OIE PESSOAS DIVAS DO MEU HEART!
Eu tenho algumas histórias para terminar no Nyah!, porém, entretanto, todavia, eu não consegui não postar essa fic agora, coisa que eu não deveria estar fazendo, porque tenho de me focar nos estudos. Mas dane-se isso, eu postei mesmo assim. Então, a notícia ruim é que ela será atualizada uma vez por mês (é provável que demore mais que um mês algumas vezes). A boa é que, provavelmente, os capítulos serão um pouco maiores.
Espero que gostem desse primeiro capítulo (não fiz prólogo porque não achei necessário) e que perdoem pelos erros (eu revisei, mas sabem como é, sempre passa algo despercebido). Nos vemos daqui há algum tempo! :3
"I'm gonna swing from the chandelier, from the chandelier
I'm gonna live like tomorrow doesn't exist
I'm gonna fly like a bird through the night
Feel my tears as they dry"
— Sia
01 - Chandelier
Ouço o barulho do arrastar da cama e os gemidos abafados da minha mãe, fecho os olhos com força e tampo os ouvidos com as mãos. As lágrimas ameaçam cair a qualquer momento e eu mordo meu lábio, não querendo as deixar saírem.
Olho para o espelho que mostra todo o comprimento da minha cama e vejo minha imagem decadente; um riso amargo sai da minha garganta sem permissão. Quando eu vou aprender a ignorar as coisas que me machucam?
Meu celular vibra e toca alto pela sexta vez chamando, finalmente, minha atenção. Na tela está escrito o nome da minha melhor amiga: Calipso. Minha mente se ilumina, pois sei que sempre poderei contar com ela e com todos os meus outros amigos.
— Oi, Lia. A galera queria sair, mas tá’ todo mundo quebrado... — fala.
Senti-me usada por um momento, mas afastei esse pensamento. Eles gostavam de mim, e não do meu dinheiro.
— Relaxa, eu pago pra todo mundo.
— Sério? — ela anima-se. — Mas você não tava’ de castigo? E o lance com o Trevor?
Dei uma risada falsa e pergunto:
— Desde quando isso me impediu de fazer algo?
Eu só queria escapar do caos da minha vida.
N&T
Viro o primeiro copo de bebida e sinto minha garganta arder de uma maneira boa. Então, faço isso de novo. E de novo, de novo, de novo. Continuo até minha mente nublar, se esvaziar. Não quero pensar em mais nada, apenas no agora.
Movo meu corpo no ritmo da música e danço com meus amigos, colegas, desconhecidos. Danço, mesmo que minhas pernas implorem por descanso, pois a dor junto da bebida me impede de pensar nos problemas. Beijo outras pessoas e engulo mais bebida.
Dentro de mim, o vazio que eu sempre sinto se foi. E eu me sinto completa e realizada, ainda que seja um sentimento falso. Sei que eu estava triste antes, mas agora meu cérebro só passa imagens felizes e eu já não lembro o porquê da minha tristeza. Meu corpo todo vibra de animação e a risada sai com mais facilidade da minha boca.
Puxo Calipso pela mão e nós dançamos juntas, leves e soltas, rindo de toda a merda do mundo.
N&T
Meu estômago se revira e eu estou tão enjoada que poderia botar as tripas para fora, mas mesmo assim continuo bebendo. Bebo mais, porque a alegria e a leveza deixaram meu corpo, restando apenas as coisas ruins. Eu quero ser feliz novamente.
Procuro por Calipso no amontoado de corpos suados e cansados, mas não consigo achá-la. Eu não consigo achar mais ninguém, para falar a verdade. E me sinto tão sozinha que dói. Arrasto-me pelo local para tentar encontrá-los, porém é impossível com tanta gente e em um local grande; puxo, então, meu celular do bolso e mando uma mensagem para todos perguntando onde eles estão.
Quinze minutos.
Passou quinze minutos e ninguém me respondeu. Já liguei, já deixei outras mensagens, mas nada. Não posso me enganar achando que eles não viram as ligações, eles sempre estão mexendo no celular, mesmo em festas. Aí meu coração dói, porque não é a primeira vez que eles fazem isso. E eu entendo que eles não precisam realmente de mim, precisam apenas de uma idiota que banque suas saídas. Então, eu fico com raiva deles. Fico irritada e magoada ao mesmo tempo. Mas sei que isso não irá durar nem quarenta minutos; depois eu voltarei a ser a trouxa de sempre, porque eu não tenho mais ninguém a não ser eles. Permito-me deixar de pensar que os perdoarei mais tarde e deixo a raiva e a mágoa me consumirem. Caminho para fora do clube em passos pesados e rápidos e só paro quando estou no único lugar que anda me acalmando ultimamente: a velha ponte.
E é engraçado como eu não consigo parar de pensar em mim como uma suicida idiota.
