Como dito no capítulo anterior, aquilo era só um prólogo e a história regressaria alguns anos.
O Orochimaru vai ser bem ativo nessa fanfic, como podem ver. Mas a fanfic é SasuSaku, ok? Não precisam me tacar pedras. Mas nada impede de que Sakura se envolva com outras pessoas, até mesmo com o Orochimaru, isso depende do rumo que a fanfic tomar. Mas fiquem tranquilos... No final, é tudo azul e rosa. xD
Espero que gostem!
Capítulo I –
Orochimaru
“Se você quer justiça, veio ao lugar errado”.
Suas amargas palavras ainda ecoavam em minha mente toda vez que olhava para a sua face carrancuda.
Fugaku Uchiha nunca fora um homem de sorrisos. Particularmente, eu achava que ele não sorria nem para a sua mulher.
Ele era o um dos poucos que poderiam ter uma mulher, na verdade.
Nós éramos privados de possuir mulher e filhos, mas todos sabiam que muitos escondiam famílias pela cidade. O próprio Kizashi Haruno sabia disso.
Não possuir mulher e filhos era uma tática de guerra. Assim, nenhum general ou soldado de batente maior era pego desprevenido. Os inimigos não teriam quem fazer de refém. Por isso, aqueles que possuíam família, eram cautelosos.
Eu era um cadete do esquadrão Águia. Fugaku ajudava em nossos treinamentos, porque ele sabia que éramos o único esquadrão apto para se agregar aos soldados do senhor. Ele era o conselheiro de Kizashi, e, mesmo que ele não fosse um soldado, aquele homem sabia mais de guerra do que qualquer pessoa ali. Fugaku tinha tudo para ser um soldado, mas quando o pai de Kizashi – o antigo senhor feudal Haruno – percebeu a amizade dos dois, disse que aquele rapaz deveria receber outro tipo de treinamento.
Em vez de carregar lanças, arcos e até mesmo, ter o corpo cheio de cicatrizes, Fugaku foi ensinado a se portar como um Lorde. Tivera aula de geografia, de ciência e viajou o país aprimorando seus conhecimentos estratégicos. Quando Kizashi assumiu o trono, todos sabiam que posição Fugaku assumiria. E se Kizashi algum dia morresse, Fugaku assumiria o poder.
Então, obviamente, Fugaku era tão importante quanto o próprio Kizashi.
Fugaku tinha uma família linda e excepcional. Sua mulher era sua prima – de pele pálida e cabelos negros como a mais escura noite. Possuía um filho mais velho, Itachi.
Seu primogênito tinha tudo para se tornar um general no futuro – mas se esse pivete quisesse o posto que eu almejo, teria que ralar muito. E também tinha mais um filho: Sasuke, de quatro anos.
Sua família era protegida como se fosse a própria família de Kizashi.
Eu admirava e invejava Fugaku. Queria ser como ele. Mantínhamos uma amizade difícil de explicar. Eu gostava dele porque ele me motivou a entrar para o exército, e, ele gostava de mim porque eu era um bom soldado. Talvez um dos melhores que ele conhecera. Parte de mim sabia que ele queria ser um soldado também, mas o destino quis que ele fosse outra coisa. E toda vez que pensava nisso, lembro de como o destino é irônico.
Quando seu filho Sasuke nasceu, convidou-me para ser seu padrinho. Aceitei de bom grado, embora não levasse jeito com crianças, mas Sasuke gostava de mim. Gostava mais do que o próprio pai, diga-se de passagem.
Nos meus tempos de folga, eu costumava deitar de baixo de uma árvore nos jardins do feudo, amarrava meu cavalo ali, deixando-o também descansar e minutos depois vinha Sasuke todo elétrico perguntar como foi o meu dia, e quando ele poderia se alistar – eu não saberia dizer como ele me achava tão rápido.
Garotinho bobo.
Para a minha surpresa, um dia, a mulher de Kizashi resolveu se juntar a nós. Ela chegou andando a pé e sozinha. O que era um erro. Quem quer que fosse que estivesse em sua escolta hoje, seria morto assim que Kizashi descobrisse que a mulher perambulava sozinha no feudo.
A mulher de cabelos castanhos na altura dos ombros e de olhos verdes escuros e opacos, sentou-se ao meu lado, enquanto afagava a cabeça de Sasuke, pedindo carinhosamente que ele fosse para casa, pois sua mãe o chamava.
