*-*
–Hein, você sabe ler esses símbolos estranhos! - diz Isabelle me interrompendo.
"Foi bom enquanto durou." eu penso com melancolia vendo a Fada espiã se sentar ao meu lado.
–Então o que são esses símbolos A-U-R-O-R-A -chan?
De novo esse apelido irritante.
–São runas de uma antiga civilização, são chamadas de Karem. - eu respondo automaticamente.
–Karem. - ela repete - E qual o nome desse livro?
–"O segredos das runas" (livro inventado, qualquer semelhança é mera coincidência). - eu suspiro.
–Mas esse livro já foi traduzido. Você não sabia? Nós o temos em nossa biblioteca. - a loira diz entre risinhos.
Pelo jeito ler não era algo que eu conseguiria com ela aqui.
–Eu sei que foi traduzido. - eu respondo - Eu já li a tradução.
–Ha, então você já sabe o conteúdo porque já leu a tradução, hum... não é legal nos enganar desse jeito A-U-R-O-R-A -chan.
Algumas pessoas soltam risinhos, e outras sorriem com isso, então quando ela não conseguia se aproximar "amigavelmente" da pessoa, ela as constrangia, que falta de auto-estima, mas ela devia pensar melhor nas suas vitimas afinal nunca se sabe quando você vai encontrar alguém tão maligno quanto você.
–Dá para ter uma base no conteúdo, mas não dá para saber de cabo a rabo. - eu digo levantando um pouco a minha voz.
–Como? - ela questiona.
–Simples, a tradução está errada. - eu falo tendo certeza de que todos estão me ouvindo - Os capítulos sobre ataques frontais, armadilhas levianas, imobilização, tradução e principalmente na aplicação, contém erros, erros que podem comprometer a sua missão. - ver o rosto incrédulo da loira me incentivou a continuar - Qualquer idiota perceberia isso, ou pelo menos perceberia que tem algo errado.
Ouço alguém arfar na mesa do lado, Levy-chan estava com os olhos arregalados sua boca formava um "O" de surpresa, ouvi ela sussurrar "é isso!" e pegar um caderno com a capa azul e rabisca-lo fervorosamente. Eu nem percebi que ela estava prestando a atenção na nossa conversa, e eu pensei que esse era o tipo de erro que Levy perceberia de primeira.
–Mas e como você sabe? - pergunta a loira irritada - Você pode estar errada.
–É por isso que eu estou lendo a primeira edição. - eu me gabo alisando a capa de couro - "O melhor jeito de saber da história toda, é conferir você mesmo a fonte." É o que meu amigo dizia. - solto essa última parte sem perceber que isso daria merda, mas algo me distraiu, um cheiro que se aproximava da guilda....
–Hum, amigo... hum...eles conseguem ser tão encantadores e perfeitos quando querem, que não dá para resistir. - essa mulher estava mesmo tentando falar sobre homens comigo?? (lê Lucy Indignada) - Como ele é?
–É um velhote brilhante. - eu digo, Ayako apesar de não aparentar tinha mais de três mil anos de idade.
"O Porco espinho novamente. Que irritante" murmura Gajeel.
–Um cara mais velho (suspiro) eles são os melhores.
–Se você está dizendo... - eu dou de ombros.
–Não vai me dizer que....- Isabelle grita agarrando o meu Braço - VOCÊ NUNCA....
Nessa hora a porta se abre, e uma figura entra na guilda, Isabelle abre e fecha a boca várias vezes, ela estava surpresa, não parecia estar esperando a visita de Laxus Deyar hoje.
Ele corre os olhos pela guilda, seus olhos caem sobre Isabelle que ainda agarrava meu braço. Agora eu entendia o que a Mestra Yoko queria dizer, ele estava mesmo com aquela expressão arrogante, as sobrancelhas arqueadas e os braços cruzados, sem falar nas garotas, todas elas sussurraram Laxus-sama, e suspiraram.
Eu também, e por isso recebi um olhar rabo de olho acusatório da loira que apertou mais o meu braço. Espera, ela acha que eu estou suspirando por ele?? Que?? Eu suspirei por que a Mestra tinha toda a razão, isso era irritante.
–Isabelle-san. - eu a chamo.
Nenhuma reação, ela ainda estava hipnotizada.
–Isabelle-san. - eu a chamo mais alto.
–O QUE É?? - Ela grita, virando para mim, o rosto contorcido em fúria por ter sido interrompida enquanto olhava descaradamente para os músculos do loiro.
–Você poderia me soltar? - eu pergunto educadamente, como se eu fosse me enfurecer por causa de uma vadia desesperada.
–Te soltar, eu nem relei em você! - ela diz arrogante.
–Meu braço. - eu digo o mexendo um pouco.
Ela arregala os olhos e me solta com uma exclamação de incômodo e se afasta. Agora que o meu braço estava livre volto a ler o meu livro.
"...caso você encontre alguma runa duvidosa, não tente desfazê-la, muito menos jogue o seu coleguinha em cima dela para testar, acredite isso não é uma coisa legal..."
Ouço o som dos passos de Laxus, ele estava vindo para cá, com certeza para a mesa das meninas então eu não preciso me preocupar.
"...tenha sempre em mente que nem tudo ocorre como esperamos, e sempre tenha um plano B consigo, ou se tiver sorte, inteligência e dinheiro consiga um enxame acromântico, esses insetos irão devorar qualquer runa no raio de 1km..."
É claro que esse conselho não valia para essa era, os acromânticos foram extintos há 400 anos. Mas o que ele disse antes, que nem tudo ocorre como esperamos, era realmente algo útil, ao invés de se sentar com as garotas e Gajeel, Laxus passou reto e se sentou aqui.
