogando os cabelos para trás com estilo, na esperança de mostrar sua beleza ao outro garoto.

    Akio apenas levantou uma sombrancelha e soltou um suspiro.

    - Vem cá, vamos conversar... - o ruivo se aproximou de Akio com um olhar sedutor.

    O menino começou a andar para trás, como se tivesse medo da aproximação do modelo.

    - Saia... Me deixe passar... - Shunichi sibilava ainda recuando.

    - Não precisa ter medo de mim, eu só quero me aproximar, eu não vou morder você. - Kyoshi estendeu o braço e segurou a mão de Akio, que tentou, inutilmente, se soltar.

    Naquele momento, ouviu-se o barulho de passos se aproximando da sala em que estavam. Parecia que o inspetor já estava rondando as salas a procura de alunos para advertir. Akio preocupou-se imediatamente, não teria tempo de fugir sem que o inspetor o visse. Kyoshi não pensou duas vezes.

    - Rápido, por aqui! - segurou mais forte a mão do menino e o puxou para os fundos da sala, onde se encontravam alguns armários e estantes. - Se abaixe aqui atrás!

    - O quê?! Eu não vou me esconder aqui com você! - Akio reclamou espantado.

    - Você não tem tempo de escolher, Shunichi, se abaixe aqui, rápido!

    Exato, ele não teria escolha. Se abaixou atrás do armário, espremido contra o ruivo.

    A porta se escancarou e eles puderam ver um par de pés entrar e dar uma boa olhada pela sala, mas a pessoa não os notou. Deu algumas voltas, parou em frente ao quadro-negro e caminhou novamente para a porta, passou e fechou-a. O problema foi: não somente a fechou, mas os dois puderam ouvir o barulho das chaves girando na fechadura. Pronto, estavam trancados.

    - Ah! Espere!!! O que está fazendo?! - Akio se levantou na mesma hora gritando para o inspetor, mas não foi mais eficiente do que se tivesse gritado com as carteiras, pois o mesmo já tinha se afastado.

    - Xiihh... Acho que nos enroscamos... - Kyoshi se levantou logo depois.

    - Como assim "acho que nos enroscamos"??? Você tem noção do que fez?? Estamos presos! Simplesmente trancados na sala de aula!! E vai saber quando é que vão abrí-la de novo se não só amanhã de manhã!! - o menino se descontrolou.

    - Poxa, Akio-chan, eu só tirei a gente de uma fria. Como eu ia saber que ele resolveria trancar a porta?

    - Tirar a gente de uma fria e meter em uma congelada... Seu baka! E agora?? - Akio segurou os nervos e se sentou em uma carteira ali do fundo.

    - Hum... Acho que teremos que esperar, quem sabe eles não fazem uma última checagem antes de ir embora?

    - Legal... Que eu saiba os funcionários só saem quase 10 horas da noite... E eu vou ter que aturar você até lá... Que perfeito, não poderia ser melhor... - Shunichi ironizou irritado.

    Os dois ficaram sentados, sem fazer nada por um bom tempo. O céu começou a escurecer do lado de fora e a sala estava entrando em penumbra. Não se ouvia nada do lado exterior, a não ser grilos e carros que passavam na rua. Kyoshi deitou a cabeça na mesa e começou a mirar o rosto entediado de Akio. Era realmente um garoto bonito. Seus cabelos castanho-claros continuavam presos em uma escondida trança, como sempre, e seus olhos verdes extremamente brilhantes reluziam os últimos raios de sol que entravam pela janela.

    Akio pareceu perceber que o ruivo o observava, porque virou-se um pouco para o lado oposto. Nesse momento ele começou a temer o modelo. Estavam sozinhos afinal, conhecendo a personalidade de Aizawa, não demoraria muito para o garoto tentar abusar da situação em que se encontravam. Ele seria capaz de agarrar Akio ali? Daquele jeito? "Sim, ele seria", o moreno pensou com medo. O que ele faria se o rapaz começasse a avançar em cima dele?? Só sabia que queria sair o mais rápido possível dali.