O menino afagou a enorme barriga da senhora, antes de se afastar.
Sua barriga realmente se destacava naquele corpo magro e delicado. O bebê deveria chegar em breve, concluí.
– Bom dia, Orochimaru-san.
– Senhora! – Levantei-me, fazendo uma longa reverência.
– Oh! Deixe disso, sim? Sente-se, que quero lhe falar.
Sentei-me, olhando-a atentamente.
– Senhora, se me permite dizer, não deveria estar aqui… sozinha.
– Eu não posso andar pelo meu próprio feudo? – Algo na voz dela parecia estar ofendida – Ninguém saberá que estou aqui, se você não contar.
– Onde está a sua escolta? – Perguntei, ignorando o resto.
– Oh... vejo que é um soldado bem atento as ordens.
Estreitei meus olhos.
– Olha, eles estão dormindo. Dei-os um chá maravilhoso, ku ku ku.
"Malditos. Deixaram-se levar pelo simples encanto de uma mulher..."
– A senhora é mesmo muito astuta.
– Isso me soou meio sarcástico, Orochimaru-san. – Ela encarou-me, arqueando uma sobrancelha antes de prosseguir – Bem... eu queria sair um pouco daquele quarto, sozinha. Eu estava ficando louca. Vi-o sentado aqui com Sasuke, e me pareceu um lugar calmo e acolhedor, embora o senhor repudie minha presença aqui. – Ela terminou, suspirando.
– Sua presença é uma honra para mim, senhora. Mas não deve andar por aí sozinha... Almejo ser General do meu senhor Kizashi um dia, comandar o seu exército... Como poderei fazê-lo se cá estou, traindo a sua confiança, deixando a mulher dele andar por aí sozinha e deixando-a escoltada por um bando de idiotas?
– Sua honra é mesmo excepcional, senhor. Mas você não falará nada, sim? Seria uma pena perdemos alguém como o senhor... – Ela olhou-me, e pela primeira vez em muitos anos, senti malícia em seu olhar, antes angelical.
“Maldita...”
– Bem, vejo que és alguém de confiança. Será que poderei confiar a vida dos meus filhos a ti, algum dia?
– Certamente, senhora. – Respondi, apenas.
– Foi o que eu imaginei... – Ela disse, acariciando sua barriga, enquanto desviava o olhar para frente, pensativa.
– O que devo a honra de sua presença aqui, senhora?
– Só queria alguém com quem conversar. E agora pensei em assunto muito interessante e que intriga a todos nós...
– Pois não?
– Como o senhor conheceu Fugaku Uchiha? Meu marido nunca me disse sobre essas coisas...
Suspirei, enquanto me lembrava daquele dia.
.
O garoto pobre de cabelos longos, adentrou todo animado a porta de sua casa, pronto para contar para seus pais como havia sido seu último dia na escola.
Em seus devaneios, ignorou o fato da porta estar escancarada, e entrou, gritando:
– Tadaima!
Achou estranho não ouvir a doce voz de sua mãe, recebendo-o.
Quando finalmente, se deu conta de que aquilo tudo estava errado, estranho demais, um cheiro crítico chegou até suas narinas.
– Mamãe? – Ele gritou.
Mas nenhuma resposta foi ouvida.
– Maaaamãe? – Ele gritou, novamente, enquanto vasculhava todos os cômodos da casa – Papai? Onde estão?
Finalmente, chegara ao quarto deles. E foi quando viu a pior cena de toda a sua vida.
Sangue. Sangue por toda a parte. E sua mãe e seu pai caídos no chão.
– Mãããããe! – Ele gritou, correndo para abraçá-la – Mãeee, acorda mãe! Mãe, não me deixe! Paaaai! – Ele gritava, desesperadamente, debruçado sobre os corpos dos dois.
Mas eles estavam mortos.
E era como se uma parte sua tivesse morrido também.
Debruçado sobre seus corpos, suas lágrimas que insistiam em cair, se misturavam com a poça de sangue no chão.
E quando parecia não haver esperança. Um homem adentrou sobre a porta.
O garoto levantou a cabeça para olhá-lo. O brilho da sua medalha de honra, ofuscou os olhos de Orochimaru por um momento.
“Um oficial.”
– Pobre garoto... Infelizmente, assim não podemos descobrir quem os matou.