Na minha mesa.
Na minha frente.
Comigo.
Nani???
E como se não bastasse ele ter atraído a atenção de todos para cá, ele ainda fica me encarando. Ignoro e continuo traduzindo, os símbolos familiares gritando na minha mente. Ayako os ensinou para mim, ou melhor, ele me obrigou a aprender assim como várias linguas e runas de diversos lugares e eras, ele abusava cada vez mais da minha recém adquirida memória fotográfica.
"Temos que aproveitar" ele dizia "Não sabemos se isso é temporário."
E no fim não era. Mas até que foi divertido aprender coisas novas. Agora eu não podia dizer a mesma coisa para Laxus... ser encarada era...como posso dizer sem ficar repetitivo... irritante. Eu apenas ignoro, afinal ele só queria me provocar.
"...lembre-se de sempre traduzir e interpretar as runas com calma e paciência, mas no caso de você estar em uma batalha mortal e tentar lutar e traduzir ao mesmo tempo, desista, lute e esqueça ou traduza e morra, essas são as suas opções, é claro que você pode fazer os dois ao mesmo tempo, isso é claro se você for Deus.
Mas se você tiver ciência de que pode se envolver em uma batalha, leve um amigo, ou um grupo deles, tanto faz apenas garanta que eles vão ganhar a luta sem te atrapalhar (já que você obviamente vai estar traduzindo runas), escolha bem o seu grupo e garante que pelo menos um deles utilize hack... "
Do nada um dedo aparece no livro, e este é abaixado até sair do meu campo de visão. O dedo era de Laxus que me olhava com uma expressão de puro tédio e abaixou o meu livro para que eu prestasse atenção nele.
–Precisa de algo? - eu pergunto formalmente, o encarando.
–Não sei...o que você tem para me oferecer? - Laxus pergunta.
–Nada, eu não tenho nada que interesse a você Laxus-san. - eu respondo pondo enfase no "san".
–Tem ceteza? - ele pergunta em tom de desafio.
–Precisa de algo Laxus-kun? - pergunta Isabelle colocando um copo na frente do Dragon Slayer. -Eu posso te ajudar.
–Eu não sei. - ele diz, e me pergunta. - Eu preciso de algo?
A loira me lança um olhar de puro veneno, e eu sentia cada alma daquela guilda prestando a atenção em nós, eu ouvia a mente de todos maquinando, procurando pela fonte do interesse de Laxus em mim.
Mas era tão obvio, Laxus não era nenhum idiota, ele suspeitava de algo. Com certeza não havia engolido a história do "encontro acidental" com o Mestre na árvore de sakuras, ele estava me sondando.
–Creio que não. - eu digo.
O rosto do loiro ficou inexpressível, ele não pensa que vai ser fácil, néh? Que eu vou sair contando todos os meus segredos para ele? Qual seria o próximo passo? Nós sairíamos para fazer compras? Ele se tornaria o meu amiguinho gay?
–Então eu não tenho nada para fazer aqui. - ele diz se levantando.
–Laxus-kun espere... - diz Isabelle.
–Espere. - eu ordeno.
Ele para e olha para mim, eu me levanto e vou em sua direção, me aproximo vagarosamente dele, quando eu estou a alguns centímetros do seu rosto ele me para, segura meus braços, os apertando tanto que suas veias saltaram.
–Eu não preciso disso. - ele diz - Mas afinal, é só isso que putas como você tem para oferecer.
E então me solta. Me deixando no meio da guilda sem palavras. Ouço risinhos, e uma risada alta, Shingo achou muita graça nisso.
–Seu zíper está aberto. - eu digo, quando Laxus vira de costas.
–O que? - ele pergunta confuso, olha para a sua calça e cora.
–Eu queria te dizer de um modo mais discreto, mas pelo jeito discrição não é algo que se espera de uma puta. - eu digo passando por ele - Mas é claro idiotas como você iriam pensar nisso.
Primeiro houve o silêncio.
Depois uma gargalhada cortou o ar.
Não fiquei lá para saber a reação de Laxus.
~£~
–Que babaca. - eu resmungo pela centésima vez.
Não voltei para a guilda a tarde inteira, eu não podia na verdade, pois se eu olhasse para o rosto nojento de algumas pessoas com esse humor, bem... eu espero que eles saibam viver sem um rosto.
Foi preciso muita torta de limão e uma longa caminhada para me acalmar, na verdade essa foi uma tarde bem produtiva eu fiz um reconhecimento de uns 70% da floresta, esse lugar tem mais surpresas do que eu poderia imaginar. E agora eu estava voltando para a guilda, eu não tinha vontade de fazer isso, mas a Mestra me disse para ir todo o dia, ela não estava lá de manhã, e eu não fui a tarde, o que me tornava obrigada a ir agora.
Sigo por um caminho entre as árvores, estava difícil me localizar naquela névoa, se não fosse pelos meus instintos eu com certeza estaria perdida.
–O que você pensa que está fazendo? PARE! - alguém grita.
Paro a meio passo, a 500 metros noroeste haviam seis, não cinco pessoas, e elas não estavam tendo uma conversa amigável. Essa névoa estava me incomodando, eu tinha a leve impressão de que não era um simples fenômeno da natureza, e havia algo ruim vindo daquela direção, eu tinha que ir embora, mas...
–Kyaaaa, pare. - o grito soa novamente.
Não penso duas vezes vou até lá.
A cada passo que eu dava o ruído do choro se tornava mais forte, as cinco sombras surgiram, todas eram mulheres, quatro delas estavam em pé, e uma estava flutuando de cabeça para baixo.