    A atmosfera na sala começou a ficar um pouco pior, já estava quase tudo escuro e dava um clima perfeito para Kyoshi querer abusar de Akio. O ar ficava cada vez mais frio, devido o vento forte e gelado que batia do lado de fora, a sala se tornou um ambiente muito frio, fazendo Shunichi abraçar os próprios braços, na tentativa de se ver mais aquecido.

    - Está com frio, Shunichi-kun? - o ruivo perguntou calmo, levantando a cabeça da mesa.

    - U-um pouco... - o menino respondeu receoso, esperando uma resposta atrevida, algo do tipo "deixe que eu vou te esquentar!" fazia bem o gênero de Aizawa.

    Mas esperou errado. O modelo se levantou e tirou a camisa preta que vestia por cima da branca do uniforme. Andou até o pequeno menino e passou a camisa em seus ombros. O rosto de Akio adquiriu um tom levemente avermelhado assim que ocorreu a cena.

    - Você não pode ficar doente. Afinal, é culpa minha estarmos aqui. - Kyoshi falou e voltou a se sentar na outra carteira.

    - Mas é mesmo. - ele respondeu baixinho, mas mentalmente estava espantado com o comportamento do garoto mais velho. E pensar que ele ainda não tinha tentado nada...

    Tudo escureceu totalmente. Só conseguiam enxergar alguma coisa na sala graças às luzes dos postes nas ruas, mas um breu muito grande havia se formado. O ruivo levantou subitamente. Akio recuou na carteira, achando que sua impressão de "não tão mal" criada sobre Kyoshi iria se dicipar no mesmo momento. O rapaz mirou Akio demoradamente e sorriu, então começou a se afastar em direção à porta da sala. Shunichi suspirou aliviado e percebeu que ele estava indo acender as luzes da sala de aula.

    - Acho que vai ser mais fácil eles nos encontrarem se virem uma sala com a luz de dentro acesa. Pelo menos terão de abrir a porta para apagá-la. - ele disse e voltou a andar para o fundo da sala.

    Aquilo estava estranho. Kyoshi não poderia ser tão... gentil. Por que (graças aos céus) ainda não tinha tentado agarrar o menino, se estavam sozinhos a tanto tempo? Teria ele finalmente entendido que Akio o recusara? Ou simplesmente perdera o interesse no garoto? Ou... Não, não poderia ser. Ele não poderia estar respeitando a recusa de Akio, poderia? O moreno não agüentou, tinha que ter uma armação por trás daquilo, não fazia o gênero de Aizawa... Resolveu perguntar.

    - Aizawa... - ele começou, fazendo o ruivo o olhar esperançoso - Por que você... er...

    - Por que eu ainda não tentei beijar você? - o modelo pareceu ler a mente do outro garoto. - Você não quer, não é mesmo? Então por que pergunta? Ou você está afim de...? - ele deu um sorriso malicioso com uma ponta de esperança.

    - Claro que não!! - Akio corou novamente. - É que vindo de um idiota como você, eu esperava menos sossego...

    - Ah! Não seja por isso! Eu realizo as suas ambições! - o ruivo se levantou fazendo um olhar sedutor para o menor.

    - Que ambições o quê?! Cala essa boca! Fica longe de mim!! - o moreno gritou e se afastou com a cadeira.

    Kyoshi caiu novamente em sua carteira e apoiou a cabeça nas mãos.

    - Tsc tsc... - ele deu um risinho.

    Mais um tempo se passou. Shunichi já não fazia idéia de quanto tempo já tinha perdido ali dentro. Será que já era hora dos professores irem embora? Sua família era a menor preocupação... Todos na casa sabiam que de vez em quando ele ficava até mais tarde fazendo trabalhos, ou resolvia praticar algum esporte nas quadras, era só inventar algo quando chegasse. O estômago do menino roncou fraquinho. Já deveria ser hora da janta, a fome apertava.