– Mas você é um oficial! Faça justiça! Ache quem os matou!
– Se você quer justiça, veio ao lugar errado.
Orochimaru olhou-o com todo o ódio do mundo. Olhou-o como se ele fosse o próprio assassino de seus pais.
– Não me odeie, garoto. A vida é assim. Tome isso como uma lição. Se quer justiça, junte-se a mim. Sou Fugaku. Aqui ainda não existe justiça. Posso lhe ensinar muitas coisas e juntos, faremos justiça. Eliminaremos cada bandido, cada inimigo, cada um que se levantar contra o nosso feudo assim que montarmos um exército excepcional!
Orochimaru não tinha ninguém. Mas talvez houvesse encontrado uma esperança.
.
Assim que terminei de contar a história para ela, pude observar que o seu semblante ficou triste.
– Sinto muito, Orochimaru-san.
– Não sinta, senhora... Agora com sua licença, preciso voltar aos meus afazeres. – Terminei, dando uma reverência.
– Claro. – Ela terminou, fazendo uma leve reverência com a cabeça.
Eu me afastei dela, inabalável. Aquela história já havia deixado de ser minha fraqueza há muito tempo. Minha necessidade já havia sido suprida. Mesmo que eu nunca tenha achado ou tivesse certeza de quem havia matado meus pais, eu me certifiquei de matar cada bandido que encontrasse no caminho. Então talvez, ele já estivesse morto.
Coloquei uma mão no bolso de minha calça, enquanto a outra puxava a corda do meu cavalo. Estava indo à casa de Fugaku, só checar se estava tudo em ordem. Era uma mania que havia adquirido desde que havia pego um certo afeto por Sasuke.
Assim que pisei no Complexo Uchiha, senti um ar pesado. Um pressentimento ruim. Montei em meu cavalo e cavalguei rapidamente até a colina, onde ficava a casa do Uchiha mais importante.
Quando cheguei lá, senti uma brisa gelada, lembrando-me uma velha sensação. Amarrei meu cavalo numa árvore qualquer e entrei na casa, pedindo licença, embora eu duvidasse que alguém tivesse ouvido.
Eu dei passadas curtas e cada passo reproduzia um som arranhado no piso de madeira. Ao longe, eu ouvi murmúrios, que pareciam ser de uma criança chorando.
“Ah não... não!”, foi tudo o que pensei.
Desembainhei minha espada e corri em direção ao som.
Parei incrédulo na porta, quando vi o trágico cenário.
A Senhora Uchiha estava na cama, com a barriga cortada e suas estranhas ao seu lado. Suas pernas estavam escancaradas e podia se ver que não havia nenhuma roupa de baixo do vestido. Eu entendia o que havia acontecido.
Itachi estava com a cabeça decapitada.
Fugaku estava amarrado e amordaçado em uma cadeira. Quem quer que tivesse feito aquilo, deixou-o por último, para que ele pudesse ver a desgraça acontecendo com a sua amada família.
“Oh meu deus...”
Eu desconcertei-me da cena, quando vi Sasuke fortemente abraçado ao corpo de sua mãe, com lágrimas rolando pelo seu pequeno rosto. O menino estava com os olhos tão amedrontados que eu pensei que ele jamais se recuperaria.
Eu senti umidade em meus olhos, mas me contive. Eu deveria ser forte perante a criança, ainda mais agora.
Caminhei até Sasuke, que quando me viu, pulou em meu colo e me abraçou como se eu fosse a única pessoa que lhe restasse no mundo – o que não era nenhuma mentira.
Eu retribuiu o abraço, meio sem jeito. Afaguei os seus cabelos, quando olhei de esguelha para Fugaku, que mantinha o olhar petrificado em direção à porta, como se buscasse alguém que fizesse justiça, ou talvez, era somente para desviar o olhar daquele súbito horror.
Bem, ninguém jamais saberia qual fora o seu último pensamento.
“Se você quer justiça, veio ao lugar errado”.
Aquelas malditas palavras ecoaram em minha mente mais uma vez.
Fukagu morrera sem nunca saber como era ser um general. Eu agora tinha mais um motivo para conquistar esse posto: o meu amigo.
– Vamos, pequeno, eu vou cuidar de você. – Eu disse baixo, à Sasuke, saindo daquele lugar.
O destino era mesmo muito irônico.