Ela estava em pânico, seu rosto sangrava, suas roupas estavam um pouco rasgadas, mas o que mais me surpreendeu era o que estava em sua coxa direita, a marca da Alliance Moon.
–Você poderia ter colaborado Luna-chan. - disse uma voz enjoativa. - Mas agora que você já sabe de tudo, não podemos deixa-la simplesmente ir.
Aquela voz... Isabelle, então ela está metida nisso, mas não apenas ela, Kamikaze, Enmi, e a cinzenta conhecida como Nami, também estavam a machucando, torturando uma colega de guilda.
–Cresça Dragão do Oeste.– eu ordeno, e no instante seguinte eu sinto o presente de Taikun deslizando pela minha mão, e indo para o chão aonde começa a se arrastar sorrateiramente.
–Pare de ganir vadia. - reclama Kamikaze -Isso me deixa com vontade de te cortar. Nami...
A cinzenta dá um passo á frente empunhando uma faca.
–Sem ressentimentos Caixinhos. Mas não podemos deixar evidências. - ela diz.
Quando a faca está a apenas 10 centímetros da garota, o Dragão rastejante se enrola em seu pé, o efeito foi imediato, o peso fez com que ela caísse, batesse a cabeça e desmaiasse.
Não houve tempo para que as outras reagissem, quando Nami perdeu a consciência o feitiço de levitação que agia sobre Luna se desfez, seu corpo mal havia tocado o chão quando o primeiro raio caiu, o ar se tornou mais denso e um tufão se formou ao redor do seu corpo.
Uma maga que controlava o clima. Agora eu entendo o interesse, Luna sempre estava com uma garoto grande, seu apelido era Big Montan, pelo que sei eles eram inseparáveis, um protegia o outro, mas agora ele não estava o que a tornava um alvo fácil.
Elas estavam tentando recrutar Luna? Queriam torna-la uma espiã? Mas e Nami? Ela definitivamente não trabalhava para a Fairy Tail. O que diabos está acontecendo?
A força do Tufão estava diminuindo, ninguém poderia manter esse nível de poder por muito tempo, e as espiãs pareciam saber disso, deixando de lado o corpo da companheira elas avançam para dentro da massa cinzenta.
Eu não iria deixar que elas a tivessem, e então faço algo que deixaria minha mãe de cabelo em pé, eu as sigo. É obvio que eu não vou lutar com elas no tufão, eu vou apenas deixar que as três se matem no Tufão, e tirar Luna com segurança daqui.
Sabe qual é a pior parte de estar em um Tufão? É o fato das pessoas ficarem atirando as coisas. Qual é? Até parece que você vai acertar! Isso é um tufão, sabe? Continuo avançando ignorando tudo o que me impedia de alcançar o centro, e em poucos passos chego lá.
Luna estava ajoelhada, suas feridas estavam sangrando novamente, e ela estava ofegante, estava quase sem poder mágico, isso era refletido no seu ataque, o vento ficava cada vez mais fraco, mais um pouco e elas irão nos alcançar.
Me aproximo devagar e coloco uma mão em seu ombro, a reação foi instantanêa a garota se levantou em um pulo e em um giro ela tenta me socar, seguro sua mão, e observo suas reações quando ela vê quem realmente era.
–O que diabos você está fazendo aqui? - ela pergunta.
–Estava passando por aqui, e pensei em te ajudar... - eu respondo.
–Me ajudar? Idiota! Elas querem você! - Luna diz histérica - Elas fizeram isso por que não quis ajuda-las e por uma outra cois.....
Ela se interrompe abruptamente, e logo continua:
–Vá. Eu posso segura-las por mais alguns instantes.
Mas ela estava enganada, era tarde demais, logo uma voz surge do meio do vento:
–Parece que o seu gás está acabando Cadelinha.
Uma pedra saí cortando o vento, indo em direção á Luna, vendo que esta não conseguiria desviar, pego seu braço e a puxo, a tirando do caminho. Suas pernas perdem a força quando a maga tenta aumentar a força do vento. Ela estava sem poder mágico.
–Luna pare. - eu digo.
–O que?? - ela murmura - Eu não posso, não enquanto você ainda está aqui.
–Está tudo bem... Elas não vão machucar você.
–Baka, se preocupe consigo mesmo.
–Confie em mim. - eu digo olhando em seus olhos.
Muitas pessoas se perguntam o porquê de eu estar fazendo tudo isso por uma desconhecida, nem eu sabia o porquê disso, mas agora eu podia ver, Luna se parecia com Michelle, ela se parecia com a minha irmãzinha, pode parecer estupidez confiar em alguém por isso, mas era a verdade.
Vejo em seus olhos que as minhas palavras fizeram efeito, pouco a pouco o vento ao nosso redor se extingui, e o corpo da pequena maga relaxa, mas não por muito tempo.
As três magas que antes atacavam Luna, agora estavam visíveis, ambas tinham as roupas rasgadas, os cabelos desarrumados e pequenos cortes. Nada muito sério, para o nosso azar.
–Ora, ora veja quem está aqui. - zomba Kamikaze. - Isso nos poupa do trabalho de procura-la.
–Quando ela chegou aqui? - pergunta Enmi.
–Não interessa vamos acabar logo com isso. - rosna Kamikaze.
Sinto Luna tremer, ela estava assustada com o que aconteceu, mais possivelmente com o que iria acontecer a seguir. Aperto seus ombros amigavelmente, a encorajando.
–Só mais alguns minutos. - eu sussurro de modo que apenas ela possa ouvir.
–Isso foi inesperado A-U-R-O-R-A - chan. - diz Isabelle - Não esperávamos encontra-la por aqui. Íamos te procurar mais tarde, para resolver certos assuntos.