    - Droga. - ele soltou, e logo Kyoshi virou o rosto para o lado oposto, mas antes de fazer isso, Akio teve quase certeza de ter visto-o fazer uma cara preocupada. O que estava acontecendo? O ruivo estaria se sentindo culpado? Ah, não podia. Ele era orgulhoso demais para se abalar com o que Akio passava ou não...

    Ouviram alguns murmúrios distantes no corredor da sala em que estavam. Os dois levantaram o rosto na mesma hora, como cachorros aguçados quando ouvem um miado.

    - Uma luz acesa? Quem inspecionou essa sala? Que tapado. - uma voz feminina falou à porta da sala. - Você tem as chaves aí, Ito?

    - Hum... Algumas... Vamos ver, sala 109, sala 109... Ah, aqui está! - eles ouviram a voz masculina vasculhando um molho de chaves.

    A chave entrou na fechadura e a porta se abriu no mesmo instante. A mulher de cabelos ruivos alaranjados, ondulados até a cintura olhou para os dois sentados no fundo da sala.

    - Hein? O que é que vocês estão fazendo aí?? - ela perguntou incrédula.

    - Er, bem... Nós... nós... - os dois começaram ao mesmo tempo.

    Reiki, a inspetora, para a sorte dos dois garotos, era muito compreensível, e para maior sorte ainda, Kyoshi e Akio sabiam muito bem disso. Sabiam que ela se comovia muito fácil com histórias dramáticas e tentaria entender de todos os pontos de vista se inventassem alguma coisa.

    - Calma, Reiki-san, nós podemos explicar... - Kyoshi tentava aliviar a barra para Shunichi, mas não conseguia pensar em nada.

    Nesse minuto Akio começou a chorar. Os três presentes na sala olharam-no totalmente espantados. Ele começou a soluçar forte e sussurrar algumas palavras.

    - Reiki-sama... Por favor, eu sei que estamos errados... Mas não brigue conosco... Tente nos entender... - ele deu um forte soluço - Kyoshi-kun e eu somos... namorados.

    Aizawa quase teve um ataque cardíaco. A inspetora ficou boquiaberta, mas continuou ouvindo.

    - Todos são muito preconceituosos lá fora... - o menino soluçava aos prantos - Pensamos que se nos escondêssemos, conseguiríamos ficar pelo menos um tempo juntos... Mas acabamos ficando trancados aqui... Por favor... Nos perdoe...

    O ruivo entendeu a jogada no mesmo instante. Akio estava se aproveitando da fraqueza de Reiki. Achou melhor contracenar com o menino.

    - Nos desculpe, inspetora, fomos inconseqüentes... - ele falou muito sério, abaixando a cabeça e passando o braço em torno dos ombros de Shunichi, que soluçou alto mais uma vez.

    A mulher olhou-os com uma cara de imensa pena e deixou escorrer uma lágrima do olho esquerdo. Ito, o outro inspetor apenas olhava a cena com cara de bobo, que não estava entendendo.

    - Mas... Mas que coragem a de vocês... - Ela falou passando a mão no rosto. - Tão lindo... ver que o amor pode superar até as barreiras do preconceito... Eu... eu me sinto honrada em presenciar essa cena... - ela limpou os olhos novamente.

    Os dois se entreolharam bem disfarçados e trocaram uma piscadela.

    - Acho que está tarde... Os seus pais ficarão preocupados com você, Akio-chan? Quer que eu te acompanhe até sua casa? - Kyoshi falou segurando a mão do menino e acariciando-a.

    "Maldito, se aproveitando da situação...", foi o que Shunichi pensou antes de responder:

    - Claro, claro... - e limpou as lágrimas.

    - Melhor mesmo vocês irem, não seria legal que mais alguém os encontrassem. Vamos, saiam rápido e sejam cuidadosos. - Reiki falou agora se recompondo.

    - Reiki-sama... - Kyoshi a olhou como quem dizia "muito obrigado".

    - Não se preocupem, minha boca é um túmulo. Ah, a do Ito também... Vão, vão.

    E os dois saíram de mãos dadas.