Vou para mais perto da borda e me apoio na grande coluna de metal que há ali. Fecho os olhos e sinto a sensação gostosa do vento frio em meu rosto e não consigo me impedir de desejar que chova. Porque, a meu ver, tudo fica mais bonito com chuva.
Olho para baixo e meu corpo se arrepia. Eu detesto altura, embora ela sempre me pareça atraente. Gosto de pensar que só odiamos algo ou alguém porque não conseguimos lidar. Eu não consigo lidar com altura e, por isso, odeio-a.
Pergunto-me se minha mãe sente o mesmo em relação a mim.
N&T
O sol nasce no horizonte e eu caminho pelas ruas solitárias e assustadoras de Miami em direção a minha casa. Abraço meu corpo com intenção de me esquentar um pouco. Miami não é tão fria, mas sempre tem essa brisa gelada que te faz arrepiar até o último frio de cabelo. Não demoro muito a chegar em frente a minha casa, mesmo que tenha parado umas sete vezes para vomitar e sentir pena de mim mesma, pego a chave reserva escondida no vaso de flores e abro a porta de entrada, entrando o mais silenciosa possível, o que é ridículo, visto que minha mãe não tem muita moral para reclamar de mim – coisa que ela sempre faz.
— Isso é hora de chegar, Thalia? — fala, irritada.
Não disse que ela sempre achava algo para implicar comigo?
— Na verdade, não é. Mas eu quis chegar a essa hora, então cheguei.
Ela soergue-se no sofá e me olha ameaçadoramente, uma de suas sobrancelhas arqueadas. Balança a cabeça em negativa, tira um papel do bolso do robe e joga em cima da mesa de centro:
— Melhor fazer as malas, você irá morar com seu pai.
N&T
Não demoro a avistar meu pai, Zeus, quando saio da área de desembarque, ele estava segurando um cartaz pequeno com meu nome, afinal. Reviro os olhos e caminho até ele.
— Não ia reconhecer a própria filha? — pergunto ácida.
— Na verdade, eu fiquei com medo de você não me reconhecer — ri, ignorando o tom de voz que eu usei.
Eu não odeio meu pai. Ele sempre foi ótimo comigo e quando se separou da minha mãe – fiquei desolada na época e com muita raiva dele, mas hoje em dia entendo o porquê dele querer o divórcio – até deu-me a chance de escolher com quem eu queria ficar. De birra, eu escolhi a minha mãe, porém me arrependo fortemente disso.
— Velho do jeito que você está era bem capaz de eu não te reconhecer mesmo — brinco.
— Ora, sua filha desnaturada, não fale assim com seu paizão.
Nós rimos, e ele me puxa para um abraço apertado. Eu não queria viajar, ter de largar meus amigos e toda minha vida anterior, mas agora vejo que talvez seja algo bom. Melhor que continuar brigando com minha mãe, a irresponsável que se acha responsável.
“— Melhor fazer as malas, você irá morar com seu pai.
Abro a boca, surpresa com suas palavras. Quem ela pensa que é? A raiva toma conta de mim e eu grito:
— Enlouqueceu de vez?
— Você me enlouquece, Thalia. Além disso, Trevor concorda que você precisa passar um tempo fora.
Meu coração dói com suas palavras, mas ignoro isso e cerro meus olhos, desconfiada. A última coisa que esperava era o fato de Trevor concordar com isso. Porém, desde que eu me afaste dele está ótimo.
— Perfeito. Vocês podem ficar felizes agora, eu estou indo embora — digo, subindo as escadas, mas paro no meio do caminho e solto: — Quando ele foder com sua vida, não venha chorar depois.”
Abraço meu pai mais forte e não me importo com as lágrimas que saem dos meus olhos. Ele me solta e passa a mão em meu cabelo, fazendo um carinho bom que minha mãe nunca havia feito.
— Você sabe que pode vir morar comigo a hora que quiser.
Assinto. Eu sabia disso, sabia que poderia deixar aquela mulher jogada às traças e ter uma vida melhor. Mas não podia. Meu coração, que muitos dizem ser de pedra, não é tão duro assim e eu não consigo largar a mulher que me deu a vida dessa maneira, mesmo que ela mereça isso e muito mais.
— Onde está Jason? — pergunto, mudando de assunto.
Jason e eu somos gêmeos bivitelinos, ou seja, não somos idênticos. Muitos até não acreditam quando falamos que somos gêmeos, visto que ele tem cabelo loiro, e eu, preto. Além, é claro, das nossas feições que não são tão parecidas assim. Quando o divórcio aconteceu, Jason escolheu ficar com o pai e fez de tudo para eu ir com eles; nós éramos apegados, afinal.
Por que eu fui burra e não concordei em ir morar com eles?
Ah, é. Não queria deixar minha mãe sozinha e estava com uma raiva idiota do meu pai. Deuses, eu sou tão estúpida.