–Creio que esse assunto pode ser tratado mais cedo, afinal eu já estou aqui.- eu digo - O que querem?
Três sorrisos malignos surgem em seus lábios, Isabelle é a primeira a falar:
–Laxus...
–Hum?
–Laxus. -Isabelle repete mais alto.
–Hum, o que tem ele? - eu pergunto.
Uma veia salta em sua testa, e ela fica vermelha, no instante seguinte ela está gritando:
–COMO ASSIM O QUE TEM ELE? VOCÊ PERCEBEU O QUE FEZ? COMO SE ATREVEU A FALAR ASSIM COM LAXUS-SAMA? DEPOIS DAQUILO ELE SAIU SEM DIZER NADA! E SE ELE NÃO VOLTAR MAIS?
Melhor para mim.
–VOCÊ NÃO FAZ IDEIA DE COMO NÓS NOS ESFORÇAMOS PARA QUE ELE ENTRE PARA A GUILDA, NÓS FIZEMOS DE TUDO PARA AGRADA-LO E NOS APROXIMARMOS, MAS ELE NUNCA QUIS SABER DE NADA!
–E o que eu tenho a ver com isso? - eu pergunto.
–VOCÊ O TRATOU DAQUELE JEITO! O HUMILHOU NA FRENTE DE TODOS! ELE PODE NUNCA MAIS VOLTAR DEPOIS DAQUILO! POR CAUSA DE VOCÊ, NÓS PODEMOS NUNCA MAIS VER O LAXUS-SAMA!!! E O QUE FOI AQUELA ATENÇÃO TODA? O QUE VOCÊ TEM DE ESPECIAL? O QUE O LAXUS PODE QUERER COM UMA VIRGEM BIZARRA E ENCAPUZADA? ELE ATÉ REJEITOU A NAMI!!!
"NÓS TENTAMOS A TEMPOS FAZER COM QUE ELE NOS NOTE E AI A NOVATA BIZARRA CHEGA E ATRAI ESSA ATENÇÃO?! IMPERDOÁVEL!!! Então nós mulheres da guilda resolvemos vingar Laxus-sama!"
Olho atentamente para a loira com uma gota na cabeça, como alguém pode gritar desse jeito e dizer aquilo com naturalidade? Ela precisa respirar? Ela é humana? Mas havia algo que me intrigava, olho para as duas magas ao lado.
Elas não odiavam homens??
–Ei não olhe para cá! - critica Enmi - Nós estamos aqui porque não gostamos de você.
–Tsck, vamos logo com isso. - reclama Kamikaze avançando.
Ela tira um punhal da sua bota, e este começa a se expandir formando uma espada, quando Kamikaze começa a correr em nossa direção, um objeto rastejante surge na sua frente.
–Isso não vai me parar idiota. - ela diz se preparando para saltar.
–RECUE! - grita Enmi.
As palavras mal saíram de sua boca, mas Kamikaze já havia recuado.
–Não deixe que isso a toque. - continua Enmi - Isso vai sugar todo o seu poder mágico. Era isso não era? Eu vi algo se enroscando no pé de Nami antes dela cair, a magia dela é de gravitação, ela poderia facilmente impedir uma queda, a não ser que seu poder mágico tivesse acabado. E então?
–Sim, é isso. - eu digo, então ela é a cabeça da dupla.
–Tsck, mas agora isso não vai mais funcionar. - diz Kamikaze - Enmi você já sabe o que fazer, Pervertida-san tente acompanhar.
As três magas avançaram, uma de cada lado, Isabelle e Enmi concentravam magia em seus punhos, e Kamikaze em sua espada. Elas continuaram avançando, mas eu não era o alvo delas.
As três atingiram o Dragão rastejante ao mesmo tempo, a descarga de poder mágico causou uma explosão. Quando a poeira abaixou revelou o presente de Taikun estando em pedacinhos.
–E agora garotinha? - pergunta Kamikaze com escárnio - O que vai fazer?
Ergo a mão e proclamo:
–Voe Dragão do Sul.
O que antes era a cabeça e o pescoço do objeto voa em minha direção, a pedra fria se enrola no meu pulso, e começa a se regenerar. Cada pedacinho caído no chão volta a se grudar no objeto. Diferente de antes, a pedra que prendia Aragon não é indestrutível, mas ela tem a capacidade de se regenerar infinitamente caso se quebre, além de fazer outros truques.
–Belo truque. - diz Kamikaze avançando.
–Expanda Dragão do Leste.– No instante seguinte o objeto se expande, se enrolando na espada, o que foi visto a seguir foi o objeto prata voando da mão da garota, o que resultou em uma Kamikaze desarmada e indefesa contra o golpe que eu apliquei contra a sua barriga.
–Um chicote? - perguntou Isabelle - Isso é feito de pedra! Como pode ser flexível?
Nunca ouviu falar sobre pedras mágicas? Noob. Eu posso ter perdido a capacidade de usar as chaves celestiais, mas eu ainda sei manejar um chicote, quase tão bem quanto manejo Aragon.
–Maldita. - praqueja Kamikaze enquanto é acudida por Enmi.
Após levar o meu golpe a garota foi jogada para longe, machucada e sem poder mágico, ela quase não conseguia se mexer.
–Você não vai vencer. - diz Enmi - Se você perder essa luta nós diremos a todos que a encontramos batendo em Luna e que a paramos, mas se você ganhar nós diremos que tentamos te parar, mas não conseguimos, e acabamos apanhando. Ninguém vai acreditar em você, e você vai ser expulsa, ou seja nós vence...
–CALA A BOCA IDIOTA. - rosna Kamikaze - Ela NÃO VAI NOS VENCER! ENTENDE?