    ------- x ------- x -------

    Teria sido engraçado, se não tivesse sido tão cansativo e irritante. Os dois passaram pelos portões do colégio, indo parar na rua escura. Deram algumas risadas ao pisarem fora da escola, e Kyoshi disse:

    - Nossa!! Que ingênua!! - ele gargalhou - Onde você aprendeu a chorar daquele jeito?? Quase me convenceu!

    - Ah, só interpretação... Você não precisava ter chegado tão perto... - Akio olhou-o com censura.

    - Ah, só interpretação - ele imitou o moreno dando uma risadinha - Mas, poxa, bem que aquilo poderia ser verdade, né...

    - Se manca, nunca!! - o garoto logo cortou-o - Aliás, por que você está me seguindo?

    - Ué, estou te acompanhando até em casa, você deixou, lembra? - o ruivo piscou e sorriu mostrando os dentes.

    - SEU BAKA! Pare de se fazer de idiota!! Você entendeu muito bem que o que eu disse era mentira!! - Akio gritou na cara do rapaz - Pare de me seguir! Vá embora! - ele terminou e saiu correndo para ficar à frente do outro.

    Kyoshi suspirou e deu de ombros, como quem diz "fazer o quê, né?". Se virou e começou a voltar, quando ouviu ao longe mais um grito do pequeno:

    - Até amanhã!! - ele falou, fazendo Kyoshi se virar para olhá-lo, acenando e depois correndo de novo para casa.

    O modelo apenas sorriu satisfeito.

    ------- x ------- x -------

    O fim de semana passou rápido, assim como a segunda-feira, quase imperceptíveis. Era terça-feira o dia em que o céu amanheceu tranqüilo, com um ar meio nublado e nuvens um tanto cinzas mostrando que o final da tarde prometia uma chuva. Akio chegou à escola bem disposto e encontrou Thomas já o esperando, já que o menino sempre estava lá desde cedo, pois vinha com o diretor (os dois moravam no mesmo prédio, afinal).

    - Ohayou! - Thomas sorriu para ele.

    - Ohayou. - ele respondeu e percebeu uma expressão meio boba no rosto do amigo. - Que cara é essa? Aconteceu alguma coisa? Alguma coisa boa, hein hein?

    O menino deu uma risadinha, fechando os olhos azuis, e Akio percebeu um leve corar em seu rosto, até que ele disse:

    - Ontem... Eu fui ao apartamento do Yuke... - Thomas abaixou a cabeça envergonhado.

    - Ahá! Eu sabia que tinha o diretor no meio! Hahaha! Pode contar tudo que vocês fizeram!! - Akio gargalhou já encarando normalmente o caso entre os dois.

    Nessa hora o menino ficou vermelho como um pimentão e começou a mecher com as mãos.

    - Vocês... fizeram... aquilo?? - Akio arregalou os olhos diante do constrangimento do amigo.

    - Hã? Aquilo? - Thomas levantou um pouco a cabeça.

    - É! Aquilo! Fizeram ou não?

    - AHH!!!! - ele corou até as orelhas novamente - Não!! Claro que não!! - falou imediatamente.

    - Uff.. Ah tah... - Shunichi suspirou.

    - Bem, ele me chamou para entrar... Tomar um café... E eu aceitei. Bom, nós conversamos um pouco sabe... Mas... Mas... - Elyd se enrolava pra contar.

    - Mas?

    - Bem, nós nos beijamos mais uma vez... - o menino soltou e e logo depois levou um dedo aos lábios, como se relembrasse a situação.

    - Hahaha! Então é isso! Que bom, né? - Akio sorriu - Você... gosta dele, né?

    - Eu... eu... eu não sei... eu acho que... - Thomas voltou a falar embaraçado.

    - Veja bem, você gosta quando ele te beija, não é? E você fica todo sorridente e feliz. Acho que isso significa que sim! - Shunichi concluiu - Fico feliz por você, Thomas!

    - Er... sim, acho que sim... Obrigado...