— Ele está em casa com uns amigos dele, se reuniram para fazer maratona de jogos ou algo assim.
— Espero que tenha espaço para mais alguém, acordei com vontade de detonar pobres garotos no vídeo game.
Saímos do aeroporto e eu achei incrível o fato de Bristol ser fria. Sempre gostei de frio, mas quando se mora em Miami fica difícil aproveitá-lo um pouco mais, já que é, normalmente, quente.
O caminho até a casa do meu pai não é muito demorado, talvez pelo fato de eu ter me encantado com as paisagens e ter conversado com meu pai o percurso inteiro. Eu gosto disso no meu pai: é sempre fácil conversar com ele. Com Jason também é assim, todos sempre gostam dele, mas comigo é diferente. Quando crianças eu sempre brincava com o Jason dizendo que ele havia roubado toda minha habilidade de interação social.
A casa do meu pai é larga, de cor areia e possuía dois andares, ao lado dela tinha uma garagem grande e um pátio frontal mediano. A grama é bem verde e havia um pequeno canteiro de flores, que descobri ser da nova mulher do meu pai, Hera. Senti-me um pouco incomodada com isso, mas ele diz que ela tem sua própria casa e que só passa a noite ali de vez em quando.
Pego minhas duas malas e caminho o mais rápido que consigo carregando-as. Estava morrendo de saudades de Jason, queria vê-lo logo. Adentro a casa rapidamente e vejo meu irmão sentado no sofá com outros quatro amigos jogando vídeo game. Largo as malas e pulo por cima do sofá, atirando-me no colo dele.
— Puta que pariu, Thalia! — grita Jason. — Tá’ na hora de você fazer um regime, hein.
Dou um soco no braço dele e digo, brava:
— Idiota! Não é assim que se trata sua irmã que chegou de viagem!
Nós nos encaramos por alguns segundos e caímos na risada. Abraço-o forte e enterro meu rosto na curva de seu pescoço. Senti saudade de abraçá-lo assim. Sempre que eu ficava mal ou alguém fazia alguma maldade comigo, eu corria até meu irmão e o abraçava forte, como agora. Jason era meu escudo protetor.
— A mãe tá’ bem?
Desfaço o abraço e dou de ombros, fingindo não me importar, o que é ridículo porque o único motivo de não estar morando definitivamente com meu pai é por me importar demais com ela.
— Yeah, ela continua sendo a mesma megera de sempre — digo e Jason ri. Ele me abraça forte mais uma vez e eu gravo um vídeo desse momento em minha memória.
Afasto-me dele e brinco:
— Sei que você me ama demais, mas eu estou cansada e preciso de um banho.
— Você realmente precisa de um banho, Thalia — fala meu pai, entrando em casa. Mostro a língua para ele, que apenas ri de mim. Ele pega minhas malas e começa a subir as escadas: — Vem, vou te mostrar seu quarto, fedorenta.
N&T
Desço as escadas pulando de dois em dois degraus e sento-me no espaço vazio ao lado de Jason. Os amigos dele me olham com curiosidade e eu sei que estão pensando em como Jay e eu podemos ser gêmeos se somos tão diferentes.
— Somos gêmeos bivitelinos — falo, dando um susto neles.
— E o que significa isso? — um moreno de olhos verdes pergunta.
— Que nós não somos idênticos, duh.
Ele faz uma cara de compreensão e nos olha atentamente. Dá de ombros e diz que não entende como gêmeos podem ser não-iguais. Dou uma risada e balanço a cabeça em negativa.
— Você não entende nada, Percy — Jason fala, fazendo os outros rirem. — Essa é minha irmã, Thalia. Thalia, esses são meus amigos Percy, Leo, Frank e Charles. E se vocês pensarem em ter algo com ela, juro que não viverão para o amanhã.
Reviro os olhos e faço um sinal com a mão para que eles não deem bola ao que Jason diz. Eles riem e meu irmão me fita com uma careta em seu rosto, seus olhos estão sérios e sei o que isso significa: não entre em problemas que você não conseguirá solucionar depois. Sustento seu olhar por um tempo, mas acabo abaixando a cabeça; ele estava certo, afinal de contas. Eu sempre me metia em problemas que não conseguia resolver, principalmente com garotos, mas o que são esses problemas comparados a outras coisas?
Minha vida toda é um problema irresoluto, e Jason nem faz ideia disso.
Sinto o amigo de meu irmão falar comigo, mas só filtro suas últimas palavras.
—... Se você não conseguir, pode dar reset e começar novamente.
Minha vida não é um jogo de vídeo game, mas eu poderia recomeçá-la, não? Quero dizer, minha mãe me mandou para cá para, provavelmente, livrar-se de mim, mas por que não aproveitar essa mudança para recomeçar do zero, do marco inicial?
Sorrio largamente e digo:
— É, recomeçar é ótimo.