Ela então tira uma moeda negra do bolso e a coloca no chão, corta a própria mão e deixa o sangue escorrer sobre o objeto, no instante seguinte ele começa a brilhar.
–Você vai....
–ESSA PUTA NÃO VAI ME VENCER! - Grita Kamikaze novamente. - FODAM-SE AS ORDENS EU VOU MANDA-LAS PARA O INFERNO.
–Aurora-san. - chama Luna - Estou com um mau pressentimento, você tem que fugir.
Eu também estava, aquela sensação de antes estava mais forte. Aquele objeto estava cada vez mais acumulando poder mágico.
–VOCÊ ESTÁ LOUCA? - Grita Isabelle - VAI NOS MATAR!
–Auro...
–Você percebeu Luna? - eu pergunto.
–Ahnnn? Espera... - ela responde arregalando os olhos.
–Se prepare.
O chão começa a tremer, agora eu sei da onde veio toda essa magia, aquela coisa estava tirando o poder do chão, havia algo poderoso lá em baixo.
–DESAPAREÇA!
E então explodiu, coloco Luna para trás e bloqueio a explosão com uma das mãos. Fecho os olhos para tentar bloquear a luz branca que saia do objeto, todo o resto foi abafado por um ruído agudo que acompanhava tudo.
Tudo finalmente parou, e eu pude abrir os olhos, tudo ao nosso redor estava destruído, as árvores destroçadas, não havia sobrado nada.
–O que foi aquilo? - pergunta Luna se afastando.
Não tenho tempo para responder, agarro o braço de Luna, sendo que essa foi a única coisa que eu pude fazer antes que o chão começasse a se desfazer aos nossos pés.
–O que diabos? - grita Luna olhando para baixo.
Abaixo de nós havia um grande abismo, nem eu conseguia ver o seu final, o que significava que seria uma queda aterradora.
–Não olhe para baixo. - eu digo à Luna.
–Hehe e-eu consegui. - alguém sussurra.
Longe do rastro de destruição estavam as três espiãs, estas estavam empoeiradas, mas pouco feridas, não me surpreendo, para ter uma arma dessas é necessário saber como se defender.
Além de que, para se usar uma arma assim, e bolar uma armadilha enquanto seu inimigo está atordoado, o mago precisa ter muita habilidade. Enquanto isso Kamikaze gargalhava debilmente.
–E então como vai ser? - ela berra - Vai sair e ser capturada, ou vai se deixar cair?
De fato elas haviam preparado armadilhas para quando saíssemos, eu poderia escapar, mas e Luna? Cair não era uma opção, nesse momento não estávamos lutando apenas contra a gravidade, mas sim contra uma força invisível que parecia me atrair para baixo.
Meu corpo estava mais pesado do que o normal, e Luna não era leve, sem falar que a única coisa que nos impedia de cair, era a minha mão que parou a explosão, ela estava queimada e sangrava, aquela magia devia estar impedindo a recuperação.
Sinto algo se agitar nas profundezas e um arrepio passa pela minha espinha, logo a Terra ao nosso redor começa a tremer, e como em um passe de mágica o chão começa a se refazer.
Eu não fazia ideia do que estava acontecendo, só sei que enquanto estávamos penduradas, vários pedaços de Terra voavam ao nosso redor e voltavam a constituir o chão, mas isso também significava que ficávamos sem espaço.
Tento nos botar para cima, mas estava cada vez mais difícil se movimentar, aquela magia não queria nos deixar sair. Novamente tento mover a minha mão, mas isso quase resultou em uma quase queda, isso..
–O que é isso? - pergunta Isabelle - Isso deveria acontecer?
–HAHAHAHAHAHAHAHA. - gargalha Kamikaze - Então o que vai ser? As duas não vão conseguir sair daí, o que vai fazer Aurora? Vai joga-la para fora e cair, ou você vai escapar e deixa-la cair? Escolha você não tem pouco tempo.
Isso de fato era verdade se eu salvasse Luna, minha mão iria se soltar no processo, e eu cairia, mas o único modo de eu me erguer é deixando ela cair. E o tempo estava acabando.
–Tudo bem Aurora. - Diz Luna sorrindo - Pode soltar, eu com certeza vou sair dessa.
Observo seu sorriso por mais alguns instantes, faltava pouco agora, eu já sentia meus dedos escorregarem, volto a minha atenção para Luna, ela agora estava com os olhos fechados, e parecia estar se preparando para a queda, ela havia soltado a minha mão, e a única coisa que a sustentava era a minha mão escorregadia.
Nesse último instante escolho a opção que menos me atormenta.
Em um movimento rápido e forte do meu pulso jogo seu corpo para cima, seus olhos se abrem quando percebe o movimento inesperado.
–É uma promessa. - eu digo.
Meus dedos se soltam, e a imagem de Luna acentindo e desaparecendo em uma nuvem de tempestade é a última coisa que eu vejo antes que o chão se feche.
E eu caio então na escuridão profunda.
~£~
A queda durou uma eternidade.
Tanto que eu perdi a noção do tempo.
Eu apenas continuava caindo imóvel, adentrando cada vez mais na escuridão infinita. Estão errados se pensaram que eu desisti, apenas não havia nada o que fazer, nenhum lugar para me segurar ou qualquer coisa para parar a queda.
Meu corpo desabava pela escuridão, a gravidade me puxava impedindo qualquer tipo de reação, isso continuou até que uma pequena luz atingiu minhas narinas. Fecho os olhos, e no segundo seguinte meu corpo atinge uma superfície gelada.
Prendo a respiração quando meu corpo atinge a água, e rapidamente volto à superfície. Estudo o local rapidamente, era como um grande túnel, cheio de água mal cheirosa e lixo. Um esgoto.