    Quando os dois iam começar a falar sobre os horários daquele dia, ouviram algumas meninas pararem ali perto e começarem a suspirar. Um lindo menino vinha passando pelo pátio, um menino que chamava muita atenção.

    - Bom dia, Akio-chan. - o rapaz falou para Shunichi, dando um leve aceno de cabeça e sorrindo (detalhe que esse gesto fez muitas meninas morrerem de inveja do pequeno AKio).

    - Ah, bom dia, Aizawa... - Akio respondeu normalmente. O ruivo saiu andando pátio afora.

    - Ele... é o menino daquele dia no corredor, não é? - Thomas perguntou quando Akio voltou sua atenção à conversa.

    - Ah, é sim... Um babac...

    - Vocês estão saindo? - o moreno mirou Akio inocentemente.

    - Quequequequequê??????!!!! - ele deu um salto com a pergunta.

    - Ué? Não? Ele te cumprimentou tão sorridente, e nem olhou para aquelas meninas... Eu achei que...

    - Nãããooooo!!!! Nunca!! - Akio fez questão de tirar aquela idéia da cabeça do amigo - Até parece! Hahaha! - ele riu ironicamente - Eu e aquele babaca!!! Nem pensar!!

    - Hum... Então tá... - Thomas falou convencido.

    Akio abaixou a cabeça um pouco irritado, e relativamente corado. "Hunf! Eu hein... Como o Thomas pode pensar uma besteira dessas..!", ele pensou antes de caminharem para a primeira aula do dia.

    ------- x ------- x -------

    Desde que perdera a tal aposta que Kyoshi andava um tanto quieto. Não "catava" mais ninguém, nem se interessava, nem sequer dava mole para as meninas com namorados... Era realmente raro vê-lo fora de confusões por muito tempo, mas um milagre estava acontecendo. Um milagre chamado "Akio Shunichi", Ryo sabia muito bem.

    - Estão comentando que Nomuro te deu uma lição. Porque você desistiu de dar em cima das meninas... - Ryo falou imaginando a reação do ruivo.

    - Ha-ha-ha! Muito engraçado! Estão acreditando mesmo nisso? Que ridículo... - Kyoshi falou sarcástico. - Aquele Nomuro não tem nada a ver com a história... Eu só estou lutando por uma questão de orgulho próprio. Só acontece que estou um pouco concentrado em mostrar ao Shunichi-kun quem pode mais... Muahahaha!! - ele soltou uma gargalhada.

    - Ah, claro, sei... - o loiro respondeu nada convencido. - Acorda, assume logo que você se apaixonou por ele. Não tem nada de errado nisso.

    - Eu já disse que não é isso! Hunf. - o modelo emburrou.

    Mentalmente, Ryo já se via cansado dessa moleza do ruivo, ele estava sendo muito teimoso, e isso começou a irritá-lo. Foi então que Ryo decidiu: "Não gosta é? Então vamos provar isso ao senhor estrela!".

    Dava pra sentir nos pensamentos de Ryo que algum Akio não ia gostar nada dessa armação.

    A sineta para o almoço tocou e todos os alunos começaram a sair das salas de aula, a maioria, rumo ao refeitório. Essa seria a hora de realizar a primeira parte do plano "Kyoshi x Akio".

    O ruivo e o loiro sentaram-se a uma mesa de canto enquanto o refeitório começava a ficar repleto de alunos famintos. Kyoshi ainda decidia o que iria comprar quando Ryo lhe veio com a pergunta:

    - Kyoshi, você quer provar pro Akio que você cata qualquer um, não é? Até mesmo ele, né?

    - Claro!!! Ele vai aprender direitinho que ninguém - e sublinhou a última palavra - dá um fora em Aizawa Kyoshi.

    - Certo, eu tive uma idéia que pode dar certo!

    - Ãh? Você? Concordando comigo? - o ruivo olhou desconfiado.

    - Eu não tenho outra escolha, não é mesmo? Você é meu amigo, e sei que não vai tirar essa idéia da cabeça, tudo que eu posso fazer é te ajudar. - Ryo falou em um ar totalmente convincente.

    - Ah! Até que enfim! Então, fala logo! - Kyoshi se animou.

    - Bom, primeiro você tem que se aproximar dele. - falou - Mas, - acrescentou ao ver o modelo abrir a boca para dizer algo do tipo "mas isso eu já tentei!" - não do jeito que você está fazendo. Você tem que ser gentil, e fazer ele confiar em você, entende?

    - Hum... Acho que sim.

    - Uma boa oportunidade: que tal você acompanhá-lo até em casa um dia depois da aula? - o loiro foi falando mais empolgado.

    - Tá, é uma boa idéia, mas ele vai embora todo dia com o tal amiguinho, Thomas Elyd. - Kyoshi suspirou.

    - Aquele de cabelos pretos? - o amigo confirmou com a cabeça - Nah! Nesse aí eu dou um jeito, eu tiro ele do caminho, pode deixar. - Ryo falou como quem tem uma carta na manga, uma carta que poderia afastar o garoto por uma tarde.

    - Sério? Se é assim então tudo bem! - o modelo disse.

    - Ok, então amanhã, não esqueça de chamá-lo pra irem embora juntos, você pode até inventar uma desculpa, pra que ele não te despache... Ah, você sabe fazer essas coisas.

    - Sim, farei... Ah, Akio-chan, você não vai resistir por muito tempo... - Kyoshi sussurou saboreando a esperada vitória.

    "Ah, Kyoshi, você não sabe o que espera por vocês dois nesse passeio...", pensava Ryo, enquanto isso.

    ------- x -------- x -------

    Foi uma relativa surpresa quando todos do 3º B souberam que Ryo Kusakabe tinha sido mandado à diretoria, o tão certinho aluno nunca tinha ganhado nenhuma advertência ou suspenção antes. Mas no fim, os maus boatos concluiram que era influencia demais de um tal modelo arrogante, Kyoshi Aizawa.

    - Então, Kusakabe, poderia me relatar o que aconteceu? - Natsuiro-sensei perguntou ao rapaz com aquele sorriso calmo de sempre, os cabelos loiros quase soltos desta vez e os óculos de aro fino ainda na ponta do nariz.

    - Na verdade, diretor, eu fiz de propósito. Eu precisava ver o senhor, é a respeito de sua relação com um aluno do primeiro ano. - o garoto foi direto ao ponto.

    O diretor apenas sorriu mais uma vez e disse:

    - Sente-se, vamos conversar.

    ------- x ------- x -------

    - Ãh? De novo? - Akio ficou surpreso ao ouvir do amigo, Thomas, que mais uma vez não poderiam voltar juntos para casa. - Por que?

    - Er... eu... bem... quero dizer... O Yuke-sensei... pediu que eu ficasse na escola hoje a noite... Para ajudá-lo em algumas coisas por aqui... Ele não me disse extamente o que... Mas ele vai me dar uma carona hoje quando voltarmos... e...

    - Aahh! Natsuiro-san pediu, por que não disse antes? Claro que tudo bem, e obrigado por me avisar cedo ainda. - Akio sorriu para Elyd. - Vamos até o refeitório?

    Os dois caminharam entre os campos verdes do Instituto e chegaram ao local mais abafado e cheio de toda a escola. Azar, destino, praga ou macumba, não souberam extamente o motivo, mas bem naquele dia parecia que todos os alunos resolveram comer no refeitório, até mesmo as meninas que viviam de regime puderam ser vistas comprando sanduíches naturais ou alguma outra coisa.

    Tiveram que se expremer para entrar na revoada de estudantes, Thomas foi jogado de um lado para outro, e Akio em sua cola. Ou pelo menos era pra estar... Elyd olhou para todos os lados que achou possível, mas não viu nem mais um sinal dos cabelos castanho-claros ou dos olhos verdes no meio da multidão.

    Enquanto isso, Akio tinha sido puxado pelo braço para um canto da multidão que estava menos espessa, conseguindo um lugar razoavelmente bom na fila de pedidos.

    - Ah, muito obrigado! - virou-se para agradecer a pessoa que lhe puxara até ali.