Não havia saída, tudo o que havia eram paredes de pedra, esquecidas por séculos. Sinto-me claustrofóbica, e é essa sensação que comprova minhas suspeitas, aquele "portal"ou seja lá o que for, já se fechou. Aquela sensação ruim de mais cedo volta, e uma luz alaranjada surge no túnel da direita.
Eu não posso ficar presa aqui, e eu estava sem opções, e é nessa hora que eu tomo a pior decisão do dia. Eu vou em direção à luz.
A cada passo que eu dava a sensação aumentava, era como se tivessem apertando o meu estômago, ignoro essa sensação, e continuo seguindo em frente. A luz começa a ficar mais forte, e no instante seguinte eu estou envolta dela.
Pisco atordoada durante alguns segundos, isso era algo que eu definitivamente não esperava encontrar, o que havia na minha frente era um túnel como os outros, mas este era tomado por tesouros e objetos valiosos.
Pilhas e mais pilhas de ouro se faziam presente, eu certamente não esperava por isso, pilhas e pilhas de tesouros enterrados no esgoto, quem colocou aquele feitiço queria impedir que alguém encontrasse isso? O que mais havia nesses túneis?
Algo me chama a atenção, um cordão negro no meio de todo aquele dourado, pego o cordão, mas antes que eu possa analisa-lo a luz amarela começa a ficar mais forte, toda a magia do local se juntou em um ponto, ficando tão forte a ponto de se solidificar, adquirindo a forma de uma bola luminosa pulsante.
Meu estômago dá uma volta, e então a bola explode, a explosão é tão forte que o vento e a pressão exercidas me empurram para trás, e os objetos voam para todas as direções, assim como a água podre que espirra para todos os lados.
Todos os meus sentidos ficam alertas, e todo meu corpo se arrepia quando um rugido corta os túneis fazendo com que meu cérebro vire gelatina.
Arregalo os olhos em espanto quando finalmente vejo o que surgiu em minha frente, a bola de luz pulsante se transformou em um grande monstro luminoso, ele tinha a forma de um Dragão, mas o seu rosto parecia o de um Cachorro (Tolkien Feelings u.u).
Seus olhos azuis elétricos exibiam uma fúria inigualável, e estavam de olho em algo de valor inestimável. Ele começa a se remexer, e a brilhar mais fortemente. Dou dois passos para trás, e começo a correr assim que percebo o que ele está prestes a fazer.
Atiro meu corpo na água, e no instante seguinte um rugido passa acima da minha cabeça atingindo a parede em cheio.
Se isso tivesse me atingido....eu estaria na merda. Ora, agora não é a hora para sarcasmo. Foco.
Eu penso olhando para o estrago, o rugido havia atravessado paredes em um raio de 500 metrôs. Eu não sei o que é, mas há algo de errado com essa coisa, mesmo que seja um Dragão eu não sinto como se pudesse derrota-lo.
–Ora Luishiii não consegue derrotar um Dragão? Que patético! Você ainda se nomeia uma Dragon Slayer??
–Cale a boca Presunto estragado. - Eu digo para o nada, e começo a correr em direção ao buraco na parede.
Sinto ele se mover, mas eu sou mais rápida, mesmo que ele seja um Dragão ele é compacto o suficiente para se mover por esses túneis, ainda mais nessa velocidade. Continuo correndo pelos túneis, procurando por uma saída.
E então ele surge na minha frente, dou um salto para trás antes que as suas garras me atinjam.
Droga. Eu achei que o tinha despistado. Eu escondi totalmente o meu poder mágico, e não emiti qualquer ruído, então como?
Ele emite um silvo baixo, e olha na minha direção, mas ele não estava realmente me observando. Será que......
Ele vem em minha direção em uma velocidade incrível, não havia para onde fugir....
–Garras do Dragão da noite. - Minha mão vai em direção ás suas garras, mas algo estranho acontece, meu ataque passa direto por ele, suas garras rasgam a minha barriga e eu sou jogada contra a parede.
–Então você está atrás da Aragon, não é Maldito? - eu arfo - É uma pena, mas não vai tê-la sua lâmpada de esgoto.
Minhas palavras tiveram efeito sobre ele, pois ele avançou para cima de mim, com o coração a mil e com os sentidos mais aguçados do que nunca eu me desvio de todos os seus ataques.
–Ataque das asas do Dragão do Dia. - Novamente o meu ataque passa direto por ele, magia, corpo a corpo, meu chicote, nada funcionava, era como se eu não pudesse machuca-lo.
Mas ele com certeza pode me machucar. Eu penso assim que as suas garras rasgam a minha perna. Eu poderia usar a Aragon, mas não é uma boa ideia, já que ele está atrás dela.
Eu estava encurralada e minha cabeça estava girando, era como se eu ficasse mais fraca a cada golpe que ele acertava. Um borrão dourado surge na á minha frente, e sua calda acerta em cheio em meu peito.
O ar abandona meus pulmões, e eu sou jogada para o alto, o baque foi tão forte que meu corpo atravessa uma parede, e só para quando atinge a água fétida desse labirinto.
–Me espanque se quiser, mas eu não vou entregar o meu tesouro. Baka Rÿu.
Éramos dois Dragões brigando, um para proteger o outro para conquistar, e nenhum de nós está disposto a desistir, cada um de nós iria lutar até que o outro estivesse morto. Com um rosnado ele avança em minha direção, mirando suas garras em meu pescoço, se aquilo me atingisse seria o fim, e tudo pelo que eu lutei seria perdido. Em um ato impensado eu coloco as minhas mãos na frente do rosto, em uma tentativa boba de me proteger do ataque, e fecho os olhos.
Sinto um calor reconfortante no meu pulso, e ele começa a se espalhar pelo meu corpo, abro os olhos e me vejo envolta em uma cortina de luz. As garras do monstro estavam a apenas alguns centímetros de distância, mas antes que possam me atingir a luz começa a perder seu brilho e eu desapareço com ela.
~§~
Meu corpo reaparece em uma outra superfície, volto a abrir os olhos, mas não enxergo nada além de uma luz, pisco várias vezes até me acostumar, estava surpresa por ainda estar com a minha cabeça sobre o pescoço, mas estava mais surpresa ainda por me encontrar em minha casa.
O teto, o ar, e os móveis do meu quarto transmitiam tranquilidade, mas essa sensação de alívio não dura muito tempo, os últimos acontecimentos voltam á minha mente, e eu me lembro da minha condição.
Vômito no chão, várias vezes até o meu estômago estar vazio, o cheiro de esgoto entrava no meu nariz causando mais náuseas, as feridas doíam e ardiam como nunca, e eu me sentia terrivelmente esgotada, mas o que mais me incomodava era esse bolo no estômago, o pânico ainda corria por minhas veias, e a sensação de impotência acabava comigo.
Eu me sentia subjugada, submissa, eu não pude fazer nada, esse foi o resultado de anos de treinamento?
Você não mudou nada Luishiii, continua a mesma inútil de sempre, passou anos treinando para apanhar de um Dragão de araque.
–Cale a boca.
No final você ainda é uma patética que precisa ser salva. Olha a sua situação, está coberta de merda, bem combina com você.
–Cale a boca.
Substituta. Fraca. Inútil. Patética. Ridícula...
–EU MANDEI CALAR A BOCA!
Uma onda de poder se desprende de meu corpo, fazendo tudo o que estivesse ao seu redor tremer. O cansaço toma conta do meu corpo, eu estava exausta, mas valeu a pena, a voz se calou.
Hehehe Hihihi (tentativa fail de imitar uma risada fofa).
O vulto de uma garota aparece em minha frente, ela tinha longos cabelos pretos, sua pele era branca como a neve, ela era igual á Kin, só que algo em sua expressão deixava claro que elas não eram a mesma pessoa.
O vulto começa a se mover, e eu o sigo, me arrasto para ser mais sincera. Eu a encontro parada em um canto da sala, mas assim que eu adentro o cômodo, seu corpo astral entra no chão, deixando para trás a marca da Alliance.
Coloco minha mão sobre a marca e ela começa a brilhar, no instante seguinte uma passagem se abre na parede. Havia uma escada estreita e escura, e em cada degrau havia a marca da Guilda. Sigo as marcas até o fim, adentrando mais fundo no subsolo, no último degrau eu vislumbro pela última vez a garota com o vestido negro, depois disso eu me vejo em um salão circular.
Ele era todo de pedra negra, as paredes, chão, teto, a única luz vinha de algumas tochas distribuídas, mas o mais impressionante eram os livros, haviam milhares, livros de todas as eras decoravam o salão, mas um me chamou a atenção.
No centro da sala havia uma mesa, e nela repousava um pequeno livro azul escuro. Ele estava selado, nenhuma página estava a mostra, não havia fecho, apenas o desenho de uma meia lua na capa. Procuro por algo com essa forma, e eu o encontro justamente em minha mão. O colar que eu peguei no esgoto tinha exatamente essa forma.
Aproximo-o da capa, e assim que faz contato começa a brilhar intensamente.
–Essa guilda tem mais segredos enterrados do que eu imaginava. - Eu digo com o livro em mãos.
~&~
Hoje eu vou embora de casa. Vou deixar tudo para trás e nunca mais vou voltar. Não é como se alguém fosse sentir minha falta mesmo, meus pais me acham um estorvo, uma bastarda, que nunca deveria ter nascido. Minha irmã se foi, ela saiu em busca de seu próprio caminho, deixou tudo para trás inclusive a mim e ao meus pais. Eles a adoram, todos a adoram, ela é linda, inteligente, uma maga talentosa, e eu não sou nada. Ela é o Sol que a todos ilumina, e eu sou a nuvem que a todos afasta, eu sempre vivi em sua sombra, agora talvez seja a hora de buscar a minha própria luz.
*
Foi pior do que eu imaginava, eu fugi na calada da noite, e assim que eu coloquei os pés para fora minha vila me perseguiu, eles me culpavam por ela ter ido embora, a única maga da vila havia ido embora e eles me amaldiçoavam, me perseguiram com tochas e pedras, eu corri, corri como nunca, eu estava machucada, mas ninguém me ajudou, eu iria morrer, mas ninguém se importava. Minhas pernas cederam em uma clareira, eles estavam chegando e eu não podia me mexer, e foi ai que eu o vi.
Um lindo garoto de cabelos negros, ele tinha uma expressão solitária, mas assim que me viu ele sorrio, passou a mão em minha testa e sumiu na floresta, depois disso os perseguidores sumiram. Eu desmaiei com um sorriso no rosto, pela primeira vez alguém tinha me protegido, pela primeira vez alguém desejava que eu vivesse.
*
Tudo havia dado errado. As pessoas que eu pensei serem minhas amigas me usaram e depois fui jogada fora, o único homem que eu amei só queria saber da minha irmã, novamente eu estava sozinha, amaldiçoada com um bebê no ventre. E então uma luz surgiu, uma luz pequena e frágil, como eu, eu a toquei e me vi em cima da Lua, mas o que me surpreendeu foi o que estava em minha frente: Um Dragão. Uma Dragoa, da cor da noite, com os olhos cor da Lua, ela viu algo em mim, algo que a fez selar uma aliança comigo, ela me abençoou com a magia, mas não pode me livrar da maldição do meu amado.