    - De nada, disponha. - um rapaz muito esbelto, de longos cabelos ruivos respondeu.

    - A-Aizawa? - Akio olhou-o um pouco surpreso.

    - Não, a Branca de Neve! - Kyoshi balançou a cabeça deseprovando - Olá, Shunichi-kun. - finalmente sorriu.

    - Er... Olá. Um sanduíche de pepino e sardinha, por favor? Ah, o suco é de maçã. - pediu à mulher da cantina.

    - Maionese? - ela perguntou entediada.

    - Sim, por favor. - ao receber a resposta a mulher jogou uns saquinhos no prato de Shunichi, que pagou e saiu da multidão, indo parar em um correor largo que terminaria no pátio.

    Kyoshi o acompanhou.

    - Hum... Sabe, hoje eu vou ter que passar naquele varejão que tem lá na sua rua... Minha tia me pediu umas vagens que ela disse que lá são muito boas. Sinta-se honrado, eu vou te acompan... Er... digo... Tudo bem se eu voltar com você? - o ruivo fazia ao máximo para não soltar uns elogios à própria pessoa.

    - Faça como quiser. - foi só o que Akio respondeu, mas no fundo estava um pouco encucado com a educação do modelo nos últimos dias. Ele até que não estava... insuportável.

    Kyoshi sentiu uma pontada de felicidade quando foi "aceito" para acompanhar o menino. Olhou nos olhos e sorriu, saindo logo em seguida para reencontrar Ryo. Alias, como será que o amigo conseguira tirar Thomas do caminho...?

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    Kyoshi só foi encontrar Ryo novamente na penúltima aula. Desde que o loiro estivera na sala do diretor (por motivos que ele não quis contar a Kyoshi, e que somente dissera que o modelo não poderia ir para perder aula junto com ele) que não apareceu mais, só ressurgindo então no final do período. O rapaz entrou na classe fazendo alguns olhares se virarem curiosos para ele, e aparentava estar um pouco nervoso. Parecia que aquele dia era o dia raro na rotina do amigo de Aizawa. Primeiro foi parar na diretoria quando nunca saíra das regras em todos seus anos de colégio, e segundo, estava irritado, e todo mundo sabia que ver Ryo irritado era quase tão fácil quanto ver pinguins andando pelas praias do Hawaii.

    - O que houve, cara? - o ruivo perguntou quando Ryo sentou-se com força na carteira ao lado dele.

    - Nada importante... - ele respondeu frio.

    - O velho te deu um castigo muito grande? Mas você não fez basicamente nada! Aliás, você provocou o Kimio de propósito só para ver o tiozão lá né? - Kyoshi não estava entendendo nada.

    - Pare de se referir ao Natsuiro-san desse modo. Se um funcionário te pega falando assim do diretor não vai ser nada legal pra você. - o amigo cortou-o. - Ele tem 23 anos.

    - Hein? - a última informação foi relativamente inútil, o que levaria uma pessoa a saber a idade do diretor? - Você tá bem? Que foi que aconteceu, poxa! - o modelo entendia menos ainda o súbito acesso de raiva do outro - Eu hein... - e ficou calado o resto da aula.

    Pode observar algumas vezes Ryo, rabiscando com um excesso de força o caderno. Realmente aquilo era bem raro...

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    Nota da Autora: Nyaaahhh espero que estejam gostando T___T,, eu sei como é meio desinteressante pegar uma fic de personagens que nós desconhecemos, mas eu tentei ao máximo explicar quem são eles, mesmo porque não tem nenhum anime pra fazer isso pra mim! XD~

    Nha, agora eu estou inspirada com essa, mas também pretendo levar em frente a "Tearless", fic do Thomas com o diretor *___*~ Nhay, por enquanto esta fic esta bem leve, mas eu pretendo tbm aumentar o nivel dela. Sim, terá um lemon, mas só daqui algumas boas e boas páginas.. XD~

    POr favor continuem acompanhando se gostaram! ^___^

    KISSU! =*


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