Agora anos depois aqui estou, mãe. Criei uma guilda no lugar onde nos conhecemos, no lugar onde fui abençoada. Desde aquele dia as bóreas brilham sobre o tesouro, e pela primeira vez eu não vivo na sombra de minha gêmea. Finalmente eu encontrei o meu brilho, ele não era ofuscante e quente como o Sol, mas sim frágil e reconfortante como a Lua.
*
A água quente caia sobre meu corpo, purificando-o, ela queimava as minhas feridas, mas isso não importava, nada importava eu poderia sangrar até a morte, mas isso era pouco comparado ao tamanho da descoberta. O que mais teria para descobrir? Quantos segredos essa guilda escondia? E quanto eu podia descobrir?
Imagino se mais alguém sabe disso, eu sinto que não, eu penso que só a Mestra Yoko pode, mas mesmo assim não acho que ela o faça, não totalmente, mas sua filha sim. Issa estava pesquisando a história de sua família, o que inclui a história da guilda, ela queria chegar ao início da maldição, queria um modo revertê-la, e também queria achar o tesouro perdido. Ela encontrou a pista que a levou até o esgoto, e lá encontrou seu fim.
Ela chegou perto de descobrir, muito perto. Mas se essa verdade chegar á público sua família será perseguida por todos.
– Você chegou perto Issa, sem você eu não teria conseguido desvendar o segredo de Esmer. - eu digo para o colar em minha mão. - Era o diário dela, o diário da Mestra fundadora da Alliance Moon, ela não nasceu maga, cresceu sob a sombra de sua irmã, e então fugiu de casa, ela foi perseguida e conheceu o seu amor, fez amigos, mas estes a traíram, e então quando foi abandonada e amaldiçoada pelo seu amado, ela fez um pacto com a Lua. Mas não foi um pacto qualquer.
–Não é a toa que a marca da guilda é assim, se olhar bem as estrelas elas formam a imagem de um Dragão. O Dragão da Lua. Ela concedeu magia para Esmer.- eu suspiro - A maldição dizia que assim como ela todos os seus descendentes carregariam a maldição do amor, todos as descendentes iriam se apaixonar, mas perderiam esse amor, e teriam seu coração envolto em trevas.O Dragão não pode livra-la da maldição, mas deu forças para que pudesse conviver com ela, assim como suas descendentes. Elas teriam a aparência, e a magia de Esmer, e lutariam até que surgisse alguém capaz de quebrar a maldição.
–Mesmo assim Esmer não se entregou, ela criou a Alliance Moon, juntou poucos, mas bons companheiros, teve sua filha, e nunca se entregou ás trevas. Com isso acho que posso te deixar tranquila Issa, Kin tem a força da primeira Mestra, ela não vai se entregar. Essa é a história que ficou perdida por décadas, a história da garota que fez um pacto com a Lua, Esmer Vermilion. Irmã de Mavis Vermilion, apaixonada por Zeref, mãe de Tsuki, fundadora da Alliance Moon.
Destino, é uma coisa tão engraçada, eu entendo o porquê da minha marca ser assim, a garota do vestido esvoaçante sempre esperaria o Dragão chegar, e agora eu estou aqui.
–Eu fico feliz que a sua magia tenha sido o suficiente para purificar a linhagem de Zeref Yue.
Quantas histórias você esconde Aragon? Será que eu vou poder descobri-las?
Toc-toc-toc-toc.
Alguém bate na porta, rapidamente fecho o chuveiro e visto algo, pego meu chicote, ignoro os ferimentos e atravesso o portal.
Estava chovendo muito, tanto que a pequena casa estava imundada, as batidas na porta estavam mais insistentes, mas mesmo com a tempestade lá fora, eu podia ouvir uma voz familiar falando: Vamos Lucy atenda.
Rapidamente abro a porta e dou de cara com Loki, ele estava encharcado, e tinha acabado de sair de uma batalha. Em seus braços estava um garoto desmaiado e machucado, seus óculos estavam quebrados e em suas mãos estavam um molho de chaves prateadas, o filho de Yamato, uma das fadas espiãs, Hayato.
–Por favor Lucy. - Loki diz - Ajude-o.
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–Está chegando a hora. - diz uma voz nas sombras.
–Não devemos esperar um pouco? Apenas para que as garotas se recuperem - diz Shirokawa.
–Muahahahaha, vá trocar as fraldas frangote. - zomba Shingo - Nós não precisamos nos preocupar, esses maguinhos não são de nada.
–Mesmo que pudessem nos vencer, estariam ocupados lutando contra a besta. - arfa Enmi.
– Não se esqueçam da nossa tão querida maga Aurora. Essa merece um tratamento especial, devemos ter certeza da sua ruína. A única que se salva é a franguinha Dragon Slayer, o resto deve cair, esse é o desejo do Mestre Hirako. - diz a voz - Você vai nos ajudar Yamato? Lembre-se que o seu papel é importante e que nunca terá o seu filho de volta se não o fizer certo.
Todos os olhos se viram para o moreno de olhos verdes, ele estava com os olhos fechados, seus punhos cerrados tremiam, ele estava nervoso. Ninguém duvidava de sua lealdade, todos sabiam que se fosse para salvar o filho, o ilusionista moveria o céu. Mas esse era o preço que ele devia pagar, o garoto sabia demais, e o pai não seguia os ideais do grupo.
–Sim. - responde Hayato - Eu farei o meu papel.
–Amanhã essa cidade vai se transformar em cinzas. - diz Shingo sorrindo.